Pêssach
Os nossos sábios estabeleceram que se
deve iniciar o estudo das leis de Pêssach trinta dias antes da festa, para que
a pessoa chegue preparada para o chag (festa), ou seja, bem informada sobre as
inúmeras regras vigentes nesses dias.
A proibição de chamêtz (fermentados das
cinco espécies – trigo, cevada, aveia, centeio e espelta) em Pêssach aparece
quatro vezes na Torá, resultando em quatro modalidades:
Não comer ou ter proveito do chamêtz em
Pêssach.
• Que não haja chamêtz na propriedade de um judeu em Pêssach.
• Que um judeu não veja chamêtz em sua propriedade em Pêssach.
• Anular todo chamêtz e levedura da propriedade do judeu antes de Pêssach.
• Que um judeu não veja chamêtz em sua propriedade em Pêssach.
• Anular todo chamêtz e levedura da propriedade do judeu antes de Pêssach.
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Proibição do
Chamêtz
Desde o meio-dia
de 14 de Nissan até o final de Pêssach é proibido comer e ter proveito de
chamêtz. Nossos sábios acrescentam duas horas antes do meio-dia a esta
proibição. A partir do momento em que a festa de Pêssach propriamente dita se
inicia, aplicam-se as proibições de não se ver e não se encontrar ("bal
ieraê uval imatzê) chamêtz. Essas proibições continuam até o final do chag
(festa) e obviamente expiram ao seu fim.
Já que é uma
grave proibição da Torá, os sábios proibiram comer ou ter qualquer outro
proveito do chamêtz de um judeu que não foi vendido da maneira halachicamente
correta antes do chag (como traremos em breve) e permaneceu em sua propriedade
durante o Pêssach.
A Torá, no
Chumash Shemot (Livro Êxodo), nos ordena eliminar o chamêtz de nossas
propriedades como preparação para Pêssach até a metade do dia 14 de Nissan. Não
é somente proibido comer, mas também não se deve possuir ou deixar o chamêtz em
sua propriedade. A partir daquele momento, todo aquele que não eliminou e/ou
anulou o chamêtz está descumprindo esta Mitzvá Ativa (Mitzvat Assê). A partir
do início de Pêssach, transgride também a proibição de "Bal Yeraê” (“não
será visto chamêtz").
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Anulação do
Chamêtz
Da linguagem
utilizada pela Torá aprendemos que a proibição de encontrar chamêtz na
propriedade de um judeu se refere somente ao chamêtz deste. O chamêtz que
pertence a um não judeu ou chamêtz abandonado ou descartado (sem donos) pode
estar em sua propriedade.
Portanto, aquele
que tem funcionários ou empregados não judeus que vivem em sua casa, o
funcionário pode manter o seu chamêtz no próprio quarto. Assim também judeus
que em seu escritório trabalham não judeus podem circular sem problemas neste
ambiente durante o chag, pois o chamêtz não é propriedade de um judeu.
Os sábios
instituíram a obrigação de anular o chamêtz de duas maneiras. A primeira é a
anulação oral. A segunda consiste em remover de casa e eliminá-lo. A razão pela
qual não é suficiente apenas um tipo de anulação é a seguinte: talvez a pessoa
não anule o chamêtz de todo coração, ou, se anular de todo coração, pode ser
que deixe em casa e venha acidentalmente a comer durante o Pêssach. Portanto,
como medida de precaução e rigor, os sábios fixaram os dois tipos de anulação.
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Verificação do
Chamêtz
Para erradicar o
chamêtz de casa deve-se cumprir a mitzvá de "verificação do chamêtz".
Este mandamento se cumpre imediatamente após Arvit (Oração Noturna) do décimo
quarto dia de Nissan (véspera de Pêssach). A obrigação recai primordialmente
sobre o pai da casa e, se ele não puder, deverá nomear sua esposa ou um de seus
filhos maiores de 13 anos (bar mitzvá) como responsáveis pela verificação, a
ser feita logo no início da noite. Para que a pessoa não se esqueça de realizá-la,
os sábios proibiram começar alguma atividade ou fazer uma refeição meia hora
antes do horário da verificação. É proibido até mesmo começar a estudar Torá
meia hora antes da verificação, pois há o receio de a pessoa continue estudando
e acabe por esquecer de cumprir a obrigação.
