quarta-feira, julho 25, 2018

O dia do Amor: Tu BeAv


Tu BeAv: A alegria de unir-nos

A o dia de Tu BeAv (טו באב), alguns chamam-lhe o “feriado do amor, ou o “dia das almas gémeas”. O Talmud chama-lhe “o dia mais alegre do ano”. Embora haja bastantes explicações diferentes em torno do que há de tão especial acerca do Tu BeAv, há uma em particular que considero ser tremendamente profunda: Tu  BeAv, o 15º dia de Av, celebra-se quarenta dias antes da data da Criação, de acordo à tradição oral, que o 25º dia de Elul, o momento em que a Luz do Criador decidiu que a humanidade fosse criada. 
Os Cabalistas ensinam que quarenta dias antes de cada um de nós nascer, é tomada a decisão sobre quem será a nossa alma gémea. Assim, quarenta dias antes da humanidade surgir, em Tu BeAv, foi formada a energia para a unificação das almas gémeas. Mesmo antes da criação do Homem, neste dia foi despertada a Luz de todas as almas gémeas a serem alguma vez criadas. A fonte de energia que será o potencial para nossas vidas. Então, quer pensemos em estar numa relação, ou já a tenhamos, mas desejemos aprofundá-la ou elevá-la, não há melhor dia do ano para beneficiar dessa poderosa energia da alma gémea, que o dia de Tu BeAv.
Em um nível básico, é frequente pensarmos que quando nos unimos à nossa alma gémea, esse é um dia de alegria. Mas é importante entender que o Talmud o considera alegre não por causa do momento inicial da conexão, ou por ser o início de um relacionamento, mas sem porque é o dia que contém a versão aperfeiçoada da própria relação com a alma gémea. E isso sucede quando realizamos o trabalho espiritual durante um período de anos, quando crescemos juntos, que nos tornamos a essa união aperfeiçoada.
Sinceramente com toda honestidade, não existe tarefa mais importante que o exercício, no qual desenrolamos nossos relacionamentos; o Zôhar, o Livro do esplendor, assim como Sefer Yetsirá (Livros fundamentais da Cabaláh) ensinam que a maior bênção do mundo é obter o mérito de se estar com alguém que nos compele para o crescimento, e que também está receptivo a ser empurrado por nós para crescer. 
De acordo aos ensinamentos da Cabaláh, temos a responsabilidade de não só apenas crescermos, de não só apenas conhecermos, senão o propósito - que é ajudar-nos e empurrar-nos – mas também de entendermos que estarmos preparados verdadeiramente a crescer no amor, que este autentico sentimento também influencia no mundo. Então, é importante, no Tu BeAv, ter consciência de que a Luz (criada através do relacionamento com a alma gémea) que estamos a atrair ou a elevar, não é apenas para nós, mas para todo o mundo.
Sabendo que o Tu BeAv é o dia em que foi acordada a nossa relação com a nossa alma gémea, espero que todos possamos tirar partido das vantagens da incrível energia disponível, neste dia tão “alegre”, e que todos possam ficar mais próximos de conseguir a tão desejada relação com a alma gémea.

quinta-feira, julho 19, 2018

Tisha BeAv: "Jerusalém na Consciência Judaica"


