"Kasherização"
dos utensílios para Pêssach
O mais aconselhável é
utilizar utensílios exclusivos para Pêssach ou novos, durante toda a festa de
Pêssach. Isto porque as leis de kashrut de Pêssach são complexas e cheias de
pequenos detalhes. O princípio básico determinante é que, embora sejam rígidas
e vedadas, as paredes dos utensílios absorvem parte do sabor do alimento cozido
nas mesmas e, desta forma, um utensílio no qual se cozinhou chamêtz
("utensílio de chamêtz") possui sabor de chamêtz absorvido em seu
material e é terminantemente proibido utilizá-lo em Pêssach. Se, por engano, em
Pêssach, se cozinhou em um utensílio de chamêtz – caso tenham passado 24 horas
desde o último cozimento do chamêtz –, de acordo com o costume dos sefaradim, é
possível ser leniente e consumir o alimento. Para os ashkenazim, no entanto, o
alimento é proibido ao consumo.
A principal regra nas
halachot de "kasherização" dos utensílios em Pêssach é o conceito
"conforme o absorve, assim o expele", isto é, da maneira por meio da
qual o sabor dos alimentos é absorvido por um utensílio, assim também pode ser
expelido pelo mesmo. No caso de um sabor que tenha sido absorvido por meio de
água fervente, como uma panela na qual se tenha cozinhado uma sopa que contém
chamêtz, deve-se imergir o utensílio em água fervente – em ebulição; desta
forma, o sabor do chamêtz é expelido do mesmo. Esse método de kasherização
chama-se "hagalá". Entretanto, no caso de um utensílio que tenha
absorvido o sabor do alimento por meio do calor do fogo, sem líquidos, por
exemplo, uma forma na qual se assou um bolo, para que se consiga expelir o
sabor de chamêtz, é necessário aplicar fogo sobre o mesmo - com um maçarico,
por exemplo, até que saiam dele faíscas. Esse
método é chamado de "libun".
É importante enfatizar que,
antes da "hagalá" (esterilização com água fervente) dos utensílios,
deve-se evitar o uso dos mesmos por 24 horas. Da mesma forma, deve-se limpar
muito bem o utensílio que vai passar pela hagalá de todo e qualquer resíduo de
alimentos aderentes ao mesmo. Entretanto, antes do "libun"
(esterilização incandescente – com fogo de maçarico), não é necessário limpar
tão bem os utensílios, já que o fogo queimará quaisquer resquícios de alimento
grudados em suas paredes. As alças e cabos dos utensílios também devem ser
"kasherizadas", e quando são presas aos mesmos por meio de parafusos,
deve-se desmontá-las antes da hagalá, para limpeza. Muitos costumam ser
rigorosos, lavando os utensílios em água fria após a sua hagalá.
No caso da frigideira, já
que o seu uso comum é fritar com um pouco de óleo, a kasherização deve ser por
meio de libun. No caso de uma frigideira de teflon, no entanto, na qual é
possível fritar sem óleo, não se pode kasherizá-la para Pêssach, já que ela
seria danificada pelo libun. Da mesma forma, é proibido kasherizar para Pêssach
formas de bolo caseiras, que podem ser danificadas por causa do libun. Deve-se comprar formas novas.
Quanto aos utensílios de
vidro, o costume dos sefaradim é lavá-los bastante e usá-los sem qualquer
kasherização especial para Pêssach. Pelo rito ashenazi, costuma-se não
kasherizá-los para Pêssach, e, num momento de extrema necessidade, é permitido
ser leniente e kasherizá-los por meio de hagalá (em água fervente), por três
vezes. Utensílios simples de plástico flexível não devem ser kasherizados para
Pêssach, e, se forem feitos de plástico rígido, devem ser kasherizados por
hagalá. É proibido kasherizar para Pêssach utensílios de cerâmica e porcelana.
O copo de Kidush deve ser kasherizado também por meio de hagalá.