domingo, maio 28, 2017

A Festa de Shavuot


A Festa de Shavuot


·       A próxima Terça-feira 30.5.2017, de noite, comemoraremos a festa de Shavuot, com relação à qual há um fator interessante: diferentemente das demais festas bíblicas, cujas datas exatas são especificadas na Toráh, a festa de Shavuot é lembrada no texto bíblico sem ser relacionada a uma data específica, sendo a sua marcação dependente da Sefirat Haomer (Contagem do Ômer). Do dia seguinte ao primeiro dia de Pêssach (16 de Nissan), no qual se trazia a oferenda do Ômer ao Templo de Jerusalém (Bêt Hamikdash), conta-se 49 dias e, no quinquagésimo dia, comemora-se Shavuot. Atualmente, quando consagramos os meses de acordo com um calendário calculado de forma exata, Shavuot cai todos os anos no dia 6 do mês de Sivan. 
·       Esse conceito de que Shavuot depende cronologicamente da festa de Pêssach nos remete à ideia de que somente por meio de Pêssach e sua essência poderemos chegar ao patamar da essência de Shavuot. Na festa de Pêssach revelou-se ao mundo a mais pura fé em D'us. Revelou-se a todos que o mundo possui um Líder. Mas, para promover a evolução do mundo por meio desta revelação maravilhosa, nós, o povo de Israel, precisamos receber a Toráh, na qual constam todas as leis e as orientações sobre como nos comportarmos – o que fazer e o que não fazer – para atingirmos o Tikun Olam (conserto do mundo) de maneira plena. 
·       Em algumas passagens da Toráh e dos livros dos Profetas, a relação entre o povo de Israel e D'us é comparada ao relacionamento entre o noivo e a noiva. Nesta metáfora, a saída do Egito representa o "erussin" (noivado) entre Israel e o Bore Olam (O Criador do Mundo), quando D'us elegeu os israelitas entre os povos para um relacionamento e uma missão especial. Em Shavuot, por sua vez, ocorreu a "chatuná" (casamento) entre ambos, já que é por meio da Toráh, entregue nesta data, que podemos viver a aproximação e a união ao Criador. 
·       Por outro lado, depois que saíram do Egito, os israelitas não puderam receber a Torá, pelo fato de terem descido a um nível espiritual degradante – o do 49º mais baixo degrau de impureza –, após o longo exílio sob jugo idólatra. Este patamar era terrível, pois, de acordo com os livros místicos, ao se atingir o 50º mais baixo degrau de impureza espiritual, não há mais possibilidade de conserto. E explica Rabi Shimon Bar Yochai, no livro do Zôhar, que, da mesma maneira que uma mulher que se encontra no período menstrual precisa contar sete dias no seu processo de purificação, Israel precisou contar sete semanas para se purificar em seu relacionamento com o Todo-Poderoso, louvado seja.

Outros nomes para Shavuot


·       A preparação e a purificação para a festa da entrega da Toráh (Shavuot) representa um fator tão significativo em termos da essência da festa que a Toráh decidiu chamá-la justamente de Shavuot (""semanas"") – o principal nome deste chag, que remete ao processo de preparação. Embora a Toráh a tenha chamado por outros nomes: Chag Hakatzir (festa da ceifa), Yom Habicurim (dia das primícias) e Atzeret (parada), o seu nome principal, como dissemos, é mesmo Shavuot. 
·       Além da Toráh Escrita, entregue no dia da festa de Shavuot, outro presente nos foi dado neste dia: a Toráh Oral (Toráh Shebeal Pe ou Mishná). Às vésperas do grande dia, D'us ordenou que Moisés anunciasse ao povo de Israel que deveria se preparar e se santificar por dois dias antes da entrega da Toráh, que ocorreria numa sexta-feira. Moisés, porém, decidiu por conta própria acrescentar um dia à preparação, e ordenou que os israelitas se aprontassem em três dias. De fato, o Criador concordou com a decisão de Moisés e a entrega da Toráh foi postergada e anunciada para um dia após a previsão inicial, ou seja, num Shabat. Eis, portanto, uma demonstração da importância e da força da Toráh Oral (representada neste caso pela intervenção de Moisés às orientações divinas), pois até mesmo a entrega da Torá foi adiada por um dia pela iniciativa de um representante da Toráh Oral (de Moisés, o primeiro dos Sábios). 
·       A festa de Shavuot é também chamada de “festa da ceifa”. A explicação para este nome está relacionada às estações do ano, pois a festa de Pêssach acontece sempre na primavera, quando as plantações começam a crescer; a festa de Shavuot ocorre sempre no fim do período da ceifa; já a festa de Sucot cai na época da colheita de grãos e frutas. Do ponto de vista místico, é possível verificar que este processo que ocorre no mundo natural ocorre também nos mundos espirituais superiores. 
·       A festa de Pêssach ocorre num período de começo e recomeço agrícola anual, no qual as plantações iniciam seu processo de crescimento. Por isso saímos do Egito nesta época do ano e nos tornamos um povo – o início da nação israelita. Na festa de Sucot, época da colheita dos grãos e frutas, ocorre a finalização do trabalho árduo no campo. Por isso saímos de nossas casas para morar por uma semana na Sucá, demonstrando o nosso entendimento de que vivemos nesse mundo sob a proteção e a supervisão diária do Todo-Poderoso – uma constatação que denota lapidação espiritual pós um árduo trabalho de auto-conscientização. Na festa de Shavuot, por sua vez, quando acontece o auge do desenvolvimento das plantações e se inicia a ceifa, ocorreu também o auge do desenvolvimento do potencial espiritual dos filhos de Israel e, por isso, foi nesta data que recebemos a nossa sagrada Toráh.

