segunda-feira, junho 28, 2010

Houve uma vez uma melodia

Houve uma vez uma melodia



Quando Rabino o Israel Baal Shem Tov

Via calamidades comovedoras,

Estava acostumado a ir a um lugar no bosque,

Unir-se aí com sua alma.

E prendia aí um fogo,

e rezava uma oração,

e com isso era suficiente...


E quando chegou seu discípulo, o Maguid do Medzritsh.

a pedir piedade por seu rebanho,

estava acostumado a ir ao mesmo lugar no bosque

e conversava com seu criador:

“Senhor do Universo...

Eu não sei prender o fogo

mas a oração sim sei

e deve ser suficiente com isso”...

E com isso era suficiente...


E quando chegou o turno do Rab Moshê Leib do Sasob

Para salvar às pessoas do decreto,

Estava acostumado a ir ao mesmo lugar no bosque,

e cantarolava com voz quebrada:

“Senhor do Universo...

Eu não sei prender o fogo, nem tampouco sei a oração,

mas conheço o lugar no bosque,

e deve ser suficiente com isso”

E com isso era suficiente...


E quando veio Rabino o Israel do Rodjin

A resgatar a seus seguidores da desgraça,

Estava acostumado a sentar-se na poltrona, em seu quarto,

com a cabeça entre suas Palmas:

“Senhor do Universo...

Eu não sei prender o fogo

Nem tampouco sei a oração.

Tampouco conheço o lugar no bosque.

Eu somente sei narrar a história

E deve ser suficiente com isso”

E com isso era suficiente...


Senhor do Universo...

Nós não sabemos prender o fogo

E nunca aprendemos a oração.

Não conhecemos o lugar no bosque

Nem tampouco a melodia dessa história.

Mas há uma coisa que sabemos,

E certamente não é suficiente:

Só isto nós sabemos

–Que houve uma vez uma melodia. . . .

domingo, junho 27, 2010

Aprendendo com a Cabaláh

Um Aprendizado da Cabaláh


Os Cabalistas ensinam, baseados nas Sagradas Escrituras que somos responsáveis por tudo que acontece em nossas vidas.


Não existe vítima,


Não existe acaso,


Não existe acidente.


Nós mesmos podemos atrair todos os eventos de nossa vida.


Quer saber qual a causa de qualquer acontecimento negativo?


É o comportamento em relação a outras pessoas, seja nessa vida seja em vidas passadas, é a força de ação e reação no mundo espiritual.


Tratar outro ser humano não como seu ser igual, fazendo dele maior ou menor, é a causa espiritual das doenças e de qualquer forma de caos. O caos que enxerga-se na vida material, é uma transformação do produzido no interior dos seres humanos.


E a cura deve vir da alma, da transformação espiritual. Da mudança de rumo, de deixar procurar fantasias e ilusões e compreender que a essência do ser humano está em desenvolver o interior em procura de conquistar suas paixões.

Quando nos tornamos pessoas melhores, conectamo-nos com a Força do Criador.


A fonte de toda plenitude e cura.


Seja o melhor que puder ser para todas as pessoas ao seu redor: elas fazem parte da sua vida.


Com elas ou por elas, terás a paz que procuras no coração.

Paz  no interior é o primeiro grã passo para crescer, ascender e realizar todos ou grã parte dos objetivos na vida.

Esquecer a relação com outro e perder a dimensão humana, negar a luz do interior de cada um. Harmonia se da na medida que não deixamos de lado nossas raízes.

segunda-feira, junho 21, 2010

Maimônides, O Grande Mestre.

Maimônides


Resumos biográficos

Maimônides. Moshé (Moisés) Ben Maimón, Sefaradí, conhecido entre os muçulmanos como Abu Imram Musa ben Maimun Ibn Abdalá, e no ocidente por Maimônides - o Rabino, Médico, Filosofo, Astrônomo Judeu, nasceu em 30 de março de 1135, na Aljama de Córdoba

Córdoba foi um admirável centro cultural na Espanha medieval. Contava um milhão de habitantes, sessenta mil edifícios, oitenta colégios e três universidades, e uma biblioteca de setecentos mil volumes manuscritos. Córdoba tornou-se um centro cultural judeu a partir do rabino Moshé ben Janóh.

Sobre a família de Maimônides se sabe que seu pai, Rabí Maimón Hadayán, foi um matemático, astrônomo e talmudista famoso nos círculos intelectuais de Córdoba e Toledo. Seu irmão David era comerciante de jóias e sua irmã Shulamit foi dedicada secretária que em excelente caligrafia redigiu e copiou suas obras. Pouco se sabe sobre a mãe de Maimônides, senão que era filha de um açougueiro e que não chegou a criar o seu filho Moisés pois morreu de complicações do parto. Diz uma lenda que o Rabí Maimón a desposou devido a um sonho no qual Elias lhe ordenou que a desposasse e que teria um filho que "iluminará os olhos de todo Israel".

