sexta-feira, fevereiro 10, 2012

A Terra do Israel nas fontes judaicas – 2ª Parte.

As virtudes e qualidades do Eretz o Israel tal como ficam

de manifesto nos livros de reflexão e filosofia.

O cuzari

1. As afirmações de Rabino Yehudá Haleví em seu livro O Cuzarí. Rabino Yehudá Haleví nasceu na Espanha em 1074 e resolveu concretizar seu aliem ao Eretz o Israel, aonde morreu em 1141. Uma lenda assinala que chegou às portas do Jerusalém e ao ver a destruição que estendia, fincou o joelho em terra e chorou amargamente pela situação da cidade. Um cavaleiro árabe que o viu fervorosamente inclinado sobre o chão do Eretz o Israel, atropelou-o com seu cavalo, e dessa maneira morreu.

Em seu livro O Cuzarí, Rabino Yehudá Haleví destaca a peculiaridade do povo judeu entre as demais nações, e na singularidade da fé judia em comparação com as outras. O Gaón da Vilna disse que este livro "é sagrado e puro, e todos os princípios da fé e a Toráh do Israel dependem dele".

2. O fragmento que reproduzimos a seguir é conhecido como "o apólogo da vinha". O facilitador o ensinará, e analisará com os estudantes as seguintes pergunta. Rabino Yehudá Haleví explica que só ali se pode alcançar o nível da profecia.

A. O que é o que diferencia ao Eretz o Israel de outros países?

B. De que maneira compara o Cuzarí ao Eretz o Israel com a plantação de um vinhedo? Consideram que se trata de uma comparação apropriada?

3. O seguinte fragmento foi extraído do livro Orot ("Luzes") do Rabino Abraham I. Kuk, um dos maiores rabinos do século XX e primeiro Grande Rabino do Eretz o Israel. No presente parágrafo explica que a relação que existe entre o povo e a terra não é casual: o povo judeu recebeu Eretz o Israel em legado porque só com ajuda da força espiritual implícita em sua terra poderá descobrir e desenvolver seus próprios valores e verdadeira grandeza.

4. Os estudantes resumirão por escrito estas fontes da Toráh e da literatura filosófica e responderão a seguinte pergunta: Estou obrigado, do ponto de vista judeu, a concretizar meu aliem ao Eretz o Israel?

O Cuzarí

Disse o amigo: Não deve lhe causar assombro o fato de que um país tenha alguma vantagem com respeito aos outros, porque já vimos a diferença entre um país e outro na flora e os recursos naturais. Há algumas plantas que podem crescer em um país mas não em outro; em certo país vivem determinados animais que não podem fazê-lo em outro; um país é rico em recursos naturais, enquanto que outro é pobre neles. Existem diferenças nas características e qualidades dos cidadãos dos diversos países. A plenitude da alma depende da composição de quão materiais integram ao ser humano (por conseguinte, não deve nos assombrar que em um país se observe mais plenitude espiritual que em outro).

Disse o Cuzarí: Não ouvi a respeito de nenhuma virtude ou vantagem que tenham os habitantes do Eretz o Israel, da qual careçam outros países.

Disse o amigo: É certo. Sua montanha é famosa pela fertilidade de suas vinhas, mas se não se plantassem videiras nesse lugar e não se realizassem as tarefas necessárias, certamente não cresceriam uvas ali. (O mesmo se diz com respeito ao êxito do Eretz o Israel). Eretz o Israel é o lugar em qual o povo eleito, que é o coração e a medula das demais nações, pode alcançar a máxima plenitude espiritual (a profecia). Certamente, a terra contribui a tudo isto, a condição de que lhe acrescente o cumprimento daqueles preceitos que não podem ser observados fora dela, que equivalem às tarefas realizadas na vinha. E assim é como o povo eleito não pode gozar da profusão divina em outro lugar que não seja este, tal como não resulta possível que a vinha prospere em outro lugar fora desse sítio fértil.

Disse o Cuzarí: Como pode expressar esta norma, se já vimos que D's falou com o Adão, que se encontrava em outra terra; com o Moshe quando estava no Egito e com o Abraham no Ur Casdim, e mais adiante falou com o Ezequiel e com o Daniel em Babilônia, e com o Jeremías no Egito?

Disse o amigo: Todos o que profetizaram o fizeram nesta terra ou a respeito dela. D's se dirigiu ao Abraham para lhe ordenar que concretizasse seu aliem a essa terra e que a percorresse. Ao Ezequiel lhe revelou a profecia do retorno do povo a sua terra, e ao Daniel a da destruição do Segundo Templo e da futura reunião das diásporas. Todas estas profecias se produziram por causa do Eretz o Israel. Outro sentido das profecias do Ezequiel e Daniel fora do Eretz o Israel é que ambos viveram em tempos do Primeiro Templo, no que viram a revelação da Shejiná; e em sua presença podia acessar à profecia qualquer membro do povo eleito capacitado para isso (e quem tinha acessado à profecia no Eretz o Israel não perdia esta aptidão ao partir dali).

(O Cuzarí, II artigo, cap. VII-XIV, tradução ao hebreu do Rabino M. Genizari, Tel Aviv 5729-1969).

Eretz o Israel não é um bem externo da nação. Só em sua condição de médio para obter o fim da união geral e do fortalecimento da existência material ou até espiritual, Eretz o Israel é uma unidade essencial estreitamente vinculada com a nação e intimamente ligada com sua existência. Por isso, não resulta possível analisar o conteúdo da qualidade de santidade do Eretz o Israel nem exteriorizar a profundidade desse sentimento por nenhum meio humano racional, a não ser somente através do espírito de D's que se encontra na totalidade da nação… (Rabino A.I. Kuk, Orot, cap. "Eretz o Israel").