quarta-feira, janeiro 18, 2012

A Veracidade da Toráh

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Como se sabe que a revelação no Monte Sinai por si só é prova da veracidade da profecia de Moshê?

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Moshê Maimônides (1135-1204) é reconhecido como o mais famoso dos comentaristas judeus. Escritor aclamado, filósofo, médico de renome e mestre talmúdico - este é seu legado. Como diz a antiga máxima judaica: "De Moshê (Moisés, o líder do povo judeu) a Moshê (Maimônides) nunca houve ninguém tão grandioso como Moshê!"

Acima de tudo, Maimônides foi um escritor prolífico sobre os mais importantes tópicos do judaísmo. Sua obra magna, Mishnê Toráh, (Revisão da Toráh) é considerada até os dias de hoje como a mais conceituada e completa codificação da lei judaica.

A seguir, no oitavo capítulo de sua obra Mishnê Toráh, Maimônides explica um dos mais importantes alicerces da crença judaica: a prova de que a Toráh e a profecia de Moshê são verídicas.

Os judeus não acreditaram em Moshê somente pelos milagres que realizou. Sempre que a crença da pessoa é baseada em milagres, ela terá dúvidas, pois sabe que também é possível realizar milagres através de magia ou bruxarias.

Todos os milagres realizados por Moshê no deserto não foram feitos para servir de prova da legitimidade de sua profecia, ao contrário, foram realizados com um claro objetivo. Por exemplo, era necessário afogar os egípcios, então Moshê dividiu o mar e os afundou nele; precisávamos de alimento, ele nos forneceu maná; estávamos sedentos, então ele partiu a pedra e nos concedeu água; o grupo de Kôrach se amotinou contra ele, então a terra os engoliu.

Se um profeta tentar contestar a profecia de Moshê, mesmo realizando grandes milagres, não devemos dar-lhe ouvidos. Chega-se a esta conclusão porque a profecia de Moshê não depende de milagres, pois vimos e ouvimos com nossos próprios olhos e ouvidos.

A origem de nossa crença em Moshê foi a revelação no Monte Sinai, que presenciamos com nossos próprios olhos, e ouvimos com nossos ouvidos, sem depender de outras testemunhas. Havia fogo, trovões e raios. Ele penetrou nas densas nuvens; a Voz Divina falou com Moshê e nós ouvimos: "Moshê, Moshê, vá e diga-lhes o seguinte..."

Desta maneira, a Toráh diz: "Face a face, D'us falou com você." A Toráh também declara: "D'us não fez este acordo com nossos patriarcas, mas conosco - que estamos todos vivos hoje."

Como se sabe que a revelação no Monte Sinai por si só é prova da veracidade da profecia de Moshê? A Toráh relata: "Contemple. Virei a vocês numa nuvem densa, de forma que o povo Me escute ao falar com você, então eles acreditarão para sempre em você." Isso dá a impressão que antes deste fato, eles não acreditavam nele com uma fé duradoura, mas com uma fé que dava margem a dúvidas.

Desta maneira, Moshê e o povo foram testemunhas que observaram juntas o mesmo evento; sua designação como profeta na revelação no Monte Sinai, sem a necessidade de realizar milagres adicionais.

Moshê sabia que aquele que crê em outra pessoa por causa de milagres sente apreensão, dúvidas e suspeitas. Por este motivo, ele buscou ser liberado da missão, dizendo a D'us: "Eles não acreditarão em mim." Até que D'us o informasse que esses milagres serviam apenas como medida temporária até que deixassem o Egito. Quando eles partissem, ficariam aos pés da montanha e todas as dúvidas que tivessem sobre ele seriam removidas. D'us lhe disse: "Aqui, dar-lhe-ei um sinal e eles saberão que Eu verdadeiramente o enviei desde o início, e dessa maneira, nenhuma dúvida permanecerá em seus corações."

Por isso, se um profeta tentar contestar a profecia de Moshê, mesmo realizando grandes milagres, não devemos dar-lhe ouvidos. Chega-se a esta conclusão porque a profecia de Moshê não depende de milagres, pois vimos e ouvimos com nossos próprios olhos e ouvidos.

Não acreditamos em qualquer profeta que vier depois de Moshê pelos milagres que ele realizar. Cremos nele pela mitsváh que Moshê nos ordenou: "Se ele fizer um milagre, escute-o."

Da mesma forma que somos ordenados a dispensar um julgamento legal, baseado em declarações de duas testemunhas (mesmo se não soubermos se eles estão dizendo a verdade ou não), é uma mitsváh dar ouvidos a este profeta, mesmo sem saber se o milagre é verdadeiro ou realizado através de mágica ou bruxaria.

Isso pode ser comparado a testemunhas que negaram um fato que foi presenciado por uma terceira pessoa. Ela terá certeza que são falsas testemunhas, já que viu com seus próprios olhos.

Por isso, a Toráh declara: "Mesmo se vier este sinal de milagre, você não deve ouvir as palavras do profeta." Ele faz milagres que negam o que você testemunhou. Como pode um milagre fazer-nos aceitar esta pessoa que vem para negar a profecia de Moshê que vimos e ouvimos