Kitniot
(leguminosas)
O chamêtz que a Torá
proibiu é aquele proveniente das cinco espécies de cereais (trigo, cevada,
aveia, centeio e espelta), mas no Talmud é trazida a opinião de Rabi Yochanan,
que determina que o arroz deve ser considerado como mais uma variação das cinco
espécies e que também a sua fermentação a Torá proibiu. No entanto, os demais
sábios discordam dele e permitem comê-lo em Pêssach. Há cerca de 700 anos, as
comunidades ashkenazim começaram a adotar maior rigor e não mais comer kitniot
(leguminosas) em Pêssach. Os principais motivos para esse costume foram: 1.
Pelo fato de se fazer farinha de algumas dessas espécies; isso gerou o receio
de que as pessoas viessem a assar também massas de farinha das cinco espécies
em Pêssach, sem o cuidado com a fermentação. 2. Ou pela similaridade entre os
cereais e as leguminosas, já que ambos são granulados e armazenados por longos
períodos, causando o receio de que sejam misturados entre si. Assim, o costume
dos ashkenazim até hoje é proibir o consumo de kitniot na festa de Pêssach.
Embora o costume dos
sefaradim seja comer kitniot na festa de Pêssach, eles devem tomar o cuidado de
verificá-los muito bem antes do consumo para certificar que não se misturaram
com os cinco cereais. Hoje em dia, porém, muitos sefaradim (principalmente os
marroquinos) são rigorosos e não comem arroz em Pêssach, por causa de um episódio
em que foram encontrados resíduos de trigo no arroz. Portanto, os que são
lenientes e costumam comê-lo devem verificá-lo três vezes antes de consumi-lo.
Em todo e qualquer caso de dúvida haláchica sobre como proceder, deve-se
consultar um Rav possek (rabino legislador) especialista nessas halachot.
Nos casos de casais em que
um dos cônjuges descende de uma família que não costuma comer kitniot e o
segundo costuma comê-los, a esposa deve seguir os costumes do seu marido. No
caso de uma ashkenazia casada com um sefaradi, a partir do casamento consumado,
a esposa pode passar a comer kitniot em Pêssach e, de acordo com algumas
opiniões rabínicas, deve fazer hatarat nedarim (anulação de votos, juras,
promessas e obrigações em geral), pelo fato de estar modificando um de seus
costumes ancestrais estabelecidos.
A seguir, listaremos
algumas variedades de kitniot (leguminosas): arroz, ervilha, houmus, mostarda, lentilha,
feijão, milho, gergelim, flocos de milho (corn flakes). Com relação ao
amendoim, há divergências rabínicas, e quem não tem neste caso um costume
definido pode ser leniente. É costume ser rigoroso com relação ao óleo de soja,
em termos da proibição de kitniot.
Amêndoas, nozes, pistache
não são kitniot. Da mesma forma, fécula de batata não se inclui na proibição de
kitniot e é permitido consumi-la, até mesmo para os ashkenazim. O costume
difundido é ser leniente com relação ao óleo de algodão, que também não se
inclui na proibição de kitniot.
Quem costuma seguir a
proibição de consumo de kitniot pode comer e cozinhar em utensílios de quem não
segue esta proibição, com a condição de que tenham passado 24 horas desde a
última utilização deste utensílio para cozinhar kitniot. Bediavad (post
factum), se um alimento foi cozido neste utensílio (usado para kitniot) antes
das 24 horas citadas, este alimento é kasher. Quando há necessidade, para
crianças ou doentes, mesmo que não corram qualquer risco, é possível ser
leniente e dar-lhes de comer kitniot. Entretanto, deve-se separar utensílios
especiais para esta função e, certamente, examinar e verificar bastante as
espécies de kitniot, antes de lhes dar para comer.