domingo, janeiro 30, 2011

E falando de Toráh.........., continuamos com as obras monumentais, …

Bíblia – Talmud.

Talmud - Imagem

Há pouco tempo atrás o prestigioso escritor, ensaísta e conferencista Dr. Gustavo Daniel Perednik, lançou um livro mais, aumentando sua vasta lista de publicações.

Este ultimo livro, com o nome em espanhol: “La Patria fue um Libro”, “La Biblia, su legado, su pueblo y su tierra hasta 1880".

O mesmo percorre o vinculo histórico milenar entre o Povo Judeu e a Terra de Israel, a partir do relato bíblico.

A Bíblia foi poesia, ficção, filosofia, ecologia, moral, era muito mais. E era uma pátria. Um país em tamanho de bolso que anunciava a redenção do povo judeu, a razão para a esperança intacta.

Como traz o autor, em uma das partes de seu livro, um conceito do poeta alemão Heinrich Heine: À Bíblia foi a pátria portatil dos judeus”.

Em função disto, da importancia que teve a Biblia, ao longo dos séculos, quando o Povo Judeu errante em suas jornadas, procurando como esperança milenar, a chegada do redentor, que permitisse encontrar seu caminho, e dirigir-se de retorno a seu unico lar, a sua patria; não menos foi a importancia da significante obra chamada Talmud, um vasto mar de conhecimentos, de narrações (Hagadot), de investigações rabinicas (Midrashim), de mistica (Cabaláh) que atinge a todos assuntos, aparentemente em forma desordenada, porem que demonstra uma visão intelectual, do que mais adiante seria um boom no mundo do conhecimento, que é o mundo do virtual.

Devemos para que aqueles que ainda não estão aprimorados com detalhes da Biblia e do Talmud, oferecer-lhes um breve sinteses daquilo que por uma parte, como diz o afamado Dr. Gustavo Perednik, “Como o Livro implicou para os judeus uma terra. E como a Terra foi o Livro, e o Livro a pátria.”

Devemos com justa razão dizer que essa patria teve uma coluna vertebral, chamada Talmud, que foi o principio da razão da subsitencia e continuidade do Povo Judeu ao longo de seus 2000 anos de exilio.

O Talmud surgiu para manter a unidade do Povo Judeu. Foi a primeira sinal da globalização, a partir de um povo disperso, porem unido a traves de sua intelectualidade, espiritualidade e tradições.

Hoje em dia, temos estúdios de Talmud (Daf Iomi – Uma pagina diária), ao longo de nosso planeta, utilizando o mundo virtual como comunicação e forma de estudo. De todos os cantos, temos pessoas que dia a dia, soma-se a esse vasto mundo do conhecimento, tão atual, como tão fundamental.

Desenharemos uma breve idéia dessas obras fundamentais para o desenvolvimento, sua continuidade e a existência do Povo Judeu

A Bíblia é formada por 24 livros e é denominada TaNaCh- acrônimo de Toráh (Pentateuco), Neviim (Profetas) e Ketuvim (Escritos).

1. - A TORÁH (o Chumash, Pentateuco ou os cinco livros de Moisés) alude aos Mandamentos a cumprir. A raiz da palavra hebraica Toráh é hora’á - ensinamento.

A referencia ao nome em hebraico de cada um dos cinco livros deve-se a palavra mais importante escrita no primeiro versículo.

Bereshit - Gênesis: No princípio. “No princípio criou D’us os céus e a terra”. Desde a criação, patriarcas até a morte de Iossef em Egito.

Shemot - Êxodo: Nomes. “E estes são os nomes dos filhos de Israel...”. Saída dos judeus da escravidão de Egito, recebimento da Toráh no Monte Sinai.

Vaicráh - Levítico: “E chamou a Moisés e falou-lhe o Eterno..”. Trata dos serviços e sacrifícios realizados; a consagração dos sacerdotes, leis de pureza

Bamidbar - Números: Censo no deserto e acontecimentos precedentes a chegada na terra prometida. “E falou o Eterno a Moisés no deserto...”

Devarim - Deuteronômio: Palavras. “Estas são as palavras que falou Moises...” Discurso de Moises, sua despedida antes de morrer.

2. - NEVIIM (profetas): levavam a mensagem divina ao povo

Divide-se em Neviim Rishonim (Primeiros Profetas)

Neviim Achronim (Profetas Posteriores)

I. NEVIIM RISHONIM:

Ioshua (Josué): sucessor de Moises como chefe do povo hebreu.

Shoftim (juízes): chefes das tribus que atuaram como juízes e dirigentes do povo. O período abarca entre Josué e Samuel.

Foram doze juízes; entre eles Débora (a única mulher)

Shmuel Alef, Shmuel Bet (Samuel) foi sacerdote e profeta. Ultimo Juiz e primeiro Profeta, sucedeu a Eli HaCohen. Ungiu aos reis Saul e David.

Melachim Alef e Melachim Bet (Reis l e ll): velhice do rei David, proclamação de Salomão, divisão em dos reinos, caída deles.

II. NEVIIM ACHRONIM: Isaias, Jeremias, Ezequiel [estes três primeiros profetas maiores, já que cada um deles tem um livro], Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias [Micháh], Nahum, Habacuc, Sofonias [Tsefaniá], Ageu [Hagai) , Zacarias [Zecharia], Malaquias [Malachi], (Estes estão considerados em um livro só)

3. - KETUVIM:

Tehilim (salmos) compostos pelo Rei David

Mishlê: máximas morais composto pelo rei Salomão

Livro de Jô: O justo colocado a prova.

Meguilot ou Rolos, livros que sua características de escrita são denominados rolos, e são lidos em situações especiais.

I. Shir HaShirim (Cântico dos Cânticos) composto pelo rei Salomão que reflete o amor de D’us para Israel. Lê-se, na festividade de Pêssach (Páscoa Judaica)

II. Rut: Lê-se em Shavuot

III. Echáh (lamentações): trata sobre a caída de Jerusalem. Lê-se em Tisha BeAv (Nove do mês do calendário hebraico Av, dia de luto para o povo judeu)

IV. Cohelet (Eclesiastes) escrito pelo rei Salomão. Lê-se na festividade de Sucot (Cabanas)

V. Ester: Lê-se em Purim

Daniel: suas visões proféticas e suas peripécias no exílio da Babilônia.

