segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Conhecendo a outro sábio de Sefarad (Espanha) do século de ouro

Salomão (Shelomo) Ibn Gabirol

ibnGabirol

Durante os três séculos de duração da Alta Idade Media, e estrutura social de Al-Andaluz está composta por uma sociedade mista Hispano-Árabe. O cume da sociedade andaluz está ocupado por um conjunto de famílias árabes e assírios que aportaram toda a sua bagagem cultural. Os judeus se beneficiaram da política da ampla tolerância dos emires e califas cordobéses. Tem que recordar que no Alcorão destaca-se esta tolerância perto dos “povos do livro”, a final de contas, mulçumanos e judeus tem a Abraão como um patriarca comum.

Baixo este califado de Córdoba, o judaísmo alcançou uma verdadeira idade de ouro. É assim que surgem personagens como Avicebrom ou Salomão Ibn Gabirol, como é seu verdadeiro nome hebreu. Este personagem, suas obras e seu peregrinar pelo país podem nos servir de modelo para compreender a liberdade de criação e a facilidade de movimentos na Espanha durante esses tempos.

Salomão (Shelomo) Ibn Gabirol nasceu em Málaga por volta de 1020 e faleceu em Valencia antes de 1070 (não se sabe a data exata). No seu curto período de vida, este astrólogo, filosofo e poeta, emigrou de menino a Zaragoza onde se formo na cultura árabe e hebraica. Como muito outros astrólogos teve um mecenas judeu chamado Iekutiel, que era um funcionário importante do governo de Zaragoza.

Depois da morte de seu mecenas, viajou por toda a península, viveu em Granada e acabou se sobressaindo entre os filósofos judeus que fundaram sua própria escola em Córdoba. Sua filosofia mística e cosmológica tem suas bases nas idéias astrológicas da antiga tradição hebraica, embora se insere na corrente aristotélica e neoplatônica recebida através dos árabes. Entre suas obras desatacam-se: “Azharot, reshuiot e gueulot” e em especial “Keter Malchut” (a Coroa Real) e o livro “Tikun Hamidot” ( A correção dos caracteres).

Ibn Gabirol é o Omar Kayan hispano... Ambos astrólogos dedicam suas poesias ao vinho e ao amor, o vinho e a morte, o vinho e a noite, o vinho envelhecido, o vinho consolador, o enigma do vinho: “vermelho como um combustível de fogo num recipiente” - que transforma em loucura os juízos do homem sensato...”

A única diferença entre Omar e Gabirol é que o primeiro é extremamente otimista e o segundo está marcado pelo pessimismo de um povo abandonado.

Junto a sua poesia, Ibn Gabirol é um dos primeiros judeus espanhóis em desenvolver o conhecimento típico da Cabaláh e toda a astrologia cabalística ou esotérica.

Como bom neoplatônico, Ibn Gabirol manteve fortes controvérsias com os setores opostos ao pensamento filosófico. Seu trabalho poético mais destacado é “Coroa Real” (no hebraico Kéter Malchút). Ali afirma sua profunda convicção monoteísta, tão cara a judeus e mulçumanos:

“És único, o principio de toda a enumeração,

e a base de todo o edifício.

És único e, pelo ministro da tua unidade,

A razão dos sábios fica estupefata,

Porque disso no conhecem nada...

Em efeito, não se concebe em Ti

Nem a multiplicação nem a modificação...

És único. Tua sublimidade e sua transcendência

Não podem diminuir nem descender,

Poderia existir o único que decaia?”

Sua obra por excelência, escrita em árabe, é “A fonte da vida” (em hebraico Mekor Chaim, traduzida para o latim com o título de Fons vitae pelo clérigo espanhol Domingo Gundisalvo em 1150). Este tratado filosófico influiu nos Cabalistas e inspirou ao filosofo holandês descendente de judeus andaluzes, Baruch Spinoza (1632-1677).

sábado, fevereiro 26, 2011

A Ciência demonstra e confirma a Origem do Homem

Argila pode estar na origem das células

Homem Virtuano

Experimento de norte-americanos comprova que mineral induz a formação rápida de membranas e de vesículas.

O ingrediente que faltava para reunir as moléculas orgânicas da Terra primordial numa membrana, formando um esboço de célula, pode ter sido uma simples fôrma de argila -um pó ou pasta acinzentada comum em diversos lugares do planeta. Porem no único lugar que contem maiores propriedades esta na planície do rio Jordão, nas proximidades da região da meseta de Judáh ou deserto de Iehudáh.

É isso o que sugerem experimentos feitos por cientistas norte-americanos, nos quais a mera adição desse condimento mineral multiplicou em cem vezes a tendência de ácidos graxos (as moléculas que compõem os lipídios ou gorduras) de formar uma membrana de camada dupla, parecida com a que todas as células bacterianas, animais ou vegetais ostentam até hoje.
Esse projeto de célula, no entanto, vai muito além da mera formação: ele também consegue "crescer", incorporando mais partículas de ácido graxo espalhadas nas proximidades, e até se "dividir" -embora precise de um certo grau de estímulo dos pesquisadores para conseguir realizar essa última proeza.

"Não estamos querendo dizer que foi exatamente assim que aconteceu durante a formação da vida", declarou o bioquímico Jack Szostak, 50, da Universidade Harvard (EUA). "O que o nosso experimento faz é demonstrar que precursores celulares poderiam aparecer sem a necessidade de mecanismos bioquímicos complexos", afirma o pesquisador, cujo trabalho sai hoje na revista norte-americana "Science" (www.sciencemag.org).

O experimento de Szostak (pronuncia-se "chôstak") e seus colegas marca mais um ponto em favor da humilde argila, que já tinha demonstrado outra propriedade suspeitamente pró-vida. Ela é capaz de induzir a formação de cadeias de RNA, a molécula-irmã do DNA que também armazena instruções genéticas e, ao contrário dele, consegue induzir reações químicas sozinha. Para muitos cientistas, o RNA é o candidato ideal para primeiro material genético da história da vida.

Do barro à vida (“E formou O Senhor, D’us, ao ser humano do Pó da terra....” Gêneses 2:7)

"Nós nos inspiramos nessa capacidade conhecida da montmorillonita [o tipo de argila mais utilizado no experimento] para ver se ela conseguia induzir o mesmo processo com os ácidos graxos", conta Szostak. As membranas celulares verdadeiras são formadas por moléculas bem mais complicadas, embora aparentadas: os fosfolipídios, que incluem também átomos do elemento fósforo.

A tendência desses ácidos é se juntar em pequenos aglomerados. Os pesquisadores, no entanto, viram que a adição de um pouco de montmorillonita à mistura aumentou em cem vezes essa tendência. As vesículas de dupla camada que surgiram da reação englobavam as partículas de argila.

Como tanto o mineral quanto as camadas de ácido têm carga elétrica negativa (e portanto deveriam se repelir), a hipótese dos pesquisadores é que uma camada de partículas positivas adjacente à argila atraia as vesículas.

Os pesquisadores misturaram ainda RNA, marcado com uma tinta fluorescente vermelha, à argila. Ele também foi englobado -mais um passo em direção a uma "célula", com membrana e material genético (veja a foto abaixo). Na presença de mais matéria-prima, as vesículas cresceram, absorvendo-a, e os pesquisadores causaram sua "divisão celular" (que ocorreu sem perda do material interno) fazendo-as atravessar uma rede de microporos.
"Se pudéssemos fazer com que o RNA iniciasse algum tipo de síntese dentro dessas vesículas, seria um grande passo. Mas esse é um grande projeto, ao qual ainda temos de dar prosseguimento", afirma Szostak. "Temos de ter a mente aberta e tentar simular um caminho completo, da formação das moléculas orgânicas à das células." Uma coisa, no entanto, é certa: matéria-prima não faltava.

