domingo, março 25, 2012

Perasháh Vaikra – Shabat Hachodesh

Saibam desculpar a tardança para publicar a Perasháh desta semana.

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Perasháh Vaikra

Livro Vaikra ou Levítico

Vayikra

“Vaikra el Moshe”(E chamou Moisés).

Vaikra ou Levítico é o terceiro livro da Toráh.

Esta parsha trata-se, quando Moshe é chamado ao Santuário e recebe os mandamentos relacionados aos korbanot (ou seja, sacrifícios).

Estes são divididos em:

Korban Olá- oferendas que são queimadas no altar.

Korban Mincháh - oferendas queimadas parcialmente no altar e o resto consumida pelos cohanim (sacerdotes).

Korban Shelamim - oferenda de paz, queimada parte sobre o altar, e restante consumido pelo ofertante e os cohanim.

A perasháh continua comentando sobre oferendas, mas em caso de chatat(erro ou pecado) e asham(culpa), esta última por causa de transgressões involuntárias.

Além disso, tem uma história relacionada à perasháh, que se pergunta por que a Toráh utiliza o termo Néfesh (alma) e não Adam ou Ish (alguém)?

A resposta está no Midrash Rabá com a história:

Um Rei tinha um lindo pomar com maravilhosas árvores frutíferas. Então, para que ninguém pudesse roubar, colocou dois seguranças, um cego e um aleijado, tornando eles responsáveis por qualquer roubo.

Um dia, o aleijado disse para o cego: “Que belas frutas, elas estão na nossa frente, porque não devemos deliciar-nos delas?” O cego respondeu: “E porque não? Traga-me uma. Impossível você se esqueceu de que eu sou aleijado? E eu, responde o cego.”

Então os seguranças estavam planejando concretizar o desejo deles, no qual encontraram uma solução.

Então os o aleijado subiu em cima do cego e lês roubaram um monte de frutas.

Dias depois, o rei apareceu inesperadamente e se assustou quando viu que faltavam muitas frutas:O que fizeram com a fruta desta e daquela árvore? Furioso.

Majestade- começa a se desculpar o cego, assustado, como eu vou ser o culpado se não vejo nada, o aleijado também repete: e eu que sou completamente aleijado.

O rei mandou que o aleijado subisse em cima do cego e disse: “ Eis a maneira que vocês praticam o roubo”.

Depois da morte, quando o homem se apresenta perante o Tribunal Divino, perguntarão à Neshamáh (alma): Porque pecaste? E ela responderá: Criador, não fui eu que pequei mas sim meu Guf (corpo) e a prova é que eu me livrei dela voando que nem um passarinho. Então o júri celestial perguntará ao corpo: E tu porque pecaste?Eu?- responderá o corpo. Acaso eu tenho forças para pecar?

Ela a alma é a instigadora das minhas transgressões; pois vede, ilustres juízes, mal a minha alma abandonou, estou completamente paralisado, um cadáver morto, como uma pedra. Que fará então D’US agora? Colocará a alma dentro do corpo e ambos serão julgados.

Finalizando, a Haftaráh desta perasháh é Ezequiel ou Yechezkiel, já que este Shabat é chamado de Shabat Hachodesh (O Shabat que anuncia chegado do mês de Nisan, o mês da redenção e os milagres).

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Colaboração de Uriel Najmanovich e Gadiel Najmanovich

Pêssach: A liberdade da boca – Pesaj: La libertad de la Boca. (En español)

PESAJ

פסח

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En Pesaj (פסח), tenemos prohibido poseer jamets (חמץ - todo producto hecho en base a los cinco cereales siguiente: trigo, cebada, centeno, avena y espelta; no producido especialmente para Pesaj), o tenerlos en nuestras propiedades. La noche anterior a Pesaj, procedemos a la búsqueda rigurosa del Jamets en nuestras Casas.

El Jamets representa la arrogancia. Pesaj es tiempo de Libertad, libertad espiritual, el conocer la esencia del porque El Todopoderoso nos saco de Egipto.