Ezra: escriba retorna com os hebreus a Israel após o exílio babilônico

Nehemias: governador de Judéia Reconstruiu as muralhas de Jerusalém. E junto a Ezra reconstruíram o Bêt Hamikdash ou a Casa Santa de Jerusalém, também conhecido como Templo de Salomão.

Divrei Haiamim Alef (Crônicas l): Desde Adão, Noé, Israel, Saul, David e Salomão.

Divrei Haiamim Bet (Crônicas ll): Morte de Salomão, reino de Judéia.

A lei oral ou os ensinamentos orais. A coluna vertebral.

TALMUD: lei oral-Torá she-be’alpê- entregue a Moises no Monte Sinai junto com a Torá (lei escrita). Define e dá forma ao judaísmo, alicerçando todas as leis e rituais judaicos. O Talmud (do hebraico limud, “estudo” ou “aprendizado”) os explica, discute e esclarece. O Talmud é uma mescla de arte e ciências: é o livro da legislação judaica - técnico e preciso - mas é também uma enciclopédia e uma obra magistral de sabedoria, jamais igualada na história da humanidade.

Existem dois versões do Talmud: Babli (babilônica) e Ierushalmi (jerosolomitano ou de Jerusalém). A primeira versão é mais rígida e é a fundamental.

O Talmud tem dois componentes principais: a Mishnáh, um livro sobre a lei judaica, escrito em hebraico, e a Guemará, comentário e elucidação do primeiro, escrita no hebraico-aramaico. Com este mesmo (proveniente do aramaico) nome é conhecido também o Talmud

É a Mishnáh que provê a Guemará de sua base organizacional e factual. A Mishnáh surge como o árbitro final em qualquer litígio talmúdico.

No ano de 188 da e.c., o Rabi Yehudá ha-Nassi (Rabi Yehudáh o Príncipe), terminou de compilar a Mishnáh. No século V da e.c., Rav Ashi, importante sábio babilônico, iniciou a compilação da Guemará (do hebraico gamar, completar).

Os sábios da Mishnáh eram os tanaim (tanaitas). Os mais destacados: Hillel, Rabi Iochanan bem Zacai, Rabi Akiva, Iehuda Hanasi, Raban Gamliel.

Os Amorim (amoraitas), da palavra hebraica emor (falar) comentaram e explicaram a Mishna de forma oral criando o material que compõe a Guemara.

6 ordens da Mishnáh:

1- Zeraim (Sementes): leis agrícolas, alimentares, bênçãos.

2- Moed (festas): Shabat e demais festas

3- Nashim (mulheres): casamento, divórcio, relações sexuais.

4- Nezikim (danos): lei civil, lei criminal

5- Kodashim (coisas sagradas): sacrifícios

6- Tahorot (purificações): leis de purificação para o serviço do templo

Dentre da Mishna encontra-se a seção conhecida como Ética dos Pais (Pirkê Avot) com máximas rabínicas.

O Midrash provém da raiz hebraica drush, pesquisar, procurar. E uma coleção de lendas que colaboram na compreensão do texto.

Apêndice

Uma explicação filosófica e conceitual dessa maravilhosa obra chamada Talmud.

Se a Bíblia é a pedra fundamental do judaísmo, o Talmud é sua coluna vertebral. Eleva-se desde os cimentos e suporta todo o prédio espiritual e intelectual. Em muitos sentidos o Talmud é o livro mais importante dentro da cultura judaica, a coluna vertebral da criatividade e a vida nacional. Não tem nenhuma outra obra que exerceu uma influencia tão primordial sobre a teórica e pratica vida judaica. Nenhuma como ela moldou o conteúdo espiritual e serviu de guia para a conduta do Povo Judeu. É claro hoje dizer que o Povo Judeu, teve consciência de que sua supervivência e desenvolvimento dependem em grã parte ao estudo, conhecimento e aprendizado desta obra monumental, a hostilidade que foi apresentada ao judaísmo, principalmente na idade meia, atacava a esta obra magnífica, censurando-lo, difamando-lo, humilhando-lo e condenado-lo em um passado recente as fogueiras da ignorância e intolerância.

Durante algumas épocas se proibiu se estudo o conhecimento Talmúdico, pois resultava evidente que uma sociedade judaica que deixara de estudar esta obra não tinha esperanças de sobreviver.

Não é fácil definir ou caracterizar, breve e concisamente, o Talmud. É um tema que escapa à definição pela grande variedade de seu conteúdo e, sobretudo, porque não existe outra obra com a qual estabelecer um termo de comparação.

O Talmud, tão atacado, tão discutido e tão menosprezado, é pouco - para não dizer nada - conhecido. A maioria dos que dele se ocuparam, apenas repararam e insistiram em seus defeitos; no entanto, fora do Judaísmo, são contados os que penetraram no oceano dos seus livros com a honrada intenção de encontrar as pérolas, de aproveitar o que tem de bom e de útil, sem deter seus pensamentos no que, à primeira vista, poderia parecer inútil.

Quando, em 1304, o papa Clemente V quis saber o que era o Talmud, muito embora já houvesse sido objeto de polêmicas religiosas - essas polêmicas quase sempre são estéreis - e de numerosos ataques, ninguém foi capaz de responder á sua pergunta: ninguém sabia fazê-lo. E apesar das cátedras que fundou, o Talmud, as belezas do Talmud, continuou sendo desconhecidas. Um só exemplo, porém significativo.

Poder-se-ia alegar que isto ocorria na Idade Média, época em que um religioso chegou a crer que o Talmud era um nome próprio e dizia: "ut narrar rabinus Talmud" (*); mas, mesmo na Idade Moderna são pouquíssimos - entre eles não se pode deixar esquecido o nome de Reuchlin - os que chegaram não a resolver, porém apenas a delinear o problema em seus justos limites. Em pleno século XX, um teólogo permitiu-se dar grandes gargalhadas porque um tratado inteiro fora dedicado aos ovos, ignorando por completo que é comum no Judaísmo designar-se uma obra por suas palavras iniciais. E ainda hoje muitos mencionam o Talmud - e exatamente o mesmo pode-se dizer em relação à Cabaláh - como algo obscuro e. . . Absurdo, um dos muitos tópicos paradoxais que abundam na cultura atual.

O Talmud não somente alimenta a alma e o espírito, mas também atiça a imaginação; embora não seja uma obra de arte, contém muitas obras de arte. É bem verdade que figuram nele coisas úteis e inúteis, de grande valor ou puramente anedóticas; mas daí a que seja um absurdo, existe um grande abismo que é preciso - e a isto nos propomos - vencer.

