quinta-feira, setembro 15, 2011

Sionismo: Um dos precursores do Sionismo Moderno

“RABI YEHUDA BIBAS”

Alguns dados biográficos de Rabi Yehudá Bibas

Descendente de uma proeminente família de rabinos de origem espanhola que se radicaram no Marrocos depois de 1492, Yehudá Bibas nasceu em Gibraltar em 1780. Recebeu educação universitária na Itália e foi reconhecido na sua juventude pela sua erudição judaica. Em 1832 foi designado rabino de Corfu, onde reorganizou a comunidade judaica e seu sistema educativo. Viajou pela Europa em 1839 e conheceu a Yehudá Alkalai, de quem aprendeu o novo conceito de “Teshuvá” como retorno à Terra de Israel e não só arrependimento. Judeus romanos citaram Yehudá Bibas afirmando que os judeus devem receber instrução científica e militar para recuperar sua terra das mãos dos turcos, baixo a condução do Messias. Yehudá Bibas é, pelo tanto, um percursor do Sionismo moderno, que concebeu o retorno a Israel em termos ativos sustentado em fundamentos de caráter religioso. Em 1852 o rabino Bibas concretizou sua Aliá, estabelecendo-se em Hebrón.

quarta-feira, setembro 14, 2011

Rosh Hashanáh, muito mais que um ano novo

ROSH HASHANÁH

E O LIVRE ARBÍTRIO

  shofar

Planeje sua vida.

Quais são seus objetivos? Quando se trata de carreira profissional, você provavelmente tem em mente o que seria um emprego ideal. Tente, então, fazer o mesmo em sua vida pessoal.

No sexto dia da Criação, no primeiro dia do mês de Tishrê, o homem foi criado e, neste mesmo dia, julgado. A essência do seu julgamento foi uma única e solitária pergunta "Aiêca?" Onde você esteve? A cada ano, em Rosh Hashanáh; D’us recria a Sua obra. Portanto, a cada ano, devemos reconquistar o direito de existir. Esta abordagem diferencia-se, até certo ponto, do conceito negativo vigente entre muitos, segundo o qual Rosh Hashanáh, também chamado de Dia do Julgamento, é o momento em que D’us diz aos homens que, se não tomarem as atitudes corretas, serão punidos.
O que significa, no entanto, "tomar as atitudes corretas"? Para entender esta idéia, é preciso tentar compreender, inicialmente, por que D’us criou o mundo antes do homem? Segundo o Ramchal (Rabí Moshe Chaim Luzatto), em seu livro "O Caminho de D’us", a resposta é simples e clara: "D’us criou o mundo para dá-lo aos seres humanos. Ele deseja dar-nos tudo o que há de bom no mundo. Mas para isso, quer que sejamos independentes e independência implica escolha. Por isso, D’us criou o homem, concedendo-lhe o livre-arbítrio. E o exercício deste livre-arbítrio é algo que só pode ser feito por nós".
Dentro desta perspectiva, Rosh Hashanáh pode ser considerado também o aniversário do livre-arbítrio, do momento em que D’us deu vida ao homem e o direito de decidir o seu caminho. É também sobre este princípio de escolha a afirmação talmúdica que diz: "Quão precioso é o homem por ter sido criado à imagem de D’us". Isto significa que, diferentemente das outras criaturas vivas, o ser humano recebeu o livre-arbítrio, um presente divino único, que dá ao homem a capacidade de mudar o mundo. Se usado de maneira correta, pode construir um mundo bonito e aperfeiçoá-lo cada vez mais. Se dele fizer uso incorreto, poderá destruí-lo.

Ou seja, cabe aos indivíduos apenas aprender a usar esse poder. Diz o Talmud (Pirkê Avót – Ética dos Pais) 3:18): "Um dos maiores sinais do quanto somos importantes para D’us é que Ele nos disse que fomos criados a Sua imagem". Ou seja, presente maior do que o livre-arbítrio propriamente dito é o fato de D’us ter-nos dito que o possuímos.

É preciso, no entanto, entender a essência do que significa o livre-arbítrio. O direito de escolha não se aplica, por exemplo, às situações do cotidiano, como a decisão entre um sorvete de chocolate ou de baunilha. Isto é apenas uma questão de preferência, a qual os animais também possuem. O livre-arbítrio, por sua vez, envolve decisões que só podem ser tomadas pelo homem e que se refletem na maneira como conduz a sua vida, tendo como base a imagem Divina.

