quinta-feira, outubro 22, 2015

Shabat: Um momento impar

Estressado? Não é preciso se isolar em uma ilha distante para descansarmos: existe uma janela que abrimos toda semana em nossa vida e que une Céus e Terra, o sagrado e o cotidiano, transformando nosso limitado mundo em um espaço infinito. Uma Ilha no Tempo de tranquilidade, conscientização, identidade judaica e confraternização em família: O Shabat!

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As velas de Shabat

velas de shabat

 "A Vela de D’us é a alma humana." Livro Provérbios

Disse D’us: "Minha Vela (a Toráh) está na tua mão e a tua vela (a alma) está na Minha Mão; portanto, guarde a Minha Vela para que Eu guarde a tua vela."

Algo extraordinário acontece cada vez que você acende as velas em homenagem ao Shabat… você se sente vinculada a seu povo. É um costume que advém desde os tempos bíblicos. A Matriarca Sara acendeu uma lamparina que ardeu miraculosamente de Shabat a Shabat; a Matriarca Rivká recitou a bênção sobre a mesma lamparina, desde seus três anos de idade. É esta tradição de 3700 anos que as mulheres judias observam, ao saudar a chegada da Rainha Shabat, trazendo mais luz ao mundo.

Que este ato possa iluminar e inspirar uma futura paz eterna para o mundo e para todo o povo de Israel.

O dia que serve como fonte de bênção, uma preparação e inspiração para os seis dias de trabalho da semana, é naturalmente o Shabat. Desde que a base da vida judaica é a vida do lar; e o alicerce do lar é a mulher, é bem apropriado que a inauguração do Shabat tenha sido entregue em suas mãos, pelo acender das velas que introduzem no ambiente da casa a santidade do Shabat.

Luz versus escuridão

Que resposta deu o povo judeu às adversidades no transcurso da História?

Os Salmos descrevem a reação ao cativeiro da Babilônia com as palavras poéticas: "Nas margens dos rios da Babilônia sentamos e choramos ao recordar Tzión. " Mas, está descrição é interpretada pela maioria das pessoas erroneamente, pois as grandes academias de estudo e as elevadas conquistas filosóficas alcançadas na Babilônia não chegaram a ser superadas nem mesmo em épocas de prosperidade. Assim sendo não apenas houve choros nessa terra estranha, mas também foi criada uma obra monumental, o Talmud Babilônico.

Este cenário repetiu-se diversas vezes durante a história. Quanto maior era o problema, mais intensa era a reação espiritual que provocava.

Visitando uma boa biblioteca judaica pode-se tomar cada obra clássica e classificá-la segundo o período de obscuridade a que pertencia; pois oportunamente, ela serviu para iluminar as trevas da época.

Esta então é a resposta judaica: lutar contra a escuridão com a arma mais efetiva: a luz. Pois "Uma pequena luz afasta muitas trevas."

O Rebe de Lubavitch, Rabi Menachem Mendel Schnersohn incentivou está gloriosa corrente, guiando sua geração com paciência e perseverança para que enfrentasse os desafios da nossa o que deu início a uma série de campanhas, entre as quais o acendimento das velas de Shabat (além da colocação de tefilin, mezuzá, etc.) a fim de atingir o bem-sucedido método de acréscimo no campo espiritual.

Quando no mundo aumentam a corrupção e a indiferença, nós, como judeus, respondemos, intensificando nossa fé e compromisso com D’us. A mitsvá (preceito) na qual este aspecto está enfatizado é a do acender das velas de Shabat. O Rebe de Lubavitch disse: "Estando o mundo tão submerso na obscuridade e confusão, é imperativo que a mulher judia o ilumine com esta sagrada luz."

Antigamente

O primeiro Shabat trouxe ao Universo uma atmosfera de repouso e santidade, a qual reaparece no mundo (e em cada ser) semanalmente por meio das velas de Shabat. O ato do acendimento das velas está intimamente relacionado com as Matriarcas. Enquanto Sara viveu, suas velas de Shabat milagrosamente ardiam de uma sexta-feira até a seguinte e outros milagres ocorriam: sempre havia uma bênção na massa do pão e uma nuvem Divina pairava continuamente sobre sua tenda.

