terça-feira, outubro 28, 2008

JUDAÍSMO E AIDS, UM COMPROMISSO MORAL


IMPACTOS DA ÉTICA JUDAICA NO SÉCULO XXI


Conta-se dentro da tradição judaica, que na Europa do século XVIII, um Rabino de uma linha religiosa do judaísmo, chamada Chassidismo, entrou em uma taberna e enxergou e escutou a conversa de dois bêbados, um deles diz para outro: “Eu te amo”, e outro responde: “Você me ama? Como você me pode amar, se não sabe o que eu necessito?"
O judaísmo, enxerga hoje em dia o desafio da AIDS, suas circunstâncias, seus alcances, suas causas e conseqüências, em primeira instância como um desafio de compromisso e atitude de respeito e amor ao próximo. Temos uma Ética Judaica da qual devemos absorver para que isto não seja problema de alguns, senão um desafio de muitos. No Judaísmo existe um ditado: cada um é responsável pelo outro. E isto que primordialmente o judaísmo observa como premissa para qualquer ação, não o problema do outro, senão a solução e esforço de todos.
Vivemos em um mundo extraordinário. Os acelerados avanços tecnológicos têm multiplicado a capacidade da humanidade de produzir bens e serviços.
As revoluções na informática, robótica, micro-eletrônica, biotecnologia, genética, comunicações e outros campos têm criado possibilidades econômicas inéditas.

Ao mesmo tempo, 30 mil crianças morrem diariamente devido à miséria, 800 milhões de pessoas estão desnutridas, 3 bilhões são pobres.

A polarização social tem alcançado índices absurdos. As três pessoas mais ricas do mundo têm um patrimônio maior que o produto bruto dos 49 países mais pobres. A América Latina, região de excepcional potencial econômico, rica em matérias-primas estratégicas, fontes de energia baratas e terras muito férteis, é vista hoje como a terra da pobreza e desigualdade. Sessenta por cento das crianças são pobres, 36% dos menores de 2 anos estão desnutridos, 1/3 da população não tem água potável.

Junto a estes paradoxos extremamente impactantes, a sensação que o grande filósofo canadense, Charles Taylor, denomina de “o desencanto do mundo” se espalha entre as novas gerações. A atual sociedade consumista, voltada aos bens materiais, à concorrência feroz para alcançar melhores posições, à luta pelo dinheiro e poder, gera uma sensação de solidão, que Victor Frankl chamou de um dramático “vácuo dos sentidos”.

As respostas a estes graves problemas não parecem claras. Cresce o ceticismo sobre até onde pode chegar uma globalização repleta de oportunidades tecnológicas, mas totalmente carente de um código ético que a oriente.

Neste contexto, as propostas da ética judaica estão tendo valor crescente como referência e orientação. Muitas delas estão sendo retomadas com vigor por organismos internacionais, ONG´s e movimentos que visam um mundo melhor. Vejamos resumidamente o atual impacto de algumas destas propostas:

Um princípio básico da mensagem moral transmitido por D’us ao povo judeu é o de que somos responsáveis uns pelos outros. Para a ética judaica é proibida a indiferença ao sofrimento de outros. Diz-se no Levítico: “Não desconsideres o sangue de teu próximo” (19:16). Nossa época carateriza-se por altas doses de egoísmo, daqueles que têm face aos que não têm, e de insensibilidade. O ex-secretário geral da ONU, Kofi Anan, ao exigir, pouco tempo atrás, que o mundo supere a indiferença diante da morte de 22 milhões de pessoas nos últimos anos por AIDS, determinou que fosse imprescindível voltarmos a ser responsáveis uns pelos outros. Lembremos, que dias atrás os Estados Unidos da America, gastou 700 bilhões de dólares para a salvatagem das instituições financeiras, e por sua vez, Europa gastou um pouco mais de 1 trilhão de Euros, para o mesmo fim. Quando no instituto Weitzman de Rechovot, Israel, tem um programa de um custo aproximando de 75 milhões de dólares para por um freio ao avanço do AIDS na África, e começar obter resultados positivos com um retrocesso gradual porem significativo da doença.