Várias etapas

O livre arbítrio inclui o princípio de que o homem tem consciência de que pode fazer opções, não deixando simplesmente que aconteçam; ou seja, o homem assume o controle das próprias decisões, sabendo que moldarão a sua vida. Por isso, é preciso sempre conhecer as razões para a tomada de decisão, os seus objetivos e, principalmente, ser responsável por suas decisões.

Para tomar as decisões adequadas às suas características individuais, é preciso que a pessoa se conheça. Não deve assumir como verdadeiros idéias e pensamentos predeterminados pela sociedade, a não ser que concorde integralmente com os mesmos. D’us espera que cada um seja responsável por suas decisões e que as tome sempre por si mesmo e não em função da sociedade.

O livre-arbítrio pressupõe, também, a capacidade do indivíduo de reavaliar decisões, não se prendendo a atitudes tomadas no passado – caso não sejam mais válidas – simplesmente porque o foram algum dia. O direito de recomeçar é parte intrínseca do direito de opção, desde que seja resultado de reflexões profundas e coerentes. Por exemplo, se alguém, um dia, duvidou da existência de D’us, não significa que não possa rever sua posição diante de evidências mais fortes e claras do que as já encontradas no passado.

Livre-arbítrio implica também se estar consciente das diferenças entre os desejos do corpo e as aspirações da alma. Algumas vezes, o indivíduo sabe, objetivamente, o que é bom para si, mas seus desejos físicos distorcem sua visão. O Talmud afirma que se trava, dentro de cada um, uma batalha feroz entre o que a alma quer e o que o corpo deseja. Mas o que significa esta batalha?

Imagine a seguinte situação do cotidiano. Um indivíduo resolve começar a praticar esportes e conversa consigo mesmo, enquanto corre: "Isto vai me matar". "Pare de reclamar e vá em frente". "Como posso fazer isso? Meu coração vai parar". "Relaxe, nada vai acontecer". O que este diálogo traduz? Apenas uma batalha interna entre desejos opostos. A alma quer correr, porque é bom para a saúde. O corpo, por sua vez, prefere dormir. A alma quer perder algum peso, e o corpo diz que não consegue. A alma diz, "vamos ver", e o corpo retruca: "Relaxe, não seria grande a perda se morrêssemos um pouco antes".

Esse exemplo reflete a essência da batalha que cada um trava dentro de si. A alma quer viver integralmente, ser produtiva, fazer o que está correto, através de cada fibra do ser humano. O corpo deseja apenas descansar e encontrar o conforto do comodismo, sem fazer nenhum esforço. É preciso, portanto, definir de maneira clara e inequívoca qual dos dois prevalece no íntimo do indivíduo: as aspirações da alma ou os desejos do corpo. Se optar por ouvir a sua alma, o indivíduo estará, com certeza, escolhendo a vida de maneira integral.

O judaísmo costuma dizer que a alma é o verdadeiro ser humano. Se for capaz de se identificar com os desejos da alma, então estará satisfazendo as suas reais necessidades. Sua meta será, então, treinar o corpo e fazer com que traduza a realidade da alma. O controle sobre o próprio corpo se dá através da identificação com a alma e tem como resultado final a conquista da paz interior e, conseqüentemente, uma aproximação maior com D’us. Shanáh Továh, que este ano nos encontre com a capacidade de ter uma visão objetiva do Livre arbítrio.

segunda-feira, setembro 12, 2011

Voto acerca de Palestina en Naciones Unidas - Artículo especial en The Jerusalem Post.