Com o seu falecimento, tudo isto cessou. "E Yitzhak a trouxe para dentro da tenda de sua mãe Sara e ele a tomou e ela (Rivká) se tornou sua mulher; e ele a amou e consolou-se da morte de sua mãe"(Gênesis XXIV:67). Rashi comenta: "E ele a trouxe para a tenda e ela era como Sara, sua mãe! Pois, enquanto Sara viveu suas luzes de Shabat miraculosamente ardiam na tenda de uma sexta-feira até a seguinte, sempre havia uma bênção (aumento milagroso) na massa do pão e uma nuvem Divina pairava continuamente sobre a tenda. Desde a sua morte, tudo isso cessou.

Porém quando Rivká veio, reapareceu de novo." Yitzhak viu o reaparecimento dos milagres por mérito de Rivká e foi então que decidiu tomá-la como esposa. Obviamente, nossa mãe Rivká acendia as velas de Shabat mesmo antes de se casar.

Comentam nossos sábios que naquele tempo Rivká tinha somente três anos de idade! É verdade que era muito mais madura, intelectual e fisicamente do que uma menina comum daquela idade. Mas isto não alterava o seu status na perspectiva da lei da Toráh, halachicamente, ela era considerada menor. Porém fazia absoluta questão de acender suas próprias velas.

Para nós a diretriz é clara. Não só as meninas solteiras acima da idade de Bat-Mitsvá (de doze anos para cima) devem acender as velas do Shabat, mas também meninas pequenas, a partir dos três anos de idade, devem ser educadas e treinadas na mitsvá de Nerot Shabat — mesmo quando a mãe ou outro membro adulto da casa já esteja acendendo as velas.

Em nossos dias

Num recinto mal iluminado, uma só lâmpada a mais pode acrescentar luz suficiente; mas quando um lugar está em total escuridão, mais luzes se tornam necessárias. Em gerações passadas, nossos lares estavam repletos de luzes da Toráh. Ideias estranhas "da rua" não penetravam e mesmo o mundo exterior não era tão escuro. Mas na licenciosa sociedade de hoje, prevalece um tenebroso negrume moral e ideias estranhas encontraram o caminho para introduzir-se dentro do lar judaico. A reação deve ser o aumento de intensidade na iluminação da Toráh.

Toda mulher ou moça judia é chamada "uma filha de Sara, Rivká, Rachel e Léa". Toda menina herda esse poder maravilhoso de iluminar o mundo e seu lar com o acendimento das velas de Shabat. É verdade que a luz que Sara e Rivká acendiam durava milagrosamente e emitia um brilho visível durante a semana toda; mas, espiritualmente, o efeito das crianças acendendo velas hoje é o mesmo.

Assim que a menina já consegue compreender a ideia de Shabat e dizer a benção (com cerca de três anos) seus pais devem presenteá-la com um castiçal e ensiná-la a acender uma vela a cada Shabat. Ela deve acender a sua vela antes da mãe, para que ela possa ajudá-la, se necessário. A menina também pode ser encorajada a colocar algumas moedas na caixinha de Tzedaká, antes de acender a vela, o que ensina a virtude de repartir.

Neste momento, com a família reunida, a mulher oferece uma oração silenciosa ou verbal por seu marido e filhos.

É verdade que a luz que Sara e Rivká acendiam, durava fisicamente e emitia um brilho visível durante a semana toda; mas o efeito interior das crianças de hoje acendendo as velas de Shabat é o mesmo. Embora não possamos vê-lo com os nossos olhos de carne e osso, as velas de Shabat acesas pela pequenina filha judia de nossa época enchem o lar de luz espiritualmente durante a semana inteira.

Um momento oportuno

A hora do acendimento das velas sempre foi um momento muito especial. Através das gerações, a mulher judia elegeu este momento para recitar uma oração pessoal, pedindo saúde, bem-estar físico e espiritual para sua família.