É evidente que não se pode julgar o Talmud com o mesmo padrão que se emprega para medir as demais obras literárias. São necessários critérios especiais, pois o Talmud não é somente literatura, mas sim a vida inteira do Judaísmo vertida em uma obra.

Trata-se de uma vasta enciclopédia, aparentemente muito desordenada, na qual existe de tudo, porém sem sistema, isto é o que se elabora desde a concepção, de um mundo ocidental, que dificilmente consiga entender o sistema de raciocínio. No Talmud é difícil encontrar o dado concreto, a menos que seja de matéria legal - porque esta matéria tem ainda hoje validez no Judaísmo - em cujo caso umas chaves-índice, as codificações que mais adiante citaremos, são auxiliares indispensáveis.

Se à desordem com que as matérias estão distribuídas na "Enciclopédia" se acrescenta o fato de que os autores, cujo número se aproxima de dois milhares, pertencem a diversas épocas e regiões geográficas, a muito variadas escalas sociais e formações, desde o ignorante ao sábio, portanto de desigual autoridade, sustentando às vezes teorias muito díspares, inclusive contraditórias, expostas seja em ordem direta umas às outras, seja em páginas muito distantes entre si, - explica-se que junto a idéias sublimes se encontrem opiniões ou ditos vulgares; que junto a moral elevada venham citadas superstições populares, que junto à regra médica, lógica e perfeitamente regulamentada, apareçam remédios de curandeiro. Eis aí para alguns uma enciclopédia caótica. Mais a idéia de verbetes, que deu lugar a links, começa, por lá, e não no hoje mundo virtual.

O Talmud foi amiúde criticado de que ao associar assuntos tão diversos, a mente vê-se incapaz de separar o sutil do vulgar, o externo do espiritual; mas mesmo que assim seja o ulterior desenvolvimento da história judaica demonstrou a carência de base de tal conceito. O Talmud nunca foi considerado um código fechado, porém muito mais um apanhado das diversas interpretações das leis bíblicas e tradicionais, um relato verídico das variadas opiniões rabínicas acerca das experiências humanas em relação com a sociedade, com Israel, com D’us e com o reino Divino.

No Talmud, podem distinguir-se duas partes, ou melhor, dito: duas obras separadas que se encontram numa só edição. Estas duas obras são: a Mishnáh e a Guemará; a primeira - única, a segunda - dupla, e cuja formação e conteúdo estudaremos sucessivamente.

Porem se desejamos em definitiva definir o Talmud, podemos dizer que é uma visão antiga do que seria hoje em dia a Wikipédia. Suas discussões com sábios de diferentes gerações e lugares geográficos faziam nessa época um exercício do virtual que a imaginação conseguiria concretizar quinze séculos depois.

Devemos lembrar que o Talmud, a seus sábios foram chamados de Amoraim, assim como os sábios da Mishnáh, foram chamados de Tanaim. Amoraim significa: “Aqueles que comentam”, ou “comentaristas ou discutidores”, já que sua função era deglosar todo aquilo que escrito na Mishnáh (Tradição Oral), e deixar-lo em sua forma final. Taná, cuja raiz etimológica é equivalente em aramaico a raiz da palavra hebraica shanáh, que é a base filológica da palavra Mishnáh. O verbo da palavra SHaNaH, literalmente significa repetir o aprendido e usado com o significado de aprender. Também tem conceitualmente a mesma concepção de dois, ou segundo. Os sábios da Mishnáh ensinavam, já que era tradição oral e não escrita, por meio da repetição e reiteração dos conceitos aprendidos.

Teve sete gerações de proeminentes sábios Amoraitas.

O primeiro deles foi Abba Ariká, conhecido com Rav. Foi o ultimo Taná, o primeiro amora, discípulo de Rabi Yehudáh Hanasi, Rabí Yehudáh o príncipe, mudo-se de Israel para Babilônia e foi o fundador e diretor da Academia Rabínica (Yeshiváh) de Sura.

Os últimos Sábios Amoraitas foram

Rav Ashi (f. 427), discípulo de Abaye, Rava e Rav Kahana. Diretor da Academia, em Mata Mehasia. Principal redator do Talmud babilônico. Seu contemporâneo Ravina I (f. 421), discípulo de Abaye e Rava, colega de Rav Ashi, na Academia Rabínica de Mata Mehasia, onde também participou na redação do Talmud Babilônico. Estes dois últimos foram sábios Amoraitas da sexta geração, que transitou desde o 371 a 427 d.e.c. O ultimo sábio amoraita que foi o líder da sétima geração destes sábios, Ravina II (f. 500 outros dizem que foi no ano 499), discípulo de Ravina I e Rav Ashi. Diretor da Academia Rabínica Sura, completo finalmente e encerrou o Talmud Babilônico. Alguns dizem que ao finalizar a obra ele faleceu, outros dizem que faleceu um ano após fechamento do Talmud Babilônico.

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(*) O bispo e teólogo francês Jacques-Bénigne Bossuet (27/09/1627 – 12/04/1704) pediu certa vez ao filósofo alemão Gottfried Wilhelm von Leibniz (Cientista, matematico, diplomata e bibliotecario alemão, alem de ser filosofo) que lhe enviasse um livro do Talmud, traduzido por "Monsieur Mishnáh".

sexta-feira, janeiro 28, 2011

O Pendulo de Nossas Vidas

CALENDÁRIO HEBRAICO
calen_hebreo
“- Daniel, quando é teu aniversário?
-4 de abril.
-E quando é o bar-mitzváh do teu filho?
-No terceiro sábado de julho. Não falte.
-Sabes quando 'cai' Yom Kipur este ano?
- Sim, em 15 de setembro fazemos dieta.”
Apesar de que a maioria de nossos atos e documentos sociais estão fixados de acordo com o calendário gregoriano, o calendário hebraico segue sendo à base da vida cultural, religiosa e nacional nas comunidades judaicas mesmo quando não somos plenamente conscientes dele.
Como judeus, é de suma importância conhecermos os conceitos básicos e teóricos que influem sobre o ciclo de vida pessoal e comunitária.