Antes de iniciar
a verificação do chamêtz, faz-se a benção "Baruch Ata A-donai E-lohenu
Mêlech Haolam Asher Kideshanu Bemitzvotav Vetzivanu Al Biur Chamêtz"
(Bendito és Tu, ó Senhor, Rei do Universo, que nos santificou com Seus
mandamentos e nos ordenou a eliminar o chamêtz). A eliminação do chamêtz
ocorre, porém, somente no dia seguinte, mas uma vez que o processo começa com a
verificação, fazemos a bênção neste momento. Quem se esqueceu de recitar a
bênção antes e lembrou no meio da verificação, se ainda não a terminou pode
recitar a bênção no momento em que lembrar. Deve-se ter o cuidado de não falar
assuntos não relacionados à verificação desde o momento em que proferiu a
bênção até terminar a verificação. Se a pessoa tratar de assuntos não
relacionados à verificação, deverá recitar a benção novamente.
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Verificação do
Chamêtz - continuação
Quem vai passar
Pêssach fora de casa, viajando antes da noite da verificação do chamêtz, deverá
verificar a casa na noite anterior à viagem, mas sem fazer a benção, pois esta
é feita apenas na verificação que é realizada na noite de 14 de Nissan.
Portanto, a pessoa que tenha mais uma casa (por exemplo, em outra cidade), deve
verificar o chamêtz antes de Pêssach nas duas casas. Caso não seja possível
verificar as duas na noite de 14 de Nissan, deve verificar uma delas nos dias
anteriores a 14 de Nissan (sem recitar a bênção) e a casa na qual estará na
noite de Pêssach deverá verificar na noite de 14 de Nissan fazendo a bênção.
Todo lugar em
que a pessoa está acostumada a entrar com chamêtz, ou objetos que costumam
conter ou guardar chamêtz, devem ser verificado. Portanto, deve-se verificar
bolsas/mochilas onde por vezes colocamos comida, o bolso das roupas das
crianças e, é claro, também os carros.
A verificação se
faz com a luz de uma vela. Quem teme que a vela possa causar um incêndio ao
verificar determinados lugares, pode verificar estes locais com uma lanterna. O
costume é espalhar pela casa dez pedaços de chamêtz. Há quem explique que isto
é para garantir que quem faz a procura encontrará chamêtz e assim sua bênção
não terá sido em vão. Deve-se anotar e lembrar bem dos locais onde foram
colocados os pedaços de chamêtz, para que não ocorra uma falha e um dos pedaços
fique na casa durante o chag, D'us nos livre.
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Anulando e
Eliminando o Chamêtz
Depois de
verificar o chamêtz como se deve (conforme estudado nas leis enviadas
anteriormente), devemos realizar a anulação do chamêtz, que foi instituída
pelos sábios e que é feita recitando uma breve oração em aramaico que consta
nos livros de reza. Quem não entende o aramaico pode dizer esta oração em
qualquer idioma que compreenda.
No dia 14 de
Nissan, pela manhã, após a queima do chamêtz, deve-se anular o chamêtz
novamente (já que o chamêtz que ficou na casa, por exemplo, para o café da
manhã, não foi anulado na noite anterior, pois precisávamos dele). O texto da
anulação que é feita de dia é um pouco diferente da anulação da noite, pois a
anulação do dia inclui todo o chamêtz, e a anulação da noite inclui apenas o
chamêtz que não encontramos na verificação.
Nossos sábios
instituíram a Mitzvá de "eliminar o chamêtz", que é realizada
queimando o chamêtz no fogo. Porém, quem não conseguir de forma alguma queimar
um pouco do chamêtz na manhã do dia 14, pode cumprir a Mitzvá esfarelando o
chamêtz e jogando-o no mar, ou atirando no vaso sanitário e em seguida
acionando a descarga. Assim, a pessoa não terá mais chamêtz. Imediatamente após
queimar o chamêtz deverá anulá-lo.