• Para a ética judaica, a pobreza não é um problema apenas dos pobres, mas de todos. Leibowitz observa que os profetas dizem “Não haverá pobres entre vós”. Não estão dizendo o que irá acontecer, mas o que deveria acontecer. Sua voz não é de oráculo, senão de exigência moral. Para que não hajam pobres, a sociedade deve tomar algumas medidas. Diante daqueles que, na América Latina, atribuem a pobreza dos pobres a eles mesmos, o judaísmo se revolta porque considera tal atitude uma injustiça. Esta mensagem foi recentemente incorporada à Carta dos Direitos Humanos da ONU. Entre estes, foram incluídos os direitos básicos do homem a não ser pobre, à alimentação, à saúde, à educação, ao trabalho, à moradia entre outros. A partir de então, estes são direitos essenciais do ser humano, embora proclamados há milênios pela ética judaica.

• As grandes desigualdades são severamente censuradas pelo judaísmo. Os profetas questionaram-nas implacavelmente e julgaram moralmente os poderosos que as fomentavam. O judaísmo criou uma institucionalidade completa para prevenir as polarizações sociais. A Torá estabelece que a cada 7 anos a terra deve descansar para que os pobres possam aceder a seus frutos. A cada 50 anos a terra deve retornar a seus proprietários originais. Procura-se assim impedir sua monopolização. É o jubileu. Assim mesmo, a cada 7 anos as dívidas devem ser perdoadas. O grande movimento mundial vigente pelo perdão total ou parcial da dívida dos países mais pobres do mundo, encabeçado pelo Papa João Paulo II, apoiou-se nesta mensagem e intitula-se “Movimento do Jubileu”.

• Em recente pesquisa realizada pelo Banco Mundial, 60 mil pobres de todos os continentes disseram que o que mais lhes dói é o desprezo, o fato de serem tratados como pessoas inferiores por serem pobres. A Torá estabelece o mais absoluto respeito pelo pobre. É idêntico aos outros. D’us se preocupa especialmente por ele e exige este respeito. O Rabino Leo Baeck observa que no idioma hebraico não existe a palavra mendigo, por si só pejorativa. Esta determinação de se escutar e respeitar o pobre está sendo um eixo para a ação dos organismos internacionais.

