segunda-feira, abril 27, 2015

¿Que celebramos en Yom Haatsmaut?

¿Que celebramos en Yom Haatsmaut?

yom-haatzmaut 67 anos

אִם-יִהְיֶה נִדַּחֲךָ, בִּקְצֵה הַשָּׁמָיִם מִשָּׁם, יְקַבֶּצְךָ ה' אֱלֹהֶיךָ, וּמִשָּׁם, יִקָּחֶךָ. וֶהֱבִיאֲךָ ה' אֱלֹהֶיךָ, אֶל-הָאָרֶץ אֲשֶׁר-יָרְשׁוּ אֲבֹתֶיךָ וִירִשְׁתָּהּ; וְהֵיטִבְךָ   וְהִרְבְּךָ, מֵאֲבֹתֶיךָ

'דברים ל

En la Toráh se habla de la recompensa y el castigo por las mitsvot que hacemos o dejamos de hacer. Hay penalidades establecidas para individuos y otras colectivas, que afectan a todo el pueblo judío.  El castigo colectivo más severo que la Toráh estipula por la rebeldía del pueblo de Israel es el exilio. Así dice por ejemplo en Devarim 28:64-65 " Y entonces [si abandonan mi Toráh] HaShem los dispersará por todas las naciones, desde un extremo de la tierra hasta el otro....en medio de esas naciones, no encontrarás paz ni lugar de descanso. ... Tu vida siempre penderá de un hilo; día y noche vivirás con miedo, sin ninguna seguridad de seguir con vida...".

Pero, así como la Toráh predijo la rebeldía de Am Israel y los horrores del exilio, también predijo la reconciliación y el regreso de Israel a su tierra (Kibuts galuiyot).

En el capítulo 30 del libro de Devarim (Deut.) se describe este proceso de una manera explícita. Vamos a analizarlo versículo por versículo.

En el capítulo anterior, como dijimos, la Toráh prevé que si el pueblo de Israel abandona Toráh serán llevados al exilio y vivirán oprimidos y perseguidos por las naciones. Ahora, la Toráh dice, que un nuevo pensamiento se despertará dentro del Iehudi.

Devarim 30: 1 "Y cuando todas estas cosas [malas] te sucedan (= el exilio, las persecuciones, el sufrimiento) ... y reflexiones en tu corazón, mientras te encuentras entre las naciones donde HaShem tu D-os te ha conducido ...". Este pasuk describe el comienzo de la Teshuvá, nuestro regreso a HaShem. La Teshuvá comienza por nosotros. En primer lugar, con una nueva forma de pensar. Entendiendo que todo el sufrimiento, lo malo que le sucedió a la nación de Israel, fue predicho por la Toráh hace miles de años. Ahora bien, y éste es el "nuevo" pensamiento, si el abandonar a HaShem ha causado todo este sufrimiento, si regresamos a Él, nuestro exilio terminará. Este pensamiento debe despertar un sentimiento: sentirnos cerca de HaShem, quien nos quiere como un padre quiere a sus hijos. Esto es lo que dice el próximo pasuk

Devarim 30: 2 "Y entonces, cuando tú te acerques a HaShem tu D-os y obedezcas su voz, como  te mando hoy, tú y tus hijos, con todo tu corazón y con toda tu alma." Estos pensamientos y sentimientos se deben traducir en acciones: observar la Torá, nuestro pacto con HaShem. En cierta manera al observar las Mitsvot estaremos "reseteando" nuestro pacto con HaShem, reactivándolo.

Una vez que nosotros damos el primer paso, es el turno de HaShem. El milagro más grande está a punto de ser detallado:

Devarim 30:3 "Y entonces [cuando todo esto ocurra] HaShem vuestro D-os te traerá de vuelta de entre los cautivos (= los judíos que fueron exiliados entre todas las naciones de la tierra), y tendrá misericordia de ti. Y te reunirá de entre todos los pueblos donde HaShem tu D-os te haya dispersado." La respuesta de HaShem a nuestra Teshuvá es el Kibuts galuiyot, el terminar nuestro exilio, trayéndonos de entre todas las naciones de la tierra a nuestra propia tierra.  Como dice el siguiente pasuk

Devarim 30:4 "Aunque los exiliados se encuentren más allá del horizonte, desde allí te recogerá HaShem tu D-os y desde allí te llevará [a tu tierra]."No importa lo lejos que estemos. HaShem nos traerá de vuelta desde el exilio. ¿Y a dónde nos llevará?

