quinta-feira, abril 21, 2011

O judaísmo é uma forma de vida….

Filosofia Judia

1ª Parte

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Uma das definições da filosofia afirma que é “o estudo das essências, causas e efeitos dos fenômenos do mundo”.

O judaísmo é uma forma de vida baseada em uma tradição milenar e com contínuos desenvolvimentos filosóficos que lhe asseguram uma renovada vigência através das gerações.

O judaísmo é a forma de vida característica do povo judeu.

A filosofia judia através da sua historia expõe diferentes correntes de pensamentos próximos de como praticar essa forma de vida e levá-la em prática...

Mas si analisarmos em profundidade todas estas correntes do pensamento judeu, podemos encontrar um denominador comum que podemos esquematizar da seguinte forma:

Tradição

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                        Cultura                                   Nação  

Toda crença, toda a criação, toda a discussão, toda a decisão do povo judeu ao longo de toda a historia e até nossos dias incluem estes três elementos básicos que formam um triângulo indivisível que contem a essência do judaísmo.

É por isso que podemos considerar grandes partes da Toráh (Pentateuco), os profetas e os escritos como fontes básicas da filosofia judaica. Do mesmo modo, ainda nos textos clássicos de legislação e codificação da Halacháh (como a Mishnáh e o Talmud) encontramos legados e mensagens filosóficas que regem a vida judaica por gerações até nossos dias.

Citaremos como exemplos, duas criações clássicas do pensamento judaico na época antiga: o livro de “Kohelet” (Eclesiastes) e o tratado de Pirkê Avót (Tratado dos Princípios ou Ética dos Pais).

Kohelet (Eclesiastes)

O livro de Eclesiastes foi escrito pelo “mais sábio dos homens”, o rei Salomão (rei Shelomo ou melech Shelomo), também autor do livro de Provérbios. Salomão era filho do rei David, autor do livro de Salmos.

Salomão, quem é conhecido pela ostentação do seu reino, sua grande riqueza e suas mulheres, expõe suas conclusões próximas do valor da vida e o significado da existência dos seres humanos.

Uma mensagem que se repete ao longo do livro ensina que todas as conquistas materiais são pura vaidade, já que existe um final comum a todos os seres humanos.

Do mesmo modo Salomão ressalva que a única sabedoria relevante é conhecimento de D’us e seus mandamentos.

O último versículo de Kohelet resume em forma extraordinária, a mensagem central do livro:

“Ao final da questão tudo já foi escutado: teme a D’us e cumpre seus preceitos pois essa é toda a essência humana”.

Pirkê Avót (Tratado dos Princípios ou Ética dos Pais)

O tratado de Pirkê Avót (Tratado dos Princípios) constitui uma única obra em seu gênero dentro do vasto corpo da literatura tradicional judaica. Bom, esse tratado forma parte integral da Mishnáh, pertencente ao Seder Nezikín (danos), não inclui um resumo de pronunciamentos legais tal como os demais tratados de Mishnáh, cujo propósito principal é definir o marco de ação legal ao que está sujeito a todo o judeu.

Pirkê Avót tem um propósito fundamentalmente ético. Isso lhe situa no contexto dos deveres éticos que o ser humano deve esforçar-se para cumprir em sua vida, mais que em um marco estritamente legal como os demais tratados de Mishnáh. Na Toráh ambos imperativos se complementam entre si, já que o Criador é a origem de todo o universo vital do ser humano, já que se trata do marco individual, social ou propriamente religioso.

Próximo do valor intrínseco desta obra nossos Sábios assinalaram no Talmud, tratado de Baba Kama (30 a):

“O homem que deseja converter-se em uma pessoa devota, que cumpra o que se diz no tratado de Avót”.

Citações do Pirkê Avot – Ética dos Pais

“Quem é um herói ? Aquele que conquista o seu instinto”.

“Quem é rico? Aquele que se contenta com o que tem”.

“Quem é sábio? Aquele que aprende de todas as pessoas”.

Estas citações são exemplos de algumas definições, conselhos e normas de conduta mais famosas dentro das fontes judaicas tradicionais:

A palavra Avót significa literalmente “pais” e pode parecer pouco claro o motivo do nome de este tratado.

É muito provável que Avót se refira aos “Pais” do judaísmo: luminárias tais como Hilel e Shamai, Rabi Akiva e Rabi Tarfón – como outros sessenta sábios no total - cuja sabedoria e ensinamento são apresentados nestes capítulos.

Estes são chamados “Pais”, espécie de patriarcas rabínicos na moral e ética, assim como Abraham, Itzchak e Iahacov são os patriarcas originais da Bíblia.