Tisha BeAv


Jerusalém na Consciência Judaica


O nono dia do mês hebraico de Av é um dos principais dias de jejum do calendário judaico, quando as pessoas lamentam a data da destruição do Primeiro e do Segundo Templo, com a perda subseqüente de soberania nacional e o exílio da Terra Santa.
Tisha BeAv é a culminação do período de três semanas de luto, do qual os últimos nove dias são particularmente intensos, com observância de muitos costumes semelhante aos praticados durante o luto de uma pessoa íntima da família. As "Três Semanas", como são conhecidas, começam no décimo sétimo do mês de Tamuz, a data em que foram quebradas as paredes externas da cidade de Jerusalém durante o cerco. Esta também é a data na qual Moisés quebrou as primeiras tábuas da Lei quando desceu do Monte Sinai depois de 40 dias - e encontrou o povo adorando o Bezerro Dourado.
O Dia 9 de Av é a data em que o seguro povoado de betar caiu, a data da expulsão dos Judeus da Espanha em 1492, o começo das deportações nazistas dos Judeus do Gueto de Varsóvia, etc.
O dia é publicamente marcado no Estado de Israel pelo fechamento de restaurantes, lugares de entretenimento etc. desde a véspera do dia anterior, com as lojas de comida abrindo apenas durante as horas matutinas. O dia é interpretado por seu significado religioso e/ou por sua importância na conexão com a nacionalidade e soberania nacional - mesmo no caso de os indivíduos optarem por não jejuar.
A observância tradicional inclui a leitura do Livro de Lamentações, o Kinot [vide abaixo], um jejum de 25 horas, privação de conforto e contato físico. Em Jerusalém, há um fluxo de milhares de pessoas para o Kotel, o muro Ocidental e única reminiscência do Segundo Templo, para comemorar a destruição e rezar pela redenção.

AO LONGO DA HISTÓRIA

Abraham foi enviado para sacrificar seu filho, Isaac, em uma colina na terra de "Moriá", o lugar conhecido hoje como o Monte de Templo. A redenção de Isaac está intrinsecamente relacionada com a santidade do local.
A conexão física do povo Judeu para com Jerusalém vem à frente, obviamente, quando o Rei o David a conquista do Jebuseus, pagou pelo local santo no Monte de Templo e fez da cidade sua capital.
Depois da destruição do Primeiro Templo, a maioria da população judia foi levada em exílio na Babilônia, onde juraram lamentar para Tsión, "Se eu esquecer a ti, ó Jerusalém, que minha mão direita esqueça de sua astúcia. Que minha língua fique presa ao céu da minha boca, se eu não me lembrar de ti, se eu não colocar Jerusalém acima de toda minha alegria".
Na era dos Macabeus, a principal essência da briga por Jerusalém era para estabelecer a natureza judaica da cidade e levar para fora as práticas pagãs de ritual de Templo e o Helenismo da vida pública. Sob outras circunstâncias, não teria havido nenhuma insurreição nacional contra subordinação judia perante os gregos.
A importância de Jerusalém como um símbolo nacional cresceu com períodos subseqüentes de dominação estrangeira: durante a Grande Revolta de Bar Kochvá, foram cunhadas moedas em memória de Jerusalém.
E, porém, apenas após a destruição do Segundo Templo que o significado de Jerusalém é transformado no que conhecemos hoje - um foco, ao redor que vida judaica aponta e para o qual são dirigidas as aspirações nacionais e messiânicas do povo Judeu.
Assim, não só encontramos apenas uma conexão espiritual, mas também uma física: todos os interiores de sinagogas espalhadas pelo mundo são construídas voltadas para Jerusalém. Em realidade, as orações diárias e festivas abundam em referências a Jerusalém - em recorrências à cidade e em textos mais prolongados; a liturgia contém cinco bênçãos principais relativas à Jerusalém, enquanto muitos outros rituais comunitários e caseiros também descrevem e celebram a Cidade Santa.
Jerusalém é o tópico principal de poesia hebraica pré-moderna, e o Kinot - a liturgia medieval e a liturgia subseqüênte do luto de Tisha BeAv - focando no período e novamente em Jerusalém, como lamentam os julgamentos do povo Judeu ao longo de sua história de exílio.
Como o inevitável ciclo de vida continua e se repete, inseriu-se tradições relacionadas a Jerusalém, para lembrar-nos que aquela alegria plena não está completa sem Jerusalém:
  • um prato é quebrado na assinatura de um contrato de noivado;
  • um noivo quebra um copo debaixo da chupá após a cerimônia;
  • uma pequena seção de parede em toda casa nova é deixada sem gesso ou sem pintura
Por gerações, era impossível para a maioria dos Judeus sonhar em morar em Jerusalém, mas eles participaram apoiando as comunidades que lá residiam, sendo anfitriões de convidados que voltavam de Jerusalém como mais que uma forma de caridade: traziam Jerusalém para todos e todos para Jerusalém - era um modo de vida.

