domingo, setembro 07, 2014

Chegando a Rosh Hashaná: A romã

 

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Mais do que um símbolo religioso de profundo significado para o judaísmo usado nas bênçãos de Rosh Hashaná e na época do Templo e em Shavuot, esta fruta mencionada na bíblia vem sendo pesquisada por cientistas israelenses. Estes estudos comprovam que a romã possui qualidades terapêuticas, podendo ser usada no tratamento de vária moléstias.

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As propriedades medicinais da romã, até há pouco tempo, eram conhecidas apenas pelos interessados em mitologia ou em medicina chinesa antiga. De acordo com o herbário chinês, o suco de romã aumenta a longevidade. No Brasil, atualmente, um chá à base de casca de romã está sendo utilizado pelos seguidores da medicina alternativa como antibiótico natural.

A romã, cujas sementes e gosto meio ácido sempre foram apreciados como fruta, vem sendo, agora, considerada também uma moderna fonte medicinal. Cultivada na região do Mediterrâneo, Israel é um de seus grandes produtores, respondendo pela produção anual de três mil toneladas. Atualmente, dois estudiosos israelenses realizam pesquisas sobre tratamentos e produtos derivados da fruta.

O dr. Michael Aviram está desenvolvendo sua pesquisa no Lipid Research Laboratory, do Ramban Medical Center, em Haifa, utilizando o suco de romã para combater o colesterol e os problemas cardíacos. Já Efraim Lansky realiza suas pesquisas na Rimonest, companhia fundada pelo Instituto Tecnológico de Israel – Technion, partindo da premissa de que o suco, a polpa e a casca da romã contêm propriedades que além de reduzir o colesterol, retardam o envelhecimento e talvez até levem à cura do câncer e da Aids.
Aviram, 53, é bioquímico no Technion. Ele dedicou os últimos vinte anos pesquisando formas de evitar ou eliminar os depósitos de colesterol nas artérias, o que causa arteriosclerose, distúrbios cardíacos e enfarte do miocárdio. Buscando antioxidantes naturais, o dr. Aviram testou vinte produtos diferentes antes da romã. Descobriu que o suco da fruta contém um poderoso antioxidante, um tipo de flavonóide mais eficiente na prevenção de problemas cardíacos do que o existente no tomate e no vinho tinto.

Ele tem administrado o suco a seus pacientes com estenose nas artérias carótidas, isto é, um estreitamento nas artérias que levam o sangue ao cérebro, e os resultados foram rápidos e impressionantes. “Tenho visto melhoras desde o primeiro mês de tratamento”, afirmou Aviram.

O médico relata, em detalhes, a sua pesquisa, com a segurança adquirida ao longo de anos de experiência em um hospital de renomada reputação, doze diplomas e vários certificados. Conta que muitos pacientes de alto risco, sérios candidatos a implantes de ponte safena, conseguiram evitar a cirurgia apenas com o suco da romã. A única queixa que ouviu de alguns foi sobre a acidez da fruta. Atualmente Aviram está envolvido no projeto para isolar os flavonóides e transformá-los em pílulas.

Efraim Lansky é o principal acionista e chefe da Divisão de Pesquisas da Rimonest, formado pela Universidade da Pensilvânia, com doutorado em psicologia e biologia, além de especialização em acupuntura e homeopatia.Afirma não estar interessado apenas no suco da romã, mas na fruta como um todo. Está fabricando o que denominou de “cardiogranado”, um suco concentrado que, segundo ele, ajuda a baixar o nível de colesterol. E, em breve, lançará também uma nova linha de cosméticos - cremes anti-envelhecimento, óleos para massagem e máscaras - usando estrógeno extraído da semente e da casca da romã. Em sua clínica homeopática, tem receitado o suco de romã em casos de febre e, em mulheres pós-menopáusicas, na prevenção de problemas cardíacos e osteoporose.