Devido aos cuidados de seu pai, Maimônides dominou muito cedo as matemáticas, a astronomia, a filosofia e a física. Quando em 1148 o sul da Espanha foi conquistado pelos Almohads, uma seita fanática do Corão, os judeus e cristãos foram obrigados a emigrar para não perderem a vida, a menos que adotassem a fé muçulmana. A família seguiu para Almería, sul da Espanha, em 1151, e depois para Fez, no Marrocos, em 1159, onde o disfarce muçulmano seria mais facilmente praticado. Porém, porque um professor do jovem Maimônides foi descoberto praticando o judaísmo e por isso executado em 1165, a família de Maimon deixou Fez desta vez para a Terra Santa – Eretz Israel, e de lá retornando ao Egito, onde havia tolerância ao judaísmo. O exílio aumentou sua determinação de conhecimento e desde então inicia suas primeiras obras: um trabalho sobre os termos da lógica, um comentário ao Talmud babilônico em árabe e um manual em hebreu para o Talmud hierosolimitano intitulado "Leis de Jerusalém", e um tratado sobre o ajuste do calendário lunar ao calendário solar.

Trabalhou por dez anos em seu trabalho mais importante, "O Toráh revisado" – “Mishnê Toráh”, uma brilhante sistematização da doutrina e leis judaicas.

Em 1166 Maimônides perdeu seu pai e seu irmão David, este morto em um naufrágio. Deprimido caiu enfermo por um ano. Para sustentar-se, decide então ser médico. Contraiu matrimônio já com certa idade e teve o filho Abraham, um erudito que foi Príncipe e dirigente Espiritual do Judaísmo egípcio. Em 1176 ele começou a obra em que trabalharia por 15 anos, seu clássico em filosofia religiosa "O Guia dos Perplexos" – “Morê Nevuchim”, uma contribuição importante para a compatibilização entre a ciência, a filosofia e a religião que depois foi traduzido na maior parte das línguas européias. Em 1187 Maimônides é médico da Corte do famoso sultão Saladin. Faleceu aos 60 anos de idade, a 13 de dezembro de 1204. Seus restos mortais foram trasladados a Tiberíades, em Israel.

Maimônides classificou a medicina em três divisões: a preventiva, a curativa e a que atendia aos convalescentes, inválidos e anciãos. Escreveu trabalhos de medicina como "Extratos de Galeno", uma seleção do que considerava o mais relevante entre os ensinamentos de Galeno, "Comentário sobre os aforismos de Hipócrates", onde critica outros pontos de Hipócrates; "Aforismos médicos de Moisés", com a descrição, diagnóstico e tratamento de várias doenças; "Tratado sobre as hemorróidas"; "Tratado sobre as relações sexuais", escrito para um sobrinho de Saladino e onde descreve alimentos e drogas afrodisíacas e antiafrodisíacas. y descreve a fisiologia sexual. Este tratado é também intitulado "Livro da Santidade", porque aconselha moderação na atividade sexual, fala das leis concernentes às relações ilícitas, das relações entre o judeu e o pagão, bastardos, descendência sacerdotal provada ou não provada, aspectos generais relativos ao matrimônio e castidade, carnes e outros alimentos proibidos permitidos para o consumo humano, tudo sob o aspecto da lei na regulação da vida íntima e social; "Tratado sobre a asma", com o regime dietético e climático apropriados para os asmáticos. "Tratado dos venenos e seus antídotos"; "Regime da saúde"; e com recomendações gerais sobre higiene do corpo e higiene ambiental. No Mishnê Toráh, ele descreve as regras sobre a supremacia e a nobreza da vida humana. Segundo ele, o homem deve manter sua saúde física e seu vigor para que seu espírito se mantenha lúcido, em condições de conhecer a Deus, pois é impossível compreender as ciências e meditar sobre elas quando se está enfermo ou faminto.

terça-feira, junho 15, 2010

Anos Elásticos


Quando o criador de modas, o dono de um hotel, o vendedor de abrigos ou um salva-vidas na praia de Tel Aviv falam do “ano que vem”, cada um deles têm em mente um período de atividades diferente – a jornada de trabalho de cada um – cujo começo e duração também são distintos um do outro.

Isto nos explica por quê, no Talmud, o tratado de ראש השנה (Rosh HaShanáh, o Ano Novo judeu) começa com a afirmação de que, na realidade, existem quatro “começos de ano” diferentes. Um deles é o que vamos celebrar em setembro: o da conta do calendário hebreu. Porém também existem “o ano novo dos reis e das festas de peregrinação”, o do “dízimo dos animais” e o “das árvores” (Talmud Rosh HaShanáh, cap. 1, Mishnáh 1).

Trouxemos à lembrança tudo isto para explicar por quê o conceito de “ano” é algo muito elástico, que varia de pessoa para pessoa, apesar das folhas do almanaque – seja ele hebraico, gregoriano ou outros que há no mundo – pareciam unir-nos em torno de um único eixo temporal.

