Muitos de nós já ouvimos esse mote, mas, hoje
se torna fundamental não o deixarmos passar de vista: “Israel can only count
with itself”, ou “Israel só pode contar consigo mesmo”. Duas complexas
movimentações recentes do principal aliado de Israel no Oriente Médio, os
Estados Unidos, colocaram sob alerta a segurança nacional israelense.
Em primeiro lugar, em outubro do ano passado, o
presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou a retirada das tropas dos
EUA do norte da Síria alegando que esta era uma luta “interminável” que nada
tinha a ver com os interesses americanos na região reforçando seu caráter “não
intervencionista” alardeado pela sua campanha em contraponto aos democratas.
Com esse movimento, Trump deixou Israel numa
das mais delicadas situações geopolíticas e territoriais desde a Guerra de Yom
Kippur, uma vez que – com a presença das tropas americanas – a região curda
estava livrando-se das células do grupo terrorista Estado Islâmico e afastando
as tropas – terroristas de Estado - do Irã, a Al Quds. Longe da Síria, por sua
vez, longe das fronteiras israelenses.
Contudo, o que parecia um êxito em termos de
intervenção internacional democrática tornou-se uma ameaça ao Estado de Israel,
uma vez que Turquia passou a atacar as tropas curdas – antes aliadas dos EUA –
para impedir que eles formem seu longamente desejado Estado. Com a retirada
norte-americana e os ataques turcos na região, as Forças Democráticas Sírias
(FDS, grupo formado por milícias de sírios curdos, árabes, assírios, armênios,
turcos e circassianos) alertaram o reativamente de células do Estado Islâmico na
região e a penetração pioneira de tropas da Al Quds ao norte do país. Nunca
antes tão próximas às fronteiras israelenses.
Em mais um episódio da política externa
norte-americana, este ainda mais recente e num cenário de escalada da
hostilidade na relação entre EUA e Irã, o Presidente Donald Trump autorizou um
ataque aéreo em solo iraquiano matando o General Qassem Soleimani, líder da
força terrorista de Estado, Al Quds, considerado o “número 2” na ditadura
iraniana e, então, cogitado para suceder o líder supremo do país Ali Khamenei.
Essa decisão sem precedentes no cenário
internacional – uma vez que, embora a ficha corrida do general terrorista não
seja modesta e seu envolvimento em diversos ataques terroristas seja
comprovado, um ataque de um país democrático em território estrangeiro sem uma
ameaça comprovada eclodiu em, pelo menos, dois movimentos: 1) pressão interna
das forças políticas oposicionistas norte-americanas para a retirada das tropas
do país do Iraque; 2) a promessa de revanche e vingança do Irã contra os
Estados Unidos, suas instalações e aliados na região.
Ao que parece, Israel está acompanhando como um
observador à escalada de hostilidade sem precedentes com inimigos poderosos à
sua porta. Num cenário onde a cada dia, um novo episódio vem se somando a este
complexo cenário, os Estados Unidos comunicaram e – pouco menos de 24 horas –
desmentiram a retirada de suas tropas – desta vez – do Iraque, que deixaria o
país livre para a entrada da Al Quds. Em outras palavras, terroristas perigosos
nunca antes tão próximos de Israel.
Em que pese, previsões sejam difíceis neste
complexo cenário geopolítico, é fato que a sobrevivência do Estado judeu é alvo
histórico dos grupos e Estados terroristas da região e, sob essa premissa, a
resposta do Irã ao ataque norte-americano – se vier – deve tomar lugar ai mesmo
na região devendo colocar Israel em alerta máximo de segurança. Neste tenso
cenário de incertezas e aumento de hostilidades, os EUA – nosso principal
aliado – ensaia mais uma retirada de tropas forçando Israel a recordar-se:
Israel can only count with itself. Atentemo-nos."
Cordialmente,
Floriano
Pesaro
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