Centro Simon WiesenthalCabello 3872, PB "C" (C1425APR) - Buenos Aires - ArgentinaTeléfono: (5411) 4802-1744 * Fax: (5411) 4802-1774Buenos Aires, 11 de septiembre de 2011

Estimados amigos y amigas del Centro Simon Wiesenthal: Les enviamos un link a un artículo en The Jerusalem Post (y la traducción del mismo), del Dr. Shimon Samuels y Sergio Widder (Director de Relaciones Internacionales y Director para América Latina del Centro Wiesenthal), acerca de su reciente gira por Centroamérica y el Caribe en relación con el inminente voto sobre el status palestino durante la próxima Asamblea General de las Naciones Unidas. http://www.jpost.com/Opinion/Op-EdContributors/Article.aspx?id=237088 ------The Jerusalem Post7 de septiembre de 2011
 
“Palestina” en América Central y el Caribe:una mirada a la política de los sub-bloques en las Naciones Unidas por Shimon Samuels y Sergio Widder* 

Durante la reciente Asamblea General de la Organización de los Estados Americanos (OEA), celebrada en junio pasado en El Salvador, alguien nos dijo que “en las Naciones Unidas, el Estado insular más pequeño tiene un voto equivalente al tamaño de China”.Allí expusimos ante distintas delegaciones la preocupación de la diáspora judía ante la votación acerca del status palestino, que tendrá lugar en septiembre en la ONU. Su respuesta fue invitarnos a conversar con los Jefes de Estado y Cancilleres de esos países en sus respectivas capitales.Los 15 miembros de la Comunidad del Caribe (CARICOM) y los 8 del Sistema para la Integración Centroamericana (SICA) son sub-bloques dentro del Grupo de América Latina y el Caribe (GRULAC, compuesto por 33 Estados). Éste nuclea un 17% de los votos de la ONU y cuenta con 2 asientos en el Consejo de Seguridad.Esta región fue vital para la resolución sobre la soberanía judía, en 1947.Para contener los intentos de revertir la historia, el Centro Simon Wiesenthal acaba de completar una gira por diez países (6 de CARICOM y 4 de SICA). Nuestro objetivo fue generar un núcleo de apoyo para la próxima Asamblea General de la ONU en Nueva York, comenzando por ponderar y reforzar la voluntad política de aquellos países que comparten intereses con Israel, y ofreciendo argumentos a aquellos que, aún cuando apoyan la declaración independentista unilateral palestina, se oponen a que el texto promueva definiciones en relación con el status final de la disputa (por ejemplo, las fronteras).También expusimos acerca de las repercusiones negativas de la votación a aquellos cabalmente convencidos de apoyar la resolución, cualquiera sea su lenguaje final. Y señalamos que compartirán la responsabilidad por esas resonancias. En nombre de las 400.000 familias que integran el Centro Simon Wiesenthal, y que representan un porcentaje importante de la diáspora judía, hicimos hincapié en el riesgo de una ola global de violencia antisemita como consecuencia de una votación que impulsaría a los elementos radicalizados en la región y a sus simpatizantes en el resto del planeta.Explicamos que el endoso hacia una soberanía palestina virtual, expuesta a una toma de control violenta por parte de Hamas, sería un premio al terrorismo y a la intimidación, y en consecuencia una amenaza contra la paz mundial. También dijimos que un reconocimiento no negociado y unilateral de Palestina como “Estado no miembro de la ONU” – aún cuando no mantiene el gobierno efectivo en todo su territorio – establece un precedente legal que podría crear un efecto de “bola de nieve” para otros conflictos regionales en los que entidades no estatales reclaman soberanía, como el pueblo kurdo, la ETA en España, Chechenia, la República Turca del Norte de Chipre, la República del Sahara, y el status de Taiwan y de Belice.De hecho, Belice (que integra tanto el grupo del Caribe como el de Centroamérica) constituye un buen ejemplo. Una fuente guatemalteca nos dijo: “Gran Bretaña nos impuso las fronteras con Belice. No podemos permitir que las Naciones Unidas impongan a Israel cuáles deben ser sus fronteras”. En Belice obtuvimos una respuesta interesante: se nos mostró la imagen invertida del mapa de ese país, enfatizando la similitud con Israel – si bien con una diferencia de superficie – y se nos dijo que “ambos pueblos tienen el mar a sus espaldas”. Las políticas regionales en relación con Israel están en función de las afinidades políticas, comerciales o ideológicas con la Venezuela de Hugo Chávez.La presencia de comunidades musulmanas cada vez más numerosas y la disminución de comunidades judías son factores que pesan en las decisiones; también la aparición de grupos de apoyo al jihadismo.    