Morte e Luto
Introdução
Assim como há um modo de vida judaico, há também um completo ritual a ser realizado na ocasião da morte de uma pessoa.
Duas considerações básicas vem à tona quando tratamos da morte, e as leis relativas à morte e ao luto se tornam necessárias. Uma consideração envolve o princípio de kevod hamet - respeito e reverência no tratamento aos mortos. A outra envolve o princípio de kevod hachai - que diz respeito ao bem estar dos vivos. Estes dois princípios justificam a base de muitas das leis pertencentes ao ritual de morte e luto no Judaísmo.
Segundo este princípio de respeito aos mortos, o Judaísmo não vê com bons olhos a cremação. A cremação foi proibida pelo Judaísmo não só devido ao conceito bíblico de que o corpo deve retornar para seu estado original, e por isso deve ser enterrado na terra, de onde veio, mas também, pois a cremação é considerada um modo não natural de acelerar o processo natural que ocorre com o corpo de uma pessoa que havia sido um ente querido de uma família ou comunidade.
A lei judaica também não permite o embalsamento, a não ser em circunstâncias muito especiais. O embalsamento muitas vezes envolve a mutilação do corpo, um ato de irreverência perante o morto.
A lei judaica exige que os sentimentos dos familiares do morto nunca sejam ignorados. Suas ansiedades devem ser satisfeitas. É, portanto necessário que o enterro seja realizado imediatamente após o falecimento, a não ser que hajam razões muito fortes para o atraso. O mesmo cuidado para com os enlutados é considerado na maneira com que estes devem ser tratados após o enterro. A vizinhança geralmente prepara uma refeição especial para os enlutados, para que estes não tenham que se preocupar em preparar comida. Recomenda-se aos visitantes que evitem fazer telefonemas nos primeiros três dias do luto, para que os enlutados possam expressar sua tristeza, e reorganizar seus pensamentos sem serem incomodados.
Finalmente, o conceito de conformismo e aceitação tem um papel importante nas práticas e liturgias dos enlutados, tanto em casa como no cemitério. Os salmos ditos ensinam que a morte está além do controle humano, mas a continuidade e a luta pela vida não.
O Tziduk HaDin e o Kadish, duas rezas recitadas durante o período de luto acentuam o conceito de resignação. O Tziduk HaDin, recitado durante o serviço fúnebre, começa com palavras do Deuteronômio 32: "Nossa Rocha (D'us), Suas ações são perfeitas. Todos os Seus caminhos são justos...". Assim a vontade divina é justificada, e o homem deve aceitar seu destino. O Kadish, também, é uma expressão de enaltecimento de D'us por parte do enlutado, aceitação por Suas vontades, mesmo quando o enlutado passa por difíceis momentos de dor, incapaz de entender racionalmente sua tragédia.
Estes são alguns dos conceitos básicos que aparecem nas leis e práticas judaicas a respeito da morte e luto.