quinta-feira, abril 28, 2011

Nem Sempre Freud Explica...

Três Momentos, Três Vidas

Uma historia veridica a respeito de Victor Frankl, o criador da Logoterapia

clip_image002

clip_image003Gostaria de partilhar com vocês uma história sobre uma menina judia que se tornou cantora de ópera, cantando na frente de Adolf Hitler, sobre um mundialmente famoso mestre espiritual judeu e sobre um psiquiatra também mundialmente famoso – e como essas três vidas se tocaram.

Foi um estranho fenômeno. O afamado professor Victor Frankl. autor do eterno campeão de vendas “a Busca do Homem por um Significado” e fundador da Logoterapia, todo ano enviava um cheque para o Chabad de Viena antes das Grandes Festas. Ninguém no Beit Chabad ou na comunidade judaica podia entender por quê. Aqui estava um homem que não era afiliado de maneira alguma com a comunidade judaica de Viena. Ele não comparecia à sinagoga nem sequer em Yom Kipur. Era casado com uma católica muito religiosa. Não foi enterrado no cemitério judeu de Viena. Porém, não deixou sequer um único ano de enviar uma contribuição a Chabad antes de Yom Kipur.
O enigma somente foi esclarecido em 1992.

Eu Sou o Primeiro Emissário

Margareta Chajes entrou no escritório de meu colega, Rabino Jacob Biederman, embaixador de Chabad na Áustria. Rabino Biederman construiu o magnífico “Campus Lauder” em Viena, criando um renascimento judaico na Áustria, o país que deu nascimento ao maior monstro da história, Adolf Hitler (yemach sehmo).

Margareta, uma mulher de 85 anos, estava muito bem vestida, e parecia jovem e enérgica. Ela disse ao rabino Biederman: “Sei que você é o primeiro sheliach, o primeiro emissário, do Rebe de Luavitch a Viena; porém não se trata disso. Atuei como a primeira embaixadora do Rebe na cidade, muitos anos antes de você.”

Na década de 1930 Margareta era uma jovem cantora de ópera em Viena. Ela chegou até a atuar no Festival de Ópera de Salzburgo em 1939, na presença do próprio Hitler. Fugiu para os Estados Unidos, mas perdeu a família no Holocausto. Anos depois, ela fez uma visita ao Rebe que tornou-se uma figura paterna para ela.

Dos Chassidim para a Ópera

Ela começou a relatar sua história. O nome de solteira de Margareta era Hager; era herdeira da famosa família chassídica Hager, que produziu o Rebe e os líderes do grupo chassídico de Vishniz.

Quando jovem, ela saiu de casa. O estilo de vida e as crenças de seus pais não a inspiravam. Viajou ao centro cultural do mundo, Viena, onde Margareta Hager, neta dos Rebes chassídicos Vishnitzer, se tornou cantora de ópera.

Margareta cantou no Festival de Salzburgo dos anos 1930 – um importante festival de música e drama, apresentado todo verão na cidade austríaca de Salzburgo, terra natal de Wolfgang Amadeus Mozart.

Em 12 de março de 1938, tropas germânicas marcharam para Salzburgo. A Anschluss – anexação da Áustria pela Alemanha – agora estava completa, e a ideologia nazista começou imediatamente a afetar o Festival de Salzburgo. Todos os artistas judeus foram banidos, os maestros e compositores judeus foram “deletados”. Porém Margareta Chajes ainda estava se apresentando.

Em agosto de 1939, Hitler compareceu a duas óperas de Mozart. Ele não sabia que uma das jovens cantando tão magnificamente era uma jovem judia, herdeira de uma família chassídica: Margareta Chajes.

Pouco depois, a administração geral fez um anúncio de surpresa dizendo que o Festival terminaria a 31 de agosto – uma semana antes do final programado para 8 de setembro. O motivo era, supostamente, que a Filarmônica de Viena teria de se apresentar na Convenção do Partido em Nuremberg. Porém os alemães eram mentirosos brilhantes. O verdadeiro motivo se tornou aparente em 1º de setembro, quando o exército alemão invadiu a Polônia e desencadeou a Segunda Guerra Mundial – há exatos 70 anos – que exterminou um terço de nosso povo, incluindo grande parte da família de Margareta.

Na própria noite do seu desempenho no Festival de Salzburgo, amigos próximos a contrabandearam para a Itália. Dali ela conseguiu embarcar no último navio para os Estados Unidos antes que a guerra irrompesse dias depois. Margareta estabeleceu-se em Detroit, onde se casou com um jovem judeu de sobrenome Chajes (neto de um dos mais famosos rabinos e comentaristas talmúdicos do século 19, o Maharatz Chayot) e tiveram uma linda filha.

Para encurtar uma longa história... Estamos agora muitos anos depois da guerra. Os judeus estão reconstruindo suas vidas e suas carreiras. Os rabinos estão reconstruindo suas comunidades. Porém um rabino estava pensando não apenas na própria comunidade.

Veja, a filha de Margareta casou-se com um proeminente médico judeu, que foi homenageado com um jantar numa instituição Chabad nos Estados Unidos. Sua sogra, Margareta, conseguiu uma audiência com o Rebe de Lubavitch, Rabi Menachem Mendel Schneerson.

“Entrei na sala do Rebe,” relatou Margareta ao Rabino Biederman, “não posso explicar por quê, mas de repente, pela primeira vez depois do Holocausto, eu senti que podia chorar. Eu – como tantos outros sobreviventes que tinham perdido famílias inteiras – jamais tinha chorado antes. Sabíamos que se começássemos a chorar, talvez não parássemos nunca mais, ou que para sobreviver não poderíamos expressar nossas emoções. Porém naquele momento, foi como se uma represa obstruindo minha catarata de lágrimas fosse retirada. Comecei a soluçar como um bebê. Partilhei com o Rebe toda a minha história: a infância inocente; a saída de casa; tornar-me uma estrela em Viena; cantar na frente de Hitler; escapar para os Estados Unidos; saber da morte dos meus parentes mais próximos.

“O Rebe ouviu. Porém ele não escutou somente com os ouvidos. Ele ouvia também com os olhos, com o coração, com a alma, e ouviu tudo. Compartilhei tudo aquilo e ele absorveu tudo. Senti que o Rebe me adotara como sua filha.”

Dois Pedidos

Ao final da minha conversa com o Rebe, expressei meu forte desejo de voltar a Viena para uma visita. O Rebe pediu que antes que eu fizesse a viagem, fosse visitá-lo novamente.

Pouco tempo depois, a caminho de Viena, visitei o Rebe. Ele pediu-me um favor: visitar duas pessoas durante minha estada na cidade. A primeira era o Rabino Chefe de Viena, Rabino Akiva Eisenberg, para levar-lhe recomendações do Rebe (o Rebe disse que seu secretariado me daria os detalhes e a literatura para dar a Rabino Eisenberg). A segunda pessoa que ele queria que eu visitasse eu teria de procurar por mim mesma. O Rebe disse que era um professor da Universidade de Viena e seu nome era Dr. Victor Frankl.

Você Vai Vencer

“Transmita minhas recomensacões ao Dr. Frankl,” disse o Rebe, “e diga a ele em meu nome que não deve desistir. Ele deve continuar forte e prosseguir sua obra com vigor e paixão. Se ele continuar forte, vai vencer.”

Usando o dialeto alemão, para que Margareta pudesse entender, o Rebe falou durante um longo tempo sobre as mensagens que ele desejava transmitir ao Dr. Frankl. Quase quarenta anos depois ela não lembra todos os detalhes, mas o ponto principal era que o Dr. Frankl jamais deveria desistir e deveria continuar trabalhando para atingir suas metas com coragem e determinação inabaláveis.

“Não entendi uma palavra que o Rebe disse. Quem era Dr. Frankl? Por que o Rebe estava lhe enviando essa mensagem? Por que por meu intermédio? Eu não tinha resposta para nenhuma dessas peguntas, mas obedeci.”

Margareta viajou a Viena. Sua visita a Rabino Eisenberg foi simples. Encontrar Victor Frankl provou ser mais difícil. Quando ela chegou à Universidade, foi informada que o professor não tinha aparecido há duas semanas. Portanto não havia como encontrá-lo. Após algumas tentativas frustradas de localizá-lo na Universidade, Margareta desistiu.

Sentindo-se culpada por não cumprir o pedido do Rebe, ela decidiu desrespeitar os costumes austríacos. Procurou o endereço particular do professor, foi até lá e bateu à porta.

Uma mulher atendeu: “Posso ver o Professor Frankl, por favor?”

“Sim, espere um pouco.”

“Vi uma sala repleta de cruzes,” continua o relato de Margareta. “Obviamente era um lar cristão. Pensei comigo mesma que deveria ser um engano; esta não pode ser a pessoa que o Rebe me encorajou a conhecer.”