Guyana y Surinam fueron los primeros miembros de CARICOM que reconocieron a Palestina. La población de la exGuyana Británica tiene un origen predominantemente pakistaní, en tanto en la exholandesa Surinam hay comunidades malayas e indonesias. Más allá de todo, las reglas de la negociación se fijan a partir de los deseos de arribar a un consenso dentro de los bloques y de las aspiraciones para conseguir designaciones destacadas en Comités de la ONU.Durante nuestro paso por la República Dominicana, nos cruzamos con el veterano embajador de Qatar ante las Naciones Unidas – y flamante Presidente entrante para la próxima Asamblea General – Nasser Abdulaziz al Nasser, quien se encontraba haciendo lobby a favor de la declaración unilateral de independencia palestina y será el encargado de dirigir la votación. Con total desparpajo, nos comentó que su siguiente destino sería la reunión de Cancilleres de la Unión Europea en Polonia, donde se abordaría este asunto.Compartimos con nuestros anfitriones los detalles acerca de la instalación de la plataforma iraní para misiles Shahab 3, actualmente en construcción en territorio venezolano. Esos países se encuentran en la línea de fuego de los cohetes, que tienen un alcance de más de 2.000 kilómetros. Esta situación provocó, en República Dominicana, comentarios tales como “Chávez tiene ideas trasnochadas… Israel no puede perder una sola batalla. El reconocimiento de Palestina debe estar ligado al reconocimiento de Israel como Estado judío por parte de los palestinos”. En Trinidad y Tobago observaron: “tenemos presencia de grupos sirios radicalizados”.  En Guatemala: “nuestro silencio en torno al tema es una toma de posición a favor de Israel”. En Belice: “hay gente en nuestro país que sostiene que Israel apoya a Guatemala; pero Israel está en la misma situación que nosotros, luchando por su supervivencia”. En México: “la iniciativa palestina se sostiene en las sobre-expectativas creadas por el presidente Obama cuando declaró que desearía dar la bienvenida a un estado palestino en las Naciones Unidas en 2011. A cambio, los palestinos han prometido no comprometer a Obama, forzando un veto de Estados Unidos en el Consejo de Seguridad. Pero a los diplomáticos palestinos les gustan las sorpresas”.Un importante funcionario de una de las islas más pequeñas nos dijo: “el Estado judío ya fue reconocido por la comunidad internacional en 1947, eso es un hecho. No puede haber un retroceso. No daremos nuestro apoyo a una resolución sesgada, o que bloquee un relanzamiento del proceso de paz… Dicho esto, ¿contribuirá esta votación a la paz, o se convertirá en un nuevo obstáculo para poder poner fin al conflicto?”.La negociación está a punto de comenzar en Nueva York. Los sub-bloques de Centroamérica y el Caribe son un modelo para toda la Asamblea General de Naciones Unidas.Compartiendo la perspectiva judía, identificamos algunas voces amigas. Si son silenciadas o sobornadas en la votación sobre el status palestino, o en la parodia de “Durban III” que tendrá lugar en Nueva York, las Naciones Unidas quedarán expuestas, una vez más, como un instrumento para socavar la soberanía judía y colocar a Israel en el rol de chivo expiatorio. En cada destino de nuestro recorrido, repetimos ante nuestro eventual interlocutor la memorable sentencia de Simon Wiesenthal: “aquello que empieza con los judíos no culmina allí. Se extiende como un flagelo contra toda la sociedad”. Así ocurrió con el nazismo, así sucede con el terrorismo jihadista. La votación sobre Palestina será, del mismo modo, una señal de precaución y peligro para otras disputas y conflictos en todo el sistema internacional.

