“Alegre-se o monte de Sião; alegrem-se as filhas de Judá (Iehudáh) por causa dos teus juízos.” Salmos 48:11
Sião (Sión) ou Tzion, a colina sobre a qual foi erigido o Templo de Jerusalém e que mais tarde se converteria no símbolo da própria Jerusalém. O filósofo austríaco de origem judaica Nathan Birnbaum foi quem aplicou pela primeira vez o termo sionismo a esse movimento, em 1890[1].
· Sionismo
A origem da palavra "Sionismo" é o termo bíblico "Sião", usado geralmente como um sinônimo de "Jerusalém" (Ierushalaim) e da Terra de Israel (Erets Israel). O Sionismo é uma ideologia que expressa o profundo anelo dos judeus de todo o mundo por sua pátria histórica - Sião, a Terra de Israel.
"Para o judeu, a palavra Sião tem um significado muito profundo que toca e envolve a sua alma e os seus sentimentos. É, talvez, difícil descrever este sentimento que se traduz no amor já definitivamente incorporado durante séculos ao patrimônio religioso, cultural e afetivo e está enraizado no seu próprio ser".
· Sionismo bíblico
A aspiração pelo retorno à sua pátria foi sentida pela primeira vez pelos judeus exilados na Babilônia há cerca de 2500 anos atrás - uma esperança que subseqüentemente se concretizou. "Junto aos rios da Babilônia nos assentamos e choramos, lembrando-nos de Sião" Salmo 137:1. Desta forma, pode-se dizer que o Sionismo político, que se consolidou no século XIX, não inventou nem o conceito nem a prática do retorno. Ao contrário, ele adaptou uma idéia muito antiga e um movimento constantemente ativo às necessidades e ao espírito de seu tempo.
"Levantar-te-ás e terás piedade de Sião; é tempo de te compadeceres dela, já é vinda a sua hora; porque os teus servos amam até as pedras de Sião, e se condoem do seu pó. Todas as nações temerão o Nome do Senhor, e todos os reis da terra a sua glória" (Salmo 102:13-15).
Sião ou Tzion, em hebraico, significa local ensolarado, ou exposto ao sol; monte ensolarado. O Monte Sião é uma elevação em Jerusalém com 765 metros acima do nível do mar. Fica na parte sudoeste da Cidade antiga. Ao leste está o vale central e, ao sul, o vale de Hinon. Este monte foi conquistado pelo exército israelense em 18 de maio de 1948, na guerra de "libertação" ou "Independência" do Estado de Israel.
A palavra Sião é usada na Bíblia com quatro significados. Concentrar-nos-emos na palavra no que ela significa para o povo judeu. Os quatro sentidos são:
1) - Sião, com referência a um monte (Salmo 78:68).
2) - Sião, representando a cidade de Jerusalém (II Samuel 5:7; Salmo 48:1,2; 60:14).
3) - Sião, referindo-se ao povo judeu, seus anseios e aspirações quando no exílio, pela libertação nacional e soberania (Salmo 137:1-6; Jeremias 30:17; 50:4-5).
4) - Sião, como expressão daquela realidade espiritual eterna que D’us tem buscado desde o princípio. Este é o significado mais importante (Salmo 50:1,2; Isaias 35:10). O Sionismo nos fala sobre o grande amor que palpita dentro do peito de cada judeu por sua pátria - Sião - e também da necessidade que há em seu coração em retornar à sua terra e a sua gente! Sião é o anseio principal do povo de Israel na diáspora (dispersão)!
· O Sionismo histórico
O conceito fundamental do pensamento Sionista se expressa na Declaração de Independência de Israel (14 de Maio de 1948), que declara:
“A Terra de Israel foi a terra natal do Povo Judeu. Aqui se formou sua identidade espiritual, religiosa e política. Foi aqui que, pela primeira vez, os judeus se constituíram em Estado, criaram valores culturais de significação nacional e universal e deram ao mundo o eterno Livro dos Livros”.
“Depois de forçado a exilar-se de sua terra, o Povo Judeu lhe permaneceu fiel em todos os países de sua dispersão, nunca deixando de orar por ela, na esperança de a ela regressar e restabelecer sua liberdade política."