En realidad , lo único que se interpone entre Ud. y D’s .......... es Usted. Para aproximarse al Todopoderoso, lo cual constituye la meta y la esencia de nuestras vidas (y está oportunidad se presenta al Cumplir cada Mitsváh – Precepto y/o Fiesta Religiosa), cada uno precisa remover su propia arrogancia.

Esta es la lección que aprendemos al remover el Jamets de nuestra propiedad.

Libertad significa poseer la capacidad de usar nuestro libre albedrio para crecer y desenvolvernos. Muchas personas piensan que son libres, cuando en verdad son esclavas de las novedades y modismos de la Sociedad.

Esclavitud es tomar una actitud no pensada, siguiendo los deseos e impulsos corporales. Nuestro trabajo en Pesaj es salir de esta esclavitud rumbo a la verdadera libertad.

Una de las libertades a ser trabajadas durante Pesaj es la “Libertad de la Boca” (o sea del habla). Nuestros Sabios se refieren a la boca como una de las partes más peligrosas del cuerpo. Es el único órgano que puede causar problemas en ambas direcciones – en lo que entra (comida y bebida) y en lo que sale (en la conversación). Es tan peligrosa, que es el único órgano humano que tiene dos “trabas” : los dientes y los labios.

Algunas personas son esclavos de sus bocas, tanto en lo que comen como en lo que hablan. En la noche del Seder corregimos estos problemas . Tenemos la mitsváh de relatar la salida del Pueblo Judío de Egipto (para perfeccionar nuestras conversaciones) y la mitsváh de comer Matsá y beber 4 vasos de vino (para ennoblecer lo que comemos y bebemos).

La estructura de la lengua hebrea, por sí sola, señaliza la dirección de la “Libertad de Boca”. La palabra Pesaj puede ser dividida en dos partes Pe y Saj ( סח פה ) que significa “ boca hablando “. Nosotros tenemos la obligación de contar el Éxodo de Egipto durante toda la noche. La palabra hebrea PAROH - vgrp - (Quien era el que perseguía y esclavizaba a los Judíos en la historia de Pesaj) puede ser dividida en dos partes: Pe y Ráh (רע פה), una “mala boca”. Nuestra aflicción durante la esclavitud en Egipto era caracterizada como PERAJ (פרך - trabajo duro. Escribe la Hagadá con rigor - בפרך), que puede ser leído en 2 palabras: Pé y Raj (ורך פה), una “boca suelta”, sin responsabilidad con lo que se habla.

Que podamos, en este Pesaj, libertarnos de la “mala Boca” y liberarnos de la “boca suelta”, donde mucha comida y bebida errada entran y muchas palabras inapropiadas se deslizan desde nuestro interior hacia fuera. Meditemos profundamente y en Pesaj encontraremos la Libertad tan ansiada.

JAG HAPESAJ CASHER VESAMEAJ!!!!!!

Rabino Prof. Rubén Najmanovich

domingo, março 18, 2012

O Mês do Milagre – Conhecendo o Calendário Judaico

E será que, de lua nova em lua nova” (Isaías 66:23)

O mês de Nissan

Pêsssach

O mês de Nissan é o sétimo na contagem da Criação do mundo (a partir de Tishrei), e o primeiro na contagem da saída do Egito (a partir de Nissan).

A origem do nome “Nissan” é babilônica, da mesma forma que todos os outros nomes de meses do calendário hebraico. Foi esse o nome adotado pelos judeus que retornaram do exílio na Babilônia.

O mês de Nissan é chamado na Toráh: “princípio dos meses; seja ele para vós, o primeiro dos meses do anos” (Êxodo 12:2); a Toráh refere-se a ele ainda como “mês da primavera” (Êxodo 13: 4).

Na Mishná ele é denominado “Ano Novo dos Reis” (Tratado Rosh Hashaná 11a) – isto é, no início do mês de Nissan os reis de Israel contavam mais um ano de reinado, sem levar em conta a data em que tinham subido ao trono.