Veja, em 1947 Frankl casou-se com sua segunda esposa – uma católica muito devota, Eleonore Katharina Schwindt.

Viktor Frankl apareceu alguns instantes depois. Após certificar-se que ele era o professor da Universidade, ela disse que tinha recomendações para ele. “Ele estava bastante impaciente, e pareceu muito desinteressado. Senti-me pouco à vontade.”

“Trago recomendações de Rabi Schneerson do Brooklyn, em Nova York,” disse-lhe Margareta.

“Rabi Schneerson pediu-me para lhe dizer em nome dele que o senhor não deve desistir. Deve permanecer forte e continuar sua obra com determinação inabalável, e assim vai vencer.”

“Não se entregue ao desespero. Continue marchando com confiança,” disse Rabi Schneerson, “e eu prometo que terá grande sucesso.”

“De repente, o desinteressado professor desmoronou. Ele começou a soluçar como um bebê. Não conseguia se acalmar. Eu não entendia o que estava acontecendo. Apenas o via soluçar incontrolavelmente.

“Uau,” disse o Dr. Frankl. “Este Rabino do Brooklyn sabia exatamente quando mandar você aqui.” Ele não sabia como agradecer a ela o suficiente.

“Então, vê só, Rabino Biederman... ”Margareta completando o seu relato. “Fui emissária do Rebe em Viena muitos anos antes de de o senhor aparecer.”

Grato para Sempre

Rabino Biederman ficou intrigado. Victor Frankl tinha agora 87 anos de idade e era uma celebridade internacional. Escrevera 32 livros que foram traduzidos em 30 idiomas. Seu livro “Man’s Search for Meaning”, “A Busca do Homem por um Significado” foi considerado pela Biblioteca do Congresso como um dos livros mais influentes do Século Vinte. Qual era o segredo por trás da mensagem do Rebe a Victor Frankl?

“Eu o chamei imediatamente,” lembra Biederman.

“Você se lembra de Margareta Chajes?” perguntou Rabino Biederman ao Dr. Frankl.

“Não,” respondeu o professor. Bem, ele pode ser perdoado. Mais de 40 anos tinham se passado.

“Você se lembra de uma recomendação que ela lhe trouxe da parte de Rabi Schneerson do Brooklyn?” perguntou Rabino Biederman ao professor.

De repente houve uma mudança em sua voz. Dr. Frankl derreteu como manteiga numa frigideira quente.

“Claro que me lembro. Jamais esquecerei. Minha gratidão ao Rabi Schneerson é eterna.”

E Victor Frankl começou a desvelar o “resto da história”, que capta um dos mais notáveis debates dos últimos 100 anos, encerra a essência do Judaísmo e nos revela o segredo de Kol Nidrei.

Nos Campos

Victor Frankl nasceu em 1905 – três anos depois do Rebe de Lubavitch – em Viena. O jovem Frankl estudou Neurologia e Psiquiatria e em 1923 tornou-se parte do seleto círculo de um dos judeus mais famosos da época, Dr. Sigmund Freud, o “Pai da Psicanálise”, que morava e trabalhava em Viena.

A “solução Final” não poupou a família Frankl (7). O pai e a mãe de Victor foram mortos em Auschwitz; sua primeira esposa judia, grávida, foi assassinada em Bergen Belsen. Todos os seus irmãos e parentes foram exterminados. Professor Frankl foi o único sobrevivente (ele tinha uma irmã que emigrou para a Austrália antes da guerra.) Ele retornou a Viena onde ensinou Neurologia e Psiquiatria na Universidade de Viena.

O Grande Debate

Já antes da guerra, e ainda mais durante seus três anos nos campos nazistas, Victor Frankl desenvolveu ideias que diferiam radicalmente daquelas de Freud. Porém todo o corpo docente de seu departamento na Universidade era formado por ferrenhos eruditos freudianos. Academicamente, eles diminuíam Victor Frankl, chamando suas ideias de “pseudo-ciência”, e a piada do século.

Veja, amigos, não era um debate pequeno. Esses dois judeus estavam debatendo o significado da identidade humana e Victor Frankl estava advocando uma opinião extremamente diferente da então dominante teoria freudiana. Numa palavra: um ser humano tem uma ALMA, que nós judeus chamamos de neshamá.

Freud, como a maioria das escolas médicas. enfatizava a ideia de que todas as coisas se resumem à fisiologia. A mente e o coração humanos podem ser mais bem entendidos como um “efeito colateral” dos mecanismos cerebrais. Os seres humanos são como máquinas, reagindo a estímulos vindos do interior ou do exterior, uma máquina completamente física, previsível e desprovida de divindade, embora uma máquina muito complicada, criando psicóticos, neuróticos e, claro, psiquiatras.

[A diferença? O neurótico constrói castelos no ar; o psicótico mora dentro deles, e o psiquiatra? –Ele cobra aluguel de ambos.]

Victor Frankl discordava. Ele sentia que Freud e seus simpatizantes reduziam o ser humano a uma mera criatura mecânica, privando-o de sua verdadeira essência. “Se Freud estivesse nos campos de concentração,” escreveu Frankl, “ele teria mudado sua posição.” Além dos impulsos e instintos das pessoas, ele teria encontrado a “capacidade humana de auto-transcendência.” O homem é aquele ser que inventou as câmaras de gás de Auschwitz; no entanto, ele é também aquele ser que entrou naquelas câmaras de cabeça erguida, com o Shemá Yisrael em seus lábios.”

“Nós que estivemos em campos de concentração podemos lembrar dos homens que passavam pelos barracões confortando outros, dando-lhes seu último pedaço de pão. Talvez eles tenham sido poucos em número, mas foram prova suficiente de que tudo pode ser tirado de um homem, exceto uma coisa: A última das liberdades humanas – escolher a própria atitude em qualquer conjunto de circunstâncias, escolher o próprio caminho.”

É claro que há muitas coisas na vida sobre as quais não temos controle. Porém há uma dimensão do ser humano – a essência da identidade humana – que nada nem ninguém pode controlar. É transcendente pela própria natureza – livre, desinibida, integral e profundamente espiritual, jamais definida pelas circunstâncias da vida e suas limitações, mas sim livre para defini-las, para definir seu significado e mensagem.

Uma pessoa – ensinava ele – não era um filho do seu passado, mas sim o pai de seu futuro.

Escárnio

Porém na Universidade, nos anos 40 1 50, eles definiam as ideias de Frankl como sendo de religiosidade fanática, que despertava todas as antigas e não-científicas noções de consciência, religião e culpa. Não era popular para os alunos frequentarem os seus cursos.

“A situação era horrível ,” disse Frankl ao Rabino Biederman. Então acrescentou essas palavras chocantes: “Eu pude sobreviver aos campos da morte alemães, mas não poderia sobreviver à horrível zombaria de meus colegas na Universidade, que não paravam de me provocar e de diminuir cada progresso que eu fazia.”

“A pressão contra mim era tão grave, que decidi desistir. Era simplesmente demais para suportar emocionalmente. Eu estava esgotado, exausto, deprimido. Caí num estado de melancolia. Eu estava assistindo a todo o trabalho da minha vida desmoronar perante meus olhos. Um dia, sentado em casa, comecei a rascunhar meus papéis de desistência do emprego na Universidade. Na batalha entre Freud e Frankl – Freud sairia triunfante. A falta de alma se provaria mais poderosa que a existência da alma.

Esperança

“E então de repente, enquanto estou sentado em minha casa, deprimido, rejeitado, sentindo-me por baixo, eis que entra uma linda mulher. Ela me dá lembranças de um mestre chassídico, Rabi Schneerson do Brooklyn, New York. Sua mensagem? ‘Não ouse desistir. Não ouse se desesperar. Se você continuar sua obra com absoluta determinação, vai vencer.’ Eu não podia acreditar em meus ouvidos. Alguém no Brooklyn, nada menos que um Rebe chassídico, sabia do meu sofrimento? E ainda mais – ele se importava com o meu sofrimento? E o que era ainda mais – ele enviara alguém para me localizar em Viena para dar-me coragem e inspiração?”

“Comecei a chorar. Solucei descontroladamente. Eu estava tão abalado. Senti-me um homem transformado. Era exatamente aquilo que eu precisava ouvir. Alguém acreditava em mim, no meu trabalho, nas minhas contribuições, em minhas ideias sobre a infinita transcendência e potencial da pessoa humana e na minha capacidade de vencer.
“Naquele mesmo instante eu soube que não me renderia. Rasguei meus papéis de demissão. Uma nova vitalidade começou a brotar dentro de mim. Eu estava confiante, seguro e motivado.”

“Na verdade,” continuou Frankl, “as palavras dele se tornaram realidade. Poucos meses depois, recebi uma cadeira na Universidade.”