Que luz guiou a sua intuição ao relacionar os pedidos e preces com este momento? O grande cabalista Rabi Yitzhak Luria, conhecido como Arizal, escreveu que as preces da mulher são singularmente bem recebidas por D’us, nesta hora especial.

Novamente compreendemos porque as mulheres piedosas de todas as épocas, cuidaram tão escrupulosamente desta mitsvá. Seus candelabros lhes eram mais preciosos que as joias e se asseguravam de preparar-se em tempo para a hora de receber o Shabat: a casa estava impecável, os alimentos de Shabat antecipadamente prontos, a mesa arrumada com belos talheres e louças e toda a família vestida com suas melhores roupas. Cada aspecto colaborava para que a luminosidade do Shabat fosse perfeita. Este brilho que iluminou os lares judaicos de semana a semana através dos anos, continua perpetuando e recordando-nos a futura Redenção, como expressaram nossos sábios: "Se cuidarem do acender das velas de Shabat, terão o mérito de ver as luzes de Tzión na Redenção do povo judeu."

O motivo das duas velas

Cada Mitsvá da Torá é comparada a uma vela: "Ki Ner Mitsvá Vetoráh Or" ("Uma Mitsvá é uma vela e a Toráh é luz"). Cada Mitsvá cria uma luz espiritual e a luz, ou sua chama, elevando-se, aproxima a pessoa da Divindade. A chama é comparada à alma; da mesma forma que uma chama sempre se direciona para cima, a alma quer conectar-se com D’us.

Esta mensagem de luz, símbolo universal de claridade, visão, conhecimento e verdade, encontra-se intimamente ligada à mensagem do Shabat. O primeiro Shabat trouxe ao universo uma atmosfera de repouso e santidade, que reaparece no mundo e em cada ser semanalmente no momento de acender as velas, quando a mulher traz o Shabat para dentro de seu lar.

No mínimo duas velas são acesas correspondendo às duas expressões "Zachor" e "Shamor" que são mencionadas nos Dez Mandamentos.

"Zachor" - "Recorda o dia de Shabat para santificá-lo" (Êxodo XX:8), refere-se à observância do Shabat como acender as velas, o recitar do Kidush (a santificação com o vinho), a refeição festiva, vestir-se com roupas especiais, orar, ouvir a leitura da Torá na sinagoga, aprender e discutir passagens da Torá.

"Shamor" - "Guarda o dia de Shabat para santificá-lo" (Deut. V:12), refere-se a abster-se de qualquer categoria de trabalho (Melachá) inadequado a este dia especial.

As luzes simbolizam alegria e serenidade que distinguem o Shabat.

A mitsvá é cumprida acendendo velas somente num ambiente, de preferência no local da refeição, uma vez que a principal mitsvá das velas é iluminar a mesa, para que haja prazer e alegria. Também há uma grande segulá em observar as velas acesas na hora de recitar o kidush.

Shamor implica em privar-se das atividades proibidas, enquanto que Zachor recorda o cumprimento dos nobres costumes de Shabat: o acendimento das velas, o Kidush, a comida especial, as roupas elegantes em honra ao sétimo dia, as preces e o estudo da Toráh. Ao observar estes preceitos, obtemos uma verdadeira elevação espiritual.

A mulher: luz e alicerce do lar

Superficialmente, a razão porque a mitsvá de Shabat e Yom Tov foi entregue à mulher é para "trazer de volta" a luz que Chava (Eva) diminuiu ao afetar adversamente a "luz do mundo" incorporada em Adam. Entretanto, o Zôhar explica que o significado interior, o motivo profundo porque foi confiada à mulher essa mitsvá vital, é devido ao seu valor precioso. A prerrogativa do acender das velas de Shabat é uma insígnia de honra para a mulher, indicando que o Onipotente a escolheu, deu a ela o mérito e a investiu com os poderes de… "dar à luz e criar filhos imbuídos de santidade que serão uma luz para o mundo," que o iluminarão ao incorporarem a luz da Toráh e das mitsvot em sua vida cotidiana.