O nome “Nissan” aparece no TaNaCh, no Livro de Neemias 2:1 e no Livro de Esther 3:7, assim como nos livros apócrifos.

O mês de Nissan é a época da primavera, quando brotam as plantas e as árvores começam a florescer. Quem sai a passear no mês de Nissan e vê árvores frutíferas deve recitar a bênção: “Abençoado sejas Tu, Eterno, nosso D’us, Rei do Universo, que nada fez faltar no Seu mundo, e criou nele boas criaturas e boas árvores, para que delas desfrutem os homens” (Shulchan Aruch, Orach Chaim, 227).

Quando o Templo ainda existia, costumavam trazer os cereais (omer) no dia seguinte à festa de Pessach, marcando o início da colheita.

Durante todo o mês de Nissan está proibido jejuar, fazer elogio fúnebre ou manifestar luto em público, pois é “o tempo de nossa liberdade”, a época de lembrar a redenção de Israel da escravidão para a liberdade.

O signo do mês

O signo de Nissan é “Áries” recordando o sacrifício de Pêssach, que ofereceram os hebreus: “cada homem, um cordeiro para cada família”.

“Shabat Hagadol” (10 de Nissan)

O sábado anterior à festa de Pêssach é chamado “Shabat Hagadol”, por vários motivos. Um deles é o milagre que ocorreu quando os israelitas encheram-se de coragem e, obedecendo à ordem divina, tomaram o cordeiro que era usado pelos egípcios para a adoração idólatra e o amarraram, a fim de sacrificá-lo na véspera de Pêssach, no dia 14 de Nissan. Dessa forma, eles demonstraram sua fé na salvação divina que se aproximava.

A festa de Pêssach (15 de Nissan)

Neste dia os israelitas saíram do Egito. Para recordar este evento, foi estipulada uma festividade para todas as gerações vindouras: a festa da liberdade, Pessach, também chamada a “Festa dos Pães Ázimos (matzot)”, conforme está escrito: “A festa dos pães ázimos guardarás; sete dias comerás pães ázimos, como te ordenei, no tempo determinado, no mês da primavera, pois nele saíste do Egito; e ninguém aparecerá diante de mim com as mãos vazias” (Êxodo 23:15).

A “contagem do Omer” (16 de Nissan)

A “contagem do Omer” começa no dia 16 de Nissan e continua até a festa de Shavuot, conforme está escrito: “E contareis para vós desde o dia seguinte ao primeiro dia festivo, desde o dia em que tiverdes trazido o “omer” da movimentação; sete semanas completas serão” (Levítico 23:15). Os dias entre Pessach e Shavuot são chamados “os dias da contagem” e neles são adotados alguns costumes de luto pela destruição do Templo, pelos heróis que se sacrificaram pela santificação do Nome Divino e pelos discípulos do Rabi Akiva que tiveram morte heróica durante a revolta de Bar Kochbá.

Acontecimentos do mês de Nissan

1 de Nissan

Foi erigido o Santuário no deserto (no ano 2449).

Nascimento do patriarca Isaac.

Morte dos filhos de Aarão, ao acenderem um fogo estranho sobre o altar.

4 de Nissan

5709 (1949)

Assinado o acordo de cessar-fogo entre Israel e a Jordânia.

7 de Nissan

5685 (1925)

Inauguração festiva da Universidade Hebraica no Monte Scopus, em Jerusalém, na presença de figuras proeminentes do povo judeu, cientistas de renome e representantes de diversos países.

10 de Nissan

Falecimento da profetisa Miriam.

As FDI* conquistam a cidade de Tiberíades (5708 – 1948).

Josué e os israelitas atravessam o Jordão, para conquistar a Terra de Canaan – a Terra Prometida.

Falecimento de Nachmânides (Rabi Moshé ben Nachman), em Eretz Israel (1270); foi um dos maiores sábios da Halachá da Idade Média, exegeta da Toráh e um dos primeiros sábios que estudou a Cabaláh.

13 de Nissan

Falecimento do Rabino Yossef Caro, um dos maiores codificadores do Povo de Israel; escreveu o “Shulchan Aruch” e foi um dos mais conhecidos cabalistas da cidade de Tzfat.