A vida judaica na Diáspora estaria incompleta sem Jerusalém: a esperança de redenção e do retorno do povo a Eretz Israel sempre se centrou em Jerusalém. É um desejo e uma esperança que são sentidos exacerbadamente e expressos em Tisha BeAv.


Tishá BeAv: ¿Existe la alegria en ese día?


quarta-feira, julho 11, 2018

O início do mês de Av: “Diminui a Alegria”.


Rosh Chodesh Menachêm Av



Quinta-feira à noite será o Rosh Chodesh Av. A Mishnáh, no Tratado de Taanit, decreta: “quando entra Av, diminui-se a alegria”. O motivo é o fato de duas tragédias, que transformaram profundamente a vida do povo judeu, terem ocorrido neste mês: a destruição do primeiro e do segundo Templo Sagrado. Por isso, deve-se evitar a realização de eventos e encontros alegres, neste período. 

Como se diminui a alegria nesses dias em diversos aspectos, costuma-se evitar o consumo de carne e vinho, considerados produtos que ajudam a construir a atmosfera de alegria. Os ashkenazim costumam não consumi-los nos nove primeiros dias do mês, desde o Rosh Chodesh Av (inclusive) até o meio-dia do dia 10 de Av – dia no qual o Templo continuou a queimar. Os sefaradim consomem-nos no Rosh Chodesh, cumprindo a proibição a partir do segundo dia do mês até o fim do décimo dia de AV. 

Incluem-se nas proibições citadas todos os tipos de carne, bovina ou avícola. Na Halachá fixou-se também que alimentos que foram cozidos com carne, como legumes em ensopados que contém carne, são proibidos nos nove dias iniciais do mês de Av. Alimentos “parve” (neutros – nem carne, nem leite e seus derivados) cozidos em panelas de carne (limpas e sem resíduos de carne) são permitidos desde que não mantenham o sabor da carne. O consumo de peixe é totalmente permitido no período das Sheloshet Shavuot (três semanas).

domingo, julho 01, 2018

Jejum de 17 de Tamuz: Taanit Shiva Asar BeTamuz


17 de Tamuz


  • No próximo domingo 01 de julho de 2018, (se não tivermos o mérito de vermos a chegada de Mashiach e sermos redimidos), será o jejum de 17 de Tamuz (jejum postergado esse ano pois 17 de Tamuz será no Shabat). Esse jejum, que foi instituído pelos profetas, tem como objetivo despertar o Povo de Israel a se enlutar e lembrar da destruição do Beit Hamikdash (Templo Sagrado) e da terrível diáspora na qual nos encontramos e, com isso, fazer com que façamos teshuvá (arrependimento e conserto).
  • Nesse dia, foi destruída a muralha de Jerusalém, na época do Segundo Templo, depois de três longos anos de cerco romano sobre a cidade sagrada. Quando a muralha foi destruída, o destino da batalha foi decidido em prol do exército romano. Depois da queda da muralha, a batalha se prolongou por três semanas dentro de Jerusalém, e no dia 9 de Av foi conquistado o Har Habait (Monte doTemplo) e o Beit Hamikdash foi queimado. Apesar de, na época do Primeiro Templo, as muralhas terem sido destruídas no dia 9 de Av, o decreto do jejum foi fixado para o dia 17 de Tamuz. Embora obrigatório, este é um dos jejuns considerados leves, pois se jejua somente durante o dia.

Por que jejuamos em 17 de Tamuz?