Lembremos no Livro de Reis I (Melachim Alef) 7:46: “Na planície do Jordão o rei os fundiu, no chão de argila, entre Sucot e Tsaretan”

Isto é indica que o rei Salomão ou melech Shlomo, não escolheu de nenhuma parte argila, senão justamente perto da planície do Jordão, no das uma dimensão do conhecimento do rei Salomão, porem especialmente marca uma idéia da concepção Divina da criação. O livro de Gêneses ou Bereshit indica que a ciência cada vez comprova que a Bíblia sempre tem razão.

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Falando de Toráh: Conhecemos a outro Sábio

Moisés Ben Nachman –
RaMbaN

Rabi Moses Nachman

Moisés bem Nachmán, melhor conhecido por Nachmánides ou RaMbaN, nasceu na cidade de Gerona, na Espanha. A data exata de seu nascimento não se conhece, mas acredita-se que foi no ano de 1195.

Sabe-se pouco da ascendência de Nachmánides, à parte que era o neto de Isaac ben Reúben de Barcelona. Tampouco se dispõe de muita informação referente à sua infância, juventude e carreira educativa. No entanto, se sabe que entre os seus mestres de Cabaláh estavam Rabi Iehudáh ben Iakar e Rabi Ezra ou Azriel.

Enquanto aos seus vínculos parentais, existem provas que Ben Veniste de Porta era seu irmão e que estava familiarizado (provavelmente eram primos) com Rabi Ionáh Gerundi autor de “Shaarê Teshuváh” (livro do arrependimento).

Nachmánides teve três filhos e um deles morreu, enquanto ele ainda vivia, um dia de ano novo. Era seu terceiro filho, chamado também Nachmán, a quem iam dirigidas as célebres cartas que lhe escrevia no final de sua vida, quando estava em Erets Israel.

Entre seus descendentes encontram-se os célebres Rabinos Levi ben Gershon e Simeão (Shimón) ben Duran. Como muitos contemporâneos, entre eles o célebre Maimônides, sabe-se que Nachmánides era médico.

Dois acontecimentos importantes ocorridos durante sua vida parece haverem marcado consideravelmente tanto sua biografia como a historia do povo judeu: o conflito entre os que estavam em prol e os que estavam contra dos escritos de Maimônides, por volta do ano de 1252. Nachmánides tentou ser o conciliador destas duas tendências que enfrentaram o povo judeu durante esta época.

O segundo acontecimento que tanto influencia teve sua própria vida, foi à famosa disputa da que foi protagonista em Barcelona contra o converso Paulo Christiani. Esta disputa teve lugar na corte do rei Jaime I de Aragão em 1263. Paulo acudiu ao rei de Aragão para que ordenasse a Nachmánides que tomasse parte nesta contenda Pública, com a esperança que se conseguia provar a superioridade da sua crença, a massa de judeus estabelecida na Espanha sentiu-se obrigada a aceitar o cristianismo. Certos autores cristãos mantiveram que Paulo foi o vencedor enquanto os autores judeus pretendiam o contrario. No entanto, a Nachmánides lhe pareceu conveniente publicar uma defesa. Declararam que sua obra continha insultos e blasfêmias contra a religião dominante e como castigo foi expulso da Espanha em 1264. Dos três anos que seguiram não se tem nenhuma marca de Nachmánides. Em 1267, aos 72 anos de idade, chegou a Erets Israel onde viveu até a sua morte.

Manteve uma estreita relação epistolar com seu filho. Em uma de suas cartas Nachmánides descreve a ação de graças que fez por haver salvado e haver podido chegar são e salvo a Terra Prometida; também relata as deploráveis condições em que vivia. Parece haver sofrido muito a obrigada separação que havia entre ele e Sua família que teve que ficar na Espanha.

Durante esta época acabou o Comentário sobre a Toráh (Pentateuco). Haver encontrado uma grande corrente de gente que acudia a escutar seus ensinamentos na cidade de Acco, onde havia se estabelecido, foi muito gratificante para Nachmánides. Nas suas aulas falava da Bíblia baseando-se provavelmente no seu Comentário. Graças a sua grande influência muita gente se estabeleceu em Erets Israel, ao qual contribuiu a trazer nova vida a um país que a sua chegada, estava tão desolado.

Numa de suas notas introdutórias, Nachmánides deixa muito claro um aspecto fundamental de sua crença: A Toráh constitui para ele a fonte de todo o conhecimento e sabedoria que o homem pode chegar a alcançar. O estudioso da Toráh pode encontrar o conhecimento e a sabedoria pelo seu próprio estudo e inspiração ou bem da boca de seus mestres e companheiros. Este conhecimento vem sendo transmitido de geração em geração começando pelo mesmíssimo Moisés que foi Instruído oralmente por D’us. Esta afirmação basta por si só para demonstrar o valor de Nachmánides atribuía o estudo da Toráh e ilustra ademais o sentido que dava ao seu próprio comentário.

Apesar de que em 1270 Nachmánides escreveu ao seu filho que partia em direção a Hebrón onde tinha a intenção de comprar um lugar para a sua tumba, o lugar em que descansa e desconhecido. As tradições diferem a quanto se é em Hebrón, Jerusalém ou Acco. Nem sequer se conhece com exatidão a data da sua morte.

Não obstante, existe uma curiosa lenda a respeito que insiste no caráter misterioso de sua desaparição. Esta história encontra-se no livro Shalsheleth haCabaláh (“os elos da Cabaláh”). Segundo esta tradição, o dia que RaMbaN partiu da Espanha, seus alunos lhe perguntaram como poderiam saber o momento de sua morte e RaMbaN lhes respondeu: “No dia de minha morte aparecerá uma rachadura na lápide da tumba da minha mãe. Este será o sinal que haverei feito o passo”. Uns quantos anos depois que RaMbaN houvesse saído da Espanha, um de seus alunos descobriu uma rachadura na lápide da tumba da sua mãe.

Igueret HaRaMbáN – A carta de RaMbaN

A carta que Nachmánides (RaMbaN, Rabi Moisés Ben Nachmán) enviasse ao seu filho desde Acco em Israel a Catalunha na Espanha, não ficou através dos séculos como uma simples carta de um pai a seu filho com bons conselhos de conduta e do cumprimento de seu dever espiritual como judeu.

Ao longo das gerações, esta “igueret” (carta epístola) transcendeu até chegar a converter-se em um documento de ensino e guia moral do povo judeu.

A carta de RaMbaN

“Presta atenção, Filho meu, a moral do teu pai e não abandones os ensinamentos de tua mãe (1)”. Habitua-te a falar-lhe amavelmente a todos em todo o momento. Este proceder te protegerá da ira, uma má qualidade do caráter que introduz a pessoa a transgredir. Nossos Sábios nos ensinaram o seguinte: (2) “Todo aquele que se inflame preso à ira, estará sujeito à disciplina de Gehinom - purgatório, tal como está escrito: Desterra a ira de teu coração e elimina o mal de tua carne (3)”. O mal que se faz aqui referência é o Gehinom, tal como está escrito: E os perversos estão destinados para o dia do mal (4).

Uma vez que afastaste da ira, a qualidade da humildade entrará em teu coração. Esta autêntica qualidade é a mais sublime de todas as virtudes admiráveis, assim como expressam as Escrituras: No despertar da humildade vêm o temor a D’us (5). Através da humildade, se intensificará em teu coração o temor a D’us, já que sempre terás presente de onde veio e onde está destinado a ir. Dar-te-á conta que na vida é tão frágil como uma larva ou um verme – e com mais razão na morte. É neste o sentido da humildade, o que te lembra Daquele diante de Quem serás convocado para o juízo - O Rei da Glória.