…"aumentar a paz na terra," intensificar e avolumar a paz e a felicidade no mundo inteiro, a partir de Shalom Bait, a tranquilidade e paz no lar, resultantes das luzes de Shabat. E…"garantir à sua família longos dias;" por meio das velas de Shabat que ela acende, se torna merecedora da bênção de anos prolongados, plenos de bondade e vitalidade para si mesma, para seu marido, seus filhos e filhos dos seus filhos.

O acendimento das velas

• O momento indicado de acender as velas de Shabat é 20 minutos antes do pôr-do-sol (em certas comunidades, 18 minutos).

• É proibido acender as velas depois deste horário, pois fazê-lo seria profanar o Shabat. Portanto, caso a pessoa esteja ausente ou tenha esquecido, não deverá acendê-las nesta semana.

• Observar o horário do pôr-do-sol que varia de cidade para cidade.

• Acendem-se as velas toda sexta-feira em honra ao Shabat e na véspera das seguintes Festas judaicas: dois dias de Rosh Hashaná, Yom Kipur, os dois primeiros dias de Sucot, Shemini Atseret, Simchat Toráh, os dois primeiros e os dois últimos dias de Pêssach, e os dois dias de Shavuot.

• Ao acender as velas de Yom Tov, após seu início, uma chama pré-existente deve ser utilizada, uma vez que em Yom Tov é proibido criar um fogo novo (riscar um fósforo, acender um isqueiro ou ativar um acendedor automático); entretanto, é permitido transferir o fogo a partir de uma chama continuamente acesa desde antes do princípio da festa. As velas de Yom Tov (quando a Festa não coincidir com sexta-feira à noite) devem, à princípio, ser acesas no horário; porém podem ser acesas após o pôr-do-sol a partir de uma chama pré-existente.

• Quando Yom Tov coincide com sexta-feira à noite, obrigatoriamente as velas devem ser acesas antes do horário indicado, igual às velas de Shabat.

• Se a primeira noite de Yom Tov cair em motsaê Shabat (sábado à noite) e sempre na segunda noite de Yom Tov, as velas devem ser acesas apenas após o completo anoitecer, respeitando as leis de Yom Tov.

• As velas da segunda noite de Yom Tov (quando não coincide com sexta-feira à noite) devem ser acesas, obrigatoriamente, após o pôr-do-sol. Neste caso é usado somente fogo de uma chama pré-existente.

Local apropriado para o acendimento

• As velas devem ser colocadas no recinto onde a família faz a refeição de Shabat, para evidenciar que foram acesas em sua honra. Elas não devem ser acesas em um lugar e depois transportadas para outro.

• As velas devem ter um tamanho mínimo que permita estarem acesas pelo menos até o final da refeição de Shabat.

• Após acesas as velas, é proibido mover os candelabros até o final do Shabat; esta é a razão pela qual a maioria das mulheres prefere acendê-las próxima à mesa, mas sob um balcão, mesa auxiliar, aparador, etc.

• Antes de acender as velas na véspera de Shabat (para quem as acende sobre a mesa), é conveniente colocar sobre esta mesa as chalot (pães de Shabat).

Quem acende as velas

• Esta obrigação recai principalmente sobre a mulher. Ela deve acender as velas com alegria, pois pelo mérito desta mitsvá terá filhos iluminados pela Torá e tementes a D'us, o que trará paz ao mundo, e proporcionará a seu marido vida longa.

• Se o homem vive só, deve acender as velas pronunciando a devida benção.

• Há um costume citado no Talmud, que o marido também pode participar desta importante mitsvá, auxiliando na preparação das velas, queimando antes os pavios, facilitando seu acendimento posterior. Porém, no dia de Yom Tov isto não pode ser feito, uma vez que não é permitido apagar as velas.

• Caso haja várias mulheres na casa, cada uma delas deve acender suas próprias velas no mesmo local e recitar a bênção devida, desde que o façam em candelabros separados.

• Como já mencionado acima, meninas com mais de 3 anos também devem acender uma vela.