Devarim 30:5 "Y HaShem tu D-os te llevará a la tierra que heredaron tus padres, para que tomes posesión de ella. Y te hará más próspero y más numeroso que tus antepasados."

El proceso de regreso a la tierra de Israel está teniendo luga en nuestros días. Más y más judíos regresan a la tierra que HaShem les concedió a nuestros padres. Israel es un país muy próspero, y el número de Iehudim que viven allí, nunca fue tan alto. Sin duda todavía queda mucho por hacer y mejorara pero nuestra reconciliación colectiva con HaShem ha comenzado. Somos, probablemente, la generación más privilegiada de toda la historia del pueblo judío. Estamos viviendo esta milenaria y hermosa profecía. Es más: "SOMOS" esa profecía.

Estado de Israel: 67 anos de Independência

Yom Haatzmaut

Bandera de Israel


  • A semana passada, na quinta-feira, foi o 67º Yom Haatzmaut ("Dia da Independência") do Estado de Israel. Nesse dia, há 67 anos, a independência do Estado de Israel foi declarada e o povo de Israel passou a ter o mérito de cumprir a mitzvá de assentar a terra de Israel, como um povo unido, sendo este o principal fator desta mitzvá – que a terra esteja sob o domínio do povo judeu. Durante inúmeras gerações, não tínhamos condições de cumprir esta mitzvá. Muitas gerações do povo de Israel não tiveram o mérito de receber essa bondade do Todo-Poderoso, a dádiva de termos um exército próprio, entre os melhores do mundo. Pela bondade infinita de D'us. tivemos o mérito de que o governo judaico assumisse a soberania sobre a terra de Israel logo após o término do Mandato Britânico.
  • Até esta declaração, não tínhamos condições de nos defender como uma nação unificada, frente aos nossos inimigos que nos perseguiram para nos aniquilar e exterminar. Esses mesmos inimigos, que nos impuseram o terrível Holocausto, as Cruzadas e a Inquisição, sempre tiveram controle sobre o nosso povo, fazendo o que lhes apetecesse. Da fundação do Estado de Israel em diante, imperou a bondade divina sobre nós, nos dando condições e força para enfrentar com potência e pujança os que levantam contra nós. E, mesmo para os judeus espalhados pelas diásporas, este dia representa uma data de grande salvação; o simples fato de se saber que há um lugar no mundo que espera sempre pelos judeus de braços abertos, para acolhê-los, ampará-los e acompanhá-los, já deve ser considerado um grande milagre.
  • Como um sinal de gratidão e alegria pelos grandiosos milagres que D'us nos fez nesta salvação – por meio da qual fomos salvos do jugo e da dependência aos que nos dominavam, do enorme sofrimento de assassinatos terríveis por quase dois mil anos –, decretaram os Sábios da geração que digamos Halel (oração de louvor e agradecimento) na noite e na manhã de Yom Haatzmaut. E disseram os Sábios que aquele que louva a D'us por um milagre com o qual foi agraciado, terá o mérito de que lhe aconteçam outros milagres.

segunda-feira, abril 20, 2015

Sefirat HaÔmer e suas leis

sefirat haomer

Sefirat Haomer


  • A mitzvá de "Sefirat Haomer" (Contagem do Ômer), que começamos a cumprir na segunda noite de Pêssach (16 de Nissan), simboliza a grande expectativa do povo judeu e sua preparação para o recebimento da Torá. Quando saíram do Egito, Am Israel estava mergulhado espiritualmente em 49 "portais" de impureza e, para que estivessem puros e aptos a receber a Torá, D'us esperou por nós (pela nossa purificação) durante três semanas. Por isso, quanto mais a pessoa se prepara e se purifica para o recebimento da Toráh, mais condições e mérito terão de receber a luz da Toráh de forma clara, e a influência da Toráh sobre si e sobre sua vida será mais e mais forte e significativa.  .
  • O motivo pelo qual a Sefirat Haomer é feita por meio da contagem de sete dias por sete semanas é que, no Judaísmo, o número 7 alude e simboliza a plenitude. Por isso, o mundo foi criado em sete dias. De fato, todo elemento material existente no mundo possui seis lados (as três dimensões e seus reflexos - como as seis faces de um cubo) e mais um lado – o sétimo – que é o interior espiritual do mesmo. Também no ser humano existem esses sete lados, portanto, para se elevar da impureza para a pureza são necessários sete dias. E, para que possa receber a luz da Torá – que é divina e espiritual –, exige-se do ser humano que conte sete semanas; dessa forma, todo algarismo dos sete aparecerá sete vezes, e esta é a santificação mais completa possível. 