Dele está escrito: Eis que o céu, e até o céu dos céus, não te podem conter a Ti, (6) quanto mais então os corações dos homens (7). Está escrito ademais: Porventura não encho Eu o céu e a terra? diz o Senhor (8).

Depois que ajas pensado seriamente sobre estas idéias haverás de temer ao teu Criador, e estarás a salvo da transgressão. Um a vez que ajas adquirido estas magníficas qualidades, estarás feliz entre os seus semelhantes.

Quando teus atos mostram uma genuína humildade - quando tenhas uma atitude modesta diante ao homem e temerosa diante a D’us; quando atues cautelosamente frente ao pecado- quando o espírito da Presença de D’us possui sobre ti, haverás de Viver o Mundo Vindouro.

E agora meu filho, entende claramente que aquele que tem arrogância em seu coração em direção a outros homens se rebela contra a soberania do céu, porque se está glorificando a si mesmo com as vestiduras próprias de D’us, porque está escrito: “O Senhor reina; está vestido de majestade”. (O Senhor se revestiu, cingiu-se de fortaleza; o mundo também está estabelecido, de modo que não pode ser abalado) (9).

Porque em realidade, de que deveria estar orgulhoso o homem? Si tem riqueza- é D’us quem o faz próspero. Se possuir honras- não pertence à D’us a honra? Tal como está escrito: A riqueza e a honra provem de Ti, (10) - como pode alguém se glorificar a si mesmo com a honra de seu Criador? “Se orgulhasse de sua sabedoria- faz-lhe entender que D’us pode tirar-lhe a fala aos mais competentes e despojar da sabedoria aos anciãos” (11).

De tal maneira, todos os homens estão de pé de igualdade frente ao seu Criador. Em sua fúria Ele derruba aos mais abastados; em Sua boa disposição Ele eleva aos oprimidos. Por tanto, te faz humilde e deste modo o Eterno te elevará.

Por esta razão, te explicarei de que modo podes habituar-te e conseguir a qualidade de tua humildade e manter-se sempre com ela. Que tuas palavras tenham um tom amável; mantém a cabeça inclinada.

Baixa teus olhos, e eleva o teu coração em direção ao céu; e quando fales não fixes teu olhar em teu interlocutor.

Que todos os homens se vejam maiores que tu diante de teus olhos; se alguém é mais sábio ou enriquecido que tu, deverás mostrar-lhe respeito e se outro és pobre, tu foras mais rico que ele, considera que pode ser mais virtuoso que tu: se cometer iniqüidade, isso poderia ser o resultado de um erro por sua parte, tanto que a tua transgressão seria deliberada. Em todas as tuas palavras, ações e pensamentos- em todo momento- te imagina em teu coração, que estás de pé diante da presença do Ser Sagrado e Bendito que é Ele, e que a sua presença posou em ti.

Verdadeiramente,a glória de do Senhor preenche o universo. Fala com reverência e temor, como o faria um servente em presença de seu amo. Atua com moderação na companhia de outras pessoas: se alguém te chama, não lhe responda a gritos, mas sim lhe responderá amavelmente - em um tom baixo de voz, tal como faria alguém em presença de seu conselheiro.

Tenha cuidado de estudar sempre a Toráh, assiduamente, de maneira tal que será possível cumprir seus mandamentos. Quando te levantares do teu estudo, pondera atentamente do que aprendeste, e analisa o que é que pode levar a prática disso.

Revisa teus atos cada manhã e cada noite e desta maneira poderás viver todos os dias com um sentimento de arrependimento.

Expulsa os assuntos externos da tua mente, quando estiveres orando; prepara cuidadosamente teu coração na presença do Sagrado. Purifica teus pensamentos, e pondera tuas palavras antes de pronunciá-las.

Conduz-te de acordo a estas normas em todos os esforços que realizes enquanto vivas. Desta maneira haverás de evitar seguramente as transgressões, tuas palavras, ações e pensamentos serão perfeitos. Tua prece será pura e clara, sincera e prazerosa para D’us, Ele que é Bendito, e será tal como está escrito. Quando tu preparas teu coração (para concentrar-te), tu estás atento (a suas preces) (12).

Lê esta carta uma vez por semana e não descuides nada do seu conteúdo. Cumpre-la, ao fazê-lo te conduz segundo ela e nos caminhos indicados por O Senhor que seja Ele Abençoado, de modo de que possas ter êxito na tua conduta e ser merecedor do Mundo Vindouro, que permanece escondido e destinado aos virtuosos. Cada dia que leias esta carta, o céu responderá aos desejos do teu coração...

Amém. Selah. (Que assim seja eternamente)

________________________

Referencias das citações: (1) Provérbios 1:8. (2) Talmud Babilônico – Tratado Nedarim 22:a. (3) Eclesiastes 11:10. (4) Provérbios 16:4. (5) Provérbios 22:4. (6) I Reis 8:27; II Crônicas 6:18. (7) Provérbios 15:11. (8) Jeremias 23:24. (9) Salmos 93:1. (10) I Crônicas 29:12. (11) Jô 12:20. (12) Salmos 10:17.

sábado, fevereiro 19, 2011

Falso Messianismo; As Dez Tribos Perdidas

DAVID REUBENI

mesias david reubeni1

Uma das figuras mais românticas do século XVI foi o aventureiro judeu David Reubeni. A narrativa de seu diário de viagens, através da Europa e do norte da África (1522-1525), está cheia de histórias exageradas sobre suas extravagâncias, grandes tesouros e serventes cruéis. Eruditos consideram muitas partes desse diário como fictícias, baseadas em mitos correntes àquela época. Ao mesmo tempo, seus escritos refletem uma natureza profundamente religiosa, uma agudeza política hábil e inventiva e uma obsessão inabalável em levantar o moral e o espírito dos judeus oprimidos, com promessas de redenção.

Conhece-se a data exata de seu nascimento, 1490 porem sua desaparição física é uma incógnita, 1535 para alguns poucos, outros se fundamentam em 1538, e existe alguns historiadores que mantém 1541, como a mais provável.

O lugar de nascimento em um local referenciado como Hobur ou Khaibar que foi posteriormente identificado com um lugar de um nome similar no centro da Arábia.

Capturado pela inquisição junto a Salomão Molcho, Reubeni foi levado para Espanha e atribuído à Inquisição de Llerena. Nada mais foi ouvido falar dele. Ele provavelmente morreu lá, como Herculano informou que "um judeu que veio da Índia para Portugal" foi queimado em um auto da Fé em Évora em 1541 (Enciclopédia Judaica). Outra fonte disse Reubeni morreu em Llerena, Espanha, depois de 1535.

Em 1523, depois de passar algum tempo em Alexandria, Jerusalém e Damasco, Reubeni viajou de navio para Veneza; nessa visita à Veneza, temos o registro de sua primeira aparição. Descrito por um contemporâneo (Abraham Farissol) como “baixinho, troncudo, de compleição escura e exímio cavaleiro”, a presença desse viajante misterioso na Itália levantou esperanças messiânicas intensas entre seus semelhantes.

Em Veneza, Reubeni dizia-se filho do rei Salomão e irmão do rei José, que dirigia os membros das Tribos Perdidas -- 300 mil almas! – no deserto de Habor (um dos lugares para onde os israelitas foram exilados, conforme descrito no livro dos Reis II; alguns pensam que se localiza no desfiladeiro entre o Afeganistão e o Paquistão). Esse exército, alegava Reubeni, compreendia as tribos de Gad, Rúben (Reuvén) e metade da de Manassés (Menashé), e ele era seu comandante-chefe. (Ele dizia ser da tribo de Rúben, daí seu nome; outras vezes afirmava ser descendente da tribo de Judá e até traçava sua linhagem até o rei David). Reubeni pediu aos judeus de Veneza para ajudá-lo em uma missão importante perante o papa, e muitos notáveis acataram seu pedido.