* Shimon Samuels es el Director de Relaciones Internacionales y Sergio Widder el Director para América Latina del Centro Simon Wiesenthal

quarta-feira, setembro 07, 2011

Reportagem feita pela IHU On-Line (Instituto Humanitas Unisinos On Line – Revista Digital e Gráfica)

D’us faz parte do desenvolvimento humano

Segundo o Rabino Ruben Najmanovich, o Judaísmo aspira a uma sociedade com igual acesso à dignidade e à esperança

Por: Moisés Sbardelotto e Patrícia Fachin

Nº302
Ano IX - 03.08.2009

O diálogo do Judaísmo com as outras religiões monoteístas “não quer dizer trocas ou negociações”, escreve o rabino Ruben Najmanovich à IHU On-Line (Instituto Humanitas Unisinos On Line – Revista Digital e Grafica), por e-mail. Na sua visão, “não se pode negociar valores tão fundamentais, que deram, em muitos momentos da história da humanidade, uma visão de respeito, de ética, de amor e de compreensão”.

Na entrevista que segue, concedida por e-mail, ele analisa a tradição judaica e reflete o futuro do Judaísmo na sociedade pós-moderna. Retomando a história, Najmanovich recorda que muitas foram as tentativas de eliminar Deus, de negar “aquilo que é primordial para poder crescer”. Nesta época de pós-modernidade, ele aconselha as religiões a se dedicarem à reflexão. “É tempo de refletir (...) a possibilidade de deixar conhecer a religião através do pragmatismo e de suas concepções”. Najmanovich é mestre em Ciências Sociais e Humanidade pela Universidade Nacional de Quilmes, Argentina. É membro diretor da Sinagoga da União Israelita de Porto Alegre.

Confira a entrevista.

IHU On-Line - Que aspectos históricos e culturais específicos o senhor destaca para a constituição, ao longo do tempo, dos valores centrais da ética do Judaísmo?

Ruben Najmanovich - Primeiramente a entrega da Toráh no Monte Sinai, isso inclui a Toráh escrita (shebichtav), os cinco livros de Moisés (Pentateuco), e a Toráh oral (Mishnáh) com 63 tratados. Por sua vez, os valores dos fundadores do povo de Israel: Abraão – Isaac – Iahacov (Jacó), imprimiram na identidade do povo um conceito importante, que foi uma marca indelével na constituição e construção do povo de Israel.

O pensamento dos sábios da época pós - primeiro exílio até pós-segundo exílio levou a criar paradigmas que enfrentassem os desafios requeridos. A jornada que se iniciou mediante a saída de Abraham de Ur de Casdim (Ur de Caldeia), propiciou que as trajetórias estivessem acompanhadas de uma profunda elevação ética que foi difícil de compreender para um mundo tão canibal como o de então. A concepção vital das ideias aprofundou conjugações verbais que estavam sempre adiantadas. Sem dúvida, esta forma de enfrentar a vida baseada em um modelo chamado Torá, despertou sentimentos de inveja que deram lugar à judeufobia. A falta de respostas para os paradigmas da vida foi uma das complexas situações que deu lugar às frustrações do mundo não judaico. Frustrações são situações opostas aos comportamentos éticos.

IHU On-Line - O que o Judaísmo tem de específico em sua constituição interna que, sem isso, a religião se descaracterizaria?

Ruben Najmanovich - Existem três fundamentos vitais:
1- Amarás a Teu D’us  com todo o coração;
2 - Amarás ao próximo, como a ti mesmo;
3 - Estudar, investigar e aprofundar faz parte do desenvolvimento do conhecimento.

IHU On-Line - Como o Judaísmo se relaciona com as demais tradições religiosas? Há abertura e espaço para possíveis negociações ou troca de valores?

Ruben Najmanovich - O Judaísmo respeita as demais tradições religiosas e as crenças. Existe abertura para explicar, desmistificar, esclarecer. Isso não quer dizer trocas ou negociações. Não se podem negociar valores tão fundamentais, que deram, em muitos momentos da história da humanidade, uma visão de respeito, de ética, de amor e compreensão, para obter o quê? Para que as pessoas me conheçam ou aprendam não necessito deixar de ser eu, para poder ser ele. Tenho que seguir sendo eu e explicar ao próximo o que me levou a ser de um determinado jeito.

IHU On-Line - Qual é a contribuição específica que o Judaísmo pode dar para uma possível solução à crise fundamental que vivemos hoje, a crise da economia global, da ecologia, da política?

Ruben Najmanovich - Começar a olhar para os valores sociais, ecológicos e econômicos que a Torá, sendo Divina, em sua sabedoria, dá às respostas para os questionamentos. O ano sabático  e o ano jubilar  são duas respostas aos desafios socioeconômicos e ecológicos que hoje o mundo pede.