E pouco tempo depois, a obra magna de Frankl, “A Busca do Homem por um Significado” foi traduzida para o inglês. Tornou-se não apenas um contínuo campeão de vendas até hoje, como tem sido considerado um dos livros mais influentes do Século Vinte.

A carreira do professor começou a decolar. Aquele que já sofrera zombarias tornou-se um dos mais celebrados psiquiatras de uma geração. “A Busca do Homem por um Significado” foi traduzido em 28 idiomas e já vendeu mais de 10 milhões de cópias durante sua vida. Frankl tornou-se um palestrante convidado a 209 universidades em todos os 5 continentes, recebeu 29 doutorados honoríficos de universidades do mundo inteiro, e recebeu 19 prêmios e medalhas nacionais e internacionais pela sua obra em psicoterapia.

Seu tipo de terapia inspirou milhares de outros livros, seminários, workshops, grupos espirituais e new-age, que têm sido todos baseados nas ideias de Frankl sobre a capacidade singular do ser humano de escolher seu caminho e descobrir significado em toda experiência. Desde “A Estrada menos viajada” de Scot Peck até “Sete Hábitos” de Steven Covey, e centenas de outros campeões de vendas nos últimos 30 anos, todos eles foram estudantes das perspectivas de Victor Frankl.

Victor Frankl concluiu sua história ao Rabino Biederman com essas palavras: “Serei para sempre grato a ele,” ao Rebe de Lubavitch. Eu amo Chabad.”

Não sabendo com quem estava falando também, Frankl acrescentou: “Há alguns anos, Chabad estabeleceu-se em Viena. Comecei a dar-lhe apoio. Você também deveria ajudar. Eles são o que há de melhor…”

E finalmente, Rabino Biederman entendeu por que ele recebia um cheque pelo correio antes de cada Yom Kipur.

A conversa deles chegou ao final.

Tefilin todo dia

Porém a história não terminou. Em 2003, Dr. Shimon Cown, um australiano de Lubavitch especialista em Frankl, foi visitar sua viúva não-judia, Elenor, em Viena.

Ela pegou um par de tefilin e mostrou a ele: “Meu falecido marido colocava isto cada dia, todos os dias,” disse ela.

Então tirou um par de tsitsit que ele fizera para si próprio.

À noite na cama, Victor costumava recitar o Livro de Tehilim (Salmos).

Vocês entenderam? Em Yom Kipur ninguém o via na sinagoga, mas ele não perdia um dia de Tehilim.

Quando lhe perguntavam em entrevistas se ele acreditava em D'us, ele geralmente não dava uma resposta direta.

Porém ele não perdia um dia de tefilim!

Oy, que judeu!

O Soldado

Em 1973, um soldado israelense jazia no hospital, deprimido e rejeitado, dizendo que queria cometer suicídio.

Veja, ele tinha perdido as duas pernas na Guerra de Yom Kipur. Sentia que sem as pernas seu futuro não trazia qualquer esperança.

Um dia, entrou um médico no quarto. O soldado estava sentado ereto, e parecia relaxado e feliz. O médico olhou para ele, e viu que seus olhos tinham recuperado aquele olhar ardente.

“O que aconteceu?”, perguntou o médico.

O soldado apontou para sua mesa de cabeceira. Ele tinha acabado de ler “A Busca do Homem por um Significado” e as histórias sobre como certos judeus se comportavam nos campos da morte. Ele aprendeu sobre a capacidade do ser humano de escolher transformar a adversidade em triunfo, descobrindo o significado nas experiências de sua vida. “Isso me transformou,” disse o soldado.

Uma Mensagem

Este, amigos, foi o potencial que o Rebe viu quando decidiu enviar Margareta a uma missão em Viena.

Imagine: uma única mensagem de um homem no Brooklyn que se importava, literalmente transformou dezenas de milhões de vidas!

E qual era a mensagem? Não se desespere. Você vai vencer. Pois o Lubavitcher Rebe estava determinado a espalhar esta mensagem ao mundo: nóspossuímos uma alma, sem sombra de dúvidas; a alma é a parte mais profunda e real de nós mesmos; e que, não viveremos uma vida plena se não acessarmos nossas almas.

O que é uma alma?

Uma alma é nossa identidade interior, nossa razão de ser. A alma da música é a visão do compositor que energiza e dá vida às notas tocadas na composição musical. As verdadeiras notas são como o corpo expressando a visão e o sentimento da alma dentro dele. Cada alma é a expressão da intenção de visão de D'us ao criar aquele ser específico. A alma é o próprio tecido de nosso ser – como foi concebido pela visão de D'us ao querer que nós existíssemos. Cada um de nós é uma nota musical única numa grande composição cósmica. Cabe a nós descobrir nossa alma – nosso chamado mais alto – e tocar sua música única.

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Uma historia relatada pela “primeira embaixadora do Rebe” em Viena, Áustria. Muito antes que exista um sheliach do Rebe. Agradeço de coração por haver recebido esta historia e poder transmitir-lá no Blog, para o conhecimento de muitos a respeito da magnitude e a grandiosidade do Rebe, e seu amor pelo próximo. Que siga nos iluminando e guiando.

sábado, abril 23, 2011

O judaísmo é uma forma de vida. Idade Media: Sábios de Sefarad

Filosofia Judia na Idade Media

2ª Parte

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Para começar com uma síntese dos pensadores e escritos através dos séculos partiremos cronologicamente uns 400 anos depois da compilação de Talmud.

O primeiro e mais destacado pensador foi Rav Saadia Gaón. Este filósofo viveu no século X, nasceu no Egito, mudou-se a Eretz Israel, posteriormente a Babilônia em árabe.

Seu livro Emunot Vedeot (Crenças e idéias), trata os princípios teóricos do judaísmo integrando as concepções do filósofo grego Aristóteles sobre D’us e sua distância do mundo criado, com as concepções do judaísmo sobre o bem e o mal, o castigo e a recompensa. Também dedica uma parte considerável desta obra ao tema da redenção de Israel.

Os Sábios de Sefarad

Os sábios judeus de al- Andaluz, filósofos, científicos e literatos, até o século XIII, são árabe-falantes e em conseqüência escrevem em árabe culto de seu entorno.

Ibn Shaprut

O sábio Chasdai Ibn Shaprut (pero de 910-970) foi o médico da corte de Abd al-Rahman III e al-Hakam II (filho de Abd al-Rahman III). Esta eminente personalidade alcançou uma posição de relevância política que nenhum outro judeu havia conseguido até então na Espanha e o primeiro personagem hispano-hebreu cuja vida e obra conhecemos com detalhe.

Pertencia a uma importante família judaica oriunda de Jaén e foi seu pai Itzchak Ben Ezra Ben Shaprut, um homem que parece muito rico e piedoso, quem decidiu mudar-se para Córdoba, a capital de al-Ándalus para se estabelecer ali.

Recebeu Chasdai uma esmerada educação judaica e pôs também seu empenho em estudar medicina, sobressaindo notavelmente nesta ciência. Também mostrou um grande interesse pelos estudos lingüísticos e mesmo assim dedicou seu tempo à aprendizagem das línguas árabe e latina.

Embora pareça que seu principal cargo foi ser médico de califa cordobés, desempenhou também outras importantes funções. Seu conhecimento das línguas lhe permitiu realizar em ocasiões missões diplomáticas de êxito pela corte de Córdoba, de modo que também deixou sentir influencia na política exterior do califado.

No campo da medicina colaborou com o grupo que traduziu ao árabe o original grego da Matéria Médica de Dioscórides Penádeo de Cilicia (40-90) - o primeiro tratado serio e livre de superstições sobre botânica e farmacologia- e que recopilou em dita obra todo o saber farmacológico do seu tempo. Este importante texto foi um dos presentes que o imperador de Bizâncio, Constantino Porfirogenetos, fez ao Califa Abd al-Rahman III com motivo das boas relações diplomáticas existentes entre os dois países.

Com o fim de levar a cabo a versão da obra ao árabe o califa pediu ao imperador que se proporciona um perito em língua grega para que se traduza do original grego ao latim O monge Nicolas foi enviado a Córdoba para realizar tal missão e Chasdai colaborou com ele, pois devido aos seus conhecimentos da língua latina e da ciência médica sua intervenção foi de grande importância para que a mencionada versão árabe se concretiza. Com respeito ao talento diplomático de Chasdai e suas conquistas neste campo destacaremos sua intervenção nas negociações com a rainha Toda de Navarra, que compareceu a Córdoba no ano 958 com seu neto Sancho I o Craso, rei de Leon (956-958/960-966) que buscava o apoio de Abd al-Rahman III para recuperar seu reino e seus serviços médicos de Chasdai para curar-se de sua hidropisia. A atuação de Chasdai neste caso, como médico e diplomático, deu lugar a uma benéfica aliança cuja realização se atribuiu a sua habilidade e talento.