Em 1524, Reubeni chegou a Roma, montado em um cavalo branco.

Reubeni propôs uma aliança com o papa Clemente VII e com as nações cristãs contra os turcos: as nações européias forneceriam a munição e seu irmão levantaria as forças militares de seu exército de israelitas. Assim os israelitas poderiam recuperar a Palestina (Terra Santa ou Terra de Israel) dos muçulmanos turcos (que haviam conquistado Jerusalém em 1517), e o mundo cristão poderia impedir seu avanço em direção ao Ocidente.

O papa, muito impressionado, tornou-se patrocinador de Reubeni e deu-lhe cartas de recomendação ao Rei João III de Portugal e ao mítico rei etíope Preste João. Vários banqueiros judeus em Roma forneceram fundos para Reubeni, a fim de que levasse a cabo seu sonho messiânico.

Em Portugal, o rei deu a Reubeni boas-vindas calorosas, e assim também fizeram os marranos (cristãos-novos, vivendo secretamente como judeus), que ficaram convencidos ser ele o Messias prometido.

Da mesma forma, cultivava contatos com o sultão de Fez e com os judeus no norte da África. O tumulto causado por ele começou a levantar suspeitas em Portugal de que ele estava procurando incitar os marranos, e foi então expulso. Seu diário contava mais aventuras ocorridas na França e na Itália, onde conseguiu novamente levantar o fervor messiânico. Foi finalmente preso e acusado de seduzir os cristãos-novos a abraçarem o judaísmo; pereceu na prisão, na Espanha.

O diário de Reubeni, cuja autoria é questionada por muitos estudiosos, tem sido assunto de vários romances.

BIBLIOGRAFIA

Adler, E.N., A Trajetória dos Judeus (1930).

Roth, Cecil, in: REJ, 116 (1957).

Roth, Cecil, in: O Povo Judeu (1963).

Marek Halter, O Messias (1999).

Enciclopédia Judaica

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Falando de Nossas Fontes, podemos aprender a remediar?

Consertar-se

te doy mi corazon2

Nossos sábios nos contam no Talmud a história assombrosa de um "águia perene" que cada mil anos voa direto em direção ao sol. As penas desta ave se queimam, seu corpo cai a terra, e ali ocorre o processo de regeneração de suas asas. O conto é totalmente insólito. Em realidade, cabe a pergunta: Se a águia vai a viver por sempre, para que consertar suas asas a cada milênio?

O qual é o problema de viver sempre com o mesmo par de asas?

Um sábio respondeu acertadamente: "Para ensinar-nos que cada um de nós, os seres humanos, devemos aprender a renovar-nos". O águia, fiel exemplo dele, sabe como fazê-lo e nos serve de modelo. Quando chega o momento da renovação, o águia não dúvida, e só se eleva em direção aos céus, em direção a sua raiz nos lugares altos. Fazendo a comparação com os seres humanos podemos afirmar: A chave principal para a renovação pessoal é adquirir a habilidade de fortalecer nossa conexão com a raiz, com a fonte, com D'us.

Podemos às vezes sentir-nos desconectados das raízes e de nosso verdadeiro eu. Mas D'us é infinito e sempre possibilita um novo desafio. Ele renova a diário com Sua Infinita Bondade o universo. Se for assim, devemos elevar-nos e conectar-nos com essa "fonte de energia" para conseguir a tão ansiada renovação, e assim, regenerar-nos satisfatoriamente.

Contam que um dia de inverno, um velho lenhador foi ao bosque junto com seu filho em busca de lenha. O lenhador buscou uma árvore morta e o cortou. Várias semanas depois, ao chegar à primavera, viu com luto que o tronco flácido dessa árvore que ele havia talhado lhe haviam brotado "abrolhos". Lamentando-se, o pai comentou o seguinte: "Estava seguro que essa árvore estava morta. Havia perdido todas as folhas na época de inverno. Mas se vê que fazia tanto frio que os galhos se quebravam e caiam como se não lhe ficasse ao pobre tronco nem um bocado de vida. Mas agora, vejo com claridade, que ainda alentava a vida dentro daquele tronco".

E voltando-se em direção a seu filho, lhe aconselhou: "Nunca esqueças esta importantíssima lição. Jamais cortes uma árvore em época de inverno. De nenhum modo tomes uma decisão negativa em tempo adverso. Nunca tomes decisões importantes quando estejas em teu pior estado de ânimo. Aguarda. Sei paciente. A tempestade rápida passará. Recorda que sempre a primavera voltará".

D'us plasma sua Divindade a nosso ao redor e se manifesta constantemente no mundo terreno. Podemos encontrar exemplos de renovação quase em todas partes. As estaciones do ano vão e vem, assim como as marés. As flores brotam, florescem e morrem... e volvem a brotar. Se bem o Criador Todo poderoso podia haver criado com absoluta facilidade um mundo que sempre se mantenha igual, de qualquer maneira, optou por criar um mundo que expressa uma constante "renovação". Em nossas escrituras se indica que o conceito do tempo está construído em base ao dia de Shabat. Durante os primeiros seis dias da semana o mundo se move, vibra uma e outra vez; e no dia de Shabat nos detemos com uma só intenção: a de renovar-nos.

Voltando ao parágrafo que incluímos a diário em nossas rezas: "Ele renova a diário com Sua Infinita Bondade a Criação", D'us renova Sua criação cada dia. Não esqueçamos que cada um de nós, assim de pequeninos como somos, formamos um minúsculo microcosmo dentro da criação. D'us faz que cada dia seja "um novo dia" para que nós também possamos renovar-nos.

Renovação e mudança..., e consertar-se.

Para esta época, onde o inverno esta finalizando e estamos chegando à época da primavera, ano trás ano, recordamos o mesmo. Mas somos de fato conscientes desta oportunidade? Não sejamos obsessivos respeito a nossos atos e subseqüentemente, ver somente o negativo. Pensemos no amor que D'us sente por nós, imaginemo-lo a Ele como a um Pai carinhoso. Não esqueçamos a possibilidade de definir o passado. Estas possibilidades nos deveriam dar força e coragem para sobressair qualquer sentimento de desânimo.

Devemos renovar-nos sinceramente nestes dias, trocar decididamente nossos atos e intensificar nosso amor por D’us. Concertar-nos. Porque o amor a D’us se manifesta pelo amor ao Ser Humano. E nós como Iehudim (judeus) que temos uma historia cheia de valores humanos, devemos, mas que nunca praticar esse amor, e mais, fortalecer-nos espiritualmente e intelectualmente, alinhados em pós dum só objetivo, o crescimento.

E ainda ou passado seja "pesado" e nos dificulte trocar ou presente, devemos considerar-nos como uma criança recém nascida; e desde esta perspectiva (recordo que também foi a minha em meu começos), juntar forças e ser capazes de começar mais uma vez.

Querido irmão Iehudí: Ainda apesar do que ás vezes, ás circunstâncias a nosso ao redor sejam tristes, a parte nossa que está conectada com ou Divino se mantém pura e tem ou poder de fortalecer ao resto.

Queira D'us que possamos reconhecer nossa ligação com o infinito e sempre tenhamos igual que o águia, a possibilidade de regressar renovados a nosso verdadeiro ser. A consertar-nos, para poder despegar e como a águia voar e seguir vivendo como a arvore em inverno.

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Se falarmos de Toráh, um pouco de Bíblia e Historia.