A cidade de Haifa foi conquistada, durante a Guerra da Independência (5708 – 1948)

14 de Nissan

de 4895 (1135)

Nascimento de Maimônides (Rabi Moshé ben Maimon), o maior codificador, filósofo, cientista e médico.

20 de Nissan

Falecimento do Rabi Hai Gaon (939-1038), o último gaon (chefe de academia de estudo da Toráh) da Babilônia.

21 de Nissan

de 5669 (1909)

Fundada a organização “Shomer” (1909-1920), o primeiro orgão encarregado da segurança dos judeus de Eretz Israel nos tempos modernos.

22 de Nissan

Josué cercou as muralhas de Jericó.

26 de Nissan

Morrem os dois filhos do sacerdote Eli e a Arca da Aliança é capturada.

27 de Nissan

Por determinação do Knesset, Dia da Recordação do Holocausto e do Heroísmo e do Levante do Gueto de Varsóvia, que começou na véspera de Pessach em 5703 (1943), ao iniciar-se a Festa da Liberdade, e que escreveu uma página de heroísmo na história do Povo Judeu.


* FDI = Forças de Defesa de Israel (Tzahal)

Pensamentos de Nossos Sábios – Pensamientos de Nuestros Sabios

De nuestra fuentes –

De nossas fontes

rabbis

Cuando un Hombre es justo también los miembros de su familia lo son.  Pesiktáh Talmúdica 8

No se necesitan monumentos fúnebres para los justos; sus obras son más que elocuentes. Talmud Yerushalmi. Shibolim II,7

A veces es el corazón que entiende. Talmud Babilonico, Berajot 61

Un buen corazón vale más que una buena inteligencia. Yehuda Yatlish

Las palabras sinceras salidas de tu Corazón, penetran en el corazón de tu compañero. Pirke Eliezer

Nunca cortes un árbol que mañana puede dar frutos. Deuteronomio XX, 20

El que guarda su lengua, guarda su alma. Proverbios XIII, 2

El hombre bondadoso hace bien a su propia alma. Proverbios XI, 17

Participa de la alegría de tu amigo, en el momento de su bienestar. Kohelet Raba 3

Sean los extranjeros queridos en tus ojos, como lo son ante los ojos de D’s. Ruth Rabáh 3

No hagas a tu prójimo lo que no quieres para ti. Talmud Babilónico Shabat 31

D’s exige de los hombres que se amen y respeten mutuamente. Shevet Yehudáh 153

Feliz, quien sabe dominarse virilmente y reprimir sus malos instintos. Avoda Zaráh 19

Que es la amistad? Un corazón unido entre dos cuerpos. Shaashuim 207

Cuando D’s pregunto a Caín: “Aieka”, donde esta vuestro Hermano, él contesta acaso soy Guardian del.

Nuestros Sabios dicen que fue esto ultimo que decepciono a D’s, ya que cada ser Humano debe ser un guardián de su hermano, porque todos somos parte de la misma creación. Génesis Cap.5

Pobre del hombre que no sabe distinguir entre el bien y el mal. Talmud Babilonico Sanhedrin 103

Guarda tu lengua del mal y tus labios de la mentira. Salmos XXXIV, 13

Un latigazo provoca una herida, una calumnia destroza una vida. Ben Sira XVIII, 21

No trate el Hombre de ofender a nadie; tampoco a sus siervos. Levítico XIX

Un pueblo sin industrias caerá, pero su salvación residirá en la multitud de sus consejeros. Proverbios XI, 14

Quien desprecia a los demás, se desprecia a sí mismo. Pirke Avot 4,1(Etica de los Padres)

Quien ocupa una función publica, debe ejercerla con altura y dignidad. Talmud Babilonico Sanhedrin 101

No te alegres cuando cae tu enemigo. Proverbios XXIV,17

Si algún extranjero viviere en vuestra tierra, no lo molestéis. Levítico XIX, 34

Así como en el agua el rostro corresponde al propio rostro, así el corazón de un hombre es reflejo de otro. Proverbios XXVII, 19