“Maior interesse despertou essa florescente cultura árabe entre os embaixadores transpirinaicos que traziam missões diplomáticas diante dos califas cordobeses”.

Instalados na capital do califado, logo vieram as superioridades científicas, filosóficas e culturais de Islã sobre os reinos cristão europeus e sentiram em seguida a avidez de se levar quanto podiam de livros, de saberes e ainda de intelectuais e científicas na pessoa. É o caso dos embaixadores acolhidos por Abd al-Rahman III (912-961) e seu amigo íntimo, eminente científico, o judeu Chasday ibn Shaprut (h.910-970), que tanto lhe ajudou em missões diplomáticas, através das quais a ciência árabe penetrou na Europa. Tais foram as que receberam do imperador germânico Oto I (912-973) e do rei Franco Hugo Capeto (938-996), conhecido como Hugo I “(Joaquín Lomba Fuentes: a raiz semítica do europeu)”.

“As duas grandes conquistas que fizeram célebres e Hasday no campo da medicina foram sua tradição do Dioscórides e a invenção de um prodigioso fármaco que viera a ser como uma espécie de penicilina de seu tempo. (...) A conquista de Hasday no campo da medicina foi à invenção de um fármaco” triaca “(theriaca), chamado em árabe furq, de extraordinárias propriedades curativas. No século I antes da era cristã, o rei Mitriades Eupator descobriu o remédio curativo Theriaca. Mais tarde, o médico de Nero, Andrómaco de Creta, havia se aperfeiçoado fármaco criando uma droga de 61 elementos. Com o passar do tempo, a fórmula se perdeu e constituiu o objeto da busca de muitos médicos. Hasday conseguiu dar de novo com a fórmula.” (Carlos del Valle Rodríguez: A Escola Hebraica de Córdoba)

Chasdai foi considerado como Nasí (príncipe) das comunidades judaicas de Al-Andaluz. Entre seus protegidos se encontram os dois primeiros poetas hispano-hebreu: Dunash ben Labrat e Menachem ben Saruk, pioneiros também dos estudos gramaticais.

Ibn Pakuda

Sempre em Al-Andaluz, o filósofo e moralista judeu zaragozano Behaya Ibn Pakuda (segunda metade do século XI), influenciado pelas correntes gnósticas islâmicas e neoplatônicas, escreveu em árabe “Chovot Halevavot” (Os deveres do coração) uma das obras mestras da literatura ascética.

Nesta obra Ibn Pakuda, se dedica a definir as qualidades que o indivíduo deve desenvolver para servir a D’us e cumprir com sua missão neste mundo. Também assinala as diferenças entre os deveres que recaem sobre o coração e os que recaem sobre os demais órgãos do ser humano (é dizer, aquelas regras que o individuo cumpre com seu corpo).

Diz Ibn Pakuda:

“Busquei-te, Meu D’us, a meia-noite”.

No fundo de minha alma entre trevas;

Recordei-te nos entardeceres

E brilhou para mim a glória de teu nome

Como a luz do sol esplendoroso”.

Salomão (Shelomo) Ibn Gabirol

Durante os três séculos de duração da Alta Idade Media, e estrutura social de Al-Andaluz está composta por uma sociedade mista Hispano-Árabe. O cume da sociedade andaluz está ocupado por um conjunto de famílias árabes e assírios que aportaram toda a sua bagagem cultural. Os judeus se beneficiaram da política da ampla tolerância dos emires e califas cordobéses. Tem que recordar que no Alcorão destaca-se esta tolerância perto dos “povos do livro”, a final de contas, mulçumanos e judeus tem a Abraão como um patriarca comum.

Baixo este califado de Córdoba, o judaísmo alcançou uma verdadeira idade de ouro. É assim que surgem personagens como Avicebrom ou Salomão Ibn Gabirol, como é seu verdadeiro nome hebreu. Este personagem, suas obras e seu peregrinar pelo país podem nos servir de modelo para compreender a liberdade de criação e a facilidade de movimentos na Espanha durante esses tempos.

Salomão (Shelomo) Ibn Gabirol nasceu em Málaga por volta de 1020 e faleceu em Valencia antes de 1070 (não se sabe a data exata). No seu curto período de vida, este astrólogo, filosofo e poeta, emigrou de menino a Zaragoza onde se formo na cultura árabe e hebraica. Como muito outros astrólogos teve um mecenas judeu chamado Iekutiel, que era um funcionário importante do governo de Zaragoza.

Depois da morte de seu mecenas, viajou por toda a península, viveu em Granada e acabou se sobressaindo entre os filósofos judeus que fundaram sua própria escola em Córdoba. Sua filosofia mística e cosmológica tem suas bases nas idéias astrológicas da antiga tradição hebraica, embora se insere na corrente aristotélica e neoplatônica recebida através dos árabes. Entre suas obras desatacam-se: “Azharot, reshuiot e gueulot” e em especial “Keter Malchut” (a Coroa Real) e o livro “Tikun Hamidot” ( A correção dos caracteres).

Ibn Gabirol é o Omar Kayan hispano... Ambos astrólogos dedicam suas poesias ao vinho e ao amor, o vinho e a morte, o vinho e a noite, o vinho envelhecido, o vinho consolador, o enigma do vinho: “vermelho como um combustível de fogo num recipiente” - que transforma em loucura os juízos do homem sensato...”

A única diferença entre Omar e Gabirol é que o primeiro é extremamente otimista e o segundo está marcado pelo pessimismo de um povo abandonado.

Junto a sua poesia, Ibn Gabirol é um dos primeiros judeus espanhóis em desenvolver o conhecimento típico da Cabaláh e toda a astrologia cabalística ou esotérica.

Como bom neoplatônico, Ibn Gabirol manteve fortes controvérsias com os setores opostos ao pensamento filosófico. Seu trabalho poético mais destacado é “Coroa Real” (no hebraico Kéter Malchút). Ali afirma sua profunda convicção monoteísta, tão cara a judeus e mulçumanos:

“És único, o principio de toda a enumeração,

e a base de todo o edifício.

És único e, pelo ministro da tua unidade,

A razão dos sábios fica estupefata,

Porque disso no conhecem nada...

Em efeito, não se concebe em Ti

Nem a multiplicação nem a modificação...

És único. Tua sublimidade e sua transcendência

Não podem diminuir nem descender,

Poderia existir o único que decaia?”

Sua obra por excelência, escrita em árabe, é “A fonte da vida” (em hebraico Mekor Chaim, traduzida para o latim com o título de Fons vitae pelo clérigo espanhol Domingo Gundisalvo em 1150). Este tratado filosófico influiu nos Cabalistas e inspirou ao filosofo holandês descendente de judeus andaluzes, Baruch Spinoza (1632-1677).

quinta-feira, abril 21, 2011

O judaísmo é uma forma de vida….

Filosofia Judia

1ª Parte

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Uma das definições da filosofia afirma que é “o estudo das essências, causas e efeitos dos fenômenos do mundo”.

O judaísmo é uma forma de vida baseada em uma tradição milenar e com contínuos desenvolvimentos filosóficos que lhe asseguram uma renovada vigência através das gerações.

O judaísmo é a forma de vida característica do povo judeu.

A filosofia judia através da sua historia expõe diferentes correntes de pensamentos próximos de como praticar essa forma de vida e levá-la em prática...

Mas si analisarmos em profundidade todas estas correntes do pensamento judeu, podemos encontrar um denominador comum que podemos esquematizar da seguinte forma:

Tradição

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                        Cultura                                   Nação  

Toda crença, toda a criação, toda a discussão, toda a decisão do povo judeu ao longo de toda a historia e até nossos dias incluem estes três elementos básicos que formam um triângulo indivisível que contem a essência do judaísmo.

É por isso que podemos considerar grandes partes da Toráh (Pentateuco), os profetas e os escritos como fontes básicas da filosofia judaica. Do mesmo modo, ainda nos textos clássicos de legislação e codificação da Halacháh (como a Mishnáh e o Talmud) encontramos legados e mensagens filosóficas que regem a vida judaica por gerações até nossos dias.

Citaremos como exemplos, duas criações clássicas do pensamento judaico na época antiga: o livro de “Kohelet” (Eclesiastes) e o tratado de Pirkê Avót (Tratado dos Princípios ou Ética dos Pais).

Kohelet (Eclesiastes)

O livro de Eclesiastes foi escrito pelo “mais sábio dos homens”, o rei Salomão (rei Shelomo ou melech Shelomo), também autor do livro de Provérbios. Salomão era filho do rei David, autor do livro de Salmos.