Além do Sambation[1]:

O Mito das Dez Tribos Perdidas

Sambation em idish

As Dez Tribos Perdidas de Israel têm despertado a imaginação dos povos desde os imemoriais. Sabemos que no século VIII a.e.c o Império Assírio destruiu o Reino de Israel, dando início ao exílio de seus habitantes. Conhecemos até mesmo alguns dos lugares para onde foram deportados, de acordo com relatos da Bíblia.

Isso é tudo o que sabemos. No entanto, as Dez Tribos continuaram a habitar o real e o imaginário desde essa época. Para o povo judeu, a memória dessas tribos foi preservada no inconsciente coletivo, como um membro extirpado do corpo de uma nação que, espera-se, retornará e se juntará novamente no “fim dos dias.” De acordo a tradição Rabínica, a volta das Tribos Perdidas figura como pré-condição para a redenção (gueuláh) também adquire significado de peso.

O falecido Guershom Scholem, a maior autoridade contemporânea versada em misticismo judaico, escreveu na sua obra monumental sobre o falso messias Shabetai Zvi que “havia uma tradição legendária popular persistente acerca das Tribos Perdidas. Em tempos de propaganda escatológica... e expectativas milenaristas, os relatos combinando narrativas nem sempre totalmente verdadeiras sobre judeus em países distantes, com fantasias desenfreadas, eram os que mais proliferavam”. Nos tempos de Shabetai Zvi e Natan de Gaza (século XVII), por exemplo, corriam numerosos boatos de que os exércitos das Dez Tribos estavam vindo do deserto para atacar os turcos.

Havia ainda rumores de que as Tribos Perdidas estavam prestes a conquistar Meca. As histórias eram tão persistentes que, em 1665, os muçulmanos de Túnis cancelaram sua peregrinação à cidade sagrada.

Lendas semelhantes -- anunciando a chegada de exércitos das Tribos ou descrevendo seus reinos em algum lugar distante no interior da Ásia ou da África -- têm surgido regularmente desde a Idade Média.

Circularam no Oriente Médio e na Europa através de cartas escritas por judeus, em relatos descritos por diplomatas ocidentais ou em publicações ocasionais. Nos séculos XVI e XVII, essas histórias tinham aparentemente um papel importante para disseminar a concepção messiânica no mundo judaico, porem era utilizado essa crença tão enraizada no Povo Judeu, que permitia promover interesses políticos dos Estados europeus na luta contra o Império Otomano.

A imaginação popular tende a ser fantasiosa para compensar a dura realidade do dia-a-dia. A realidade do povo judeu era a do exílio e da servidão. Assim era muito reconfortante imaginar que em algum lugar, além do rio Sambation, viviam judeus com a pele rosada, fortes e orgulhosos, talvez até gigantes; judeus que tinham independência política e poderio militar, que eram justos e puros e cujo reino era uma verdadeira Utopia, inundado de riquezas materiais e felicidade.

A lenda, os boatos e as narrativas de viagens imaginárias foram passadas de geração a geração. Publicadas em várias versões, tanto em hebraico como em iídiche, conquistaram corações e inflamaram a imaginação. Ao final do século XIX, essas narrativas começaram a se inserir na moderna literatura iídiche e hebraica.

De acordo com o professor universitário Shemuel Wersess, as fontes históricas e literárias das Dez Tribos são “um composto de crônicas semi-históricas, rumores históricos e lendas de natureza mitológica, estruturado em sua maior parte no formato de diálogos de viajantes, relatos de viagens e ligado a várias personalidades, algumas reais, outras imaginárias”.

A adição de pseudo documentos, tais como cartas dos chefes de tribos a seus irmãos no exílio para além do Sambation, e a precisão com que as localizações geográficas eram descritas, tinham a intenção de conceder a essas narrativas uma dose de credibilidade. O regresso dos Falashas, os Judeus provenientes da Etiópia, ensinam, que não são as historias tão lendárias, senão que tem fortes laços históricos porem principalmente Bíblicos.

Com as explorações do Novo Mundo, houve uma mudança gradual na abordagem do assunto, particularmente no mundo cristão. Como resultado da exploração e da repressão aos índios nativos da América pelos conquistadores, uma polêmica sobre “direitos humanos” surgiu no século XVI. Consternados com o tratamento dispensado aos nativos americanos, vários missionários passaram a argumentar que os índios eram seres humanos, com direitos humanos universais, e com direito à conversão ao cristianismo; a alegação de que eram descendentes dos antigos israelitas forneceu uma base conceitual para a atividade missionária.

Teorias “científicas” começaram a aparecer, a partir das quais estudiosos e missionários tentavam identificar várias tribos com as Dez Tribos Perdidas, com base nas semelhanças de seus costumes com as tradições bíblicas. Apoiada primeiramente por clérigos protestantes anglo-americanos e sábios, esta tendência continuou até o século XX.

Antropólogos modernos que examinaram o efeito das teorias das Dez Tribos sobre os diferentes grupos nativos, em todo o mundo, têm enfatizado a função política a que serviram. Alguns grupos destituídos, expostos à atividade dos missionários, foram levados a se identificar com os Filhos de Israel que sofreram o peso do exílio e da opressão e, então atribuíram para si origens judaicas antigas. O fato explicaria os judeus maoris da Nova Zelândia, os judeus achantis na África Ocidental, e outros.

Nos últimos 200 anos, tem havido uma corrente crescente no mundo ocupada em procurar as Tribos Perdidas e estabelecer um elo entre elas e comunidades remotas, particularmente na Ásia.

No final do século XIX e início do XX, vários estudiosos e emissários da comunidade judaica na Terra de Israel saíram em busca dessas tribos. O segundo presidente de Israel, Yitzchak Ben-Zvi, ficou famoso por suas pesquisas sobre os “Dispersos de Israel.”

BIBLIOGRAFIA

sambatyon2

  • Avihail, Rabbi Eliyahu, The Tribes of Israel, translated from the Hebrew by M.Gross
  • Benjamin II, I.J., Eight Years in Asia and Africa from 1846-1855 (Hanover, 1863).
  • Ben-Zvi, I., The Exiled and the Redeemed (London: Vallentine & Mitchell, 1958).
  • Edrey, Rav. Dr. M., An Historical Account of the Ten Tribes (1836).
  • Parfitt, Tudor, Las Tribus Perdidas de Israel

[1] De acordo com a literatura rabínica Sambation é o rio para além da qual a Dez Tribos perdidas de Israel foram exilados pelos assírios rei Salmanasar V[Shalmaneser]. As primeiras referências, com Targum de Ionatan ben Uziel, o rio é dado nenhum atributo especial, mas depois a literatura afirma que se enfurece com corredeiras e atira pedras seis dias por semana, ou mesmo consiste inteiramente de, areia, pedra e fogo. Para os seis dias do Sambation é impossível de atravessar, mas ela pára de fluir cada Shabat, o dia os judeus não têm permissão para viajar, alguns escritores dizem que essa é a origem do nome. Plínio, o Velho , escrevendo na primeira metade do século-, menciona que há um rio na Judéia, que seca a cada Shabat. Seu jovem contemporâneo historiador Flavio Josefus fala do Rio Sabático que ele alega que foi chamado do "o sétimo dia sagrado dos judeus" e que ele localiza entre Arka (na faixa norte do Líbano) e Raphanaea (no Alto da Síria) (Guerra 7,96 -99), embora, segundo o seu relato é seco durante seis dias e só flui no Shabat.

domingo, fevereiro 06, 2011

A Visão Judaica da Morte

A vida depois da vida

El espigon

A morte é uma noite entre dois dias. O corpo, irremediavelmente, morre. Regressa à terra da qual surgiu. Porém a alma humana sobrevive ao sepulcro e permanece existindo, ainda que de uma forma totalmente diferente da terrena. Na realidade, o ser humano atravessa três etapas diferentes de existência. Cada uma superior em relação à que a precedeu. É impossível conceber a etapa a seguir, mas podemos saber a respeito da anterior.