Leis de Sefirat Haomer


  • Antes de cumprir esta importante mitzvá de Sefirat Haomer, deve-se fazer de pé a berachá da sefirá (bênção da contagem): "Baruch Atá Ado-nai E-lohênu Melech Haolam Asher Kideshanu Bemitzvotav Vetzivanu Al Sefirat Haomer" (Bendito sejas Tu, Eterno, nosso D'us, Rei do Universo, que nos santificaste por meio de Tuas mitzvot e nos ordenaste sobre a contagem do Ômer). É importante lembrar que a contagem inclui os dias e as semanas, ou seja, por exemplo, quando se completa uma semana, deve-se dizer "hoje são sete dias, que perfazem uma semana".
  • Uma pessoa que se esqueceu de fazer a Sefirat Haomer à noite, deve contar, de dia, o dia correspondente que esqueceu, porém sem recitar a berachá. Daí em diante poderá continuar a contar normalmente à noite, recitando a berachá. No entanto, quem se esqueceu de contar tanto de noite quanto de dia, não conseguiu completar sua contagem e, daí em diante poderá continuar contando os dias, porém sem mais recitar a berachá! É aconselhável neste caso que a pessoa tenha a kavaná (intenção) de cumprir sua obrigação ouvindo a berachá recitada pelo chazan, respondendo amen após a mesma.
  • Quem tem dúvida se fez a contagem no dia anterior, pode continuar contando nos dias seguintes recitando a berachá. Um rapaz que completou 13 anos (bar mitzvá) no meio da Sefirat Haomer: se foi cuidadoso e fez toda a contagem até o dia do seu aniversário, considera-se como se não tivesse perdido um dia sequer e pode continuar contando daí em diante com berachá.
  • É conhecida a regra de que as mulheres estão isentas de cumprir as Mitzvot que dependem do tempo, embora possam cumpri-las se quiserem (por exemplo: shofar, lulav, sucá, etc.). A dúvida é se podem fazer a berachá ou não. De acordo com o costume dos sefaradim, as mulheres não devem fazer berachot para as mitzvot que dependem do tempo, portanto, não devem fazer a berachá da Sefirat Haomer. De acordo com o costume dos ashkenazim, porém, as mulheres podem fazer a berachá da Sefirat Haomer. Elas devem estar cientes, no entanto, de que, caso esqueçam-se de contar um dia, devem continuar contando, sem recitar a berachá.
  • Se uma pessoa é questionada sobre qual é o dia da contagem em que estão, e ela mesma ainda não contou o dia vigente, não deve responder "hoje é tal dia do ômer", pois, desta forma, estará já cumprindo sua obrigação de contar, e não poderá mais contar neste dia recitando a berachá. Portanto, ele deve responder: "ontem foi o dia tal" e, assim, aquele que perguntou obterá por dedução a sua resposta.
  • Na situação citada acima, caso tenha respondido o dia vigente da contagem antes de contar, mas tenha intencionado não cumprir a sua obrigação da contagem do dia por meio desta resposta, pode fazer a contagem do ômer do dia recitando normalmente a berachá. Obviamente, deve-se prestar atenção antes da contagem e se certificar de que, de fato, se sabe qual a contagem do dia, para que não se confunda no momento de contar.

sexta-feira, abril 17, 2015

La candidez, la razón del ser humano

La candidez

candidez

Si fuimos invitados a comer a casa de alguien, recitamos la bendición del invitado en el bircat hamazón (las bendiciones posteriores a una comida de pan). En esta sección pedimos que D-os “bendiga esta mesa sobre la cual hemos comido…”. Parece un poco raro que pedimos que bendiga justamente “esta mesa” cuando podríamos simplemente omitir esto y seguir con demás bendiciones para el dueño de la comida…. ¿Cómo se explica?

Entre los riesgos más grandes que el bienestar material trae, se encuentra el de elevarse y querer correr tras todo tipo de placer, perdiendo así el ser humano su sencillez. Bendecimos a nuestro anfitrión con todo lo bueno, con bonanza física, con alegría, etc., pero también pedimos que no pierda esa sencillez y simpleza. Por eso hacemos hincapié en “esta mesa”. Es decir, que siga con esta mesa y esté contento con ella.

Que no quiera cambiarla por una mejor, que no quiera inflarse con todo lo material, con su nueva prosperidad. Ésta es la verdadera bendición.