Salomão, quem é conhecido pela ostentação do seu reino, sua grande riqueza e suas mulheres, expõe suas conclusões próximas do valor da vida e o significado da existência dos seres humanos.

Uma mensagem que se repete ao longo do livro ensina que todas as conquistas materiais são pura vaidade, já que existe um final comum a todos os seres humanos.

Do mesmo modo Salomão ressalva que a única sabedoria relevante é conhecimento de D’us e seus mandamentos.

O último versículo de Kohelet resume em forma extraordinária, a mensagem central do livro:

“Ao final da questão tudo já foi escutado: teme a D’us e cumpre seus preceitos pois essa é toda a essência humana”.

Pirkê Avót (Tratado dos Princípios ou Ética dos Pais)

O tratado de Pirkê Avót (Tratado dos Princípios) constitui uma única obra em seu gênero dentro do vasto corpo da literatura tradicional judaica. Bom, esse tratado forma parte integral da Mishnáh, pertencente ao Seder Nezikín (danos), não inclui um resumo de pronunciamentos legais tal como os demais tratados de Mishnáh, cujo propósito principal é definir o marco de ação legal ao que está sujeito a todo o judeu.

Pirkê Avót tem um propósito fundamentalmente ético. Isso lhe situa no contexto dos deveres éticos que o ser humano deve esforçar-se para cumprir em sua vida, mais que em um marco estritamente legal como os demais tratados de Mishnáh. Na Toráh ambos imperativos se complementam entre si, já que o Criador é a origem de todo o universo vital do ser humano, já que se trata do marco individual, social ou propriamente religioso.

Próximo do valor intrínseco desta obra nossos Sábios assinalaram no Talmud, tratado de Baba Kama (30 a):

“O homem que deseja converter-se em uma pessoa devota, que cumpra o que se diz no tratado de Avót”.

Citações do Pirkê Avot – Ética dos Pais

“Quem é um herói ? Aquele que conquista o seu instinto”.

“Quem é rico? Aquele que se contenta com o que tem”.

“Quem é sábio? Aquele que aprende de todas as pessoas”.

Estas citações são exemplos de algumas definições, conselhos e normas de conduta mais famosas dentro das fontes judaicas tradicionais:

A palavra Avót significa literalmente “pais” e pode parecer pouco claro o motivo do nome de este tratado.

É muito provável que Avót se refira aos “Pais” do judaísmo: luminárias tais como Hilel e Shamai, Rabi Akiva e Rabi Tarfón – como outros sessenta sábios no total - cuja sabedoria e ensinamento são apresentados nestes capítulos.

Estes são chamados “Pais”, espécie de patriarcas rabínicos na moral e ética, assim como Abraham, Itzchak e Iahacov são os patriarcas originais da Bíblia.

domingo, abril 17, 2011

Quem necessita de D’us?

Que sucede com a humildade?

Si existe um Standard absoluto de moralidade, então tem que existir um D'us. Estás de acordo?

A existência de D'us tem repercussões diretas sobre a maneira na que enxergamos a moralidade. Como bem falou Dostoyevsky: “Sem D'us tudo está permitido”.

Na primeira instancia esta afirmação não tem sentido. Tudo está permitido? Não pode existir o conceito da moralidade sim um D‘us infinito?

Provavelmente, parte da confusão deve-se a definição que damos ao termo moralidade. O relativismo moral diz que não há um Standard objetivo do bem e do mal existente e independente da humanidade. A criação de princípios morais surge do interior da pessoa só e não como uma realidade diferente e desligada. Cada pessoa é a fonte e definição de seu código ético e subjetivo e cada um tem o mesmo poder e autoridade de definir a moralidade da forma que ele quer.

As conseqüências do relativismo moral vão mais do além. Como as questões morais são subjetivas, o bem e o mal são reduzidos a questões de opinião pessoal. Sim um Standard objetivo de moralidade, a pessoa pode fazer o que ela quer ao escolher um comportamento “bom”.

Adultério e atos de crueldade, podem não ser de teu agrado mas não significa que outra pessoa não sinta prazer.

Por acaso ter uma relação com um menino de 12 anos é objetivamente incorreto só porque não te agrada?

Provavelmente o assassino se sente poderoso e vivo ao cometer o assassinato. Um relativista moral poderá dizer que o assassinato é um ato terrível mas isso não o faz mal senão repudiável. Aníbal, o canibal, tem direito a suas preferências que são horríveis e estranhas para muitos.

A popularidade não tem nada a ver com a definição da moralidade absoluta; só se transforma ao conceito numa coisa comum assim como a cor azul escura.

“Mas este assassino está ferindo a outros”. Verdade. Mas num mundo onde tudo é subjetivo, ferir uma pessoa inocente não é agradável para alguns, assim como muitos gostam de sorvete de chocolate os outros gostam de lasanha.

Só por não gostar não significa que esteja errado. Mal? Para o Standard de quem?

Nenhuma opinião subjetiva tem mais autoridade que outra opinião subjetiva.

Valores incoerentes Porém existir muitas pessoas que apóiem o relativismo moral é difícil achar um relativista moral coerente. A maioria das pessoas acredita em verdades absolutas. Essa “verdade absoluta pode ser só “é ruim ferir aos outros” “ou”que não existe verdade absoluta”. O ponto é que todos estão convencidos da existencia de uma verdade absoluta sim importat qual é essa verdade. A maioria de nós acredita não ser relativista moral”.

Bertrand Russel escreveu:

“Não sei como rebater argumentos da subjetividade dos valores éticos e me acho incapaz de acreditar que todo o que esta ruim e cruel significa que eu não gosto”

Muitas pessoas acreditam que matar uma pessoa inocente é só uma questão de gosto que possa mudar porque si. Muitos de nós pensamos que é um ato ruim se interessar o pensamento dos demais. Desde essa visão, o Standard de moralidade é uma realidade imutável que transcende a humanidade.

A fonte infinita

Um Standard absoluto de moralidade só pode originar uma fonte infinita.Porquê?

Quando dizemos que um assassino é alguém imoral, não só dizemos que agiu mal nesse momento senão de forma absoluta. E o absoluto não muda. Qual é a diferencia/

Meu desagrado por azeitonas não muda. Nunca gostarei delas. Isso não significa que seja impossível mudar meu gosto...porém a dificuldade. Como pode mudar, não é absoluto, pode mudar.

O termo absoluto significa não ter possibilidade de mudança. E permanente.

Pensa numa coisa absoluta. Por exemplo, a rocha de Gibraltar. Si pegas uma parte da rocha durara para sempre!

Mas realmente é absoluta?

Não. Cada segundo se experimenta uma mudança. Está se erosionando.

A natureza do absoluto é um pouco difícil de compreender já que nós nos achamos com a mesma dificuldade por sermos seres finitos tentando perceber o infinito. Tudo que existe no tempo muda. Isso é o tempo, uma medida do tempo. Em hebraico, shaná significa ano e tem a mesma raiz da palavra shinui mudança..Si todo o mundo finito sofre mudanças, onde poderemos achar o absoluto?

Sua fonte não pode ser o tempo, pois muda constantemente. Sua fonte deve de estar além do tempo, na dimensão infinita. Só D'us, o Ser Infinito que existe fora do tempo é absoluto e imutável.

“Eu sou D'us, não mudo” (Profeta Malachi 3:6- Malaquias 3:6).

Pelo tanto, um Standard absoluto de moralidade só pode existir si provem de uma dimensão infinita, uma realidad4e eterna, além do tempo sim principio e sim fim.

A morte da educação

Além da morte da moralidade, o relativismo moral leva a morte da educação e da abertura da mente. A sede por estudar vem do reconhecimento de que a verdade está lá fora, esperando ser descoberta e sim ela eu sou pobre.

O professor Alan Bloom escreve em seu livro “The Çlosing of the American Mind”:

È difícil achar um jovem motivado por meio de sua educação liberal a ter desejo por conhecer China, Roma ou os judeus.

Por outro lado há indiferença para com essas coisas, pois o relativismo eliminou o motivo real da educação, a busca pela boa vida...fora.Há uma diversidade cinza que ensina que os valores são negativos, enquanto que aqui podemos criar o estilo de vida que queiramos.Nossa apertura significa que não precisamos dos outros. O que aparenta ser uma apertura é um grande encerramento. Não há esperança da existência de grandes sábios em outros lugares e tempos, que possam revelar a verdade da vida...

Si tudo é relativo, então não faz diferença alguma no que pensamos. Sim nenhum Standard do bem o do mal, de verdade ode mentira, a busca da sabedoria é uma coisa sem sentido. Que estamos procurando? Se uma idéia não é mais importante que a outra, não há propósito algum de reavaliar o sistema de crença pessoal e estar abertos a novos conceitos, pois não há possibilidade de errar.