Número de velas

• As mulheres casadas devem acender pelo menos duas velas referentes a "zachor" (lembra) e "shamor" (guarda) – as duas expressões usadas por D'us ao proclamar a santidade do Shabat nos Dez Mandamentos.

• Em algumas comunidades costuma-se acender uma vela a mais para cada filho. Por exemplo, uma mãe com três filhos acenderá cinco velas. Uma das razões deste costume é que a luz simboliza a neshamáh (alma) e para cada alma acrescenta-se uma nova chama.

• Meninas e moças solteiras devem acender uma só vela.

O procedimento e costumes

• Acende(m)-se a(s) vela(s). Solta-se o fósforo aceso para que se apague sozinho (uma vez que o Shabat já foi recebido): o palito não é jogado e sim depositado cuidadosamente para que se extinga por si só.

• Em Yom Tov também não é permitido grudar as velas, esquentando a cera na base. As velas podem ser encaixadas com ajuda de pedaços de papel-alumínio, cortados na véspera.

• Logo em seguida cobrem-se os olhos com ambas as mãos para não fitá-las.

• Recita-se a benção.

• Descobrem-se os olhos e ao ver a chama, desfruta-se do brilho e do calor das velas.

• Este procedimento deve ser seguido tanto com as velas de Shabat quanto com as de Yom Tov.

• Se uma vela se apagar não é permitido reacendê-la no Shabat. Deve-se reacendê-la após o completo término de Shabat e/ou Yom Tov.

• A razão pela qual a benção deve ser dita depois e não antes do acender das velas é que se a oração for pronunciada antes, parecerá que a mulher já "inaugurou" o Shabat. Neste caso não lhe seria permitido acender as velas, uma vez que é proibido acender fogo no Shabat.

• Ao acender a(s) vela(s), faz-se um movimento circular com as mãos em volta das velas, e em seguida cobrem-se os olhos com as mãos. Recita-se a bênção. Descobrem-se os olhos e mira-se as chamas.

• Refletimos sobre a alegria em receber o Shabat e agradecemos por todas as bênçãos e pelo mérito de podermos cumprir a vontade do Criador.

• A mulher (ou menina) acende as velas e estende as mãos sobre elas num movimento circular em direção a si mesma por três vezes para indicar a aceitação da santidade do Shabat. Em seguida, cobre os olhos com as mãos, recita a bênção abaixo e então descobre os olhos para fitar as luzes. A bênção na véspera de Shabat.

Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam, asher kideshánu bemitsvotav, vetsivánu lehadlik ner shel Shabat côdesh.

Bendito és Tu, ó Eterno, nosso D'us, Rei do Universo, que nos santificou com Seus mandamentos, e nos ordenou acender a vela do santo Shabat. As bênçãos na véspera de Yom Tov.

Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam, asher kideshánu bemitsvotav, vetsivánu lehadlik ner shel Yom Tov (coincidindo com a véspera de Shabat, termina-se: lehadlik ner shel Shabat veshel Yom Tov).

Bendito és Tu, ó Eterno, nosso D'us, Rei do Universo, que nos santificou com Seus mandamentos e nos ordenou acender a vela de Yom Tov (coincidindo com a véspera de Shabat, termina-se: acender a vela de Shabat e de Yom Tov).

Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam, she- he-cheyánu vekiyemánu vehiguiánu lazman hazê.

Bendito és Tu, ó Eterno, nosso D'us, Rei do Universo, que nos deu vida, nos manteve e nos fez chegar até a presente época.

Perguntas mais frequentes

Quem acende as velas de Shabat?
Uma mulher casada geralmente acende velas em nome de toda a família, a menos que por algum motivo seja incapaz de fazê-lo. Nesse caso o marido, ou um dos filhos mais velhos, pode acender. Mulheres e homens solteiros acendem suas próprias velas, caso a mãe não acenda por eles. Um convidado na casa de alguém pode ser incluído no acendimento da anfitriã.