• Como ajudar o desfavorecido? Este tema/discussão permanente nos organismos internacionais, foi analisado por Maimônides no século XII aplicado à ética judaica. O genial sábio identificou oito níveis sobre “a ajuda”. O nível inferior é quando se ajuda alguém de má vontade. A segunda categoria é quando aquele que ajuda e aquele que recebe desconhecem um ao outro; neste momento, o anonimato que protege a dignidade do pobre é completo. No entanto, o nível mais alto de todos, a melhor ajuda que alguém possa dar, é aquela que fará com que o necessitado não volte mais a precisar dela. Hoje, na ONU e nos principais organismos em prol do desenvolvimento, procura-se que os projetos tenham orientação no sentido de que haja sempre esta auto-sustentação enfatizada por Maimônides.
• Na ética judaica, ajudar os outros é um dever imprescindível. Como tal, não merece nenhum prêmio nem reconhecimento. O Rebe de Lubavitch observa que a ajuda deve ser desinteressada, não se deve esperar nada em troca e, exemplificando isto, destaca que no dia mais sagrado do judaísmo, o Dia do Perdão, nas orações sefaraditas pede-se perdão à D’us não só pelos prejuízos causados ao próximo, mas também pelos atos que não foram feitos desinteressadamente. O Rabino Abraham Y. Heschel diz que ajudar é simplesmente “o modo de viver correto”. O prêmio está em viver-se desta forma. A força destes conceitos no judaísmo, seu contínuo ensinamento no âmbito familiar e na escola judaica assentaram as bases para grandes resultados em matéria de trabalho voluntário. Os países estão tentando dar forças ao voluntariado e vêem com crescente interesse os bons resultados. Israel e as comunidades judaicas têm índices recordes de trabalhadores voluntários. Em Israel, 25% da população pratica trabalho voluntário, produzem principalmente bens e serviços sociais que representam 8% do PNB. Exércitos de voluntários, de diferentes comunidades judaicas do mundo, trabalham diariamente levando adiante suas instituições e programas em proporção superior às médias de seus respectivos países. A conclusão é clara: a possibilidade de desenvolver o voluntariado está ligada à interiorização dos valores éticos pelas pessoas.
• Hoje vemos duas instituições fundamentais do judaísmo que são bases da sociedade: a família e a educação. O judaísmo lhes assegura o mais alto valor. A Torá dá especial destaque. A ética judaica zela vigorosamente pelas relações entre marido e mulher, pais e filhos, irmãos e até sogros, genros e noras. O Rabi Ieoshua Ben Gamla criou no ano 69 a primeira escola pública de que se tem referência. Hoje, muitos países estão analisando como fortalecer a família, duramente deteriorada, e gerar educação. O judaísmo tem contribuições muito expressivas para oferecer nestes campos.
• Nas sociedades latino-americanas, entre outras, adota-se com freqüência políticas que sabidamente irão significar grande sofrimento para a população, com o argumento de que “o fim justifica os meios” e que são necessários para que haja maior crescimento econômico. A ética judaica não aceita tal raciocínio. Na Torá pode-se ler textualmente que “o fim não santifica os meios”. Refletindo sobre esta diferença, Albert Einstein perguntava “Quem havia sido o melhor condutor dos homens, Maquiavel (autor original do princípio de que o fim justifica os meios) ou Moisés? Quem teria dúvidas sobre a resposta?”
• Como encarar a pobreza e a desigualdade na América Latina e no mundo? O judaísmo indica caminhos que ecoam de forma crescente. Para este, o problema deve ser encarado por uma ação conjunta de todos os agentes sociais. Cada um deles deve assumir suas responsabilidades. Necessita-se de políticas públicas muito ativas. O judaísmo criou a primeira legislação fiscal sistemática para uso coletivo, o dízimo. Por outro lado, a comunidade e a sociedade civil devem organizar-se e agir. E, finalmente, tudo isso não exime cada pessoa de individualmente fazer o correto em cada situação de miséria ou injustiça com que se depare.
• Uma idéia central do judaísmo é a de Tikum Olam – ajudar a consertar o mundo. O Rebe de Lubavitch faz menção a uma simples interpretação de um conhecido episódio bíblico. Depois de sair do Egito e atravessar o deserto, quando os judeus se aproximam de Canaã, Moisés envia 12 exploradores. Ao regressarem, 10 deles desestimulam as pessoas, dizendo-lhes que não continuem. Com freqüência são considerados traidores. O Rebe observa que Moisés escolheu os melhores de cada tribo, eram pessoas excelentes; porque iriam ser desleais? O que ocorreu é que se encontraram com sociedades perdidas na luxúria, corrupção e idolatria. O povo judeu, no deserto, era em contrapartida um povo espiritual entregado ao estudo da Bíblia. Temiam que seguindo para Canaã pudessem ser contaminados. Mas, se equivocaram disse o Rebe, pois o desejo de D’us era diferente. O que D’us queria não era que se recolhessem para conservar sua pureza e sim que levassem a espiritualidade aos mundanos, que difundissem os valores éticos nas sociedades infestadas de vícios. Em uma época como a nossa, em que tantas ideologias tombaram, a proposta do judaísmo de avançar até que o mundo se redima eticamente – e de que não é permitido ficar à deriva, mas sim agir para transformá-lo e lhe dar valores éticos – prevê grande duração e diz muito a todos os homens e mulheres empenhados em uma humanidade melhor.
A ética judaica está viva e fresca, podendo ajudar a enfrentar o “desencanto do mundo”, o “vácuo dos sentidos” e a inadiável conscientização dos paradoxos da grande pobreza em meio à riqueza potencial que particularizam a América Latina e o mundo. A mensagem deste conjunto ético foi dita pelo sábio do Século I, Hillel: “Se eu não for por mim, quem o será?” significa dizer que todos devemos defender nossa saúde, nossa vida, nossa família; somos insubstituíveis nisto. Mas, acrescentou: “E se eu for somente para mim?”, significando que a vida sem solidariedade, responsabilidade pelo destino de outrem, amor ao próximo, transcendência, não faz sentido. Finalizou: “Se não agora, quando?” O que espera a ética judaica de cada um de nós é que entremos em ação, agora!