Meses do ano:

Calendário hebraico:              Calendário Gregoriano:
Tishrê 30 dias                                         Setembro 30 dias
Cheshvan 29                                              Outubro 31dias
Kislev 30                                                Novembro 30 dias
Tevet 29                                                 Dezembro 31 dias
Shevat 30                                                     Janeiro 31 dias
Adar 29                                                    Fevereiro 28 dias
Nissan 30                                                      Março 31 dias
Iyar 29                                                               Abril 30 dias
Sivan 30                                                           Maio 31 dias
Tamuz 29                                                       Junho 30 dias
Av 30                                                                Julho 31 dias
Elul 29                                                           Agosto 31 dias
Total: 354 dias                                           Total: 365 dias

Ano Ano Lunar

Diferentemente do calendário gregoriano, que se baseia no ano solar, o calendário hebraico baseia-se no ciclo de renovação lunar.

No Talmud, Massechet (Tratado) Rosh Hashanáh 25., Rabi Gamliel nos diz que a lua se renova “a cada 29 dias e meio, e dois terços de hora e 1 chelek (partes)”.

Em nossos termos, podemos definir:

Mês Lunar: 29 dias, 12 horas, 44 minutos e 3 1/3 de segundos.

Ano Lunar: 354 dias, 8 horas, 48 minutos e 36 segundos.

1hora = 60 minutos = 3.600 segundos = 1080 chalakim

1 minuto = 60 segundos = 18 chalakim

3 1/3 segundos = 1 chelek

1 minuto = 18 chalakim

44 minutos = 44 x 18 = 792 Chalakim

3 1/3 segundos = 1 chelek

Sumamos então, se têm = 793 chalakim

29 dias 12 horas e 793 chalakim, é a duração de um mês lunar

Ano Solar

O tempo que transcorre entre o instante que o sol passa pelo ponto da primavera (equinócio, igualdade de horas entre o dia e a noite, no hemisfério norte) até seu regresso no mesmo ponto um ano depois, é o que chamamos de ano solar.

Ano Solar: 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos.

Ano Lunar: 354 dias, 8 horas, 48 minutos e 36 segundos

O ano solar é mais comprido que o ano lunar em 10 dias, 21 horas e 10 segundos.

Estrutura do Calendário Hebraico:

CALEND~1
Devido a que o ano hebraico é mais curto que o gregoriano em quase 11 dias, e como segundo a lei judaica devemos festejar Pêssach no mês da primavera (Nissan), os sábios judeus regulamentaram a prolongação do ano (ibur hashanáh), agregando nessas ocasiões o mês de Adar Sheni ou Adar Bêt.

Nestes anos prolongados, o mês de Adar Alef será de 30 dias, e Adar Bêt, de 29 dias.
Os meses hebraicos tem um número fixo de dias, exceto Cheshvan e Kislev. Estes dois meses são “flexíveis” por serem os primeiros do ano, e assim poderemos saber no início de cada ano as datas exatas das festividades, jejuns e comemorações.
Neste aspecto, existem três possibilidades:
1. Se Cheshvan e Kislev tem 29 dias cada um, o ano terá 353 dias e é chamado de ano “incompleto”.
2. Se Cheshvan tem 29 dias e Kislev tem 30 dias, o ano será de 354 dias e é denominado “ano regular”.
3. Se Cheshvan e Kislev tem 30 dias cada um, o ano será de 355 dias e é denominado “ano completo”.
No ano 4.119 (ano 359 da era comum), Rabi Hilel, filho de Yehudáh Hanassi, institucionalizou o calendário. A partir de então, se fixaram os meses e a duração dos anos, segundo uma fórmula definida.
Este calendário foi aceito e aplicado até o ano 4.600 (840 da era comum) foi sofisticado e aprovado pro Rabi Saadia Gaon. Desde então, este calendário está em vigência sem nunca ter sido modificado.
Anos Prolongados
O calendário hebraico se divide em ciclos de 19 anos. Em cada um destes ciclos se fixaram 7 anos prolongados e 12 anos regulares, seguindo a seguinte ordem:

Ano
1 regular                                      11 prolongado
2 regular                                      12 regular
3 prolongado                              13 regular
4 regular                                      14 prolongado
5 regular                                      15 regular
6 prolongado                              16 regular
7 regular                                      17 prolongado
8 prolongado                              18 regular
9 regular                                      19 prolongado
10 regular

Cálculos Básicos:

a) Para sabermos qual o ano hebraico que corresponde ao ano gregoriano que escolhemos, devemos somar 3.760 ao ano gregoriano. Exemplos:

1) Em que ano, segundo o calendário hebraico, se descobriu a América?

1.492 + 3.760 = 4.252
2) A independência de Israel se declarou em que ano hebraico?
1.948 + 3.760 = 5.708
b) Para saber se um ano hebraico determinado é prolongado, o dividimos por 19. A cifra que fica como resto desta divisão nos indica o número deste ano dentro do ciclo de 19 anos. Então só falta verificar se este ano é regular ou não. Exemplos:
1) O ano hebraico 5.755 é prolongado?
5.755/19 = 302 e fica um resto de 17. O ano 17 em cada ciclo é prolongado. Efetivamente, o ano 5755 tem Adar Alef e Bêt.
2) O ano gregoriano 2.009, que tipo de ano é?
2.009 + 3.760 = 5769
5769/19 = 303, com resto 12. O ano 12 em cada ciclo é regular.
Para o judaísmo, a Torá (a Lei Escrita do Antigo Testamento), a Mishná (a Lei Oral) e o Talmud (a explicação da Mishná ) regulam a estrutura do ano religioso e, à volta deste, toda a vida espiritual e até física dos judeus tradicionais.
Os dias e a semana

Baseando-se no antigo Testamento ( Gênesis I, 5), os judeus contam os dias desde o pôr do sol de um dia (com o aparecimento das três primeiras estrelas) ao pôr do sol que se segue. Não têm nomes, sendo designados apenas numericamente, à exceção do Shabat (intervalo de tempo entre o pôr do sol de sexta-feira e o pôr do sol de sábado) evidenciando talvez assim a sua “não santidade”, por serem dias de trabalho e criação.

O domingo é o primeiro dia da semana e o Shabat o sétimo, o dia de descanso. Este dia, conforme indicado no quarto mandamento da Bíblia (Deuteronômio, Cap. 5, versículos 12-15), deve ser dedicado à santificação divina e nele haverá total abstenção de qualquer atividade criativa, pois foi o dia em que também D'us descansou.