Claro que esto va más allá de la mesa, le deseamos a nuestro benefactor que en general esté contento con lo que ya tiene, que no sea “vea obligado” de mejorar su vivienda, sus muebles, su vestuario etc. Esto es similar a lo que dijimos en la hagadá de Pésaj: Empezamos diciendo que la matsá es “el pan de aflicción”, pero después dijimos que el motivo por el cual la comemos es porque “la masa de nuestros antepasados no tuvo tiempo de
elevarse”.

Entonces, ¿cuál es el verdadero motivo? En realidad era nuestro pan de esclavitud (nos dieron de comer eso en Egipto porque es sencillo y llena), pero también cuando estamos libres lo comemos. Es decir, no nos engreímos, nos es suficiente una galleta de harina y agua [por lo menos durante la festividad].

Obtuvimos la libertad, pero no perdimos la cabeza con los botines que sacamos de Egipto. Seguimos siendo sencillos en el ámbito material.

La Verdadera Relación

La Verdadera Relación

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Aquel que analice las prohibiciones de los sabios, notará que en realidad parece que están dirigidas a alguien que se sospeche que hará el mal casi a propósito. Por ejemplo, cuando los jajamim z”l (los sabios de Bendita Memoria) prohibieron mover un martillo en shabat, ¿qué pensaron? ¿Acaso alguien que le interese cuidar shabat lo tomará para clavar algo sabiendo que está prohibido? Además, es algo muy lejano que de tomar un bolígrafo- por citar otro ejemplo- alguien se ponga a escribir una carta en shabat.

No se trata de alguien que pretende profanar el sagrado día. Entonces, ¿de qué se trata?

Si amo a mi cónyuge no haré nada que ni remotamente le pueda causar un disgusto. Por ejemplo, si odia que mastique chicle en público, me apartaré del chicle tal como me aparto del enemigo.

Tal vez me proponga a cuidarme de esto no solamente en compañía de la gente, sino, por mi gran cariño, también estando a solas con ella. No quiero que ni siquiera tema por la posibilidad de que alguien me vea con mi chicle o goma de mascar.

Similarmente, sabiendo lo que D-os odia, los jajamim nos apartaron tanto de ello para que no lleguemos a equivocarnos ni dormidos. Es decir, es como una relación de cariño. No haré nada que tal vez puede despertar la sospecha de algo incorrecto. Esto es como alguien que tiene un objeto muy preciado.

A pesar de que no cree que se le caiga y se le extravíe, lo
cuidará con sumo recelo. Es parte del honor y respeto a tal objeto estimado. Tal vez no tenga gran valor económico, pero sí sentimental.

Es algo heredado de unas cuantas generaciones. Demuestra así la persona su cariño a algo que no tiene valor.

Ése es el secreto de todas las prohibiciones de los sabios. Ése también es el motivo por el cual son tan penadas bajo la ley. Pues se trata de una relación de amor con el Eterno. No queremos ni siquiera llegar a imaginar algo que pueda romper esa relación.

segunda-feira, abril 13, 2015

Justiça Social -- Tsedakáh

Dar de Boa Vontade

Tsedakáh1

Tsedakáh 1

“Se teu irmão empobrecer, e as suas forças decaírem. Então, sustentá-lo às”. (Levítico cap. 25 v.35)

A doação de Tzedakáh (caridade) aos pobres e aos castigados pelo destino é uma Mitzvá humana elementar e nossa obrigação é ajudar a toda pessoa que está em penúria e tornar mais leve seu sofrimento.

Nossos mestres louvaram muito aos que praticam atos de caridade com seus semelhantes e que não poupam em praticar a caridade para com estes que tanto necessitam dela. Por isso podemos ver que em todas as gerações e em todos os lugares aonde chegaram às dispersões judaicas, destacou se o povo judeu na formação de instituições públicas que tinham por finalidade auxiliar a aqueles que disso necessitam.

Os que necessitam do auxílio dos outros são geralmente pessoas que se sentem coitadas e humilhadas. Por isso somos ordenados a nós nos comportarmos com eles com todo o cuidado possível quando prestarmos lhes auxílio. Melhor é não dar nada do que dar de uma forma que possa humilhar aquele que recebe o auxílio. Devemo-nos esforçar dar auxílio com a mão e coração abertos para que o necessitado não se sinta ofendido e que não se envergonhe.