A primeira etapa é o mundo intrauterino: o ventre materno, no qual ocorre a preparação física da vida que virá depois. Muitos elementos e sistemas orgânicos vitais neste mundo em que vivemos são inúteis nessa etapa, como a existência de uma boca, de um par de olhos ou de um nariz. Trata-se claramente de preparativos para uma nova vida.

Passados nove meses, ao iniciarem-se as primeiras contrações, sentimos que algo está chegando ao fim. No momento do nascimento, passamos por um processo tão traumático quanto a morte. De certa forma, finalizamos uma etapa e iniciamos outra. Lentamente, começamos a perceber que não estamos mortos, senão que temos acesso a uma nova dimensão, fascinante, cheia de luz, sons e sensações, muito superior à anterior. Uma existência infinitamente mais significativa.

Algo muito similar sucede com a vida presente em relação à futura. Aqui nos preparamos espiritualmente para a vida que vem a seguir. Desenvolvemos, também, faculdades aparentemente supérfluas.

O homem, durante oito ou nove décadas de sua vida, pensa, reflete, descobre, cria, sonha. Sua natureza o inclina a procurar certos valores éticos e espirituais. A fazer o bem, a indagar a respeito do significado de seu ser, a procurar o seu Criador. Com o correr dos anos, o homem cresce em sabedoria. Tudo aponta para uma continuidade. Se se tratasse apenas da mera existência biológica, o ser humano não necessitaria mais do que precisam os animais para viver.

Ao morrer, também nascemos para um mundo totalmente diferente. Dessa vez, trata-se de uma fase definitiva. Essa última dimensão da existência humana é denominada Olam Habáh pelos nossos sábios (da literatura rabínica, chamados de chachamim), ou seja, o mundo por vir: a vida depois desta vida.

Devemos falar de Toráh, porem não é Lei é Ensinamento

O valor da educação,

da Continuidade

JewQuarter300

“O saber não é o objetivo em si do estudo, mas um meio para chegar a Vontade Superior, a vontade e o desejo de dar e beneficiar o coração do homem. Isto é o que mede o nível espiritual do homem. Isto é tudo o homem.”

Muitas das expressões que sabemos utilizar quando nos referimos em assuntos tais como judaísmo e espiritualidade têm chegado através de traduções e possuem uma carga subjetiva quanto ao seu significado e objetivos. Isto tem afetado não só àqueles que se aproximam da sabedoria de Israel, através de textos traduzidos, a não ser que tenham chegado mais profundamente ainda que deformando a nossa percepção de judaísmo. Em outras palavras: temos nos acostumado a evoluir e interpretar a sabedoria de Israel de acordo os parâmetros distanciados da nossa própria tradição assuntos tão familiares como “Religião”, “D’us” e “Alma”, a partir das discordâncias surgem as discussões entre os defensores da “Religião” e os chamados “Leigos”, são conceitos diferenciados sobre o judaísmo. Tais conceitos se transformam em traduções simplistas e errôneas que vem dividindo os homens e criam confusões em nosso mundo espiritual.

O vocábulo religião provém do latim “religare”, quer dizer: voltar a ligar aquilo que foi desconcertado. Este conceito não aparece nos textos de tradição hebraica nem na nossa tradição oral até a Idade Média. Neste período os sábios judeus sentiram-se pressionados a tomar parte em confrontos verbais com o fim de demonstrar a validez da espiritualidade do povo de Israel.

A raiz desses sábios tais como o Rabino, Médico e Poeta. Iehudáh Halevi (1075 - 1141), em seu livro “O Cuzari” e Maimonides (Rambam) Século XII e XIII, especificamente em seu livro “Guia dos Perplexos”, viram-se forçados a declarar que a Toráh de Israel é também uma “Religião” organizada em bases lógicas e estrutura desenvolvida. Para isso recorreram ao vocábulo DAHAT que significa NORMA, INSTITUIÇÃO e INICIAÇÃO.

O judaísmo consiste na iniciação de um povo eterno nas normas (Mitsvot = preceitos) que o aproximam gradualmente à santidade.

Estas normas constituem as leis objetivas a partir das quais são o núcleo principal da Santidade da Divina Presença e a Sua Criação e que codificados nos são transmitidas através da Toráh.

A palavra “Religião” não é própria para o judaísmo, posto que confunde e leva a interpretá-la em base a doutrinas estranhas.

O conceito “Religião” implica ao fato de voltar a ligar duas ou mais coisas separadas. No judaísmo o conceito primordial é “luz”. A “luz” na qual o povo de Israel iluminou constantemente a humanidade.

A luz de Chanucáh que não somente foi o triunfo da luz dos valores morais sobre a escuridão corrupta pagã da cultura helenistica.

Também é o triunfo da educação, já que a palavra Chanucáh tem sua raiz no termo chinuch - educação. O Purim[1] e a Chanucáh[2], representam a luz dos jovens que brilham como um cometa que se expande iluminando o negro universo do qual estamos imersos.

As duas festividades têm um ponto em comum que é a educação, que é a pedra fundamental para evitar a assimilação e perda de valores, já que Ester uma jovem de 15 anos tinha seus embasamentos firmados, pois ela sabia que antes de ser rainha era uma mulher judia, e como tal se dedicava a seu povo. Iehudáh Hamacabi (líder da revolta dos Macabeus) estava internalizado em uma força espiritual tão grande que foi uma luz para seus seguidores iluminando os objetivos a cumprir.

Judaísmo não é “religião” é a luz que nos une a uma cadeia milenar chamada judaísmo e nos leva a um só objetivo: CONTINUIDADE.


[1] Purím figura na Bíblia, no livro de Ester. Nesse texto não aparece o nome de D’us, talvez porque trate de uma época e um lugar na diáspora onde D’us estava bastante esquecido pelos homens que optaram a favor da assimilação. A ação da história transcorre em terras do Oriente, Pérsia e arredores, de cores exageradas e em um tempo e com personagens que não permitem uma identificação clara.

Esta é a história - sempre verdadeira, sempre precisa - do anti-semitismo ou judeufobia. Aí aparece o primeiro grande teorizador do ódio ao judeu - Haman - ministro do estranho e torpe rei Achashverosh (Rei Asuero), que aconselha seu amo a exterminar os filhos de Israel, pelo simples fato de serem diferentes, de diferentes costumes e convenções. O rei é ridicularizado, pois somente um assunto causa-lhe obsessão, despedir mulheres, pegar mulheres novas e, por isso, está disposto a firmar qualquer decreto. Entra na cena Ester, da estirpe Hebraica, enviada por seu tio Mordechai, namora o rei e logo consegue salvar ao povo judeu e eliminar a Haman. Purím significa “sorte”. Deu-se à sorte a data em que os judeus deviam ser exterminados. (Era o único, a respeito do qual - ironicamente se sugere - duvidávamos da data. A respeito da matança em si não havia dúvidas nem vacilação alguma). A sorte caiu sobre o 14 de Adar.

[2] É o 25 de Kislev. Seu motivo histórico remonta os tempos de domínio grego no Oriente médio, entre elas, a terra de Israel.

No ano 162 a.e.c. a repressão dos governadores gregos chegava no seu cúmulo. Os gregos pretendiam helenizar a todo o mundo e não toleravam a teimosia dos judeus fiéis a sua religião e costumes. Proibiram, então, que se cumprissem as normas da Toráh de Moisés. Desta maneira, entendiam que podiam apagar a identidade judaica.