Além disso, o termo hebreu שנה (Shanáh, em hebraico, ano) provém da raiz ש - נ - ה (SH-N-H), que indica a idéia de “diferença, distinção”. Com um verbo derivado desta raiz, quando chega a festa de Pêssach (Páscoa), nossos meninos perguntam-nos ao começar a cerimônia: מה נשתנה (máh nishtanáh) – O que diferencia esta noite das outras?

Quais mudanças ou diferenças são aludidos por este termo שנה (Shanáh, “ano”)?

As da natureza, sem dúvida. A sucessão das estações do ano quando, no período de tempo que transcorre de um outono a outro produz-se uma série de trocas no mundo que nos rodeia. As que ocorrem na duração do dia e da noite, na temperatura do meio ambiente, na cor do céu coberto por nuvens que se tornam chuva ou não, na perda das folhas das plantas e sua posterior volta a florescer, na migração dos diferentes animais, etc.

Tudo isto muda constantemente ao longo do ano, num ciclo vital que volta a repetir-se uma e outra vez. Entretanto, aqui em Israel a passagem de um clima a outro é muito curta, e até seria melhor falar de uma estação longa e quente – o verão – e uma mais curta, chuvosa e fria – o inverno – separadas por outonos e primaveras muito breves, de apenas umas poucas semanas. Em novembro, tarda entre sair à rua com camisas de manga e sandálias e, em poucos dias, encasacados, com pulôveres e sapatos fechados; ou vice-versa em março ou abril.

Além disso, a etimologia da palavra שנה (shanáh, “ano”) também pode ajudar-nos a explicar melhor algumas idades um pouco prolongadas em certas passagens bíblicas, especialmente em seu primeiro livro Bereshit ou Gênesis. Lemos ali as idades que alcançaram os três patriarcas do povo judeu: Avraham, 175 anos; Yitschak, 180 e Yaakov, 147. E, acerca da esposa do primeiro deles – Saráh –, conta-nos a Bíblia que teve um filho, Yitschak, quando ela havia passado os 90 anos (Bereshit-Gênesis, cap. 17, vers. 17) e já havia deixado de ter “costume como as mulheres” (Cap. 18, vers. 11), a menstruação, entrando no que hoje denominamos menopausa.

Não queremos pôr em dúvida os números que nos apresenta a Bíblia. Porém, em todas estas datas, que talvez pareçam “exageradas”, atrevemo-nos a oferecer uma nova interpretação à palavra שנה, shanáh: uma “mudança” ou uma “diferença” na natureza, ou seja, cada uma das principais estações de Israel, tal qual descrevemos. Então os noventa “anos” de Saráh seriam, na realidade, uma sucessão de 45 verões e outros tantos invernos, que somados dão 90, ou seja, 45 anos “dos nossos”. E, então, nessa idade crítica para as mulheres, quando parecia que Saráh já havia cessado sua faculdade de procriar, algum óvulo que todavia restava deu origem a seu filho Yitschak. Aos 45 anos, sim... porém, aos 90!?

E, no capítulo 5 do livro, poderíamos dar enfoque também às idades de Adam e seus descendentes, que chegam a superar os 900 anos. Se considerássemos שנה – shanáh – como a mudança de uma lua nova a outra, ou seja, meses lunares, e dividíssemos cada um desses números por 12, chegaríamos a idades de sessenta, setenta ou oitenta anos “dos nossos”.

Resumindo, a chave não estaria em considerar exageradas ou errôneas as cifras que nos são dadas pelo texto bíblico, e sim numa interpretação de modos diferentes do vocábulo שנה, shanáh.

Porque até hoje, o conceito de “ano” é algo muito elástico...

segunda-feira, junho 14, 2010

Nosso papel na Comunidade
Conta-se uma historia sobre o ocorrido em uma cidadezinha. Típica cidade do interior, contava com uma pequena comunidade judaica e apenas uma sinagoga. Um dia, pareceu na porta do templo e também no jornal comunitário uma noticia que impressionou a todos: "Com o mais profundo pesar, comunicamos a morte da nossa congregação. O féretro partira da sinagoga rumo ao cemitério, no domingo, às 11h."

Bem podia tratar-se de uma brincadeira, mas todos os anúncios vinham com o carimbo da congregação e a assinatura do rabino. "Deve ser serio" – pensavam.

No dia marcado, a sinagoga esta cheiíssima. Nunca se tinha visto tanta gente de uma só vez. Ha tempos, aquela que outrora fora o centro da comunidade, andava vazia. Mas não naquele dia. Todos esperavam ansiosamente pelo rabino, a fim de perguntar-lhe quem havia falecido. Afinal, a comunidade era pequena e todos se conheciam. Estavam todos la. "Quem será o defunto?" – se perguntavam.

De repente, o shamash (bedel) apareceu, empurrando um carrinho com um caixão. Era, de fato, um caixão; não havia duvidas. Colocou-o defronte a Arca Santa e, puxando uma cadeira, sentou-se ao seu lado.