Quantas velas devem ser acesas?
Há costumes diferentes. Algumas pessoas acendem uma vela enquanto são solteiras, depois duas quando se casam. Há o costume de se acrescentar uma vela a mais para cada filho que nasce, além das duas. O costume mais comum é acender duas velas, uma para "lembrar" o Shabat e uma para "guardar" o Shabat. É uma boa costume meninas a partir dos três anos ter sua própria vela acessa antes do Shabat e Yom Tov.

E se não estivermos em casa para o jantar da sexta-feira?

Acenda suas velas em casa se for voltar para dormir lá, desde que elas ainda estejam ardendo quando você chegar. Caso contrário, acenda suas velas em casa e fique até depois de escurecer, antes de sair para jantar fora.

(Se você teme deixar as velas acesas sem supervisão, simplesmente acenda-as em um local seguro, dentro de uma pia forrada com alumínio e que não será usada durante o Shabat!)

E se eu não chegar em casa a tempo de acender as velas antes do pôr-do-sol?
Algumas pessoas podem pensar que é tão importante acender velas no Shabat que fazê-lo mais tarde é melhor que não fazer. Essa é uma idéia equivocada. É melhor não acender as velas do que transgredir a proibição de fazer fogo no Shabat. Tente programar suas tardes de sexta-feira o melhor possível, para estar em casa na hora de acender as velas.

E durante o horário de verão, quando o acendimento ocorre tão tarde?
É permitido "começar o Shabat mais cedo". Isso é feito simplesmente acendendo as velas, ou por meio de uma aceitação verbal do Shabat. A hora para começar o Shabat mais cedo possível é uma hora e quinze minutos antes do pôr-do-sol. Muitas comunidades fazem isso durante os meses de verão, quando o pôr-do-sol pode ser muito tarde, para que as crianças possam estar à mesa. Os serviços da noite de sexta-feira no verão muitas vezes são feitos em dois turnos; um para aqueles que preferem mais cedo, e um para aqueles que o fazem ao pôr-do-sol.
Tenha em mente que isso não é exatamente "uma hora e quinze" no seu relógio. Isso porque o dia judaico – do nascer ao pôr-do-sol – é dividido em 12 partes iguais. Portanto, não importa se o dia é longo ou curto, cada doze avos é considerado "uma hora". É um pouco complicado. Consulte um rabino sempre que tiver dúvidas.
Lembre-se: Depois que as velas foram acesas, mesmo se for uma hora antes do pôr-do-sol, é considerado como "Shabat" para você em todos os aspectos. (Isso, no entanto, não significa que o Shabat agora pode terminar mais cedo. O Shabat pode começar mais cedo, mas nunca terminar antecipadamente.)

Posso mover os castiçais após acender as velas?

Objetos que não têm utilidade no Shabat não devem ser movidos. Estes objetos estão numa categoria chamada muktzê, que significa "deixado de lado". Como não usamos fósforos, velas, ou qualquer coisa que envolva começar ou extinguir fogo no Shabat, estes itens não são movidos. Portanto, certifique-se de acender em local conveniente para deixar os castiçais por toda a duração do Shabat.

Viciada em Shabat

Viciada em Shabat

Por Chaya Blitzer

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Talvez o Shabat devesse ter uma etiqueta de advertência (obedecendo as "leis da embalagem"). "CUIDADO! Cumprir este mandamento pode provocar hábito!" Bem, o Shabat passou a ser "formador de hábito" para mim (como tenho certeza que aconteceu com muitos outros). Observar as "leis e regulamentos" do Shabat não foi algo em que eu mergulhasse de uma vez. Primeiro, experimentei só um pouquinho: como até então eu jamais guardara o Shabat, primeiro me comprometi a não fazer compras ou lidar com dinheiro.

Decidi também que, sempre que possível, faria uma caminhada no Shabat, admirando a beleza das criações de D’us. No outono, a doçura das folhas revestidas de ouro e carmim atapetando as ruas. O inverno trouxe consigo o branco na paisagem. A primavera exibiu a maravilha do verde e a volta das flores, e as caminhadas do Shabat no verão trouxeram um calor maravilhoso e o esplendor do sol.

