quinta-feira, abril 01, 2010

SHIR HASHIRIM

O CANTICO DOS CANTICOS

Shir Hashirim - O conteúdo deste magnífico canto composto pelo Rei Salomão, foi explicado pelos cabalistas hebreus como um diálogo entre o povo de Israel e seu Criador, sendo Salomão (Shelomó - She - Hashalom - Lo - Líder da paz entre ambos) o intérprete de dito diálogo, por meio de alegorias.

O Rei Salomão, havendo previsto que no futuro um exílio longo e amargo entre todas as nações do mundo iria sobreviver ao Povo de Israel, escreveu, através de uma inspiração Divina, o “Cantar dos Cantares”. O Talmud explica este feito com a seguinte parábola:

“Um rei que havia ficado muito bravo com sua esposa, o tirou do palácio e ela andava errante por todas as partes do mundo. Esta rainha havia tido um filho do rei, o qual era muito inteligente e de bom coração. Naturalmente o jovem sofria vendo a sua mãe nesta lamentável situação, afastado de seu pai, longe de seu país, perseguida e maltratada por estranhos, sem que ninguém tivesse piedade dela. Pensando de que maneira poderia reconciliar seus pais, notou que o rei, apesar de haver expulsado a rainha, a levava em seu coração e não podia esquecer o amor e a devoção que ela lhe tinha na mocidade.

Por outra parte, o filho também viu que sua mãe, apesar dos sofrimentos e humilhações do exílio, nunca deixava de pensar em seu esposo, o rei, nem abandonou suas virtudes e tradições reais.

Havendo-se assim assegurado que existia amor de ambas as partes, o jovem pensou que a sua missão de paz seria fácil, e com esta finalidade escreveu um poema de amor, em forma de diálogo: uma parte em nome de rainha e a outra em nome do rei. Ela, descrevendo com todos os detalhes a grandeza e formosura do rei e suas antigas promessas para com ela; e outra, em nome do rei, detalhando a beleza excepcional da rainha e elogiando suas virtudes, castidade e felicidade, apesar de seus erros do passado”.

De acordo com os rabinos do Talmud, esta foi a intenção com que Salomão, o filho sábio e fiel do povo de Israel, escreveu o “Cantar dos Cantares”.

A rainha, logicamente, representa a congregação de Israel, expressando seu amor puro a D’us e a Toráh, e santificando o nome do criador por todas as partes, apesar de sofrer as calamidades do exílio; e o monarca, representa o rei dos reis, o Senhor de Israel, exaltando a Assembléia de Israel tal como o descreve o profeta Jeremias (capítulo II, 2): “Assim disse o Senhor: lembro-me do carinho que me tinhas na tua juventude, do amor de teus desposórios, quando me seguistes pelo deserto em uma terra não semeado. Israel é santidade do Senhor, as primícias de seus frutos, todos os que devoram serão culpáveis, o mal virá sobre eles, disse o Senhor”.

Eis aqui algumas frases entre o Rei (D’us) e a Rainha (Assembléia de Israel): Ele lhe disse (I, 15): É linda, minha companheira, és linda; teus olhos são como os de pombas! E ela lhe responde (I, 16): És lindo, oh meu amado, agradável também! E o nosso leito é de flores”. Em outra parte (II, 2) Ele lhe diz: “como o lírio entre os espinhos (perseguidores), assim és minha amiga entre o povo”; e ela lhe responde (II, 3): “como a macieira entre as árvores da floresta, assim é meu amado entre os mancebos; a sua sombra desejo sentar-me e o seu fruto é doce ao meu paladar”.

Apesar das expressões de amor e nostalgia contidas no “Cantar dos Cantares” parecem referir-se ao amor humano e a beleza física do homem e da mulher, seu objetivo principal não é mais que descrever alegoricamente as virtudes do povo de Israel e sua fidelidade ao Criador e a seus preceitos, como também o amor a D’us até seu povo predileto.