Subitamente, ouviu-se um choro. A congregação paralisou. Com seus trajes rasgados, o velho rabino apresentou-se diante dos fieis com a aparência de quem havia perdido um ente muito próximo. "Meu Deus" – gritou uma senhora – "será que sua esposa faleceu?" Não. Ela estava lá. "Ai, não!. Será que foi seu filho, seu único filho?" – exclamou outra. Ele também estava lá, bem como sua nora, seus netos e bisnetos. Todos estavam lá.

Não faltava ninguém.

Mas nada disso importava. Todos se lembravam do rabino sorridente, acalentador, tranqüilo. Vê-lo neste estado era deprimente. Mesmo não sabendo o motivo, lagrimas começaram a verter de alguns olhos. Atentos, os fieis esticavam-se para ouvir e ver melhor. Nem respiravam.

O rabino dirigiu-se ao púlpito. Fez uma predica muito simples, mas extremamente emotiva. Mesmo quem não tinha a menor idéia do que estava acontecendo, comoveu-se. Já no fim, em tom misterioso e compassivo, olhou para o caixão, depois para a comunidade e disse:

"Creio, meus filhos, que a nossa congregação não possa mais ressuscitar.

Não sou D’us, nem tenho poderes extraordinários, mas vou fazer uma ultima tentativa. Enquanto rezo, com a maior fé possível, vocês, em fila indiana, vão passando para ver o cadáver".

Dito isso, o shamash se levantou e abriu o caixão. Parou ao seu lado e começou a observar lá dentro.

Um frenesi tomou conta dos mais velhos. "Que absurdo!" – gritavam – "Isso não é um costume judaico!" Porem, os mais jovens se levantaram e formaram a fila e eles foram atrás. O desfile começou lentamente e, ao passar, todos olhavam, curiosos e admirados, para o caixão.

Como no fundo havia um espelho, cada um via seu próprio rosto dentro do caixão.

No fundo no fundo, esta história, apesar de ser uma fictícia parábola, acontece com todos nos. Nossas instituições estão ai, nossas escolas, nossas sinagogas, cada vez mais vazias, cada vez menos freqüentadas. Muitos acreditam que basta ser judeu nas Festas e comemorações, outros acham que ser judeu é apenas uma questão de fé. Com isso, acabam desprendendo-se de sua responsabilidade comunitária – seu papel na sociedade judaica – em sua comunidade, a responsável por nossa existência durante milênios. "E problema dos outros" – pensam.

Houve alguém no passado que pensava da mesma forma. Caim, inconformado com a graça que seu irmão Abel alcançava perante D’us, resolveu matá-lo. A grande lição moral destas ultimas Perashiot (porções semanais ou leituras semanais) lidas no Livro Bamidbar (Números – 4º Livros da Toráh – A Lei de Moises) esta na pergunta que D’us fez em seu devido momento a Caim: Aieca? - onde você esta? Caim, após ser questionado sobre seu irmão, responde com outra pergunta: Acaso sou guardião de meu irmão?; Lembremos que as letras que compõem a palavra Aieca, são as mesmas de Eicha, que significa lamentar. Muitas vezes lamentamos nossas apatias, quando estamos frente ao “caixão”, enxergando nossas próprias atitudes.

Esta pergunta nos é feita diariamente: Aiénu? - Onde estamos nós? Acaso estamos cuidando de nossos irmãos como deveríamos? Somos responsáveis por eles?

Sim, somos. Kol Israel are vim zé lace - todos somos responsáveis uns pelos outros (Talmud Shavuot 39a). Fazemos todos parte de um imenso corpo - um pequeno "problema" mal tratado e todo o conjunto pode estar comprometido. Um pequeno gesto pode modificar completamente o presente e construir um futuro melhor.

Se quisermos que o jargão "continuidade judaica" deixe de ser um slogan; se quisermos – como pensou (assim coincide entre outros Elie Wiesel), que judeu é aquele cujos netos continuam sendo judeus – ter orgulho de proporcionar a nossas famílias uma autentica vivencia judaica; se quisermos, sobretudo, evitar o funeral de nossa Historia, então, é hora de agirmos! Pois, com a "morte" espiritual de nossa tradição, seremos nos os sepultados. Nosso rosto é que estará’ no esquife do desprezo e irresponsabilidade.

A pergunta é: onde estamos nós? Onde esta cada um de nos.

segunda-feira, junho 07, 2010

ENTRE A “VERDADE RELIGIOSA” E A “FÉ CIENTÍFICA”

A experiência diária dá-nos a impressão de uma separação muito marcante e profunda entre a sociedade observante da religião e a cultura ocidental moderna. As discrepâncias têm sua origem nos diferentes pontos de vista acerca dos valores universais e questões existenciais, valores que se manifestam em sua aplicação prática na vida cotidiana.