E realmente assim costumaram fazer as pessoas grandes de Israel. E citado no Talmud (Tratado Ketuvót 67 p:b):

Mar Ukva – tinha uma pessoa pobre na sua vizinhança e ele costumava diariamente jogar lhe 4 “Zuzim” (moeda antiga) por uma fresta no portão para que o homem pobre pudesse achá-las ao sair sem saber de onde provêm estas moedas.

Chegou um dia e disse para si o homem pobre: Irei ver quem é esta pessoa que me faz este bem. Neste dia permaneceu Mar Ukva por muito tempo no “Beit Hamidrash (casa de estudos) . e foi com ele sua esposa para deixar o dinheiro para o homem pobre. No momento que o pobre viu eles se aproximarem para a porta saiu atrás deles. Ficaram eles (Mar Ukva e sua esposa) com vergonha dele e entraram no forno que foi esvaziado das brasas e queimaram seus pés. Porque isso? (Porque fugiram Mar Ukva e sua esposa para dentro do forno quente?) Porque já disseram nossos sábios: “Deve a pessoa entrar num forno quente ante de envergonhar ao seu semelhante em público.”

domingo, abril 12, 2015

A Toráh e a Economia

A Toráh e a Economia

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Liberalismo é a corrente de pensamento econômico, nascida no século XIX, que acreditava ser possível à construção de uma economia justa, que dispensasse a interferência do governo na distribuição eqüitativa dos lucros, ainda que seja notório que os indivíduos são, por natureza, egoístas. Tal distribuição aconteceria de forma natural. Em uma situação hipotética, numa cidade onde não houvesse bolsas femininas no mercado, um empresário começaria a fabricar este tipo de artigo por antever uma oportunidade de obter lucro, vendendo-as a preços elevados. Contrataria alguns operários. Outros empresários também veriam essa oportunidade e começariam a vender artigo semelhante, de qualidade superior e melhor preço. Assim, mesmo que cada um tivesse pensado apenas em si próprio, no final todos sairiam ganhando - empresários, consumidores e funcionários. Esta é a essência do capitalismo.Portanto, segundo tal corrente, a propriedade e a busca do lucro são fundamentais na organização de uma economia equilibrada. Portanto, afirma que cabe à iniciativa privada empreender projetos empresariais. O governo deve apenas ser o "árbitro", ditando as regras do jogo da economia.

Hoje, acredita-se muito no retorno desta idéia, re-maquiada sob o nome de "neoliberalismo". Segundo este, o governo deve interferir na economia apenas indiretamente, se necessário, para controlar a inflação, obter a credibilidade do mercado internacional e, assim, crescer economicamente. Isto faria diminuir a miséria de maneira natural.

Por outro lado, contrastando com essas correntes, está uma teoria econômica influenciada pelo socialismo, que acredita que o governo deva interferir ativamente na economia controlando as empresas, para garantir empregos e serviços a todas as camadas da sociedade, sem exclusões. No outro extremo, está o comunismo, que chega a questionar o direito sobre a propriedade, por acreditar que o Estado é quem deve ter o controle de tudo e distribuir a renda de forma justa e eqüitativa. Isto posto, o que a Toráh recomenda a respeito?

O direito à propriedade

A primeira questão é conhecer a visão judaica sobre "propriedade". Como o indivíduo pode saber se tem direito a possuir bens? Afinal, D'us, como Criador, é o "Legitimo Dono" de tudo o que existe no mundo. Será que, em algum ponto da História, Ele nos deu algum bem ou o teríamos "adquirido" d'Ele?

A primeira passagem que faz alusão a nosso direito de uso dos bens materiais está em Bereshit. D'us disse a Adam: "Eis que Eu lhes dei toda planta, e toda árvore..."(1: 29 e 30). O primeiro homem teria, assim, passado a ser "proprietário" do mundo inteiro.

Seguindo esta linha de pensamento, o homem efetivamente teria "direito" sobre os bens da Criação, sem, no entanto, "possuí-los". Poderia apenas usufruir dos mesmos. De modo similar, o indivíduo deve estar ciente de que seus bens não são "seus", apenas tem, sobre os mesmos, direito de usufruto. Seu verdadeiro "Dono" apenas lhe permitiu administrá-los - e da melhor maneira possível.

Mais do que isso, a propriedade é levada tão a sério, que o Talmud discute uma situação em que duas pessoas estão no deserto, com apenas uma garrafa de água. Se a dividirem, os dois morrerão; sobreviverá aquele que a tomar por inteiro. Como agir? O dono da água é quem deve bebê-la e seguir adiante.