terça-feira, maio 23, 2017

Iom Ierushalaim: 50 anos de sua reunificação



Iom Ierushalaim 

7 de Junho de 1967 – 28 de Iyar de 5727

24 de Maio de 2017 – 28 de Iyar de 5777
Às 10:20 do dia 07 de Junho de 1967, o terceiro dia da Guerra dos Seis Dias, Raphael Amir, dos Serviços de Radiodifusão de Israel, anunciou: "Neste momento, estamos passando pela Portão dos Leões, num jipe com a liderança do Exército de Israel. Estou agora sob a sombra do portão. Agora estamos novamente sob o sol, na rua. Do lado de dentro da cidade velha." Ao fundo, podiam ser ouvidas vozes e tiros de soldados: "Para o muro, para o muro!".
Dois dias antes disto, a noção de que os israelenses estariam tocando as pedras do Muro das Lamentações (Ocidental) não havia nem sido sonhada. No primeiro dia da guerra, o governo israelense se encontrou no porão do Knesset. Sobre o barulho dos Jordanianos bombardeando Jerusalém, Levi Eshkol, o primeiro-ministro, abriu a reunião, explicando, "eu entendo que você ouviu uma revisão da situação de batalha e assumo que esta noite teremos que discutir a continuação em relação à Jordânia, se eles continuarem seus ataques. Tudo depende de que assuntos nos ocuparão, particularmente o Sinai."
Embora depois, naquela mesma noite, ficasse claro que a campanha do Sinai tinha sido bem sucedida, Jerusalém e outras vizinhanças ao longo da fronteira com a Jordânia ainda estavam sujeitas à matança por parte das bombas jordânianas e seus soldados. Foi decidido que os pára-quedistas de Motta Gur invadiriam Jerusalém Oriental para unirem-se com a unidade israelense no Monte Scopus, que estava sob ataque dos jordanianos.
Não foi até aquela noite, às 20:30, que a noção de entrar na Cidade Velha entrou nos planos de batalha. Em uma reunião na Escola de Moças Evelina Rothschild, que serviu como sede da brigada de pára-quedistas Motta Gur, o chefe de regimento dos pára-quedistas, explicou seu plano. Este ia mais adiante que a abertura de uma rota para a Cidade Velha, pois isto incluia a própria Cidade Velha. Com respeito a esta revelação, a sala silenciou, esperando a reação do comandante oficial do Comando Central, Uzi Narkiss. Depois de uma pausa curta Narkiss declarou, "O plano está autorizado. Tome estes objetivos e vejamos como as coisas se desenvolvem. E você, Motta, mantenha-se pensando na Cidade Velha todo o tempo". O cenário estava montado.
As batalhas em Jerusalém Oriental continuaram durante uma noite e um dia. Na quarta-feira pela manhã, 7 de junho, os pára-quedistas invadiram a Cidade Velha pela Portão dos Leões e imediatamente avançaram ao Monte de Templo. Em seu sistema de comunicações, Motta Gur fez o anúncio histórico, "O Monte de Templo está em nossas mãos." Os pára-quedistas juntaram-se no planalto do Monte de Templo, e então começaram a apressar-se para o Muro Ocidental.
Som o som de um shofar, e soldados cantando "Ierushalaim Shel Zahav", Motta Gur descreveu a cena para os ouvintes do rádio por todo o país: "É difícil expressar em palavras o que estamos sentindo. Vimos a Cidade Velha a nossa direita quando estávamos na crista da Augusta Victória. Nós apreciamos a vista e agora estamos roucos de tanto gritar, além da excitação de entrar à frente desta escolta ... continuamos de motocicleta, passamos pelo acampamento jordaniano e éramos os primeiros a chegar ao Monte de Templo, com grande excitação. Moishele que tem sido por muitos anos meu chefe, levou alguns homens e correu para içar a bandeira sobre o Muro Ocidental. Agora a Cidade Velha inteira está em nossas mãos e nós estamos muito contentes!".