Observar a lei de Orláh é dizer como se deve podar uma árvore, como respeitar as leis de desenvolvimento do trabalho agrário, cuidando do equilíbrio animal. Isso faz parte de um melhor olhar ecológico para nosso mundo. Entretanto, temos outros olhares: a distribuição da riqueza, o conceito do dizimo (Maaser), a justiça social (Tsedakáh), doações voluntárias (terumáh) são vitalmente fundamentais, para uma melhor convivência do ser humano com a natureza e o desenvolvimento socioeconômico.

O Judaísmo não tem uma teoria política, mas duas. Não apenas tem sua própria teoria sobre o Estado, provavelmente a primeira do gênero, mas também uma teoria política da sociedade, algo bastante raro na história do pensamento e, até hoje, não superada em sua simplicidade e humanidade.

Uma das formas que explica o conceito internalizado pelo judeu e pelo judaísmo é a palavra Tsedek, contrastando-o com duas outras teorias políticas: o capitalismo e o socialismo. O capitalismo tem como objetivo a igualdade de oportunidades, e o socialismo, a igualdade de resultados. A visão judaica aspira a uma sociedade com igual acesso à dignidade e à esperança. Diferente do socialismo, ela acredita no mercado livre, na propriedade privada e na mínima intervenção governamental. Diferente do capitalismo, acredita que o mercado livre, isento de redistribuições periódicas cria desigualdades que, com o tempo, se tornam insustentáveis, pois privam indivíduos da independência e da esperança.

Tsedek está construído sobre a ideia de que posse e propriedade são coisas distintas.

IHU On-Line - Qual é a sua opinião sobre o ecumenismo e o diálogo inter-religioso atuais para a construção da paz? Como é possível uma aproximação de fato do Judaísmo com outras religiões?

Ruben Najmanovich - A pergunta tem uma resposta muito fácil. Quando não existir mais esse questionamento, já se deu o primeiro passo para começar a dialogar, a intercambiar. Contudo, as outras religiões não deveriam se aproximar do Judaísmo? O Judaísmo foi a única fé, crença, conhecimento, filosofia de vida que concedeu à humanidade riquezas de ordem cultural, científica, social e que, principalmente, nunca sofreu uma hecatombe, como sofreram as demais religiões. Para culminar desejo expressar que a maior paz existe entre aqueles que discordam.

IHU On-Line - Em uma sociedade moderna (pós-moderna ou até mesmo ultramoderna), como fica o papel da religião? Estamos em uma sociedade pós-religiosa também?

Ruben Najmanovich – Alguns disseram que a religião atrofia as mentes, e outros, como Karl Marx, que a religião é o ópio do mundo. Todos esses achavam que eliminar D’us da relação homem com seu próximo, consigo mesmo e com o Criador, se poderia fazer com uma simples declaração ou até mesmo com uma atitude hipócrita, negando aquilo que é primordial para poder crescer e manifestar por atos. Eles passaram pela história, deixaram movimentos que, vistos de uma ótica objetiva, produziram o caos. Tolice humana não deixar D’us ser parte do desenvolvimento humano. Enquanto foi elaborado isso, fizeram-se em nome de D’us atrocidades. É tempo de refletir nesta época de pós-modernismo a possibilidade de deixar conhecer a religião através do pragmatismo e de suas concepções. Algumas crenças terão de introspectar dentro de sua teologia e observar valores equívocos, conceitos errados e didáticas sem fundamentos.

O Judaísmo tem uma riqueza tão profunda que tudo tem uma explicação, uma concepção e existem didáticas pedagógicas para transmitir. Finalmente expresso: Educação é aquilo que ficou depois de haver-me esquecido de tudo aquilo que aprendi.

domingo, setembro 04, 2011

BRITISH–BRIT–ISH, O PACTO DO HOMEM

OS ISRAELITAS BRITÂNICOS,

REINO UNIDO

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De acordo com a teoria dos judeus britânicos, os atuais habitantes brancos das Ilhas Britânicas, dos Estados Unidos e da Commonwealth são descendentes dos israelitas que foram exilados pelos assírios. Os israelitas britânicos baseiam sua teoria em conexões simbólicas, lingüísticas e outras (pseudo-históricas); por exemplo, os dinamarqueses são considerados descendentes da tribo de Dan.

Os israelitas britânicos afirmam que os assírios dispersaram os antigos israelitas na Média e na Cítia, que está associada à Escócia; da Cítia vieram os celtas, os anglo-saxões, os jutos, os dinamarqueses, os normandos e, finalmente, a linhagem da realeza britânica.