A IDÉIA DE UM “RENASCIMENTO” JUDEU

Valores Judaicos

Festas Judaicas

“Não se pode legislar a continuidade judaica. Nem o Congresso Judaico Mundial nem o Keneset (Parlamento que Legisla no Estado de Israel) podem fazê-lo..., mais estão destinado ao fracasso.

A resposta não está simplesmente no conhecimento Judaico. Há quem pense que fartando a nossa juventude com estudos Judaicos teremos êxito. Mas inclusive se distribuirmos uma educação Judia, está não produz necessariamente o resultado correto. Temos jovens que são um exemplo disto, e o digo na minha qualidade como Judeu Religioso que usa kipáh. O estudo sem ensinamentos morais não basta. Temos que ensinar o amor ao povo Judeu, e o amor a Eretz Israel (A terra de Israel), um sem o outro são simplesmente insuficientes...

A ausência dos valores Judeus e da vida familiar Judia é um problema real. Nossa juventude está apostando em outra direção porque a vida Judia lhes é representada de forma aborrecedora. Nossos jovens optam por “lá fora” sem saber ao menos pelo que estão optando. Não conhecem as perguntas a formular. Por que o Seder (noite de Pêssach, onde é lido uma Hagadáh, um livro que relata não só o êxodo de Egito, senão a importância de estudar-lo) é importante? Pois não fazemos apenas quatro perguntas (o número quatro na noite de Pêssach, é marcante, e existe um momento onde se realizam 4 perguntas, que representam, os 4 mundos de acordo a Cabaláh), mas sim sabemos quais são as quatro perguntas...

Nosso maior problema, e também o de Israel, é o de que estamos perdendo inimigos. Sabíamos como enfrentá-los. Agora temos que tratar com nós mesmos, e é difícil.

Devemos reconstruir a nós mesmos, e não ao mundo. É árduo, porque requer substância e conhecimento, trabalho em casa e preparação. Neste sentido falamos da necessidade do “renascimento Judeu.”

terça-feira, janeiro 25, 2011

Holocausto – Iom Hashoa

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“Se Compreender é impossível, conhecer é imprescindível.”
(Primo Levi, escritor Italiano, sobrevivente do Holocausto)
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A memória é uma das características do ser humano, que não tem uma forma para descrevê-la, pode ser ascendente ou descendente, pode ser uma parábola ou uma hipérbole, um diagrama oscilatório ou dente de serra.
Porem no judaísmo, como exceção que marca a regra, é constante, é uma linha que esta por cima do eixo do esquecimento, o Povo Judeu não sofre de Alzheimer espiritual e muito menos histórico, nossa lembrança esta destinada a educar e previr, e não vingar-nos.
A palavra zachor (lembrar) aparece na Bíblia 169 vezes, proporcionalmente mais que o conceito e mandamento de Shabat; nossa lembrança nos leva a definir que o secreto da redenção é o recordo e do desterro o esquecimento.
Hoje caros amigos, o mundo tem a obrigação de lembrar e recordar, e fazer isto é dar um passo mais para evitar que as gerações futuras esqueçam-se da barbárie onde além de mais de 6 milhões de judeus, quase 11 milhões de outros povos foram massacrados, assassinados, degolados, asfixiados e queimados, na mais horrenda face da historia humana. Saibam: “Não todas as vitimas do Holocausto eram judeus, mais todos os judeus eram vitimas do holocausto”.
Finalmente, educação é todo aquilo que ficou depois de haver-me esquecido todo aquilo que aprendi.
Que D’us abençoe a todos aqueles que fazem da lembrança uma sarça ardente, como  a qual Moises presenciou no deserto, e que as almas dos inocentes, sejam cuidadas por nosso Criador.
Ner Hashem Nishmatam Adam. A Luz do Senhor é Alma do Ser Humano. Nosso Décimo primeiro mandamento: NÃO ESQUECERAS.

segunda-feira, janeiro 24, 2011

O Judaísmo, e o desafio do século XXI

Judaísmo na virada do milênio

Se na Europa Nazista alguém se perguntava sobre o futuro do judaísmo as perspectivas não seriam muito animadoras. Nossos antepassados que lá viviam tinham um encontro marcado com a morte, aguardando tais cruéis momento nos campos de concentração e extermínio. Que futuro poderia ser ali previsto para o judaísmo, os judeus e a tradição judaica? O desespero dominava as mentes e os corações de nossos irmãos e irmãs de todas as idades que lá estavam. Eles tinham na tarde saudades da manhã que passou; na manhã seguinte tinham saudades da tarde que passou. As coisas, como ensina a Sagrada Toráh[1], ficavam piores a cada momento. O que os olhos viam deixavam as mentes enlouquecidas.

Mas de meio século depois dos dias negros da Europa Nazista o judaísmo ressurge por todo o mundo com muita força, coragem e vida. Em poucas décadas o moderno Estado de Israel tornou-se uma nação pungente, com forte presença no cenário mundial, mesmo lutando com seus graves problemas regionais, envolvendo guerras e negociações pela paz com países árabes e o povo palestino. Por toda a diáspora as organizações comunitárias judaicas fortalecem-se e constituem centros de retorno ao judaísmo. Este retorno acontece de várias formas. Uma parcela retorna a um caminho mais enraizado com o estudo e cumprimento dos preceitos[2], reaproximando-se da corrente religiosa mais ultra-ortodoxa. Outros são despertados por propostas mais moderadas de Conservadores, Reformistas ou Neo-ortodoxos. Será muito importante avaliar, quantos filhos de casamentos mistos começam a ser integrados na vida comunitária, fazendo seu Bat ou Bar Mitsváh[3] com plena identificação como judeus, filhos de Israel, ligados à corrente da vida da Sagrada Toráh e do Conhecimento Judaico, isto depende exclusivamente dos lideres espirituais, seja qual fosse sua corrente religiosa, e das propostas educativas que cada Comunidade Judaica do mundo ofereça e seduza aos membros das mesmas.

Evidentemente a crise do desemprego no mundo também favorece o ressurgimento de movimentos neonazistas, o que exige uma atenção mais do que redobrada de todos os judeus do mundo: "calar nunca jamais". Mas estes movimentos nefastos não podem impedir o florescimento do judaísmo sucedido no final do século vinte e de milênio e na primeira década do século vinte um. Qual será o papel do judaísmo a partir do Século XXI? Um século com inovações tecnológicas dia a dia, com redes sócias no mundo virtual, comunicação à distância evitando às vezes o relacionamento mais afetivo, mais comunicativo.