AIDS e circuncisão

A circuncisão faz parte da cultura de muitos grupos humanos, mas, no caso do judaísmo, trata-se de uma prescrição bíblica. Uma injunção religiosa, portanto. Durante muito tempo acreditou-se que esta medida poderia proteger a saúde, coisa que aliás é prioridade na Bíblia judaica. Apontou-se assim a menor incidência de doenças sexualmente transmissíveis entre os judeus e de câncer de colo de útero entre as mulheres judias. Mas estudos mais acurados mostraram que havia aí um "bias", como dizem os americanos, um viés, um fator de erro. Em outros grupos que também praticam a circuncisão, estas doenças eram freqüentes. Acontece que os judeus eram mais monogâmicos, menos promíscuos e este fator sim, fazia diferença. Paralelamente, e isto sobretudo a partir do advento da psicanálise, começou a se considerar o trauma psicológico da intervenção - que é relativamente pequena, mas feita em crianças com poucos dias de vida. Ao que se contrapunha o aspecto de uma possibilidade maior de identificação entre pais e filhos. A essa altura a circuncisão em hospitais americanos era praticamente rotina. Mas, depois dessa discussão toda, a Academia Americana de Pediatria elaborou, em 1971, um documento dizendo que não havia indicação médica para o procedimento.

E aí apareceu a Aids. Algumas evidências sugeriam que a doença era mais comum em homens não circuncisos, o que levou a várias pesquisas neste sentido. Uma delas, e de grande repercussão, foi realizada por cientistas franceses na África e apresentada este ano na conferência internacional sobre Aids, recentemente realizada no Rio de Janeiro. O estudo mostra que homens circuncisos têm uma chance 65% menor de serem infectados pelo HIV. As células do prepúcio, a parte do pênis removida pela circuncisão, seriam alvo fácil para a infecção pelo vírus. A Organização Mundial da Saúde recomenda que outros estudos sejam feitos antes de se concluir pela circuncisão como método protetor contra infecção pelo HIV. De qualquer modo é uma boa notícia nesta luta mundial contra a Aids.