Porém, havia um punhado de patriotas que de modo algum cediam e que, encabeçados por Matatiahu o Chashmonai, da Galiléia, iniciaram a rebelião contra os gregos. Entre os filhos de Matatiahu, supremo sacerdote daquela época, destacou-se Iehudáh, o Macabeu. Em dura e sangrenta luta, esses crentes no D’us Único alcançaram o ideal da autonomia, de serem eles mesmos, de expulsar o invasor que havia profanado o Templo e colocado nele suas vãs deuses. Quando reconquistaram o Templo, o purificaram e encontraram em um canto um pequeno recipiente com azeite para os candeeiros da Menoráh (candelabro de sete braços).

Reinauguraram (Chanucáh: reinauguração), então, o culto de Israel, acendendo a Menoráh. Foi por um milagre que esse azeite manteve acesa a chama durante oito dias. Chanucáh se comemora, então, durante oito dias. Na festa, acende-se diariamente um candelabro de oito braços (Chanukiáh), para lembrar a façanha daqueles homens que souberam preservar a sua identidade ao custo de fé e de coragem. A façanha dos Macabeus tem sido, em todas as gerações, uma ardente chama que guiou aos judeus até a façanha do renascimento de Israel: o Sionismo.

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Onde tu estas?

DEFICIENTES ESPIRITUAIS

Deficientes espirituais

Há alguns anos, nas olimpíadas especiais de Seattle, nove participantes todos com deficiência mental, alinharam-se para a largada da corrida dos 100 metros rasos.

Ao sinal, todos partiram, não exatamente em disparada, mas com vontade de dar o melhor de si, terminar a corrida e ganhar.

Um dos garotos tropeçou no asfalto, caiu e começou a chorar. Os outros oito ouviram o choro. Diminuíram o passo e olharam para trás. Então eles viraram e voltaram. Todos eles.

Uma das meninas, com síndrome de down ajoelhou, deu um beijo no garoto e disse:

Pronto, agora vai sarar! E todos os noves competidores deram os braços e andaram juntos até a linha de chegada.

O estádio inteiro levantou e os aplausos duraram muitos minutos... Talvez os atletas fossem deficientes mentais... Mas com certeza, “não eram deficientes espirituais”...

“Isso porque, lá no fundo, todos nós sabemos que o que importa nesta vida,  mais do que ganhar sozinho, é ajudar os outros a vencer, mesmo que isso signifique diminuir os nossos passos....”

Estamos ingressando numa época onde vencer é o principal,  seja a custa de valores éticos que o ser humano nunca pode perder. “O Faraó que cada um possui’, vai depender de nos, que este seja afogado no Mar da Liberdade e do respeito, e do vencer aos ódios, rancores, invejas e ciúmes; ou ser escravo dele e não importar-nos com outro e se chegar ao final da linha, ainda que seja sozinho e sem ninguém importar-se com nós.

Aieca (איכה) essa foi a pergunta do Criador ao homem, “Onde tu estas?”; e até os dias de hoje repercute a pergunta em cada geração, a maldade diminuirá, quando saibamos em que direção esta a resposta. Devemos construir nosso Jardim do Éden a partir dos valores morais e humanos, que foram “penhorados”, para obter o efêmero êxito de vencer, recuperar nossa humanidade, e saber perante quem nos estamos de “pé”.

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

O Mês da Alegria

O mês de Adar

MONADAR

(Neste ano temos dois Adar (Adar I e Adar II)

“E será que de mês em mês” (Isaías 66:23)

  כג והיה מדי חדש בחדשו ומדי שבת בשבתו
O mês de Adar é o sexto na contagem da Criação do mundo (a partir de Tishrê), e o décimo - segundo na contagem da saída do Egito (a partir de Nissan).

O nome “Adar”, da mesma forma que todos os outros nomes de meses do calendário hebraico, remonta à Babilônia. Origina-se da palavra “ADARO”, na língua assíria, que significa celeiro, pois nesta época preparam-se os celeiros para a colheita próxima.

Outro significado é “escuro e nublado”, por ser o último mês do inverno.

O mês é mencionado algumas vezes nas Escrituras, em seu nome babilônico, “Adar” (Esther 3:7; 3:13; 8:12, etc.; Esdras 6:15) e nos livros apócrifos (especialmente em II Macabeus 15:36), sobretudo por causa de suas múltiplas ligações históricas.

“Quando chega Adar alegramo-nos muito” - כך משנכנס חדש) אדר מרבין בשמחה) (Talmud Babilônico - Tratado Taanit 29, folha “A”), pois neste mês ocorreram alguns milagres ao Povo de Israel, sendo o de Purim o mais importante. Era neste mês também que recolhiam os siclos para o Templo, para com elas comprar os sacrifícios coletivos e as outras necessidades da congregação em geral, especialmente em Jerusalém.

Em Adar costumavam consertar as estradas, ruas e mananciais que se haviam danificado durante as chuvas do inverno, preparando tudo para a chegada dos peregrinos em Pêssach.

A fim de fazer coincidir o calendário lunar com o calendário solar, e para que Pêssach caia sempre no mês da primavera, acrescentava-se ao ano (de tantos em tantos anos) um segundo mês de Adar. Quando o calendário foi definitivamente fixado, ficou estipulado que se acrescentaria um segundo mês de Adar sete vezes, em cada ciclo de 19 anos (3°, 6°, 8°, 11°, 14°, 17° e 19° anos). Nestes anos embolísmicos (acréscimo de dias ao ano lunar para ajustá-lo ao ano solar) o primeiro mês de Adar perde a importância, e todas as leis e costumes válidos para o mês de Adar de um ano comum são observados no segundo mês de Adar; por isso, Purim é comemorado no segundo mês de Adar, quando ele ocorre.

O signo do mês

O signo de Adar é “Peixes”, pois é neste mês que os peixes nos rios e lagos se reproduzem.

O signo de Peixes é um signo de sorte, pois os peixes estão ocultos da vista, e assim são protegidos do mau olhado; os Filhos de Israel também foram comparados aos peixes.

Os signos dos outros meses são palavras no singular, como: Sagitário, Capricórnio, Aquário; o signo de Adar, porém, é uma palavra no plural, Peixes – por causa da existência dos dois meses Adar nos anos embolísmicos. E por que se acrescenta justamente um segundo mês de Adar? Porque o princípio básico do embolismo é que o mês de Nissan seja sempre na primavera, na estação em que as frutas amadurecem e por isso o acréscimo é em Adar.

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Compreendendo a Vitalidade do Ciclo Judaico

O ANO JUDAICO, A VIDA JUDAICA

calendario_hebreo

O ano judaico representa, esquematicamente, a vida e a essência do Judaísmo de todos os tempos.

É um mapa que nos indica quando e como os judeus se alegram, festejam e comemoram.

Conforme os talmudistas, os preceitos (mitzvot) que ordenam a vida judia são 613. Eles explicaram a presença deste número porque nele somam-se dois elementos:

- 248 - as partes do corpo;

- 365 - os dias do ano.

Todo o corpo, em todo o ano.

Todo o ser, em todos os dias.

O Judaísmo é, efetivamente, uma prática de vida na qual o excepcional (os dias que se destacam) não fazem mais do que confirmar o ordinário e o cotidiano.

Todos os dias temos que ser justos. Todos os dias temos que agradecer aos céus pela existência. Todos os dias temos que esperar e fazer alguma coisa por um mundo melhor, messiânico. Todos os dias cabe-nos buscar um remanso de paz interior e exterior. Todos os dias há que se liberar de ídolos e feitiçarias.