O Dr. Lansky acredita que esse seja um grande projeto farmacêutico, com inúmeras possibilidades, entre as quais, a cura do câncer de próstata, da leucemia, do herpes e até da Aids. Segundo o estudioso, a aplicação de vinho e óleo da semente nas células de certos tipos de câncer interrompe a reprodução das mesmas, evitando que a doença se espalhe. Lansky pretende iniciar, proximamente, mais uma fase da pesquisa, usando camundongos.
Ao falar sobre os atuais rumos da indústria farmacêutica, de modo geral, o estudioso adverte que as pressões econômicas podem levar grande parte das empresas a interromper suas pesquisas. “Quem assistiu o filme ‘O homem do terno branco’, uma comédia inglesa estrelada por Alec Guinness, deve lembrar-se da história do homem que inventa um terno branco que não mancha e nem rasga e, por isso, a indústria têxtil quer matá-lo”, comenta, com ironia.

Enquanto Lansky refere-se à sua fruta predileta como uma espécie de “remédio milagroso”, Aviram é mais cauteloso ao afirmar que: “...não acredito que uma fruta faça tudo isso. Não há frutas milagrosas”. Referindo-se à pesquisa de Lansky, Aviram diz que a hora da verdade será quando o teste for feito em seres humanos. “É muito difícil dizer que este ou aquele trabalho será eficiente contra o câncer se seus resultados foram apenas analisados em provetas ou células”.

No entanto, Lansky está confiante e, para ilustrar, lembra a “Doutrina das Assinaturas”, “uma antiga referência de que o Criador teria deixado uma assinatura sobre as plantas, esclarecendo suas finalidades terapêuticas”. Diz isto, segurando uma romã em uma mão e abrindo, com a outra, um livro de medicina.

Romã, o rimon de Israel,
uma das sete espécies de frutos da Bíblia

Apesar de a Terra de Israel ser abençoada com muitas frutas, as sete espécies descritas no verso bíblico abaixo tinham um caráter especial, pois foram as “primícias” – ou os frutos da primeira colheita levadas ao Templo Sagrado, em Shavuot, e entregues como oferenda a D’us. Como tal, simbolizam Eretz Israel e a intensa ligação do Povo de Israel à sua terra: “... Pois o Senhor, teu D’us, levar-te-á a uma terra boa... de trigo e cevada, uvas e figos e romãs; uma terra de azeite e mel”.

A romã é uma fruta de cor vermelho escuro, com flores de uma tonalidade intensa, cujas sementes abundantes são o símbolo da fertilidade. É cantada em verso e prosa e uma antiga canção hebraica assim descreve o rimon: “O aroma da romãzeira está em toda parte, é transportado pelo vento do Mar Morto a Jericó...”

É um símbolo de muito significado para a vida judaica e os compromissos assumidos pelos judeus. Uma das sete frutas mencionadas na Torá, contém 613 sementes – uma para cada mitzvá da Lei judaica. A romã lembra-nos da ligação com nossa comunidade e de nosso compromisso com o tikun olam, a responsabilidade moral que cada judeu tem de consertar o mundo e aliviar o sofrimento onde quer que exista.

Em forma estilizada ou fielmente reproduzida, a romã adorna diversos objetos de culto judaico, entre os quais destacam-se os belos rimonim usados para guarnecer a extremidade de madeira dos rolos da Torá, os 200 rimonim de cobre que enfeitavam as vigas do Templo de Jerusalem e os rimonim que, alternando-se com os paamonim (pequenos sinos), decoravam a bainha do manto do Sumo Sacerdote.

Sempre esteve presente na literatura rabínica, em uma alusão a coisas boas. Rabi Shimon Ben Lakish costumava dizer: “Até os mais simplórios dentre os homens do teu povo estão transbordando com os Mandamentos Divinos, como uma romãzeira carregada. Ao dizermos ‘... quando as romãzeiras florescem’, referimo-nos aos meninos pequenos estudando a Torá, sentados enfileirados diante de seus mestres, como as sementes de uma romã acomodadas na polpa da fruta”. Shir HaShirim – Cântico dos Cânticos (Tratado Rabá 6, 17).