Eu podia ver e sentir o impacto de D’us em toda parte – no rosto de uma criança, no sorriso de um velho. Portanto, resolvi continuar com a experiência, e me senti bem.

Como tudo dava certo, decidi ir um pouco mais além; fazer do Shabat um dia de reflexão e estudo. Além de estudar os textos tradicionalmente lidos no Shabat, deliciei-me com leituras específicas, como as palestras do Rebe – uma fascinante amplitude de discursos sobre uma miríade de tópicos religiosos. Ou então estudava a Ética dos Pais, o Mishlê ou o Livro de Tehilim.

Esta regeneração de minha alma e espírito era feita com tanta calma e paz, que passei a esperar o Shabat com ansiedade cada vez maior.

Lembro-me de uma semana especialmente estressante e difícil, repleta de problemas e tensão. Vários dias antes do Shabat, percebi que estava ansiando por sua paz total e tranqüilidade. Mal podia esperar a chegada do Shabat. Conforme a tensão da semana se intensificava, comecei a visualizar a chegada do Shabat, como eu acenderia as velas resplandecentes, e a profunda paz que cairia sobre mim. Aquilo pareceu envolver-me durante a quinta e a sexta-feira.

O que me mantinha calma era o maravilhoso pensamento que, assim que o Shabat viesse, seria como uma fortaleza protetora que nenhum pensamento perturbador, telefonemas ou correspondência poderia penetrar para abalar aquela perfeita tranqüilidade.

Naquela sexta-feira, corri para casa, ansiosa em preparar-me para o Shabat. Eu quase podia sentir a paz e a calma ao entrar em casa. Após os preparativos, recitando a prece e acendendo as velas, saudei o Shabat e o Shabat "me saudou" com seus braços confortantes. A "fortaleza" estava completa, e encontrei a paz mais profunda que jamais sentira.

D’us tinha me concedido um refúgio em meu próprio lar. Além disso, eu realmente acreditava que D’us tinha me dado aquela semana tão perturbadora para que eu pudesse apreciar a maravilhosa paz e a tranqüilidade trazidas pelo Shabat. D’us criou a noite para que pudéssemos dar valor à luz. Às vezes precisamos de contrastes para aprendermos a prezar as coisas importantes na vida.

Numa interessante palestra a que compareci, proferida pela artista internacionalmente aclamada Ilana Harkavy, aprendi que como uma Baalat Teshuvá, ela também passara a apreciar o Shabat. Relatou-nos que este dia "recarregava suas baterias", e durante uma semana agitada, ela consegue tolerar qualquer quantidade de fadiga, pois espera ansiosamente pelo Shabat. Minha semana repleta de tensão foi uma ocasião decisiva para mim, pois eu me tornara realmente uma 'viciada no Shabat". Eu esperava mais e mais ansiosamente por ele, e conseguia tolerar uma quantidade maior de problemas com mais facilidade, sabendo o que estava para vir.

Logo "graduei-me": decidi que, se experimentar um pouquinho era tão bom, por que não mergulhar de uma vez? Portanto, comprometi-me a não acender ou apagar mais as luzes no Shabat. Da primeira vez que tentei, eu não estava consciente de como são fortes os reflexos básicos. Por várias vezes, achei-me procurando o interruptor da luz e muitas delas, antes que eu tivesse consciência disso, já tinha acendido a luz. Eu me aborrecia com isso, mas minha Rebetsin deu-me bons conselhos – colocar pedaços de papelão sobre os interruptores nas tardes de sexta-feira. Diverti-me fazendo isso, pois desenhei algumas estrelas sobre os diversos pedaços de papelão, com outros enfeites. Nas tardes de sexta-feira, eu colocava os "guardas do Shabat". Funcionou!

Sim, aprendi que o Shabat de fato pode criar um hábito. Mas é um hábito tão maravilhoso, que não pretendo jamais curar-me dele. Estou orgulhosa de ser uma "Viciada em Shabat", que precisa de uma "dose" uma vez por semana para funcionar!

Shabat Shalom Umeborach!!!!!!