Procuraremos neste breve ensaio tecer algumas reflexões sobre esta indagação.

Em todo o mundo há um questionamento da vitória do racionalismo como forma de pensamento. Até o começo do século vinte, as ciências pareciam permitir uma completa superação do "obscurantismo" da religião. A Física do século vinte, com um impressionante interplay entre teoria fisico-matemática por um lado e refinada experimentação por outro, demonstrou que a ciência pode realmente penetrar com incalculável precisão no domínio da natureza. Seguindo os caminhos da Física, surgiu a Química aliando-se ainda estreitamente à produção industrial, nascimento da High-Tech. A Biologia tomou o mesmo caminho e a bio-engenharia apresenta cenários inacreditáveis.

Quando todo este desenvolvimento fabuloso das ciências exatas, da matéria e da vida, tomava realmente fôlego para seguir uma aceleração inacreditável, pensou-se então que os seres humanos haviam superado todos os problemas e males do mundo. O homem e sua ciência exata bastavam-se no universo; a hipótese da existência de HaShem (D’us) não era mais necessária como antecipara séculos antes o grande matemático Laplace.

Ora, os sonhos iluministas de planejamento completo foram ruindo um a um ao longo do século XX. A corrida com as armas atômicas e nucleares foi à gota d'água. Os homens e as mulheres perceberam que há mais mistérios entre os céus e a terra do que sonha nossa vã filosofia, como já ensinara William Shakespeare.

O interesse pela espiritualidade reaparece em quase todo o mundo. Aquelas pessoas que ainda vivem o sonho (talvez pesadelo) racionalista talvez assistam assustados o renascimento das religiões, das crenças. Temem uma pretensa volta ao obscurantismo e o irracionalismo. Para estas pessoas, fora dos marcos da razão impera o perigoso domínio das emoções.

No caso judaico temos uma situação privilegiada. Nossa tradição não toma as ciências exatas como algo a ser evitado, refutado, anti-religioso. Conhecer a natureza é uma dadiva em nossas existências. O interessante é que a hipótese da existência de HaShem (Lit. O Nome, e a forma de expressar a D’us, dentro da liturgia Judaica) continua necessária: é nossa imagem e semelhança com o Criador, e conseqüentemente com a Criação, isto que nos permite conhecer tão profundamente a natureza. E é justamente por isto que mesmo em questões de conhecimento do mundo que nos cerca temos compromissos éticos. Não são compromissos que irão limitar ou censurar a livre pesquisa científica. Mas são requisitos que levam as pessoas a perceber as limitações dos planos meramente racionais das ciências exatas. No judaísmo a inteligência tem que partilhar sua esfera de ação com a emoção. Na tradição cabalística aprendemos muito sobre domínios supranacionais ou intuitivos como diríamos em nossos dias. Dizer que o encanto de uma formosa flor não gera conhecimento exato como na Física é obviamente uma verdade. Mas isto não diminui em absoluto o valor simbólico em se cultivar flores e tomai-las como modelo poético pleno de significado. Flores, árvores, são signos básicos na Cabaláh[4].

A tradição judaica sempre esteve próxima da investigação científica. A liberdade em se elaborar múltiplas interpretações - instrumento fundamental no desenvolvimento da ciência contemporânea - este característica de múltipla interpretação é antiga prática entre os sábios de Israel. As milenares e inumeráveis interpretações da Sagrada Toráh são sem dúvida nosso maior tesouro: nesta técnica encantada aonde múltiplos níveis de análise sobrepõe-se: gramática, numerologia, cálculos, melodias, rimas, poética, lingüística, lendas da tradição oral do povo, lógica, ciências, tudo aparece e é utilizado em nossa tradição interpretativa. Múltiplas num mesmo sábio, variadas em metodologia e abordagens, assim são as formas de se conhecer na tradição judaica.

Quando o mundo busca um reencontro entre ciência e religião para um novo milênio mais equilibrado, creio que o judaísmo tem uma experiência milenar para iluminar nossa caminhada nestes dias de tantos questionamentos.

No manancial abençoado dos sábios da antigüidade, A Ética dos Pais - Pirkê Avot[5] (Tratado Talmúdico, escrito durante o século I e II d.e.c, e fala de ensinamentos morais) encontramos uma reflexão surpreendente. Pede-nos o sábio que nos eduquemos na Toráh, que revolvamos e voltamo-nos a revolver dentro da Sagrada Toráh. E por que isto pergunta-nos o sábio? Nós poderíamos esperar uma resposta pomposa do tipo "porque é a palavra de HaShem" ou "porque é a Verdade". Mas não: o sábio do judaísmo tem uma resposta bem mais humilde: simplesmente porque não temos outra saída! Nossos sábios não são do tipo de um mandarim que alcançou realmente um plano sublime da realidade, quase o Nirvana. Nosso sábio sabe muito sobre o duro mundo da natureza aonde realmente convivem razão e emoção. Super valorizar a razão, como quis o mundo da ciência moderna, faz com que fiquemos cegos e despreparados às incógnitas e surpresas da vida na natureza. Por outro lado suprimir a razão realmente nos ensinaram os sábios é perder-se no obscurantismo na idolatria aonde as emoções tem domínio absoluto.

No judaísmo ensina-se e exigi-se um equilíbrio e não é a toa que os Tefilin[6] são usados diariamente (menos em Shabat, Sábado dia de descanso para os judeus, mandamento Bíblico, inicia do por do sol da sexta-feira até o por do sol do sábado) na cabeça e no coração. Não há judaísmo com apenas um dos Tefilim. O ritual diário da colocação do Tefilim é um momento privilegiado para lembrarmos-nos deste equilíbrio fundamental.

Na Toráh aprendemos a necessidade de ciência e de religião, não como inimigos senão como complemento de uma aproximação a nossa espiritualidade, a nossa essência. No século XXI este ensinamento será muito importante para todos nós. Saberemos uma vez mais que não há necessidade de optar-se entre a Fé e a Razão. Queremos e louvamos a D’us e a toda a Criação, assim com queremos desvendar os mistérios da natureza utilizando todas as ciências. Junto à Sagrada Toráh temos um caminho para este encontro. Um caminho já seguido em nossa tradição geração após geração por séculos e milênios. Trazer a Toráh para nossas vidas é a missão para o século XXI. Explicar como isto não significa confrontar-se com a ciência é o ponto de partida. São os desafios, que O Criador nos iluminará para encontrarmos uma vez mais as respostas necessárias. Baruch Hashem – Graças a D‘us.

