terça-feira, abril 16, 2019

Pesaj Kasher Vesameaj - Pêssach Kasher Vesameach


"Kasherização" dos utensílios para Pêssach


"Kasherização" dos utensílios para Pêssach

O mais aconselhável é utilizar utensílios exclusivos para Pêssach ou novos, durante toda a festa de Pêssach. Isto porque as leis de kashrut de Pêssach são complexas e cheias de pequenos detalhes. O princípio básico determinante é que, embora sejam rígidas e vedadas, as paredes dos utensílios absorvem parte do sabor do alimento cozido nas mesmas e, desta forma, um utensílio no qual se cozinhou chamêtz ("utensílio de chamêtz") possui sabor de chamêtz absorvido em seu material e é terminantemente proibido utilizá-lo em Pêssach. Se, por engano, em Pêssach, se cozinhou em um utensílio de chamêtz – caso tenham passado 24 horas desde o último cozimento do chamêtz –, de acordo com o costume dos sefaradim, é possível ser leniente e consumir o alimento. Para os ashkenazim, no entanto, o alimento é proibido ao consumo.
A principal regra nas halachot de "kasherização" dos utensílios em Pêssach é o conceito "conforme o absorve, assim o expele", isto é, da maneira por meio da qual o sabor dos alimentos é absorvido por um utensílio, assim também pode ser expelido pelo mesmo. No caso de um sabor que tenha sido absorvido por meio de água fervente, como uma panela na qual se tenha cozinhado uma sopa que contém chamêtz, deve-se imergir o utensílio em água fervente – em ebulição; desta forma, o sabor do chamêtz é expelido do mesmo. Esse método de kasherização chama-se "hagalá". Entretanto, no caso de um utensílio que tenha absorvido o sabor do alimento por meio do calor do fogo, sem líquidos, por exemplo, uma forma na qual se assou um bolo, para que se consiga expelir o sabor de chamêtz, é necessário aplicar fogo sobre o mesmo - com um maçarico, por exemplo, até que saiam dele faíscas. Esse método é chamado de "libun".
É importante enfatizar que, antes da "hagalá" (esterilização com água fervente) dos utensílios, deve-se evitar o uso dos mesmos por 24 horas. Da mesma forma, deve-se limpar muito bem o utensílio que vai passar pela hagalá de todo e qualquer resíduo de alimentos aderentes ao mesmo. Entretanto, antes do "libun" (esterilização incandescente – com fogo de maçarico), não é necessário limpar tão bem os utensílios, já que o fogo queimará quaisquer resquícios de alimento grudados em suas paredes. As alças e cabos dos utensílios também devem ser "kasherizadas", e quando são presas aos mesmos por meio de parafusos, deve-se desmontá-las antes da hagalá, para limpeza. Muitos costumam ser rigorosos, lavando os utensílios em água fria após a sua hagalá.
No caso da frigideira, já que o seu uso comum é fritar com um pouco de óleo, a kasherização deve ser por meio de libun. No caso de uma frigideira de teflon, no entanto, na qual é possível fritar sem óleo, não se pode kasherizá-la para Pêssach, já que ela seria danificada pelo libun. Da mesma forma, é proibido kasherizar para Pêssach formas de bolo caseiras, que podem ser danificadas por causa do libun. Deve-se comprar formas novas.
Quanto aos utensílios de vidro, o costume dos sefaradim é lavá-los bastante e usá-los sem qualquer kasherização especial para Pêssach. Pelo rito ashenazi, costuma-se não kasherizá-los para Pêssach, e, num momento de extrema necessidade, é permitido ser leniente e kasherizá-los por meio de hagalá (em água fervente), por três vezes. Utensílios simples de plástico flexível não devem ser kasherizados para Pêssach, e, se forem feitos de plástico rígido, devem ser kasherizados por hagalá. É proibido kasherizar para Pêssach utensílios de cerâmica e porcelana. O copo de Kidush deve ser kasherizado também por meio de hagalá.

Pêssach: Kitniot (leguminosas)


Kitniot (leguminosas)

O chamêtz que a Torá proibiu é aquele proveniente das cinco espécies de cereais (trigo, cevada, aveia, centeio e espelta), mas no Talmud é trazida a opinião de Rabi Yochanan, que determina que o arroz deve ser considerado como mais uma variação das cinco espécies e que também a sua fermentação a Torá proibiu. No entanto, os demais sábios discordam dele e permitem comê-lo em Pêssach. Há cerca de 700 anos, as comunidades ashkenazim começaram a adotar maior rigor e não mais comer kitniot (leguminosas) em Pêssach. Os principais motivos para esse costume foram: 1. Pelo fato de se fazer farinha de algumas dessas espécies; isso gerou o receio de que as pessoas viessem a assar também massas de farinha das cinco espécies em Pêssach, sem o cuidado com a fermentação. 2. Ou pela similaridade entre os cereais e as leguminosas, já que ambos são granulados e armazenados por longos períodos, causando o receio de que sejam misturados entre si. Assim, o costume dos ashkenazim até hoje é proibir o consumo de kitniot na festa de Pêssach.
Embora o costume dos sefaradim seja comer kitniot na festa de Pêssach, eles devem tomar o cuidado de verificá-los muito bem antes do consumo para certificar que não se misturaram com os cinco cereais. Hoje em dia, porém, muitos sefaradim (principalmente os marroquinos) são rigorosos e não comem arroz em Pêssach, por causa de um episódio em que foram encontrados resíduos de trigo no arroz. Portanto, os que são lenientes e costumam comê-lo devem verificá-lo três vezes antes de consumi-lo. Em todo e qualquer caso de dúvida haláchica sobre como proceder, deve-se consultar um Rav possek (rabino legislador) especialista nessas halachot.
Nos casos de casais em que um dos cônjuges descende de uma família que não costuma comer kitniot e o segundo costuma comê-los, a esposa deve seguir os costumes do seu marido. No caso de uma ashkenazia casada com um sefaradi, a partir do casamento consumado, a esposa pode passar a comer kitniot em Pêssach e, de acordo com algumas opiniões rabínicas, deve fazer hatarat nedarim (anulação de votos, juras, promessas e obrigações em geral), pelo fato de estar modificando um de seus costumes ancestrais estabelecidos.
A seguir, listaremos algumas variedades de kitniot (leguminosas): arroz, ervilha, houmus, mostarda, lentilha, feijão, milho, gergelim, flocos de milho (corn flakes). Com relação ao amendoim, há divergências rabínicas, e quem não tem neste caso um costume definido pode ser leniente. É costume ser rigoroso com relação ao óleo de soja, em termos da proibição de kitniot.
Amêndoas, nozes, pistache não são kitniot. Da mesma forma, fécula de batata não se inclui na proibição de kitniot e é permitido consumi-la, até mesmo para os ashkenazim. O costume difundido é ser leniente com relação ao óleo de algodão, que também não se inclui na proibição de kitniot.
Quem costuma seguir a proibição de consumo de kitniot pode comer e cozinhar em utensílios de quem não segue esta proibição, com a condição de que tenham passado 24 horas desde a última utilização deste utensílio para cozinhar kitniot. Bediavad (post factum), se um alimento foi cozido neste utensílio (usado para kitniot) antes das 24 horas citadas, este alimento é kasher. Quando há necessidade, para crianças ou doentes, mesmo que não corram qualquer risco, é possível ser leniente e dar-lhes de comer kitniot. Entretanto, deve-se separar utensílios especiais para esta função e, certamente, examinar e verificar bastante as espécies de kitniot, antes de lhes dar para comer.