No es bueno que el hombre este solo. Génesis III

Insultar a un hombre es como insultar a la divina Providencia. Sanedrín 58

La Humildad es el adorno de la sabiduría; el orgullo es su ruina. Saadia Gaon, Sábio de Babilonia S. IX

No odiaras, No te vengaras y que Viva tu hermano contigo. Levítico XIX

sexta-feira, março 16, 2012

Perasháh Hashavua

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Queridos Leitores

Shalom Uberacháh

Devido ao cumulo de correios eletrônicos vindos de Brasil e outras partes do mundo, decidimos colocar todas as semanas o comentário semanal da Toráh, conhecido como Perasháh Hashavua. Esta Pagina, pensamentosdorabino.blogspot.com, esta sendo utilizada por um site inglês e outro em hebraico que automaticamente eles traduzem para esses idiomas mais espanhol.

Porem prontamente este blog será um website, onde colocaremos judaísmo on line.

Sem duvida o apoio de muitos de vocês permitiram que possamos melhorar dia a dia.

Um forte abraço, e um Shabat Shalom Umeborach

 

parasha

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Perasháh Vaiakhel – Pekudê

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O brilho do verdadeiro ouro

Dentre os vários móveis que compunham a fina arquitetura do Templo, o mais intrigante era, sem dúvida, a Arca da Aliança (Aron Habrit). Feito de madeira de acácia, este pequeno armário (cujas medidas eram aproximadamente 1,20m X 1,20m X 1,20m) com seus dois querubins de ouro em sua tampa foi o objeto mais sagrado de nossa tradição. Venerado por sua santidade, foi o centro de nossa atenção até quase a destruição do Primeiro Templo, quando foi escondido pelo rei Josias. O que o tornava tão especial? Era nesta arca que estavam as mais valiosas relíquias judaicas: os cacos das primeiras Tábuas da Lei quebradas por Moisés quando do episódio do bezerro de ouro, as segundas Tábuas, um jarro contendo Man – o milagroso alimento do deserto –, um frasco com o azeite da unção, um rolo da Torá e o cajado de Aarão, através do qual foi comprovada a liderança de Moisés. Com poderes mágicos, a Arca viajava à frente do acampamento, afastando serpentes e escorpiões e protegendo o povo. Era também o símbolo da esperança na vitória em momentos de guerra. Temida, poderia causar a morte de qualquer pessoa que a tocasse sem permissão. Uma vez no Templo, sua morada era um recinto especial chamado Santo Santíssimo (Kodesh Hakodashim), onde somente o Sumo Sacerdote podia entrar e, mesmo assim, apenas no sagrado dia do Iom Kipur. Tal era a reverência que este, ao entrar, tinha uma corda amarrada ao seu corpo; deste modo, caso não fosse hábil o suficiente para conquistar o perdão divino e viesse a falecer em função disso, poderia ser puxado para fora, evitando, assim, mais mortes.

De fato, a Arca instiga nossa imaginação. Como era manipulada? De que forma era utilizada? De certo modo, ficamos um tanto decepcionados com a resposta: uma vez nelas inseridos tais objetos, não mais voltaria a ser aberta. Reclusa, a Arca permaneceria fechada através dos séculos. O importante era sua presença, não sua manipulação. Por isso, voltamo-nos à leitura da Torá desta semana: “E fez Betsalel a Arca, de madeira de acácia (...) e cobriu-a de ouro puro por dentro e por fora” (Êxodo 37:1-2). Todos temos móveis em nossas casas e não precisamos ser carpinteiros para notar que as ricas decorações são deixadas para o lado externo. Internamente, basta um revestimento que viabilize sua finalidade. Afinal, o móvel é para ser usado por dentro, mas contemplado por fora! Por que então o artesão do Templo desperdiçou o caríssimo material revestindo as paredes internas da Arca com ouro?

Certa vez, a esposa de um famoso rabino chassídico sonhou que estava morrendo. De repente, teve a sensação de que fora levada até o céu e estava diante do Trono Celestial.