Seguindo, pois, o Talmud, o homem tem direito à propriedade e este direito tem o poder até mesmo de definir o limite entre a vida e a morte. Resta saber como deve ser dividida a propriedade entre os homens - já que, no começo, o mundo tinha apenas um "proprietário", Adam, o primeiro ser criado.

O problema só surgiu, obviamente, a partir do momento em que o homem deixou de ser um único na face na Terra. A Toráh não nos informa, claramente como os filhos de Adam dividiram as propriedades, nem se houve uma ordem específica de como fazê-lo. Podemos encontrar que a divisão não foi feita de comum acordo entre as partes, e, não o conseguindo, um dos filhos acabou por matar o outro.

Finalmente, a Toráh, no livro Shemot, parashá Mishpatim, elucida a questão, trazendo leis claras de comércio. Nesta, sim, já se pode saber como a propriedade deve ser dividida e organizada. A transferência de bens deve ser feita com o consentimento e a vontade do doador. Caso contrário, ninguém pode tirar nada deste último.

Contudo, as considerações acima não são suficientes para se afirmar qual o modelo econômico aconselhado pela Toráh. Na realidade, a Vontade Divina não pode ser alterada por teorias criadas pelo homem. Por isso, a Lei de Moisés não pode ser classificada como "de esquerda" ou "de direita". Porém, é preciso analisar a clara influência do judaísmo em alguns desses modelos.

Um jogo em que todos ganham

A diferença entre o capitalismo e o comunismo se fundamenta em uma questão profunda. Para que uma das partes ganhe, a outra deve, necessariamente, perder? O liberalismo, assim como o judaísmo, pleiteia que não. De acordo com aquela corrente, é possível que todos ganhem: patrão, empregado, produtor e consumidor. A questão remonta a razões filosóficas. Com efeito, a Toráh é a primeira a defender que, no mundo, tudo pode estar em harmonia a um só tempo, mesmo os opostos. Assim, é possível ter uma vida boa tanto neste mundo quanto no mundo vindouro; ter o corpo e a alma saudáveis; o rico viver bem e o pobre ser feliz; e, assim por diante, em todos os aspectos da vida. Por outro lado, na origem do pensamento socialista, outras culturas acreditam que para encher um copo é necessário esvaziar outro. Para ter uma vida boa após a morte, é preciso sofrer neste mundo; a realização espiritual só pode ocorrer se houver abstinência física. Deste pensamento surge a idéia de que para que alguém tenha sucesso, outro alguém, em algum lugar, deve fracassar. Isto resulta em um conflito eterno, uma balança na qual sempre que um lado sobe, o outro desce. Daí a necessidade de o governo distribuir a renda e promover o equilíbrio - ainda que, para tanto, muitas vezes tenha que colocar obstáculos ao crescimento da empresa privada. Para o judeu, no entanto, a riqueza é inesgotável, uma vez que é uma dádiva de D'us. Por isso, todos podem ganhar ao mesmo tempo. Ninguém necessita tirar nada de ninguém.

A formação dos preços

Uma das conseqüências de o governo se manter afastado da economia, é a livre formação dos preços e dos indicadores econômicos, resultante da oferta e da procura. Assim, o excesso de oferta e a falta de demanda barateiam os produtos, e vice-versa. Tal sistema garante que todo produto tenha um preço que corresponda a seu real valor. Se não há procura por um determinado bem de consumo e há muitos que o estejam ofertando, o produto certamente não tem valor para o consumidor.

A Toráh, quando precisa definir o valor de algo, não menciona seu preço de forma direta; afirma simplesmente que "o produto em questão vale o preço pelo qual seria vendido no mercado". Em outras palavras, pode-se interpretar esta colocação da seguinte forma: o que define o preço é o quanto os compradores estão dispostos a pagar, com base na lei natural de oferta e procura.

O bem-estar social

No entanto, é certo que a Toráh não recomenda um sistema em que haja total ausência das autoridades no que diz respeito ao bem-estar dos cidadãos. A História provou que o sistema liberal não traz a justiça social, em sua totalidade. A exclusão social é crescente, como crescente é a espiral da pobreza no mundo.Por este motivo, a Toráh diz que é obrigação, não apenas das autoridades, mas de cada indivíduo, esforçar-se pelo bem-estar de todos os seus concidadãos. Cabe ao governo prover atendimento básico à saúde, vestimenta, alimento e habitação para os que não conseguem encaixar-se no sistema, e cabe a cada cidadão a prática da bondade, a "tsedakáh".