Um caso particular e importante desta discórdia é a polêmica, aparentemente inevitável, entre a ciência e a religião. A ciência e a tecnologia, junto com a liberdade de opinião e de credo, são o símbolo e o orgulho da sociedade ocidental moderna. O desenvolvimento tecnológico, um produto direto do avanço na ciência, transformou por completo nossa forma de viver.

Qualificamos de antiquada ou primitiva toda idéia ou atitude que ignora ou opõe-se à verdade científica.

A religião, para muitos, associa-se à restrição de pensamento.

A investigação e o questionamento, ferramentas fundamentais da ciência, vêem-se limitadas e, às vezes, condenadas pela fé religiosa. O caso de Galileu, que se viu obrigado a abjurar perante a Inquisição, é um exemplo desta austeridade.

Muitos vêem na religião a sublimação dos valores morais e uma fonte de inspiração. Estes, geralmente, distinguem entre os valores universais difundidos pela religião e sua interpretação ou aplicação prática. Isto, não obstante, é uma adoção parcial da religião, posto que a religião, por si só, não se limita às idéias, senão que, também, aos atos derivados delas.

Devemos aclarar que existem muitas diferenças, ideológicas e práticas, entre as numerosas religiões. Não pretendemos, nem desejamos neste artigo tratar das religiões em geral, senão, particularmente da Religião Judaica, a qual, como membros do Povo Judeu, merece nossa máxima atenção.

O JUDAÍSMO E A INVESTIGAÇÃO

É de suma importância mencionar a relação tradicional e recíproca que houve em todos os tempos entre os eruditos judeus e a investigação da natureza. Dezenas de homens judeus ilustram, através dos séculos, o estudo profundo dos fenômenos naturais. Muitos consideraram este estudo como uma “mitzváh”, uma obrigação que tem todo o judeu de compreender, quanto mais a sabedoria do Criador.

Sábios que abarcaram todas as ciências, podemos encontrar em todas as épocas e em todos os lugares da diáspora judaica. Nomearemos, ainda que seja alguns - dos mais destacados.

Já o grande amoraíta (sábio judeu) Shemuel de Babilônia (ano 230) era famoso por seu conhecimento em medicina e astronomia.

O grande sábio Ibn Sina de Buchara (980 - 1037) foi reconhecido, à idade de 20 anos, em todo o mundo, como o maior letrado de sua época. Sua famosa obra “O Cânone da Medicina” serviu como texto de estudo durante 600 anos. Redatou 16 livros de medicina, 11 de astronomia e ciências, 68 de teologia e quatro obras poéticas.

A diáspora judaico-espanhola destacou-se por seu grande número de letrados, em todas as ciências, entre eles, Shelomo Ibn Gavirol (1022 - 1058), conhecido filósofo, astrônomo, cientista e poeta; Maimônides (1135 - 1204), o grande comentarista, filósofo, médico, matemático e astrônomo; Yehudáh Ibn Matca (1245), filósofo e enciclopedista; Yossef Ibn Caspi de Provenza (1300), filósofo e lingüista; Shemuel Ibn Vacar (1340), médico do rei de Castela; Dom Isaac Abarbanel (1437 - 1508), comentarista, filósofo, médico e grande estadista, serviu com tesoureiro de Alfonso V, rei de Portugal e, logo, como conselheiro dos reis católicos Fernando VII de Aragón e Isabel de Castela até a expulsão da Espanha e, por último, como conselheiro dos reis de Nápoles; Tam Ibn Ichya (1470 - 1542), médico de Soliman, O Magnífico da Turquia.

Depois da expulsão da Espanha, os eruditos judeus começam a destacar-se em outros lugares do planeta, como por exemplo, Yehonatan Aibshitz de Polônia (1690 - 1764), filósofo, astrônomo e cientista; O Gaon de Vilna (Lituânia, 1720 - 1797), grande gênio de todas as épocas, experto em todas as ciências; Ichya Avíach de Yêmen (1873 - 1934), astrônomo e médico.

Podemos até encontrar exemplos mais contemporâneos. Tal é o caso do grande rabino Avraham Isaías Karelitz (1878 - 1953), conhecido por “Chazon Ish” - (o título de sua obra), quem, nascido na Lituânia, fixou-se em Israel, na cidade de Benê Berak. O grande rabino Karelitz exerceu o cargo de dirigente e autoridade mundial das congregações judias. Além de possuir erudição rabínica, era experto em astronomia, matemática, medicina e botânica.

ESTADO DE GUERRA

A primeira questão que devemos aclarar é se as doutrinas científicas e religiosas opõe-se por essência. Em outras palavras, a pessoa que aceita a fé religiosa deve, obrigatoriamente renunciar a investigar certas áreas da ciência? Deve o cientista considerar a religião como sua inimiga declarada?

As verdades científicas e religiosas não só não se contradizem, senão que também complementam-se, pois ambas ocupam-se de questões diferentes. A ciência é descritiva. O cientista analisa os fatores que participam em certo fenômeno e busca uma fórmula ou lei que o descreva.