Os israelitas britânicos acreditam que a rainha da Inglaterra é descendente do rei Davi, através do rei Jaime VI, da Escócia, e do rei irlandês Fergus, o Grande, que implantou a dinastia de Iona. A Pedra da Coroação (conhecida com Pedra do Destino), hoje em dia em exibição na abadia de Westminster, em Londres, é segundo se alega, a verdadeira pedra que servia como travesseiro ao patriarca Jacó na betel Bíblica.

De acordo com essa teoria, a pedra foi levada ao Egito, carregada através do deserto selvagem pelos Filhos de Israel, e presumivelmente levada pelo profeta Jeremias a Antrim, na Irlanda, onde permaneceu por mil anos. A pedra Beth-El foi passada para Scone, na Escócia, para a coroação de reis escoceses, e trazida de lá para Londres, por Eduardo I, em 1291.

Os israelitas britânicos encontram provas dessas conexões com os antigos israelitas através de um raciocínio etimológico: British (britânico) é sinônimo da palavra hebraica “Brit-ish”, que significa “pacto do homem.” Embora aleguem em suas publicações que os celta-saxões sejam descendentes de linha direta dos antigos israelitas “e que Deus fez pactos que se aplicam a nós hoje”, a British Israel World Federation rejeita qualquer filiação ao Estado de Israel.

A teoria anglo-israelita foi desenvolvida primeiramente no século XVII e ganhou força no século XVIII com a publicação de uma série de panfletos messiânicos. À época em que o best-seller de Edward Hine - The British Nation Identified with Lost Israel -- (A Nação Britânica Identificada com as Tribos Perdidas de Israel)-- foi publicado, em 1871, o “israelitismo britânico havia se cristalizado em um movimento totalmente organizado. livro de Hine, cujo subtítulo era Forty- Seven Identifications of the British Nation with the Lost Ten Tribes of Israel (Quarenta e Sete Identificações da Nação Britânica com as Dez Tribos Perdidas de Israel), demonstra 500 provas escriturais de que os antigos israelitas se estabeleceram nas Ilhas Britânicas.

A British Israel World Federation, cuja sede é na Inglaterra, alega ter centenas de seguidores. Em Balluydubh, Irlanda, o israelitismo britânico tornou-se uma doutrina oficial da Igreja de Deus. Em Ulster (Irlanda do Norte), a teoria que atribui à Bretanha e ao trono britânico descendência da Casa de Davi, tem papel importante e algumas vezes um tanto sangrento no conflito Irlanda-Inglaterra. Alguns ramos dos israelitas britânicos têm expressado pontos de vista políticos um tanto reacionários. Há também elos entre o movimento extremista de identidade cristã, que cresceu do israelitismo britânico, e alguns movimentos racistas, antinegros e anti-semitas, dos Estados Unidos.

Uma ramificação interessante do israelitismo britânico é o United Israel World Union (União ou Sindicato Mundial Israel Unido) cujos membros -- muitos dos quais, são judeus -- acreditam na união dos descendentes de Judá (os judeus) com os descendentes de Israel.

Desde 1949 imprimem um jornal intitulado The United Israel Bulletin, que tem artigos sobre irmandades cristão-judaicas e sobre Israelitas Perdidos ao redor do mundo. Na edição de inverno de 1978, o editor escreveu: “As Dez Tribos continuam certamente existindo.

“Tudo o que tem de ser feito é descobrir que povos representam”.

BIBLIOGRAFIA

Art, “British Israelites,” Encyclopedia Judaica, Vol. 4 (Jerusalem: Keter Publishing House).

Ferris, A.J., The New Order: Great Britain and the USA Revealed as Israel, 8th ed. (London, 1941).

Glover, F.R., England - The Remnant of Judah and the Israel of Ephraim (London, 1881).

Heath, A., A reply to H.L. Goudge, The British Israel Theory (1933).

Hine, Edward, The British Nation Identified with Lost Israel: Forty- Seven Identifications of the British Nation with the Lost Ten Tribes of Israel founded upon Five hundred Scripture Proofs (London, 1871).

Hyamson, in: Jewish Quarterly Review, 15 (1902-3).