  • Aprendemos na Guemará, em Masechet (Tratado Talmudico) Taanit, que, além da destruição das muralhas, aconteceram nesse dia outras tragédias com o Povo de Israel: Moshe Rabenu (Moisés) quebrou as Tábuas da Lei quando desceu do Monte Sinai e viu o pecado do bezerro de ouro. Parou de ser sacrificada a oferenda do Tamid no Templo, pois o cerco fez com que não pudessem ser trazidos novos animais à Jerusalém. Apostumos, o romano, queimou um Sêfer Torá e colocou um ídolo romano dentro do Templo. Essas cinco desgraças acometeram o povo de Israel no dia 17 de Tamuz, em diferentes anos. Por isso, os Sábios fixaram um jejum nacional neste dia. 
  • Melhor evitar banhos com água quente durante o jejum, embora seja permitido em caso de limpeza ou higiene pessoal.

Leis do jejum



  • Quem tem dificuldade de jejuar, e quer acordar antes da Alot Hashachar para comer, pode fazê-lo, desde que tenha acondicionado antecipadamente para si mesmo que iria fazê-lo; desta forma, é como se o jejum não vigorasse sobre a pessoa ainda; caso contrário lhe será proibido comer antes da Alot Hashachar. Para beber, há diferença entre os costumes. Para os ashkenazim, não é necessário a condição prévia. Para os sefaradim, não há diferença entre comer e beber – ambos exigem a condição prévia.  
  • Crianças pequenas, que ainda não chegaram à idade de Bar Mitzva, são isentas de jejuar. Mas muitos costumam educar seus filhos para que jejuem algumas horas, com o intuito de ensiná-los sobre a importância do Beit Hamikdash. E assim, mesmo que dêem de comer para as crianças pequenas, deve-se dar apenas alimentos simples (nada de doces e coisas do gênero), para que sintam um pouco o sofrimento do jejum.
     
  • Grávidas e lactantes estão isentas do jejum, assim como doentes, graves ou não. Quem toma medicação de forma constante, pode continuar tomando normalmente durante o jejum. Em casos especiais ou de dúvidas, o ideal é consultar um rabino Talmid Chacham (sábio especialista) para saber a halachá em cada caso.

Reza em 17 de Tamuz



  • Também nas rezas de Shacharit e Minchá do jejum existem algumas diferenças. O costume é que o Chazan acrescente na chazará o trecho "Anenu" entre a bênção de "Goel Israel" e "Refaênu". E o resto do público recita o "Anenu" no meio da bênção de "Shomea Tefilá". Para os sefaradim, o público recita esse trecho tanto em Shacharit quanto em Minchá, mas para os ashkenazim essa reza é dita pelo público apenas em Minchá (Porém o Chazan a recita também em Shacharit segundo todos os costumes). 
  • Assim também, costuma-se ler na Torá em Shacharit e Minchá o trecho "Vaiechal", que trata sobre o perdão que D'us concedeu ao povo pelo pecado do Bezerro de Ouro. E é importante saber que a leitura da Torá no jejum só pode ocorrer quando houver na sinagoga pelo menos 6 pessoas que estão jejuando. Caso contrário, não deve-se ler. De qualquer forma, é proibido que alguém que não esteja jejuando leia a Torá. O costume dos ashkenazim é ler a Haftará após a leitura da Torá, em Minchá. Os Sefaradim não a lêem. Diferentemente do resto do ano na reza de Minchá, costuma-se acrescentar o trecho do "Bircat Cohanim" recitado pelo Chazan na chazará. E o costume dos sefaradim (fora de Israel) é que os Cohanim sobem à frente e fazem o "Bircat Cohanim".  
  • Início do jejum e o término do mesmo, seus horários se alteram de uma localidade para outra, devendo cada pessoa verificar os calendários e mídias que contêm os horários corretos, amplamente divulgados, em sua cidade. A regra é que o jejum se inicia na Alot Hashachar (alvorada) e se encerra 18 minutos após a Shekiat Hachamá (pôr do sol).