quarta-feira, dezembro 05, 2018

Chanucá e Milagres


Chanucá e Milagres



Nós judeus, acreditamos em milagres. Acreditar em milagres é algo natural para os descendentes de um povo cuja própria existência tem sido um milagre continuo e cujo renascimento das cinzas do Holocausto foi um dos milagres mais espetaculares da história da humanidade. No entanto, só de milagres não se vive. Chaim Weizmann, o primeiro presidente de Israel e uma das pessoas que mais contribuiu para o renascimento do Estado, disse com profundo conhecimento de causa: “Milagres as vezes acontecem, mas é preciso esforçar-se muito para que aconteçam.” Weizmann estava nos alertando ao perigo de acreditar demais em milagres, depender tanto deles a ponto de esquecer que existe um enorme componente humano na ocorrência de um milagre.
Chanucá, que inicia-se na sexta-feira, 3 de dezembro, ilustra dramaticamente esta verdade. A milagrosa vitória dos Macabeus contra um exército sírio muito mais forte em numero e poder militar, jamais teria sido possível se não fosse a inabalável dedicação daqueles heróis judeus a sua herança e sua fé, se não fosse sua firme determinação de resistir à assimilação e combater a influência helenística ao seu redor.
Sim, milagres às vezes acontecem.
Mas é preciso esforçar-se muito para que aconteçam!
Este é um fato que merece reflexão.
Muitos dizem que não acreditam em milagres. No entanto, suas atitudes – ou a falta delas – indicam que eles acreditam demasiadamente em milagres. Tais pessoas esperam que as coisas boas aconteçam sem nenhum esforço da sua parte: sem trabalhar, sem sacrificar seu conforto ou seu lazer ou seu prazer, simplesmente aguardando que os milagres caiam do céu.
Meus amigos: não podemos depender de milagres. Se queremos que nossos filhos assumam plenamente sua identidade judaica, orgulhando-se do seu passado e comprometendo-se para com o futuro, façamos alguma coisa para que este desejo se realize. Se queremos que o lar judaico cumpra seu papel histórico, moldando valores judaicos e transmitindo ensinamentos judaicos, façamos alguma coisa para que este desejo se realize. Se queremos que a palavra “judeu” seja sinônimo de honestidade, integridade e generosidade, façamos alguma coisa para que este desejo se realize. Se queremos que a sobrevivência criativa do judaísmo seja uma realidade contínua através das gerações, façamos alguma coisa para que este desejo se realize.
O milagre que celebramos em Chanucá não é apenas a vitória dos Macabeus, nem somente a pequena latinha de óleo que durou muito mais do que se esperava. O fato de ainda estarmos celebrando Chanucá mais de 2 mil anos depois – este é o verdadeiro milagre.
Mas este milagre não aconteceu por obra e graça de judeus indiferentes. Em cada geração, o milagre foi renovado pela dedicação, devoção e abnegação de homens e mulheres que se importaram suficientemente para dar o melhor de si.