Um argumento escutado apoiando ao relativismo é que no mundo existem muitas posições diferentes na escala moral. Tenta-se achar um tema que todas as culturas aceitem universalmente!

O Professor Bloom refere-se a isto:

A história e o estudo das culturas nos ensinam ou provam, que os valores e as culturas são relativos.., O fato de ter diferentes opiniões sobre o que é o bem e o mal nas diferentes épocas não prova que uma verdade é superior ao outra,... É absurdo . A reação natural é tentar resolver as diferenças, avaliar as razões de cada postura.

Só a crença não histórica e inumana de que as opiniões não têm razão impossibilitam a levar a cabo essa atividade tão excitante.

Finalmente concluindo podemos dizer: Que provoca nossa raiva moral? Injustiça? Crueldade? Opressão? Existe um sentimento de que um standard de moralidade foi violado, um standard objetivo que transcende a humanidade que provém de um Ser absoluto e infinito.

quinta-feira, abril 14, 2011

Pêssach, muito mais que uma reunião familiar

P ê s s a c h

Um idéia para saber que estamos fazendo

Pessach2004

Uma das três festividades de peregrinação (juntamente com Shavuot e Sucot), nas quais foram ordenados os filhos de Israel a subir ao Templo em Jerusalém (Êxodo, 23:14). Esta festividade do Pêssach é celebrada durante sete dias, em Israel, e oito dias na Diáspora, a partir do dia 15 do mês de Nissan. O primeiro dia e o último dia são dias de festa completos (na Diáspora, são dias de festa os dois primeiros dias e os dois últimos), ao passo que os dias que intermedeiam são cognominados como “chol hamoed”, isto é: os dias intermediários dos dias festivos lembrados antes, os quais são os dias laicos, semifestivos, onde a ocupação com coisas seculares e o trabalho em geral, são permitidos.

Como nas outras duas festas peregrinatórias (regalim), há em Pêssach um significado histórico e agrícola. Sob o ponto de vista histórico, a festa lembra o êxodo do Egito, e a libertação dos filhos de Israel da servidão. Sob o ponto de vista agrícola, é a festa da primavera, onde se realça o início da colheita do centeio.

Os diversos nomes dados à festa apontam para a variedade das suas essências:

Um) “Festa das Matsot” (Pães ázimos) (Êxodo 14:15): este nome tem a sua procedência da determinação de se comer pão ázimo e da proibição de se comer alimento fermentado, a fim de lembrar a saída às pressas dos filhos de Israel do Egito, quando a sua massa não teve o tempo de ser fermentada. Sendo a proibição de comer alimentos fermentados é extensa a todos os dias da festividade, a determinação de se comer Matsáh só se refere à primeira noite de Pêssach (noite do Seder), pura e simplesmente.

Dois) “Pêssach”: Este nome tem a sua concernência com o relato bíblico, no qual o anjo da morte que “saltou” sobre as casas dos filhos de Israel, quando matou os primogênitos dos egípcios (Êxodo 12:27). Este termo aponta para o sacrifício do cordeiro (oferta de sacrifício de Pêssach), que foi oferecido às vésperas da festa. Conforme o que está dito na Toráh, ordenou-se a cada família preparar um cordeiro quatro dias antes do êxodo do Egito, e então, às vésperas da saída, deveriam os filhos de Israel sacrificar o cordeiro e fazer o seu sangue jorrar à soleira e à esquadria da porta, como um sinal para o anjo da morte saltar sobre aquelas casas, em seu caminho ao morticínio dos primogênitos egípcios. Após isto, deveriam assar o cordeiro, e comê-lo às pressas naquela noite, juntamente com a Matsáh e as ervar amargas (Maror). Como conseqüência, realizaram os filhos de Israel o Pêssach em sua data exata, no segundo ano de sua saída do Egito, quando já se encontravam no deserto (Números 9:1-5), e após, nos dias do Templo, o Talmud Babilônico (Tratado Pêssachim página 64 e conseguintes), oferece uma exata descrição das leis e costumes referentes ao sacrifício de Pêssach que eram realizados na época do Segundo Templo.

Três) “Época de Nossa Libertação”: Assim é denominada especialmente, na liturgia da festa, pois que Pêssach comemora a libertação dos filhos de Israel da servidão do Egito e o fato de serem um povo livre. Esta festa fortaleceu nos corações judeus, e em todas as gerações, e em todas as Dispersões, a esperança de uma futura redenção.

Quatro) “Festa da Primavera” Que comemora o início da colheita do centeio na terra de Israel Nos tempos em que o Templo ainda existia, eram trazidos. No segundo dia de Pêssach, feixes de cereais, das primícias da colheita, como está escrito na Toráh: “Quando tiverdes entrado na terra que vos dou e fizerdes nela a ceifa, trareis ao sacerdote o primeiro feixe de vossa ceifa” (Levítico 23:10).

O “Seder de Pêssach” vem a ser a cerimônia que é efetuada no lar, à noite do primeiro dia de da festa de Pêssach (na Diáspora: nas duas primeiras noites). A finalidade do “Seder Pêssach” – relembrar e comemorar a redenção de Israel da escravidão do Egito. No “Seder”, estão entrosados o símbolo, a cerimônia, a ação de graças e a alegria.

Um) “Hagadáh” (Relato do Êxodo do Egito e lido na noite de Pêssach): O nome que é dado ao Livro especial no qual se descreve a ordem do Pêssach e os textos que devem ser ditos durante a sua seqüência. Na leitura da Hagadáh, afirma-se a determinação da Toráh: “Naquele dia, assim falarás a teu filho: ‘Eis o que o Senhor fez por mim, quando saí do Egito.’” (Êxodo 13:8) (A palavra Hagadáh é proveniente exatamente da expressão acima: “e falarás…”, isto é: transmitirás este relato aos teus descendentes – N. do T.)..

Dois) A bandeja especial do Seder: que reúne os seguintes requisitos:

1. “Zroa” (perna do animal ou asa da ave): perna assada que simboliza o cordeiro assado que foi comido pela família no sacrifício de Pêssach, nos tempos em que o Templo existia.

2. “Maror” (raiz amarga): que simboliza o sofrimento dos filhos de Israel, enquanto escravos no Egito.

3. “Charosset” (mistura de frutas secas e vinho): Mistura feita com maçãs, nozes, vinho e canela (com diferenças entre as fontes de origem dos judeus). Segundo a exegese popular, a Charosset (mistura), assemelha-se à forma da argamassa, vindo então a simbolizar a argamassa com que os filhos de Israel preparavam os tijolos, quando escravos no Egito.

4. “Carpas”: Beterraba ou alguma outra verdura, que é molhada em água salgada durante o decorrer do Seder. Segundo o Talmud, a finalidade do Carpas é a de despertar a curiosidade das crianças, a fim de que interroguem: “O que é diferente nesta noite de todas as outras noites”

5. “Água salgada”: Simboliza as lágrimas derramadas pelos filhos de Israel durante o cativeiro no Egito.

Três) As três Matsot – Simbolizam a tríplice divisão do povo de Israel: Cohanim (sacerdotes), Levitas e Israel. É uma determinação prescrita pela Toráh comer Matsot na primeira noite de Pêssach, pois que assim está escrito: “E em todos os lugares onde se encontrarem, comerão pães ázimos” (Êxodo 12)

Quatro) Quatro taças de vinho – A estas é reservado um papel central na noite do Seder, e se as bebe, como símbolo das quatro designações com que é chamada a redenção, na Bíblia: “E vos farei sair”, “E vos libertarei”, “E vos resgatarei”, e “E tomar-vos-ei por meu povo” (Êxodo 6:6-7)

Cinco) A taça do profeta Elias – Houve controvérsia entre os sábios sobre a questão, se é lembrado na Toráh um quinto termo para a Redenção, que obrigaria então à uma quinta taça. Segundo a tradição de nossos sábios, de abençoada memória, estas questões serão resolvidas por intermédio do profeta Elias, quando vier anunciar a vinda do Messias. Por conseguinte, enche-se uma quinta taça, em sua honra.

Após a ceia, abre-se a porta por um breve espaço de tempo, e desejam-se as boas vindas à entrada do profeta Elias, que augura a vinda do Messias e representa a esperança futura, de liberdade e de paz.

A litúrgica de Pêssach inclui apêndices obrigatórios, na festividade, o “Halel”, (ação de graças) e a oração do “Mussaf” (apêndice). A leitura da Toráh é no primeiro dia da festa (No Livro do Êxodo, capítulo 12), que relata a narrativa do êxodo do Egito, e no sétimo dia da festa, lê-se na Toráh o Livro do Êxodo (13-15), os capítulos concernentes à abertura do Mar Vermelho no sétimo dia, após a saída do Egito.