James, J.C., Hebrew and English: Some Likeness, Psychic and Linguistic (1957).

McKillop, Rev. P.S., Britain and America: The Lost Israelites (1902).

Roth, Cecil, The Nephew of the Almighty (1933).

Livros de:

Leyland Reilden, Rev. J. (London, 1876);

Barnes, George Owen (New York, 1911);

Cossell, Paulus Stephanus (Berlin, 1880);

Smith, William Woodford (Nashville, 1899);

Spencer, Morton W. (Hollis, New York, 1901);

Wormley, Augustina Elizabeth (Boston, 1918);

Eshelman, M.M. (Mt. Morris, Illinois, 1887);

Wild, Rev. Joseph (London, 1880);

Titcomb, Right Reverend Bishop (London, 1879).

O Messianismo e a Historia de las Indias

BARTOLOMEU DE LAS CASAS (1474--1566)

Bartolomeu de las Casas

Missionário espanhol e historiador, Bartolomeu de las Casas foi chamado de “apóstolo dos índios”. Ele chegou a Hispaniola (a segunda maior ilha das Índias Ocidentais) em 1502 e foi ordenado padre oito anos depois. Horrorizado e estarrecido com a escravidão cruel dos índios, o trabalho forçado nas encomiendas (sistema de trabalho tributado implantado na América Espanhola) e a tortura e carnificina dos povos nativos da região, Las Casas começou a trabalhar pela melhoria de suas condições. Seus esforços começaram em 1514 e continuaram até sua morte, em 1566.

Las Casas retornou à Espanha, a certa altura, para recomendar ao governo que agisse prontamente. Trabalhou para quebrar o poder dos donos de terra espanhóis sobre os índios escravizados no Peru, Guatemala e Chiapa. Foi peça essencial na introdução de leis humanitárias (as Novas Leis, 1542), com o intuito de proteger os

nativos da América nas colônias espanholas, que vigoraram por pouco tempo.

A maior parte das atividades de Las Casas envolvia o trabalho missionário. Era sua crença que, como seres humanos, os índios nativos americanos tinham direito, primeiramente, a um tratamento humano, e depois, à conversão. Las Casas acreditava que a conversão destes seria conceitualmente mais pertinente se pudesse ser provado que estavam originalmente relacionados a alguma linhagem da árvore do cristianismo -- a saber, se tivessem suas origens no Antigo Israel. Las Casas procurou provas de seu status como os Israelitas Perdidos da Bíblia, e depois insistiu que o tratamento adequado dispensado a esses seres neste mundo era essencial para a redenção do mundo ocidental na era messiânica.

Essas idéias foram expressas em seus escritos, que contêm muito material antropológico e histórico. Seu trabalho mais monumental foi a História de las Indias (1875--76), do qual uma coletânea foi traduzida para o inglês (Tears of the Indians and Devastation of the Indies).

BIBLIOGRAFIA

  • Duran, Padre, Historia de Nueva Espana (1585) [Duran foi um dos primeiros a identificar os índios americanos com as Dez Tribos Perdidas.]
  • Glaser, Lynn, Indians or Jews? (California: Gilroy, 1973).
  • Hanke, Lewis, The Spanish Struggle for Justice in the Conquest of America (Philadelphia, 1949).
  • Hanke, Lewis, Bartholome de las Casas , The Hague, 1951.
  • Jones, Charles Colcock, Antiquities of the Southern Indians (New York, 1873).
  • Jones, George, The Original History of Ancient America: Founded on the Ruins of Antiquity: The Identity of the Aborigenes with the People of Tyrus and Israel: and the Introduction of Christianity by the Apostle Saint Thomas (London, 1843).
  • Las Casas, Bartholome de, A Selection of his Writings, trans. and ed. by George Sanderlin (New York, 1972).
  • Las Casas, Bartholome de, Tears of the Indians (transl. from Historiade las Indias 1875-76; ed., John Phillips, 1953.
  • Las Casas, Bartholome de, Devastation of the Indies (transl. from Historia de las Indias 1875-76; 1974).
  • Thorowgood, Thomas, Jewes in America or Probabilities that the Americans are of that Race (London, 1650).
  • Biographies: H.R. Wagner (1967); and Juan Friede and Benjamin Keen, ed. (1971).