Esperemos prontamente que possamos abrir nossos olhos e como expressava Hermann Hesse em seu Livro Demian, não podemos considerar nada uma casca inútil, senão pelo contrario cada signo, cada letra, palavra, ou expressão é parte de um todo. Quando tiremos as cascas de nossos olhos começaremos a enxergar e por tanto a viver.

Amén, Que Assim seja!!!


[1] Toráh (do hebraico תּוֹרָה, significando instrução, apontamento, lei) é o nome dado aos cinco primeiros livros do TaNaCh (também chamados de Hamisha Humshei Torah, חמשה חומשי תורה - as cinco partes da Toráh) e que constituem o texto central do judaísmo. Contém os relatos sobre a criação do mundo, da origem da humanidade, do pacto de D’us com Abraham e seus filhos, e a libertação dos filhos de Israel do Egito e sua peregrinação de quarenta anos até a terra prometida. Inclui também os mandamentos e leis que teriam sido dadas a Moises para que entregasse e ensinasse ao povo de Israel.

[2] Mitsvot (em hebraico: מצוות , "mandamento"; plural, mitzvot; de צוה, tzavá, "comando"). Dentro do judaismo, esta palavra se refere aos 613 mandamentos ou mitsvot dados na Toráh. 365 de ordem negativo (não farás) e 248 de ordem positivo (faz).

[3] Quando uma criança judia atinge a sua maturidade (aos 12 anos de idade, mais um dia para as meninas; e aos 13 anos e um dia para os rapazes), passa a tornar-se responsável pelos seus atos, de acordo com a lei judaica. Nessa altura, diz-se que o menino passa a ser Bar Mitzvá ( בר מצוה , "filho do mandamento"); e a menina passa a ser Bat Mitzvá (בת מצוה, "filha do mandamento").

[4] Cabaláh (também Kabbalah, Cabalá, Kabaláh) é uma sabedoria que investiga a natureza Divina. Cabaláh (קבלה -KBLH) é uma palavra de origem hebraica que significa recepção.

[5] Pirkê Avot ou Ética dos Pais (do hebraico - פרקי אבות, "capítulos dos pais") é o nome de um tratado da Mishnáh (tradição oral composto de máximas éticas dos rabinos do período mishnáico. Século II a.e.c até Século II d.e.c, finaliza com Rabi Iehuda Hanasi (Rabí Juda o Principe), o qual compilou a mesma. É uma obra basicamente de Jurisprudencia.

[6] Tefilin (em hebraico תפילין, com raiz na palavra tefiláh, significando "prece", também conhecido como filactérios) é o nome dado a duas caixinhas de couro, cada qual presa a uma tira de couro de animal kasher (ou permitido de acordo aos mandamentos da Toráh), dentro das quais está contido um pergaminho com os quatro trechos da Toráh em que se baseia o uso dos filactérios, dois no livro Shemot – Êxodo, e outros dois no Livro Devarim – Deuteronômio (Shemáh Israel, Vehaiá Im Shamoa, Cadêsh Li e Vehayá Ki Yeviachá).

domingo, janeiro 23, 2011

Ter Algo

Algo

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Algo é muito e pode ser pouco, depende do que esperes.

Algo é uma medida que se enxerga com a diferente ótica.

Algo tem muito haver com amor, compreensão, valorização.

Algo é um sinônimo de esperança.

Algo é uma sensação de que se tem ao mesmo tempo se pode perder.

Algo é algo que existe entre amigos, quando se da algo que esta dentro de cada um e outro não mede o quantitativo, porque o que importa que exista sempre algo para sentir-se ligado ao amor e o respeito que foi criado por algo.

O Secreto do Amor

Como se pode explicar o secreto de um

Casamento Harmonioso

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“Ani LeDodi VeDodi Li” -- “Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu” – Canticos dos Canticos 6:3 (Shir HaShirim 6:3) ----אני לדודי ודודי לי”

Um famoso professor se encontrou com um grupo de jovens que falava contra o casamento.

Argumentavam que o que mantém um casal é o romantismo e que é preferível acabar com a relação, quando este se apaga, em vez de se submeter a triste monotonia de um matrimônio.

O mestre disse que respeitava a sua opinião mas lhe contou a seguinte história:

Meus pais viveram 55 anos casados.

Numa manhã minha mãe descia as escadas para preparar o café e sofreu um enfarto.

Meu pai correu até ela, levantou-a como pôde e quase se arrastando a levou até a caminhonete. Dirigiu a toda velocidade até o hospital, mas quando chegou, infelizmente ela já estava morta.

Durante o velório meu pai não falou nada. Ficava o tempo todo olhando para o nada. Quase não chorou.

Eu e meus irmãos tentamos, em vão, quebrar a nostalgia recordando momentos engraçados. Na hora do sepultamento, papai, já mais calmo, passou a mão pelo caixão e falou com sentida emoção:

Fez uma pausa, enxugou as lágrimas e continuou:

"- Ela e eu estivemos juntos em muitas crises. Mudei de emprego, renovamos toda a mobília quando vendemos a casa,  mudamos de cidade, em fim em muitas oportunidades que nossa relação era desafiada pelas circunstancias da vida.”

"- Meus filhos, foram 55 bons anos... ninguém pode falar do amor verdadeiro se não tem idéia do que é compartilhar a vida com alguém por tanto tempo."

Compartilhamos a alegria de ver nossos filhos concluírem a faculdade, choramos um ao lado do outro, quando entes queridos partiam...

Filhos, agora ela se foi e estou contente.

E vocês sabem porque?

Por que ela se foi antes de mim e não teve que sentir a agonia e a dor de me enterrar, de ficar só,  depois da minha partida. Sou eu que vou passar por essa situação, e agradeço a Deus por isso. Eu a amo tanto que não gostaria que ela sofresse assim...

E por fim, o professor concluiu:

Naquele dia entendi o que é o verdadeiro amor...

Está muito além do romantismo, e não tem muito a ver com o erotismo, mas se vincula ao trabalho e ao cuidado a que se professam duas pessoas realmente comprometidas. Por isso digo que o verdadeiro amor se revela nos pequenos gestos, no dia-a-dia e por todos os dias. O verdadeiro amor não é egoísta, não é presunçoso, nem alimenta o desejo de posse sobre a pessoa amada.

sexta-feira, janeiro 21, 2011

Esperança

As Velas da esperança

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Quatro velas estavam queimando calmamente.