- Quem é você? disse-lhe uma Voz.

- Sou a mulher do Rebe, respondeu ela.

- Não lhe perguntei com quem era casada e sim quem é você.

- Sou mãe de quatro filhos.

- Não lhe perguntei de quem você é mãe e sim que você é.

- Sou professora.

- Não lhe perguntei qual é sua profissão e sim quem você é.

                E assim por diante. Não importa o que respondesse, parecia não dar uma resposta satisfatória à pergunta.

- Quem é você?

- Sou judia.

- Não perguntei qual é a sua religião e sim quem você é.

- Sou aquela que ia à sinagoga todo Shabat e sempre ajudava os pobres e necessitados.

- Não lhe perguntei o que fazia e sim quem é você.

            Evidentemente foi reprovada no exame, pois foi mandada de volta à terra. Quando acordou, resolveu descobrir quem era. E isso mudou tudo.

Vivemos em um mundo de estereótipos. Compramos roupas de griffe, exercitamo-nos freneticamente em academias e gastamos dinheiros com luxuosos bens pois somos incentivando a exibir nossas posses. Assim como um móvel, deixamos nossa decoração do lado externo para que outros a contemplem. Nossa geração determina que ter seja sinônimo de ser. Porém, com essa conduta, deixamos de valorizar o mais importante. “E cobriu-a de ouro puro por dentro e por fora”. De nada serviria a Arca se fosse apenas um objeto a ser observado como mercadoria numa vitrine (como muitos de nós passamos nossa existência). Era ela, antes de mais nada, um despertador da consciência humana; uma alerta, avisando: “não é pelo ouro que vocês têm por fora que serão valorizados, mas pelo ouro que são por dentro! Todos sabemos o que temos, de quem somos parente, qual nossa profissão e o que fazemos. A pergunta de nossa Perasháh é: sabemos o que somos? Foi esse o temor de Rabi Zussia, quem, algum tempo antes de seu falecimento, disse: “”se me perguntarem porque não fui Moisés – saberei o que responder. Mas se me perguntarem porque não fui Zussia – não terei resposta”.

Busquemos o brilho do verdadeiro ouro dentro de cada um de nós!

Shabat Shalom.

domingo, março 11, 2012

Obadiah de Bertinoro e as Dez tribos perdidas. Sambatyon

Obadiah Jare de Bertinoro

Cartas à família, 1488—1489

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Obadiah Jare de Bertinoro foi um dos mais notáveis rabinos italianos de sua época. Seus comentários da Mishná (coletânea de leis orais) permanecem como um padrão até os dias de hoje. As cartas que enviou à sua família, descrevendo as comunidades que visitou durante sua viagem à Terra Santa (1487--1490), foram preservadas e traduzidas em várias línguas.

Obadiah parece ter residido em Jerusalém até sua morte, por volta de 1500, e um viajante posterior relata que ele era um líder na comunidade judaica da Palestina.

A breve coletânea que se segue relata as notícias que ele recebeu referentes ao Sambatyon.

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A seu pai, Jerusalém, agosto de 1488

Fiz perguntas sobre o Sambatyon, e ouvi de uma pessoa, que um homem veio do reino de Preste João e relatou que lá há montanhas altas e vales que podem ser atravessados em uma viagem de dez dias e que, certamente, são habitados pelos descendentes de Israel.

Eles têm cinco príncipes ou reis e realizaram grandes guerras contra os joanitas por mais de um século, mas infelizmente os joanitas 1 venceram e Efraim foi derrotado. Os joanitas penetraram no país deles e a lembrança de Israel quase morreu naqueles lugares, pois foi publicado um édito contra aqueles que permaneceram, proibindo o exercício de seus deveres religiosos, tão severo quanto o de Antíoco, publicado no tempo dos hasmoneus. Mas D’us teve piedade.