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Eliminação do
Chamêtz
Aquele que
possui chamêtz em sua lixeira dentro de casa ou no quintal deve atentar para
queimar este chamêtz na manhã do dia 14, pois ele está em sua propriedade. Uma
solução é despejar na lixeira algum material que estrague esse chamêtz, por
exemplo, água sanitária. Outra possibilidade é remover o chamêtz colocando-o na
lixeira da rua, que pertence à prefeitura e se encontra em domínio público.
Quem encontrar
chamêtz em sua propriedade no dia 14, após o meio-dia, deverá queimá-lo
imediatamente. E, nesse caso, não é suficiente despejar sobre ele algum
material que o estrague (por exemplo, água sanitária), mas sim deverá
queimá-lo.
Assim é a lei
para aquele que encontrar chamêtz em sua propriedade durante Pêssach: se
encontrar em um dos Yamim Tovim ou no Shabat do chag (Shabat Chol Hamoed),
quando não poderá queimar e nem sequer movê-lo (pois é muktsê), deverá colocar
um utensílio sobre o chamêtz, como sinal para que não venha acidentalmente a comê-lo;
imediatamente após o Yom Tov ou Shabat, deverá queimar o chamêtz. Nos demais
dias do chag (Chol Hamoed), deverá queimá-lo imediatamente. Nestes casos, a
queima é feita sem recitar a bênção.
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Venda do Chamêtz
Para evitar
prejuízos financeiros como, por exemplo, uma pessoa que ficou com uma grande
quantidade de chamêtz antes de Pêssach e não quer perdê-la ao queimar tudo ou
dar como presente para um não judeu. Nesses casos, os nossos sábios foram
lenientes: permitiram a venda do chamêtz ao não judeu com a condição de que ele
pague o preço real de todo o chamêtz, e, se o judeu quiser, poderá comprar de
volta o chamêtz após o Pêssach.
Há aproximadamente 500 anos, difundiu-se o costume de vender o chamêtz a um não judeu antes de Pêssach e, por isso, os sábios instruíram que a venda seja realizada por meio de rabinos locais familiarizados com as leis aplicáveis. Desta forma, a venda será feita de acordo com todas as regras e não há o receio de que o judeu ache que vendeu o chamêtz mas, na prática, transgrida a proibição de possuir chamêtz em Pêssach (caso a venda não seja feita como se deve).
Há aproximadamente 500 anos, difundiu-se o costume de vender o chamêtz a um não judeu antes de Pêssach e, por isso, os sábios instruíram que a venda seja realizada por meio de rabinos locais familiarizados com as leis aplicáveis. Desta forma, a venda será feita de acordo com todas as regras e não há o receio de que o judeu ache que vendeu o chamêtz mas, na prática, transgrida a proibição de possuir chamêtz em Pêssach (caso a venda não seja feita como se deve).
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Venda do Chamêtz
- Procedimentos
Como estudamos
anteriormente, a venda do chamêtz deve ser feita de acordo com as regras e
detalhes da Halachá (Lei Judaica) para ser válida e legítima. Portanto, os
rabinos que vendem o chamêtz têm o costume fazer a venda das diferentes formas
válidas pela Halachá, como forma de garantir que a venda ocorreu com certeza.
Portanto, todos
precisam saber que, no momento em que se vende o chamêtz ao não-judeu, ele
pode, de acordo com a lei, recusar-se a vender o chamêtz de volta ao rabino, e,
desta forma, o chamêtz permanece com ele – ou seja, a venda não é uma tapeação,
mas sim uma venda verdadeira, assim como as demais vendas que são feitas no
cotidiano. Portanto, o não-judeu que compra o chamêtz deve começar a pagar por
ele antes de Pêssach, já que sua intenção deve ser de verdade comprar o
chamêtz.
Continuara