sexta-feira, maio 11, 2012

Shabat Shalom: Uma Metáfora da Vida

ERA UMA VEZ UM ALFAIATE...

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... que era piedoso, simples e pobre. Um dia foi chamado para ir à casa do governador. O governado, é claro, era muito poderoso e tinha fábricas de tecidos. Chamou o governador ao alfaiate e disse: “pegue este tecido, que é feito nas minhas fábricas, e confeccione com ele um terno”. E lhe deu um prazo para realizar a tarefa.

O alfaiate, todo emocionado, pegou o tecido e voltou para a sua casa. O alfaiate tinha tempo. Trabalhava com o terno do governador e se dedicava também a outros afazeres. Ia diariamente a Sinagoga, demorava-se em discussões em vão e, quando voltava para casa, já era tarde e apenas podia dar algumas costuradinhas. Cumpriu-se o prazo. Vieram os soldados do Governador e reclamaram o terno. Não estava concluído. Teve que se apresentar diante do Governador e rogar clemência. O Governador aceitou dar-lhe outro prazo.

O alfaiate aos poucos trabalhava e lentamente ia armando o terno, mas faltava-lhe o essencial, aquilo que sem o qual um terno deixa de ser terno. O alfaiate sentia-se culpado, discutia constantemente com sua mulher e queixava-se da comida que era demasiadamente fria para seu paladar ou excessivamente quente. Aproximava-se o término do prazo. O alfaiate desesperado comia e trabalhava ao mesmo tempo. A comida caiu sobre o terno. Pegou a roupa e correu ao rio, para lavá-lo. Se lhe deslizou das mãos e caiu em águas turbulentas. Aterrorizado o alfaiate se jogou na água para recuperar a sua perda, mas não sabia nadar e também se perdeu atrás da roupa. Pensemos como muitas vezes perdemos nosso tempo em coisas banais, vamos de trás de quimeras, perdemos nosso tempo, e não utilizamos o “tecido da vida” para fazer nosso próprio terno.

 

Shabat Shalom Umeborach – Que

tenham todos um Shabat bonito e

abençoado

O Tempo: Sua Santificação

Calendário Judaico:

A santificação do Tempo

Calendario Judaico Signos

A civilização técnica é a conquista do espaço pelo homem. É um triunfo freqüentemente alcançado mediante o sacrifício de um dos ingredientes essenciais da existência: o tempo. Na civilização técnica, gastamos tempo para ganhar espaço e o aumento do nosso poder, no mundo do espaço, converte-se em nosso principal objetivo. Mas ter mais não significa ser mais, e o poder que atingimos no mundo do espaço detém-se, bruscamente, diante dos limites do tempo.

Uma de nossas tarefas principais, certamente, é adquirirmos o controle do mundo do espaço; mas o perigo começa quando, ao desfrutarmos este poder, no reino do espaço, traímos toda a aspiração no reino do tempo. Existe um domínio do tempo cujo objetivo não é ter senão ser, não é possuir senão dar, não é dominar senão compartilhar, não é submeter senão conciliar. A vida adquire um sentido errôneo quando o controle do espaço, a conquista das coisas do espaço, converte-se em nossa preocupação única.

Nada mais útil que o poder e nada mais temível. Temos sofrido a degradação pela pobreza, somos agora ameaçados de aviltamento pelo poder. Há felicidade no amor ao trabalho e ansiedade no amor ao lucro. Muitos corações e muitos vasos se quebraram na fonte do lucro, pois ao submeter-se à escravidão das coisas o homem se converte em um vaso que se quebra na fonte.

Não existe equivalente para a palavra “coisa” no hebraico bíblico. A palavra davar, que posteriormente chegou a designar “coisa”, apresenta, em hebraico bíblico, as seguintes conotações: fala, palavra, mensagem, informação, notícia, demanda, conselho, petição, promessa, decisão, sentença; tema, relato; dito, expressão, negócio, ocupação, ação, boas ações, acontecimentos, modo, maneira, razão, causa; mas nunca “coisa”. Este é um indício de pobreza lingüistica, ou é a indicação de uma visão acertada do mundo, que não confunde a realidade (vocábulo derivado da palavra latina res, coisa) com o mundo dos objetos.

A realidade, para nós, é o conjunto das coisas, formadas por substâncias, que ocupam espaço e até mesmo D’s é concebido como objeto pela maioria.

O homem não pode evitar o problema do tempo. Quanto mais pensamos no tempo, melhor compreendemos que não é possível conquistá-lo com o espaço: só podemos conquistar o tempo com o tempo.

Bíblia se ocupa mais do tempo que do espaço. Vê o mundo sob a dimensão do tempo. Presta maior atenção às gerações, aos acontecimentos do que aos países, às coisas. Concede maior importância à história do que à geografia. Para compreender os ensinamentos da Bíblia deve se aceitar a sua premissa: o tempo tem para a vida um significado pelo menos, igual ao do espaço; o tempo possui significado e soberania próprios.

O objetivo mais elevado da vida espiritual não é acumular um mundo de informações, mas enfrentar os instantes sagrados. Em uma experiência religiosa, por exemplo, não são os objetos que se impõem ao homem, e sim uma presença espiritual. É o momento da vida interior que deixa marcas na alma, e não o lugar onde ocorre. Um instante de visão interior é uma felicidade que nos transporta para além dos confins do tempo mensurável. A decadência da vida espiritual começa quando deixamos de sentir a grandiosidade do eterno, no tempo.