Cirurgia milenar é a nova arma contra a Aids

O surgimento de novos medicamentos, a engenharia genética e a antiga prática cirúrgica da circuncisão são as mais recentes armas na luta contra a Aids, disseram especialistas na conferência da International Aids Society na terça-feira.
Uma nova leva de drogas para conter o avanço da Aids e células geneticamente modificadas que impedem a progressão da infecção estão para ser lançadas ou testadas, disseram médicos presentes na maior conferência mundial sobre a doença.
"É um momento extremamente excitante em termos do desenvolvimento de drogas. Temos drogas melhores nas classes existentes, bem como classes de drogas totalmente novas", disse o professor David Cooper, presidente da conferência de 2007, em Sydney.
Mas a maior novidade para os países mais pobres, os mais afetados pela doença, e incapazes de adquirir de imediato as novas drogas, é um procedimento feito pelo menos desde 2.300 a.C. no Egito -- a circuncisão.
Estudos africanos demonstram que a circuncisão masculina pode reduzir a transmissão do HIV de mulheres para homens em cerca de 60 por cento, segundo Robert Bailey, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Illinois, em Chicago.
A circuncisão universal poderia evitar 2 milhões de novas infecções e 300 mil mortes ao longo de dez anos na África Sub-Saariana, segundo ele. A África é o continente mais afetado pela epidemia.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) atualmente recomenda a circuncisão como medida preventiva, mas Bailey disse que incentivar a prática será difícil.
"A circuncisão não é simplesmente um procedimento cirúrgico. Está ligado a uma complexa teia de práticas e crenças culturais e religiosas", afirmou.
Medicamentos novos ou aperfeiçoados podem se tornar mais eficazes e também ajudar pacientes que já se tornaram imunes a drogas anteriores, segundo médicos participantes da conferência.
Pesquisas recentes mostram que novas classes de anti-retrovirais, que incluem vários inibidores, geram benefícios superiores a pacientes com um HIV altamente resistente, segundo Joseph Eron, da Universidade da Carolina do Norte.
"Acho que, embora vá levar algum tempo, alguns desses novos agentes também serão muito úteis no mundo em desenvolvimento caso estejamos vendo o surgimento de um vírus resistente", disse Eron.
A pesquisa de ponta contra a Aids envolve a engenharia genética, com pesquisas em humanos prestes a começar sobre a possibilidade de modificar geneticamente as células-tronco sanguíneas e as células-T de um paciente com HIV para então reintroduzi-las no organismo, de modo a combater melhor a infecção.
"Trata-se de uma modificação permanente das células. Desde que as células persistam no paciente, elas serão resistentes a uma maior infecção", disse John Rossi, chefe do departamento de Ciências Biológicas no Instituto de Pesquisas Beckman, dos EUA.
"Percebemos que não é um tratamento que seja aplicado universalmente", disse Rossi, acrescentando que o tratamento permitiria que os pacientes reduzam a dosagem de seus medicamentos.
Rossi e Eron defenderam que os laboratórios vendam medicamentos mais baratos aos países mais pobres.
Na segunda-feira, a ONG Médicos Sem Fronteiras disse que, embora tenha havido grande redução no preço dos remédios contra Aids, as novas gerações de drogas, recomendas pela OMS por serem menos tóxicas, tornaram-se mais caras. A entidade disse que em alguns casos o tratamento por paciente subiu de 99 para até 487 dólares.

Nem na família, nem na escola, nem na mídia, nem na cama

Dados alarmantes, políticas públicas ineficazes. No Brasil, cresce a cada ano o número de meninas grávidas, de adolescentes infectados pelo HIV, de garotos e garotas obrigados a abandonar a escola para assumir as responsabilidades da paternidade/maternidade.
A gravidez é o principal fator de evasão escolar entre adolescentes e jovens brasileiras. Fonte: PNAD/1996 – dado referente a adolescentes de 10 a 19 anos
48% dos atendimentos nos serviços de abortos previstos por lei são de meninas com idade entre 10 e 19 anos. Fonte: Rede Feminista de Saúde
45% dos alunos de escolas públicas e privadas de 14 capitais brasileiras afirmam transar com pessoas que pouco conhecem. Fonte: "Avaliação das ações de prevenção às DST/Aids e uso indevido de drogas nas escolas de ensino fundamental e médio em capitais brasileiras" (setembro/2001)
No Brasil, a Aids já matou 13 mil jovens com idade entre 13 a 24 anos. Desde o início da epidemia, 37 mil já foram infectados. Fonte: Boletim Epidemiológico, ano XIV, nº 02, abril/junho 2001
Adolescentes e jovens brasileiros estão começando a vida sexual cada dia mais cedo. Muitas vezes, sem qualquer orientação. Em outras, sabendo de tudo, mas ignorando os riscos. A sexualidade continua um tabu e grande desafio para famílias, escolas e meios de comunicação. Apesar dos discursos progressistas, faltam atitudes. Muitos informam, mas poucos educam.

Famílias são ineficazes na educação preventiva

60% dos pais de alunos de 14 capitais brasileiras afirmam ter informações insuficientes sobre sexualidade e saúde reprodutiva e 32% nunca recomendaram o uso do preservativo Fonte: "Avaliação das ações de prevenção às DST/Aids e uso indevido de drogas nas escolas de ensino fundamental e médio em capitais brasileiras" , realizada em escolas públicas e particulares de 14 capitais – Setembro/2001
Escolas estão despreparadas para educar
Mesmo que haja intenção de inserir a questão da sexualidade nos programas escolares, a desinformação dos educadores ainda é um dado alarmante:
70% dos professores de 14 capitais brasileiras nunca realizaram nenhum curso de capacitação para atuar na prevenção de DST/Aids e uso de drogas e 45% dos que passaram por capacitação consideraram os cursos ruins.
47% avaliam como insuficiente o seu próprio conhecimento sobre os temas saúde sexual e reprodutiva. Fonte: Idem
Um em cada 10 alunos de escolas que oferecem ações pedagógicas de prevenção confessam nunca fazer uso de preservativos. Fonte: Ibidem.
Os números se referem a escolas de 7 capitais: Goiânia – GO; Fortaleza – CE; Recife – PE; Salvador –BA; Rio de Janeiro – RJ; São Paulo – SP e Florianópolis – SC