Na Índia vieram a seguir outros reis, que não eram tão cruéis como seus predecessores. Diz-se que a glória anterior dos judeus está, em certa medida, restaurada; outra vez tornaram-se numerosos e, embora ainda paguem impostos aos joanitas, não estão inteiramente submetidos a eles. Quatro anos atrás, dizia-se, ainda guerreavam com seus vizinhos, quando saquearam os inimigos e fizeram muitos

prisioneiros. O inimigo, por outro lado, tomou alguns deles como prisioneiros e vendeu-os como escravos; alguns desses foram levados para o Cairo e resgatados pelos judeus de lá. Vi dois deles no Cairo; eram pretos (felashas), mas não tão escuros como os negros.

Foi impossível saber deles se pertenciam aos caraítas ou aos rabanitas...

Terminada às pressas em Jerusalém, a Cidade Sagrada. Que seja logo reconstruída nos nossos dias...

De seu filho Obadiah Jare

No oitavo dia de Elul de 5248

A seu irmão

Jerusalém, Setembro de 1489

Os judeus chegaram até aqui [à Terra Santa] vindos de Áden; Áden, diz-se, é o lugar onde está o Jardim do Éden; situa-se no sudeste da Etiópia, mas o mar Vermelho os separa. Esses judeus dizem que em seu país há grandes comunidades judaicas, que o rei é um árabe, muito bondoso com os judeus, e que o país é muito grande e belo,

onde se produzem frutas esplêndidas, de vários tipos, que não se encontram entre as nossas. Onde o Paraíso estava realmente situado, isto eles não sabem. Plantam no mês de Adar e colhem no mês de Kislev. A estação chuvosa vai de Pessach ao mês de Av. É conseqüência da grande quantidade de chuva o fato de o Nilo subir no mês de Av.

Seus habitantes são de algum modo negros. Os judeus não possuem os livros do Talmud... Todos eles são, de pequenos a grandes, versados nos trabalhos de Maimônides, pois se ocupam principalmente do estudo desse erudito.

Os judeus também nos contaram que agora todos sabem, por intermédio de mercadores da Arábia, que o rio Sambatyon fica a 50 dias de viagem de onde estão, pelo deserto, e como se fosse um fio, circunda toda a terra onde moram os descendentes de Israel. Esse rio despeja pedras e areia, e descansa apenas no Shabat, portanto nenhum judeu que estiver viajando pelo país provavelmente violará o

Shabat. É uma tradição entre eles os descendentes de Jacó (Iaacov) habitarem lá. O rio despeja pedras e areia, e descansa apenas no Shabat, portanto nenhum judeu pode cruzá-lo, pois dessa forma estaria violando o Shabat. É uma tradição entre eles que todos são descendentes de Moisés, todos puros e inocentes como os anjos, e ninguém que faz o mal está entre eles.

No outro lado do Sambatyon os Filhos de Israel são numerosos como os grãos de areia do mar, e há muitos príncipes e reis entre eles, mas não são tão puros e santos como aqueles que são circundados pelo rio. Os judeus de Áden relatam tudo isso com uma certa segurança, como se esses fatos fossem bem conhecidos, e ninguém nunca duvidou da verdade dessas afirmações.

Um velho rabino ashkenazi, que nasceu e foi educado aqui, conta-me que se lembra de que mesmo na sua juventude os judeus vinham de Áden, e narrou tudo literalmente como eles fazem. Os judeus de Áden também dizem que os israelitas que moram nas fronteiras de seu território, sobre os quais escrevi minha primeira carta, estão agora em guerra com o povo de Preste João (o abissínio) e que alguns deles foram capturados como prisioneiros e levados ao Cairo.

Vi alguns deles com meus próprios olhos; esses judeus estão distantes um mês de viagem no deserto dos outros que moram no Sambatyon.

Os cristãos que vieram do território dos joanitas relatam que os judeus lá, que estão em guerra com o povo de Preste João, têm sofrido grandes derrotas, e estamos bastante ansiosos para saber se essas narrativas são realmente verdadeiras. Que D’us os proteja.

Possa o Senhor proteger sempre seu povo e seus servidores!...