Os outros, os dias fora de série, iniciando semanalmente pelo Shabat, têm como função despertar a consciência frente ao não realizado, alertar o ânimo, aguçar os sentidos, afinar a sensibilidade.

O Judaísmo é uma teoria de educação, para que cheguemos a ser o que ainda não somos totalmente: humanos.

O ano judaico indica a guia efetiva, realizadora dessa concepção pedagógica: o que fazer quando te levantas, pela tarde, pela noite, no dia sem trabalho; na festa da liberdade.

Vejamos, ligeiramente, como é o ano judaico. Que fazem os judeus durante o ano?

Indiretamente, se delineará a imagem da vida em seus detalhes menores e maiores.

E, com ela, verás qual o lugar que ocupas.

NOSSO CALENDÁRIO

Através de ciclos periódicos, o ano judaico compreende uma média natural de 12 meses, 365 dias. Porém, não é bem assim, se toma cada período anual separadamente. Com efeito, a antiqüíssima tradição remonta épocas em que o passar do tempo se media de acordo com o ritmo da rotação lunar e esse segue sendo o eixo do sistema do nosso calendário. “Mês”, em hebraico se diz chôdesh: lua nova, ou yarêach: lua.

Mas, por outro lado, as festividades do povo estão ligadas, em princípio, nas estações do ano: primavera, outono, inverno e seus correlativos eventos agrícolas. Corresponde, pois, que Pêssach seja sempre na primavera, por exemplo. A tal efeito se retifica, de tempo em tempo, a contagem dos meses lunares, acrescentando um mês (o segundo Adar) para atingir esse equilíbrio (Com a repetição do mês de Adar temos anos de 13 meses).

Em 358 da E.C. foi Hilel II quem estabeleceu as regras de composição do almanaque do povo de Israel. Até então, requeria-se, mês a mês, a presença de testemunhas que tivessem visto a mudança da lua, ante o tribunal central. A partir destes testemunhos, o Sanhedrín (supremo corpo jurídico e legislativo), consagrava o dia de início do novo mês (alguns de 29; outros de 30 dias). Logo, saíam enviados para diferentes pontos da diáspora, para anunciar o predito. Os meios de comunicação não eram simples e as comunidades da diáspora - devido a demoras ou acidentes na recepção de mensagem, temiam ter dúvidas em relação ao exato dia em que haviam de celebrar as ordens da Toráh. Por isto acrescentou-se as festas de Pêssach, Shavuot, Sucot um segundo dia de santidade, chamado “segundo dia festivo para as diáspora”, a fim de evitar incertezas. É por isso que, por exemplo, enquanto em Israel se realiza apenas um sêder de Pêssach, na diáspora se realizam dois.

A conta dos anos chega, neste momento, a 5759. A tradição remonta a criação do mundo.

OS MESES DO ANO

São doze os meses do ano: seus nomes foram trazidos da Babilônia pelos exilados que retornaram à terra natal, Israel, no ano de 536 A.E.C.. O significado dos termos é relativamente obscuro e limitar-nos-emos a citá-los.

Tishrê, Marcheshvan, Kislev, Tevet,

Shevat, Adar, Nissan, Iyar,

Sivan, Tamuz, Av, Elul.

O começo do mês é rosh (cabeça, princípio) chôdesh, o qual considera-se data festiva. A origem deste ritual é bíblico. Reuniam-se no Templo, faziam-se oferendas a D’us, banquetes e cânticos. (Números X, 10)

A vigência atual deste costume tem relevância na liturgia da sinagoga. No sábado anterior ao rosh chôdesh, anuncia-se oficialmente quando este cairá, e diz-se:

“Que o renove D’us para nós e para todo o povo da casa de Israel, para a vida e paz, regozijo e alegria, salvação e consolo, e diremos amém.

OS DIAS DA SEMANA

A semana de sete dias foi consagrada pela Bíblia, no correspondente relato da Criação com o qual se inicia: em seis dias D’us fez o mundo, e o sétimo foi Shabat, ou seja, suspensão de trabalho.

O número “sete” reveste um particular caráter de santidade, de simbolismo místico que se refere à perfeição. O candelabro de sete braços o reflete.

O dia, cada dia da semana, ajuda num programa para a vida judaica, desde seu começo até seu declínio e entrega-a nas mãos do sonho.

Três ordens de orações dividem o dia:

  • Shacharit (matutina)
  • Mincháh (da tarde)
  • Arvit (noturna)

O prescrito é participar da reza comunitária, o que requer não menos de um minián (dez pessoas) na sinagoga.

Este escalonamento do dia entre seções diz que o homem interrompa suas atividades, para elevar-se por cima das necessidades prementes do momento e colocar-se em plano superior, cósmico, histórico, nacional e religioso - este é o conteúdo que rege todas as orações.

Antes e depois de comer deve o homem realizar as bênçãos em agradecimento a D’us.

A benção depois da comida denomina-se Birkat Hamazon (Bênção pelo Alimento). Recordemos alguns fragmentos:

“Benditos sejas Tu, Oh Eterno, D’us nosso, Rei do universo, que alimenta o mundo inteiro com tua bondade, com graça, caridade, piedade; o que traz alimento a todos os viventes, porque eterna é Sua caridade, e com sua grande bondade, nunca nos faltou coisa alguma, e jamais nos faltará alimento, por seu grande nome, porque Ele é D’us que alimenta e sustenta a todos, e faz o bem a todos, e prepara alimento para todos os seres que criou”.

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Percebendo a Verdadeira Beleza

O Garoto e a Rosa

J0145168 J0149018

O estacionamento estava deserto quando me sentei para ler embaixo dos longos ramos de um velho carvalho.

Desiludido da vida, com boas razões para chorar, pois o mundo estava tentando me afundar. E se não fosse razão suficiente para arruinar o dia, um garoto ofegante se chegou, cansado de brincar.

Ele parou na minha frente, cabeça pendente, e disse cheio de alegria:
- "Veja o que encontrei".

Na sua mão uma flor, e que visão lamentável, pétalas caídas, pouca água, ou luz. Querendo-me ver livre do garoto com sua flor, fingi pálido sorriso e me virei.

Mas ao invés de recuar ele se sentou ao meu lado, levou a flor ao nariz e declarou com estranha surpresa: - "O cheiro é ótimo, e é bonita também... Por isso a peguei; tome, é sua."

A flor à minha frente estava morta ou morrendo, nada de cores vibrantes como laranja, amarelo ou vermelho, mas eu sabia que tinha que pegá-la, ou ele jamais sairia de lá.

Então me estendi para pegá-la e respondi:
-  Era o que eu precisava
- Mas, ao invés de colocá-la na minha mão, ele a segurou no ar sem qualquer razão. Nessa hora notei, pela primeira vez, que o garoto era cego, que não podia ver o que tinha nas mãos.

Ouvi minha voz sumir, e lágrimas despontaram ao sol enquanto lhe agradecia por escolher a melhor flor daquele jardim. - "De nada", ele sorriu.

E então voltou a brincar sem perceber o impacto que teve em meu dia. Me sentei e pus-me a pensar como ele conseguiu enxergar um homem auto-piedoso sob um velho carvalho.

Como ele sabia do meu sofrimento auto indulgente?

Talvez no seu coração ele tenha sido abençoado com a verdadeira visão. Através dos olhos de uma criança cega, finalmente entendi que o problema não era o mundo, e sim EU.

E por todos os momentos em que eu mesmo fui cego, agradeci por ver a beleza da vida e apreciei cada segundo que é só meu.

E então levei aquela feia flor ao meu nariz e senti a fragrância de uma bela rosa, e sorri enquanto via aquele garoto, com outra flor em suas mãos, prestes a mudar a vida de um insuspeito senhor de idade.