Tomemos, por exemplo, a lei da gravidade. Os cientistas estudaram a caída dos corpos (Galileu) e o movimento dos planetas em suas órbitas (Kepler). Finalmente, Newton formulou a Lei da Gravitação Universal, determinou os fatores participantes (as massas e a distância relativa) e estimou a magnitude da constante universal de gravitação (G). Enrique Cavendish determinou, por meio da medição da magnitude da constante G (1798), e o Instituto Nacional Americano de Standards (ANSI) definiu em 1942 seu valor atual.

A ciência descreve os fenômenos observados, suas causas e suas conseqüências, porém não o objetivo de ditos fenômenos. A ciência pode chegar a conhecer as conseqüências dos fenômenos. É assim que se puderam lançar satélites ao espaço. A ciência não pretende explicar o objetivo da gravidade, assim como se pode explicar no laboratório o objetivo da escrita hieroglífica.

As explicações oferecidas a miúdo pelos mesmos cientistas não são de caráter científico, e sim filosófico. Os argumentos científico-filosóficos são suposições e não se consideram ciência, ou seja, conhecimento.

A religião ensina acerca da relação entre a natureza e o Criador. Cada fenômeno, cada lei, cada coisa e cada indivíduo tem seu objetivo na criação. Se observarmos, por exemplo, um livro, distinguimos sua forma, suas dimensões, o sistema de impressão, o tipo de caracteres, etc.. Tudo isto pertence à análise científica do livro. A idéia transmitida por intermédio do livro, ou seja, seu objetivo, não pertence à ciência. As idéias são o produto ou criação de uma inteligência e, como tais, podem ser compreendidas e analisadas unicamente por outra inteligência semelhante.

As idéias, os valores morais, a arte e o sentido da estética transcendem os limites do mundo material e, por conseguinte, da ciência.

Para concluir este ponto, citaremos alguns cientistas famosos.

O Professor Efraim Katzir em seu livro “No Meio da Revolução Científica”, explica que a ciência não está em posição de qualificar questões morais: “Desde a perspectiva da ciência, os problemas morais mais simples não têm significado”. Há todo um mundo de valores, porém “a verdade científica é técnica e está desprovida de valores”. O indivíduo que aceita só o “científico” perde o sentido de sua própria existência: “se não se conhece a essência da bondade, da misericórdia, da retidão e da decência, ignora-se o significado da vida”.

Também, Albert Einsten escreveu sobre a relação de dependência recíproca entre a religião e a ciência. A religião “é aquela que fixa a meta”, pois é a fonte da aspiração pela verdade e pela compreensão”. A ciência, por sua vez, determina “quê recursos contribuirão para que as metas sejam alcançadas”. A busca da verdade é o valor moral que guia o “verdadeiro cientista” em sua investigação.

Para Einstein, a vida “parecia totalmente vazia sem a perseguição de um objetivo”. É este o objetivo metafísico “que é inalcançável na investigação científica”, dizia o grande cientista judeu.

Há quem crê que a ciência pode explicar tudo. O que não se entende hoje, algum dia a ciência explicá-lo-á. Neste sentido, o notável físico Max Planck aclara o erro: “As realidades concebíveis da natureza não podem ser completamente descobertas por qualquer ramo da ciência”. É um processo, por definição, interminável: “Vemos, em todos os avanços científicos modernos, que a solução de um problema só tira o véu ao mistério de outro”. A investigação científica nos proporciona os detalhes dos fenômenos, mas a compreensão destes “é essencialmente metafísica”.

O ENFRENTAMENTO SEM FRENTE

De acordo com o que foi dito anteriormente, não deveria haver discussão alguma entre a ciência e a religião. Apesar disso, há vários desacordos famosos entre a religião e a ciência.

Tentemos resumir as maiores áreas de dissidência: a idade do mundo (geologia); a evolução das espécies (biologia e bioquímica); a origem do universo (cosmogonia); a crítica da Bíblia (lingüística) e a história hebraica (história e arqueologia).

É fácil deduzir que todas as discrepâncias entre a ciência e a religião estão limitadas aos ramos da ciência que estudam o passado. São estudos de uma natureza histórica e, como tais, não pertencem às ciências exatas. A este ponto vale uma aclaração.

Um detetive pode fazer uso das técnicas mais avançadas e dos melhores laboratórios para investigar certo caso. Apesar disto, suas conclusões acerca do desencadeamento dos fatos são produto de um esforço intelectual, da experiência ou, simplesmente, da intuição.

Não há um só exemplo de discórdia entre a religião e a ciência acerca de leis naturais ou de fatos observáveis empiricamente.

Casos como o de Copérnico e Galileu, que foram perseguidos pela Igreja, não existiram, nem existem atualmente na Religião Judaica.

Todas as dissidências mencionadas anteriormente têm outra qualidade em comum: são todas teorias científicas não comprovadas. Neste artigo, teremos que nos limitar a alguns exemplos para justificar o que foi dito anteriormente. Um estudo exaustivo do tema requereria todo um livro.