Televisão erotiza e ignora a prevenção

Salvo raras exceções, os programas de entretenimento, as novelas e os filmes deformam a percepção do jovem sobre sexualidade. Cenas apelativas, banalização do sexo e estímulo de fantasias são cada vez mais freqüentes nestes meios, que exibem realidades incompatíveis com a vida de grande parte dos adolescentes. E pior: quase nunca lembram da camisinha.
79,5% dos jovens declaram que filmes e propagandas eróticas veiculados pela televisão influenciam sua atividade sexual.

Considerações finais

Em minha opinião como rabino. Expresso que o judaísmo mantém um enfoque positivo a respeito de todo o que seja sadio, que possa ter um sentido de ajuda e misericórdia. Eu digo que, para começar a falar de HIV/AIDS É necessário partir de una base primordial que é o amor pela vida.
“Estou de acordo com as campanhas de prevenção do HIV/AIDS, porem eu acho que se deve ser ainda mais incisivo” Porque a pesar que existem avanços importantes na pandemia, ainda não temos uma atitude massiva. Por isto insisto que se deve fazer campanhas educativas permanentes e não só para algumas datas e situações determinadas.
Apoio ações que tem que ver com um sentido de responsabilidade, “porque se dever ser fiel e responsável à vida”. Temos que acompanhar o dever ser com o ser, é dizer os idéias com a realidade que nos toca viver. E por tanto devem ser as instituições religiosas que devem marcar o caminho
O ensinamento é uma ação permanente e constante. A educação começa desde o nascimento e transpassa o âmbito escolar, para somar-se à família, os clubes, as instituições religiosas e os meios de comunicação.
No mundo em que vivemos, não é tarefa fácil, para que aquele que portador do vírus HIV e muito menos declarar-lo. Ainda não se chegou à etapa que se possa expressar a doença em forma publica, porem à medida que se avança na conscientização da problemática se ganham metros na luta contra essa outra batalha, a indiferença. Devemos nos perguntar: Que é o que realmente devemos discutir em relação ao HIV/AIDS?, Como devemos fazê-lo? Que grau de incidência tem as religiões com relação à problemática?
“Existe um princípio básico dentro do judaísmo, que para salvar uma vida humana – Pikuach Nefesh, devemos e podemos transgredir ou revogar qualquer lei. E por outra parte também a literatura Rabínica diz que aquele que salva uma vida, salva a humanidade. Já que Cain matou a Abel, que representava o outro ramo da conformação da humanidade, não é errado compreender que, ao estender a mão para todo aquele que deseja e ama a vida, o judaísmo faz o impossível para que isto seja realidade, To Life, pela vida.
Lembro que, o primeiro que identifico o vírus de HIV, sob um microscópio, foi justamente um israelí, o Dr. B. Kramarsky, expert em Virologia, quem isolou o fatal vírus em seu laboratório e foi o primeiro a descrevê-lo ao mundo.
Ante tudo, o judaísmo sempre enfatizou a importância e a santidade do individuo. Os Rabinos, desde os inícios da Literatura Rabínica, assemelhavam a vida humana ao mundo inteiro. “Porque criou D’us a cada ser humano de forma diferente, não estampando-nos como tantas moedas?”, perguntaram-se os rabinos. Para mostrar-nos que cada pessoa, que cada ser humano é único, responderam os mestres. O judaísmo sempre celebrou a vida humana, e estimou a liberdade como veículo pelo qual cada indivíduo único pode desenvolver seu potencial. Que D’us abençoe nossa nobre tarefa, e que este