Uma característica litúrgica especial em Pêssach vem a ser a Oração para o orvalho, que é dita antes da oração de “Mussaf”, no primeiro dia da festa, e a partir daquele momento, cessa a prece pedindo chuva.

Nas sinagogas ashkenazim (judeus provenientes de Europa), recita-se, no último dia da festa, a oração de “Izcor” (pelos finados), em memória à elevação das almas dos parentes finados.

Como em outras festas de peregrinação (“Regalim”), também em Pêssach lê-se um dos cinco rolos. Em Pêssach lê-se o rolo do Cântico dos Cânticos (Shir Hashirim), que se liga com Pêssach em sua descrição da estação da primavera.

terça-feira, abril 12, 2011

O SIGNIFICADO DE PÊSSACH

Pêssach, muito mais que uma celebração

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Pêssach, ou Páscoa, conforme se chama em hebraico, é a principal festa doméstica na vida judaica. É a Festa da Liberdade, comemorativa da libertação de Israel da servidão egípcia.

Os rituais de Pêssach são, em grande parte, cerimônias do lar. Na véspera de se iniciar a comemoração, a casa é examinada dos alicerces até o sótão à procura de algum sinal de pão lêvedo ou de qualquer alimento que contenha fermento, e todos os traços de fermento são removidos. Por uma semana, matsot (pão ázimo), e panquecas e pudins feitos de ingredientes não-levedados, substituem no cardápio todas as formas de pão.

O ponto culminante da celebração de Pêssach consiste em servir-se o Seder, um banquete de família realizado na primeira e na segunda noites dos oito dias da festividade (em Israel são sete), com ritual complicado. A mesa é decorada com frutas e flores, a melhor louça, candelabros e outros indícios de festa. Para os quatro goles de vinho - símbolo da alegria - coloca-se uma taça ao lado de cada lugar.

A cerimônia consiste essencialmente em contar a história do Êxodo, utilizando vários símbolos para ilustrá-la e dramatizá-la. A criança mais nova sentada à mesa faz quatro perguntas ao pai (*).

A história que o pai relata, lendo um livro chamado Hagadáh, é a narrativa familiar da escravidão no Egito, a obstinada recusa do faraó em deixar os israelitas partirem, a corajosa chefia de Moisés e o milagre da redenção.

Cada um dos diversos componentes da refeição contém uma lição: o ovo cozido é símbolo da existência, a otimista afirmação de Israel da santidade da vida. É mergulhado em água salgada para se manifestar solidariedade com o destino amargo dos antepassados. Certa mistura de nozes e maçãs recordam à família a argamassa usada pelos hebreus escravos na construção de cidades para seus cruéis faraós.

Impõe o costume que se convidem hóspedes para a mesa familiar. Além dos amigos, um estudante que esteja longe do lar, um soldado ou um viajante afastado dos seus, serão bem-vindo.

Comemora-se a festa com um ofício especial na sinagoga: da Toráh, lê-se uma vez mais a narrativa do Êxodo, e entoam-se os Halel, salmos de louvor.

Compreende-se que ao moderno Estado de Israel a festa de pêssach seja especialmente cara. Centenas de milhares de seus cidadãos reviveram a escravidão egípcia em campos de concentração e em asilos de deslocados. A nova Terra da Promissão, no próprio solo da antiga, é uma realidade que empresta pungência e júbilo à celebração israelense da Festa da Libertação.

(*) "Má Nishtanáh" = Vem da raiz LeShanê, que significa repetir, neste caso podemos explicar que Ma Nishtanáh será uma forma de repetir , relatando através de nossos filhos os sucessos ocorridos, os quais mantêm a luz da continuidade acesa

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Ma Nishtanáh:

Em que se distingue esta noite das demais?

Por que todas as noites comemos ora Pão ora Matsá; esta noite, somente Matsá?

Por que todas as noites comemos toda espécie de verduras; esta noite, somente raízes amargas?

Por que todas as noites não molhamos alimentos nenhuma vez; esta noite, duas vezes?

Por que todas as noites comemos ora sentados ora reclinados; esta noite todos reclinados?

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sábado, abril 09, 2011

Pesaj y el aprendizaje de la Humildad

Jametz: Una lección de humildad

Pesaj Jametz

Tomemos harina de trigo. Mezclémosla con agua. Hagamos una masa y dejémosla reposar unos cuantos minutos a temperatura ambiente. Al poco tiempo comprobaremos que la masa comienza a inflarse y agrandarse. A este fenómeno se lo llama en hebreo Jimutz, o sea, fermentación. La masa fermentada es Jametz.

El hombre, el individuo libre, vive expuesto a una sobredimensión de sí mismo. La sociedad moderna -en su afán de hacernos buenos consumidores- nos entrena al egocentrismo y al hedonismo. El sujeto que todo lo tiene dispone de un poder que fácilmente degenera en arrogancia.

Desde siempre nuestros sabios compararon al Jametz con la soberbia. A la masa que por si misma comienza a agrandarse con el nombre que engrandece su ego.

En Pésaj, con el mismo esmero que eliminamos todos los restos de Jametz de nuestras casas, debemos borrar todo vestigio de soberbia de nuestros corazones.

¿Qué es la humildad?

La humildad no es rebajarnos o humillarnos. Es asumir nuestra verdadera dimensión y concientizarnos de nuestro espacio en este mundo.

Humildad es saber nuestros límites. Respetar los derechos del prójimo. Reconocer a Quién nos ha dado todo lo que tenemos.

La humildad es la esencia de la autoestima, de la paz con uno mismo. El soberbio es un ser vacilante que busca desesperadamente compensar su inseguridad personal con la aprobación de los terceros. Es dependiente del aplauso ajeno.

Sólo el humilde es verdaderamente libre. El soberbio se adapta a sus propias carencias, se niega la libertad de corregirse. La arrogancia es un Faraón que tiraniza nuestras vidas, pues condena a nuestra personalidad al estancamiento.

Humildad es recordar que en el prójimo hay un ser humano igual a nosotros, que merece dignidad y respeto, que tiene derecho a ser escuchado y comprendido.

El soberbio es egocéntrico, esclavo de sus propios intereses, sólo le importa el otro en función de sÍ mismo.

La humildad nos coloca en nuestro lugar exacto también frente al Creador: El mundo es un granito de arena en el infinito universo, y el ser humano, un granito de arena en esta gigantesca tierra. “A D’s respeta y Sus mandamientos guarda porque ese es todo el hombre” (Kohelet)

La arrogancia es la principal barrera entre el hombre y Dios: El soberbio no puede tolerar la presencia de Alguien que le enseñe “lo que debe hacer con su vida”.

El orgullo es una película de plata detrás de un cristal: No nos permite ver más allá de nuestra propia imagen.

Pésaj es una lección intensiva de humildad: debemos aprender a vivir en libertad sin caer en la arrogancia.

quarta-feira, abril 06, 2011

Enxergando com o coração. Uma Historia para meditar.

O Garoto e a Rosa

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O estacionamento estava deserto quando me sentei para ler embaixo dos longos ramos de um velho carvalho.

Desiludido da vida, com boas razões para chorar, pois o mundo estava tentando me afundar. E se não fosse razão suficiente para arruinar o dia, um garoto ofegante se chegou, cansado de brincar.

Ele parou na minha frente, cabeça pendente, e disse cheio de alegria: - "Veja o que encontrei".

Na sua mão uma flor, e que visão lamentável, pétalas caídas, pouca água, ou luz. Querendo me ver livre do garoto com sua flor, fingi pálido sorriso e me virei.

Mas ao invés de recuar ele se sentou ao meu lado, levou a flor ao nariz e declarou com estranha surpresa: - "O cheiro é ótimo, e é bonita também... Por isso a peguei; tome, é sua."

A flor à minha frente estava morta ou morrendo, nada de cores vibrantes como laranja, amarelo ou vermelho, mas eu sabia que tinha que pegá-la, ou ele jamais sairia de lá.

Então me estendi para pegá-la e respondi:

- Era o que eu precisava

- Mas, ao invés de colocá-la na minha mão, ele a segurou no ar sem qualquer razão. Nessa hora notei, pela primeira vez, que o garoto era cego, que não podia ver o que tinha nas mãos.

Ouvi minha voz sumir, e lágrimas despontaram ao sol enquanto lhe agradecia por escolher a melhor flor daquele jardim.

- "De nada", ele sorriu.

E então voltou a brincar sem perceber o impacto que teve em meu dia. Sentei-me e pus-me a pensar como ele conseguiu enxergar um homem auto-piedoso sob um velho carvalho.

Como ele sabia do meu sofrimento auto indulgente?

Talvez no seu coração ele tenha sido abençoado com a verdadeira visão. Através dos olhos de uma criança cega, finalmente entendi que o problema não era o mundo, e sim EU.