Um dos conceitos básicos do Sionismo é o de ser a Terra de Israel o local de nascimento histórico do Povo Judeu, e a convicção de que a vida judaica em qualquer outro lugar é uma vida no exílio. Moisés Hess expressa essa idéia em seu livro Roma e Jerusalém (1844):
"Dois períodos forjaram o desenvolvimento da civilização judaica: o primeiro, após a libertação do Egito, e o segundo, o retorno da Babilônia. O terceiro ocorrerá com a redenção do terceiro exílio."
Durante os séculos de duração da Diáspora, os judeus mantiveram um relacionamento forte e singular com sua pátria histórica, manifestando sua saudade de Sião através do ritual e da literatura. Quando ora, o judeu se volta para o Oriente, na direção da Terra de Israel. Na oração matutina, ele diz "Trazei-nos em paz dos quatro cantos do mundo e dirigi-nos à nossa terra". Durante as orações há algumas frases que se repetem várias vezes: "Abençoado sede Vós, Senhor, construtor de Jerusalém"; "Abençoado sede Vós, Senhor, que retornais Vossa presença a Sião". A oração de graças após as refeições inclui uma benção que termina com uma prece pela reconstrução de "Jerusalém, a Cidade Santa, em breve, em nossos dias". Na cerimônia de casamento, o noivo se compromete a "elevar Jerusalém ao ápice de nossa alegria". Na circuncisão recita-se o salmo "Se eu te esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita". Em Pêssach, todo judeu declara: "No próximo ano em Jerusalém". O anseio do Povo Judeu por retornar à sua terra se expressou também em prosa e em verso, em hebraico e nas outras línguas faladas pelos judeus no correr dos séculos, idish na Europa Oriental e ladino na Espanha.
· Quando se fala em Sião:
O judeu se reporta instantaneamente à cidade de Jerusalém. Ele se transporta ao monte da santidade, isto é, do templo, ao santuário do Eterno na Terra Santa, na Terra de Israel. Ele relembra entre os seus antepassados, o pai do seu povo, o patriarca Abrão e o sacrifício do seu filho Itzchak. Ele, na elevação de Moriá, revive as glórias da presença divina no "Shechinah" no Templo do Senhor; brota no seu coração o desejo ardente de visitar tão significativo lugar, por se encontrar gravado de mil maneiras na sua mente e nos seus sentimentos a frase milenar tantas vezes repetida nas suas preces: "no próximo ano em Jerusalém!"
Falar de Sião é ir fundo no coração do judeu, relembrando a terra prometida, Canaã, conquistada e perdida tantas vezes e agora novamente em seu poder pela infinita misericórdia do Todo-Poderoso.
Afloram, nos pensamentos do povo, os lindos Salmos que David cantou, exaltou "a cidade de David", sua Jerusalém.
Sião, com o passar dos tempos, veio a se tornar um símbolo, uma esperança de retorno do povo judeu da Diáspora, para a sua terra e sua pátria. A Terra de Israel sem Jerusalém é como um lar sem filhos; um jardim sem flores, um sino que não retine porque não tem badalo. É um corpo sem coração.
Sião, como sinônimo de Jerusalém, tantas vezes perdida para seus inimigos, e outras vezes destruída e queimada e novamente reconstruída como uma "fênix" que sobreviveu e renasceu das cinzas pelo poder e misericórdia divina, tem um estranho poder de atração sobre o coração judeu, como a pequena limalha é atraída por um potente imã. O nome Sião está indissoluvelmente associado também à vinda do Messias, do Seu grande amor pela cidade a ponto de chorar por ela e seus habitantes.
Sião foi o palco e o principal centro de luta entre a luz e o poder das trevas. Muitos conquistadores por ela lutaram, mas milhares e milhares de israelitas abnegados, durante os séculos pelejaram e deram suas vidas para manterem-na em seu poder. Sião e Jerusalém são dois nomes imortalizados e eternizados. Por sua vez, entre os cristãos, desde longa data, as palavras Sião e Jerusalém são lembradas, cantadas, exaltadas, em hinos de louvor e adoração a D’us, por diferentes denominações. “Como cidade eterna, lar dos salvos, prometida por D’us e a seus fiéis seguidores, ela é ansiada e desejada como o alvo a ser alcançado, Jerusalém reconstruída".
[1]"Sionismo."