A IDADE DO MUNDO

Quando se trata da idade do mundo, a idéia comum é que os cientistas determinaram por meio de medições a idade de restos antigos, sejam eles fósseis ou camadas geológicas. Porém, a realidade é muito diferente.

Um bom exemplo é o uso do isótopo radioativo do carbono, o C14, para determinar a idade dos fósseis. O limite superior de medição com este elemento é de 40.000 anos, que equivale a sete vezes a meia vida do elemento (valor físico dos elementos radioativos que determina o tempo necessário para a transmutação da metade de uma massa dada). Contudo, a medição de milhares de achados com C14 não mostram sinal de vida além de 7.000 anos (Whitelaw, Libby e Holmes em várias publicações).

Considerando os erros por extrapolação incluídos nos cálculos, estas cifras estão de acordo com a Fé Judaica, porém não estão com a teoria da evolução. A respeito disto escreve o professor Baro: “Quando a cronometria do C14 apoia as teorias, nós a escrevemos dentro do texto, quando as contradiz, nós a anotamos no rodapé do artigo e, quando é totalmente diferente, nós a omitimos.”

Se as medições diretas não dão os resultados “corretos”, em que se baseia a suposição dos milhões de anos? Pois, neste caso, ao não haver medição direta, usa-se um método de dedução indireto: a idade dos restos fósseis corresponde à idade do estrato geológico no qual foram achados.

Cabe aqui, por suposição, a pergunta: Em que se baseia a cronometria das camadas geológicas? Há muitos dados surpreendentes a respeito dos métodos utilizados pela estratigrafia, dentre os quais o chamado “raciocínio circular”: a idade relativa dos estratos deriva dos restos fósseis achados em dita camada, dos quais conhecemos sua idade pelos estratos onde foram encontrados.

Para piorar mais a situação, a idéia de que os restos fósseis apoiavam a teoria da evolução sofreu uma grande sacudida. Junto às dificuldades de cronometria mencionadas anteriormente, somou-se a dificuldade de não se haver encontrado formas intermediárias (como entre os anfíbios e mamíferos ou entre o macaco e o homem, e o elo perdido). Cálculos estatísticos demonstram que, provavelmente, ditas formas jamais existiram.

No congresso de paleontólogos que ocorreu em Chicago, no ano de 1980, admitiu-se, oficialmente, a dificuldade que oferecem os fósseis à Teoria da Evolução. O Professor Gould, da Universidade de Harvard, chamou isto de “o segredo profissional dos paleontólogos”.

A EVOLUÇÃO

A teoria da evolução, que se nos apresenta tão clara e polida nos livros de estudo e nas enciclopédias, é, com efeito, uma idéia sumamente questionada e problemática nas obras originais dos investigadores.

Apresentaremos aqui uma seleção de citações notáveis para dar-nos uma idéia de quão “científica” é a teoria.

O destacado geneticista August Weisman admite que a seleção natural não é um fenômeno observável empiricamente: “Nunca poderemos determinar, por meio da observação, da investigação, do experimento, o processo da criação de uma nova espécie pela seleção natural na luta pela existência”.

Por sua vez, o evolucionista Michael Denton afirma que a suposição de um caldo orgânico pré-biótico está desprovido de todo apoio geológico: “advém como uma sacudida ao dar-se conta que não há absolutamente uma evidência positiva sequer de sua existência”.

D. E. Hull publicou na prestigiada revista científica Nature um artigo onde explica que a idéia de compostos complexos formados espontaneamente com base em elementos mais simples (idéia fundamental da evolução) está negada pelas leis da termodinâmica, da física atômica e da mecânica quântica. Sua conclusão é muito pessimista: “A conclusão destes argumentos apresenta o mais sério obstáculo, se não fatal, à teoria da geração espontânea”.

H. S. Lipson, falando da aparição espontânea da vida a partir de matéria orgânica abiótica, chega à mesma conclusão: “A geração espontânea de células contradiz a segunda lei da termodinâmica”.

Simpson e Bech explicam o raciocínio que fundamenta as leis da termodinâmica: “Uma aplicação de energia, sem controle, não é suficiente para produzir um sistema ordenado. Para isto, fazem falta um sistema de informação e uma capacidade que saiba como utilizar essa energia”.

Um bolo de aniversário, um objeto infinitamente mais simples que uma célula, não se faz “por acidente”. Deve haver uma consciência que controla e ordena o processo de preparação da torta.

Em uma revista científica da I. B. M. analisa-se a transição da vida aquática à terrestre. Isto “implicou numa transformação extrema e dramática nas características de seus ovos”. Continuando, enumeram-se várias diferenças essenciais entre os ovos terrestres e os aquáticos: a casca, a saliência endurecida para quebrar a casca, o armazenamento de alimento para o embrião e uma bolsa para acumular os resíduos do metabolismo. O autor chega facilmente à conclusão de que houve um processo controlado: “Estas transformações não poderiam ter sido úteis se não tivessem sido coordenadas e sincronizadas”. Porém, eis aqui a contradição: a coordenação implica num objetivo e num plano, “idéia totalmente rechaçada pela evolução” que supõe “mutações acidentais”.