Enviado com pressa de Jerusalém,

27 de Elul de 5249

De seu irmão, Obadiah Jare

BIBLIOGRAFIA

Adler, E.N., Jewish Travellers (1966).

Marx, A., Sefer Ha-Shanah shel Eretz-Yisrael 2-3 (Heb., Yearbook of

the Land of Israel) (1920).

Sachs, S, in: Jahrbuch fuer die Gerschichte der Juden und des

Judenthums 3 (1863).

Shulvass, M.A., Roma vi-Yerushalaim (Heb.) (1944).

quarta-feira, março 07, 2012

Purim: Sua Vigência

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Há uma frase famosa muita usada em hebraico que diz: “nem todo dia é Purim”. Isso, realmente, é verdade, nem todo dia é como Purim, nem todo dia temos o mérito de ter um dia tão alegre – não há um dia tão elevado durante o ano.

No Talmud Yerushalmi é dito que no futuro todos os livros do Tanach serão anulados, menos a Meguilá Ester, de acordo com o que está escrito nela: “Estes dias de Purim não passarão (deixarão de existir) para os judeus e sua lembrança não se extinguirá de sua descendência“. E no Midrash está escrito que todas as festividades serão anuladas menos os dias de Purim, se baseando no mesmo versículo.

Rabi Natan, o maior aluno de Rabi Nachman de Breslov, perguntou qual a diferença que há no milagre de Purim diferente dos outros que foram feitos para o povo judeu durante toda a existência? Afinal, o milagre de Purim não mudou a ordem da natureza como na abertura do Mar Vermelho! Em Pêssach, por exemplo, vemos que D´us mudou as ordens da natureza fazendo milagres muito grandes! Então, qual é a grandeza de Purim a ponto de não ser anulado enquanto todos os outros serão?

O próprio Rabi Natan responde que o milagre de Purim difere de todos os outros, pois ele levou o povo judeu ao arrependimento e ao cumprimento das mitsvot, este é um fato de maior grandiosidade que a mudança da natureza, pois para D´us isto não é difícil (mudar a natureza). Apesar destes grandes milagres envolverem uma carga emocional forte, esta marca não se mantêm forte por muito tempo. Não há uma influência real sobre aqueles que viram e sentiram o milagre, eles presenciaram um grande fato, mas depois voltaram às suas rotinas, cada um retorna a sua casa e sua tenda. Inclusive, foram capazes de fazer pecados muito grandes como o pecado do bezerro de ouro e outros.

Porém, o milagre de Purim penetrou nos corações do povo judeu, como está escrito na Meguilá: “Os judeus cumpriram e receberam sobre si e sobre sua descendência…”.

Apesar de parecer que toda a história da Meguilá acontece de acordo com as regras naturais, sem nenhuma intervenção Divina – houve uma revelação Divina através da proteção, esta foi uma evidência de que D´us observa cada indivíduo em cada momento da sua vida, e Ele faz milagres sem mudar o curso da natureza, a todo aquele que clama por Ele verdadeiramente. Os milagres não são feitos somente com grandeza e para todo o povo como ocorreu na abertura do Mar Vermelho. Por isso, no caso da Meguilá, cada judeu se perguntou: “o que quer dizer isso pra mim?” e se arrependeu de seus atos, recebendo sobre si a Toráh novamente. Por isso a luz de Purim é a maior, a ponto de não ser anulada nunca – ela revela a ligação especial entre nós e D´us mesmo na rotina do dia a dia.

Este é o assunto principal da Meguilat Ester – revelar aquilo que está oculto, por isso a Meguilá recebe o nome de Ester, que deriva do radical oculto, e não de Mordechai ou de Shushan. A Meguilá Ester é aquela que revela a luz Divina, a luz da fé, ela nos faz prestar atenção no tipo especial de milagre que se passa durante todo o decorrer da vida, e através disto revela-se que a vida inteira é um grande milagre. Por isso, o milagre de Purim, aquele que nos revela os grandes milagres do dia a dia, deve ser lembrado mais que todos os outros milagres!!!

Família Najmanovich