Às 2 horas da tarde, o Major General Uzi Narkiss voltou ao Muro com o chefe-de-pessoal, Yitzhak Rabin Geral e o Ministro de Defesa, Moshé Dayan. Em seu diário, Narkiss detalhou a ocasião. "Nós chegamos ao Muro Ocidental. A multidão é agora maior do que esta manhã. Soldados animados clareiam o lugar para o Ministro de Defesa e sua companhia e todo fomos ao Muro. Dayan tira um pedaço de papel de seu bolso e empurra-o em um espaço entre duas pedras. Koby Sharett lhe pergunta o que estava escrito, e Dayan responde: «Que haja paz em Israel»."
Minutos depois, Moshé Dayan leu em voz alta a seguinte declaração: "Nós voltamos ao nosso lugar mais santo, e nunca novamente vamos deixá-lo. Para seus vizinhos árabes, o Estado de Israel estende suas mãos em paz, e assegura a todas as outras religiões que manterá liberdade completa e honrará a todos seus direitos religiosos, mas sempre garantirá a unidade da cidade e para nela viver com os outros, em harmonia. "
Apesar de todos os dignitários, oficiais do exército, políticos e rabinos que tinham visitado o Muro, havia uma ausência notável. O Presidente de Israel, Zalman Shazar, não havia ainda visto o Muro. São descritos os arranjos para a visita do Presidente no livro Jerusalém é Uma, de Uzi Narkiss. Quando Narkiss soube que o Presidente quis visitar o Muro, tentou o persuadir de que a situação permanecia ainda muito perigosa. O Presidente persistiu, mostrnado que sua opinião não devia ser discutida: "Jovem rapaz! Preste atenção! O Presidente de Israel tem que ir para o Muro! Eu não estou falando sobre Zalman Shazar. Ele já é um homem velho; o que ele poderia fazer em sua vida, já o fez. Não é importante se ele vive ou morre. Mas o Presidente do Estado de Israel tem que ir para o Muro. Está em suas mãos! Eu lhe peço que considere que arranjos de segurança podem ser constituídos para o Presidente de Israel e então pode ser dada sua estimativa do risco envolvido. Se for muito sério, não irei, 'para que não se alegrem os filhos dos Filisteus'. Mas se o risco não for muito grande, o Presidente irá ao Muro. " O Presidente do Estado de Israel imediatamente partiu para o Muro.
No dia de hoje, os Judeus uma vez mais rezarão no Muro Ocidental e entraram livremente na Cidade Velha. No dia 7 de Junho de 1967, as linhas divisórias de Jerusalém foram redesenhadas. Jerusalém estava, mais uma vez, reunificada. Os judeus retornaram a sua cidade, a seu lar, ao cdentro de espiritualidade do Povo Judeu. Como está escrito em nossas fontes:
“IM ISHCACHEH IERUSHALAIM, TISHCACH IEMINI”
«Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, esqueça-se a minha destra da sua destreza. Apegue-se-me a língua ao céu da boca, se não me lembrar de ti, se eu não preferir Jerusalém à minha maior alegria. »  Salmos 137:5-6
Hoje lembramos 50 anos de sua reunificação, do retorno dos judeus a seu lar. Quando Ierushalaim se reunifico, nesse instante o Povo Judeu posso dizer agora a independência de Israel é completa.