G. Wald, prêmio Nobel em fisiologia no ano de 1967, resume um artigo em Scientific American, onde dá detalhes acerca de numerosas questões sobre a teoria da evolução, com palavras de admiração: “basta contemplar a magnitude desta obra para admitir que a geração espontânea dum organismo vivo é impossível”.

Sua resposta é muito surpreendente - a necessidade (?) obriga-nos a crer que o impossível pode ocorrer!

Muitos cálculos de probabilidades demonstraram que a evolução não tem probabilidade prática. Um exemplo dá-nos o famoso cientista Fred Hoyle: “A probabilidade de que se gerassem 2.000 das enzimas conhecidas que atuam na célula a partir de cadeias nucleotídicas acidentais é de 10 - 40.000. Ou seja, para um pequeno “passo” da evolução, a probabilidade é praticamente nula. (Há uma lei do matemático Emil Borel que determina que um fenômeno com probabilidade menor que 10 - 50 não existe).”

O renomado filósofo da ciência, Karl Popper, enumera as exigências fundamentais de uma teoria científica. Uma delas determina que teoria deve permitir sua comprovação ou refutação.

Sua opinião sobre a teoria da evolução é categórica: “O darwinismo não é uma teoria científica, senão metafísica. Posto que a teoria da evolução não pode fazer predições e, portanto, não se pode comprovar se é falsa, não é, por conseguinte, uma teoria científica.”

REFLEXÕES

O leitor perguntar-se-á, com razão, se tudo isto é possível. Tem-se a impressão de estarmos culpando o conjunto de cientistas de uma conspiração geral, de tentar enganar todo o mundo. Que fique bem claro: a ciência e os cientistas merecem seu devido respeito. Aqui estamos presenciando outro tipo de fenômeno social.

Para compreendê-lo, apresentaremos mais duas citações.

Michael Denton explica que a aceitação da evolução como uma verdade científica foi um processo gradual e espontâneo: “gradualmente, os conceitos darwinianos permearam todo o aspecto do pensamento biológico”. O uso constante dos conceitos darwinianos está desligado de sua origem metafísica ou “atualmente, todo o fenômeno biológico é interpretado em termos darwinianos”.

Aldous Huxley, em seu livro “Confissão de um Ateísta Declarado”, vê na aceitação da evolução uma debilidade muito humana: “teve motivos para desejar que o mundo não tivesse sentido; conseqüentemente, supôs que não o tinha e não teve dificuldade alguma em encontrar razões satisfatórias para esta suposição”. A ciência não é a causa da nossa imagem da existência, senão exatamente o oposto; as teorias científicas podem estar feitas à medida de nossos desejos. “A filosofia de falta de sentido foi essencialmente um instrumento de liberação”. São estes os mesmos mecanismos de autodefesa conhecidos pela psicologia, que nos fazem justificar nossas próprias idéias.

Contudo, voltemos ao nosso tema: a religião. A religião ensina-nos que o motivo real para que se rechace a fé em D’us não se deve à “provas” ou “dúvidas”. Estas servem só de pretexto ou manifestação de algo muito mais profundo: a sensação de que a religião e a moral limitam a pessoa.

A RELIGIÃO E O AVANÇO CIENTÍFICO

Em diferentes oportunidades, informamo-nos sobre fortes discórdias que surgem entre grupos religiosos e grupos científicos.

A idéia que captamos é que os religiosos, com suas crenças antiquadas, impedem o avanço científico.

As discrepâncias entre os grupos com culturas e valores diferentes são um fato inevitável. Todo o grupo luta por aquilo que considera estar no nível mais alto em sua escala de valores.

O engano está em tentar apresentar um desacordo entre dois pontos de vista como uma luta pela liberdade da ciência. Tomando como exemplo extremo e abominável, o médico nazista Josef Mengele costumava fazer experiências médicas com prisioneiros judeus. Estas experiências incluíam o estudo de diferentes venenos e tóxicos sobre o corpo humano ou a capacidade de resistência do corpo a operações sem anestesia.

Por mais diabólico que seja este exemplo, não podemos deixar de aprender a grande lição: os valores morais devem limitar, e às vezes deter, o avanço científico.

Não se pode, em nome da ciência, derrubar as barreiras.

A definição do momento da morte ou a preservação de cemitérios são questões puramente morais. A medicina não tem claro ainda o momento da morte, e é por isso que, em diferentes países, em distintos hospitais, atuam de maneira diferente.

Se não desviarem o tema para uma luta contra os “religiosos”, é muito provável que outras pessoas, não identificadas com a religião, defendam os mesmos valores morais.

Quantas são as obras que Tu tens realizado! Todas elas tens feito com sabedoria! (Salmos CIV, 24)