E por todos os momentos em que eu mesmo fui cego, agradeci por ver a beleza da vida e apreciei cada segundo que é só meu.

E então levei aquela feia flor ao meu nariz e senti a fragrância de uma bela rosa, e sorri enquanto via aquele garoto, com outra flor em suas mãos, prestes a mudar a vida de um insuspeito senhor de idade.

segunda-feira, abril 04, 2011

A História do Mês: Aquele que da, sabe amar

O saber compartilhar

    Chassidismo - Chabad

Rabino Israel Baal Shem Tov, fundador do Movimento Chassidico, que faleceu em Mezbiesz no dia 7 de Sivan de 5520 (1760).

O Rabino Israel Baal Shem Tov morava numa casa alugada e vivia com grande moderação. Todo o dinheiro que lhe traziam os inúmeros chassidim, tanto os que viviam perto quanto os que vinham de longe, costumava repartir logo que recebia, dando tsedaká (caridade) e ajudando aos pobres, e não ficava nem com um tostão.

Sua ajuda se estendia também aos pobres que não eram completamente honestos. Uma vez um grupo de ladrões foi pego pela polícia; os ladrões foram julgados e condenados a um longo período na prisão. Suas famílias ficaram na mais negra miséria, e o Baal Shem Tov sustentou-as durante toda a época em que os chefes das famílias ficaram presos. Quando eles foram soltos, nenhum dos judeus de Mezbiesz quis lhes dar emprego; e quando começaram a pedir esmola, ninguém lhes permitia entrar em casa, temendo que voltassem a furtar. Quando o Baal Shem Tov soube disso, ele tentou ajudar-lhes e a suas famílias. Os familiares e discípulos do rabino ficaram muito espantados, e ele lhes respondeu:

“Em épocas de emergência, eu necessito também dos ladrões. Quando o Povo de Israel cumpre as leis com severidade por causa de atos desonestos, os acusadores estão em superioridade, e fecham-se os Portões da Misericórdia. Porém, graças à tsedaká que eu dou às pessoas desonestas, aos ladrões, rompem-se os cadeados e novamente os portões se abrem …”

De outra vez, o Rabino Israel Baal Shem Tov foi com seu único filho, Rabino Tzvi, quando este ainda era pequeno, à casa de um dos judeus ricos de Mezbiesz; lá viram objetos de ouro e prata, e móveis caros e elegantes. O pequeno Tzvi ficou cheio de inveja. Quando saíram, disse o Baal Shem Tov a seu filho:

“Percebi que você ficou com inveja daquele judeu rico e de sua bela casa. Na casa do seu pai os móveis são simples e não há objetos de ouro e prata.

Acredite, meu filho, que se o seu pai tivesse o dinheiro necessário para comprar móveis caros e objetos de ouro e prata, não os compraria; repartiria o dinheiro entre os pobres, e o que sobrasse, poria na caixa de tsedaká – e não lhe sobraria nem um tostão …”

Pense nesta história e compreendera o que é saber dar.

domingo, abril 03, 2011

Sentimento de Liberdade.

O Sentimento da Liberdade,

O Coração da Independência

SONGOFSO

MONADAR MONNISA2 MONIYYA3 MONSIVA2

Entre os meses do calendário Hebraico, Adar (neste ano Adar II) Nissán, Iyar e Sivan (é o período que abarca entre Março e Maio e às vezes Junho), o Povo Judeu vivencia situações de verdadeira concepção da Liberdade. Mediante o festejo das alegrias de Purim – Pêssach – Iom Haatsmaut e Shavuot.

Muitos Povos sucumbiram frente as ditaduras dos impérios, não só porque não possuíam exércitos fortes, mais sem principalmente por sua cognitiva capacidade filosófica e psicológica de saber enfrentar as dificuldades, não eram de suficientemente sólidas, suas raízes não eram o profundo que requer uma sociedade para resistir os embates culturais.

Quando analisamos minuciosamente a festividade de Purim (lembramos o milagre de ser salvos do extermínio total do povo, a partir de um decreto), encontramos três conceitos importantes: Fé, União e um profundo sentimento de pertença a Povo Judeu, por meio do conhecimento.

Pêssach – conhecida como a festa da Liberdade -, manifesta o sentimento de poder pretender e entender que a Liberdade não só um fato físico, senão é uma decisão de poder Pular (Pêssach vem da palavra Passach, que significa pular), as dificuldades que nos angustiam mais também nos escravizam.

Shavuot – Conhecida como a festa das Semanas, ou da Colheita, também é chamada de Pentecostes ou em Hebraico Zeman Matan Toratênu (Tempo da entrega da nossa fonte de inspiração, A Toráh). É o tempo de receber, mais com a plena consciência de saber que agora nossa liberdade não simplesmente um fato físico, como qualquer ser vivente, é um processo de Tikun Neshamáh (ajeitar nossa alma, a fonte de inspiração da psique – espiritual, o motor que move nossas sensações, pensamentos e elaborações).

Porem existe em esta equação a variavel principal, que a independência, muitas vezes confunde-se com livre arbítrio, já que a independência nós permite processar o Livre arbítrio, na sociedade que está sendo criado como conseqüência de ser independentes darmos essa “propriedade”, da qual podemos ser donos. Porque o Livre arbítrio não é causa da independência, mais conseqüência dela.

Haatsmaut (independência) é uma palavra da raiz Etzem - osso, ou melhor, dizendo, a coisa por ela mesma, a raiz, o fundamento. O Rav Abraham Itschak HaCohen Kook, em seu Livro Orot HaKodesh (As Luzes Sagradas) chamou a raiz da personalidade de Ani Atzmi que poderíamos traduzir por Eu próprio, a libido dos psicanalistas.

Nos idiomas Latinos, principalmente Espanhol e Português, a palavra independência, todo o contrario que um pode imaginar-se, é uma negação. Afirma e indica o contrario da palavra dependência. Em termos psicológicos, não se consegue perceber esse estado, senão por meio da libertação dos laços anteriores que, antes dela, relacionavam ao Ser Humano a outros seres humanos, numa relação indesejada, não almejada.

Por tanto ao finalizar a mesma, festeja-se a liberação e com ela a não-dependencia. Nesta visão profunda do analises etimológico da palavra, nos da uma idéia que a liberação não se compreende como um valor positivo por si, mas sim como uma ausência de um fato ou coisa negativa.

O hebraico, rico em conteúdo, nos entregou mais um presente, na forma e conceito da palavra Haatsmaut, que alude a um valor positivo por ela mesma e não por negação a uma significação indesejada.

Nas fontes de ensinamento do Judaísmo, A Toráh entre elas, é o contrario. O Positivo tem valor e o negativo não vale nada. A Haatsmaut ( a independência) é uma devolução de um estado natural.

Baseado nestas idéias, o fato ocorrido em 5 de Iyar de 5708 – 14 de maio de 1948, da uma visão que o domínio do Povo judeu sobre sua terra a partir da data mencionada, não é a festa da independência, mas sim à volta de um povo ao seu devido lar e estado natural. E como qualquer volta no Judaísmo esta também é um tipo de Teshuvá, retorno. A Teshuvá nacional, a independência política de nosso estado único, é a base para o reflorescimento de nossa alma como nação, como indica o nome do dia, Atzmaut. Cultivar o nosso ser interno, nossa personalidade nacional própria, eis a nossa missão.

Quando, estas variáveis “filoso-matematicas” são enxergadas como um todo, permitem ver as festividades não como simples ilhas, senão insertadas em um todo que são parte do crescimento e maturidade de um Povo, e principalmente de sus indivíduos, que tem ser maravilhosos seres que resgatam o fundamento de nossa Existência: Fé para sobreviver, Liberdade para pensar, Independentes para criar e Espiritualmente Sábios para Crescer.

sexta-feira, abril 01, 2011

Meditemos no Sábado – Shabat, o dia consagrado

Meditemos

Meditando Marc Chagall

Certa vez, um rabino reuniu seus discípulos e perguntou:

"Como sabemos o exato momento em que a noite acaba e o dia começa?"

"Quando, à distância, somos capazes de distinguir uma ovelha de um cachorro"- disse um menino.

Mas o rabino não ficou contente com a resposta.

"Na verdade"- disse outro aluno - "sabemos que já é dia quando podemos distinguir, à distância, uma oliveira de uma figueira".

E, novamente, nosso mestre não ficou satisfeito.

Ao enxergar os alunos a insatisfação do Mestre, refletiram e disseram:

"Mas mestre" - perguntaram os alunos - "qual a resposta então"?

E assim concluiu:

"Quando um estrangeiro se aproxima e nós o confundimos com nosso irmão, esse é o momento em que a noite termina e o dia começa".

Que todos tenhamos sempre uma semana repleta destes dias, nos quais o respeito e a fraternidade serão a regra!!!