O ambiente estava tão silencioso que dava para ouvir o diálogo que tratavam.

clip_image003[3]A primeira vela disse:

- Eu sou a Paz! Apesar da minha luz as pessoas não conseguem manter-me, acho que vou apagar.

E diminuindo devagarzinho, apagou totalmente ....

clip_image003[4]A segunda vela disse:

- Eu me chamo Fé! Infelizmente sou muito supérflua. As pessoas não querem saber de D'us. Não faz sentido continuar queimando. Ao terminar sua fala, um vento levemente bateu sobre ela, e esta se apagou.

clip_image003[5]Baixinho e triste a terceira vela se manifestou:

- Eu sou o Amor! Não tenho mais forças para queimar. As pessoas me deixam de lado, só conseguem se enxergar, esquecem-se até daqueles à sua volta que lhes amam. E sem esperar apagou-se.

De repente... entrou uma criança e viu as três velas apagadas.

- Que é isto? Vocês deviam queimar e ficar acesas até o fim.

Disse isso e começou a chorar.

clip_image003[6]Então a quarta vela falou:

- Não tenha medo, enquanto eu queimar ainda podemos acender as outras velas ... EU SOU A ESPERANÇA!

A criança com os olhos brilhantes pegou a vela que restava e acendeu todas as outras.

QUE A VELA DA ESPERANÇA NUNCA SE APAGUE DENTRO DE NÓS!

quarta-feira, janeiro 19, 2011

O Pacto Eterno

O Berit Miláh – Circunsição
Brit Miláh
Três pactos encontramos entre D’us e Israel: os Tefilin (os Filactérios que nos colocamos diariamente - תפילין), o Shabat (שבת) e o Berit Miláh (ברית מילה).
A palavra “Berit” em Hebraico quer dizer “pacto”, e realmente a mitsváh de Berit Miláh representa o pacto entre D’us e o Povo Judeu. Apesar de haver judeus que estão muito afastados de sua religião, eles têm em seu corpo o sinal do pacto, e a mitsváh do Berit Miláh segue sendo cumprida em todas as comunidades judaicas de todo o mundo.
Um pacto tem sempre por função unificar dois lados – que até esse momento estavam afastados – através de um elemento simbólico que sirva de intermediário ou de conexão. Por exemplo, este elemento pode chegar a ser um testamento, ou o ato de firmar um contrato, ou simplesmente um aperto de mãos. Encontramos muitas histórias, nas quais duas partes, sejam dois amigos ou um casal, antes de separar-se tomam uma faca ou uma rosa para tirar sangue, fazendo o que chamariam um “pacto de sangue”. Todavia, o Berit Miláh, mais que um pacto de sangue ou um pacto indissolúvel, é o pacto eterno entre D’us e Israel.
Como já foi dito, o pacto é sempre o fator que une dois lados, porém, neste caso, temos várias dimensões. Por um lado, este pacto tem como função unir D’us com o Povo Judeu e, por outro lado, busca unir o espiritual com o material dentro da própria pessoa.
O homem é composto de duas partes básicas que devem juntar-se e funcionar em harmonia. A primeira parte é seu corpo material, o corpo humano que, segundo explicaram-nos nossos Sábios de bendita memória, é composto de 248 evarim (membros) e 365 guidim (tendões), formando um total de 613 partes. A segunda parte é a parte espiritual, sua alma, que também está dividida de maneira equivalente ao corpo físico, ou seja, que consiste em 248 partes que elevam e dão energia espiritual aos 248 membros físicos, e 365 partes que dão força ao mesmo número de tendões que tem o corpo físico.
A alma – com suas 613 partes – necessita dispor de certo poder espiritual para transmitir sua energia ao corpo. Ela recebe este poder do cumprimento das mitsvot que D’us nos tem ordenado. As 248 obrigações (preceitos a cumprir ou fazer) outorgam-lhe a força necessária às 248 partes da alma, que ativam, por sua vez, os 248 membros do corpo físico, e as 365 proibições que devemos observar, dão a força espiritual aos 365 membros espirituais, que nutrem o mesmo número de tendões no corpo físico.
Para juntar estas duas partes, ou seja, o espiritual e o material, temos a necessidade de dispor de algum elemento que sirva como ponte: um pacto. O Berit Miláh, por ser feito sobre o próprio corpo, é a única mitsváh que consiste em marcar de alguma maneira o corpo material através de uma ação que tem uma força espiritual, e este pacto serve como nexo entre o material, o espiritual e D’us.
Como já sabemos, em Hebraico, as letras têm distintos valores numéricos. A palavra Beritברית – equivale a 612 (bet = 2 - ב, resh = 200 - ר, yud = 10 - י e tav = 400 - ת). Sendo que o Berit representa a união do Ser Humano (corpo e alma) com D’us, como explicamos, se tomamos o valor numérico do outro integrante do pacto (D’us, que é Um e Único), chegaremos ao número total das partes do corpo humano:
612 (Berit) + 1 (D’us) = 613 (Ser Humano)
Anteriormente mencionamos que este pacto tem várias dimensões, vemos que no “pacto” que chamamos matrimônio, o homem e a mulher – dois mundos totalmente distintos – se juntam chegando à máxima unidade física e sentimental. A Toráh chama esta união de “bassar echad – uma só carne”. Assim como o pacto do Berit Miláh une corpo e alma, também o pacto matrimonial une duas partes: o homem – que representa a força material – com a mulher – que representa a força espiritual.
Diz a Toráh: “Este é o livro das gerações de Adám, no dia em que D’us criou Adám, a semelhança de D’us o criou; masculino e feminino os criou e os abençoou e chamou seus nomes: Adám, no dia em que os criou” (Gênesis 5: 1-2). Vemos, aqui, que D’us chamou-os Adám. Porém, o que é Adam? É um homem? É uma mulher? Ou talvez os dois juntos?
Ensina-nos o Talmud: “Três sócios há na Criação do homem: D’us, seu pai e sua mãe” (Talmud Babilônico, Tratado Nidáh 31a).
Prestemos atenção novamente aos valores numéricos:
Adam = Álef + dam .. דם + א = אדם ; א = 1 ... דם=40+4
O que significa a palavra “dam”? Em Hebraico, a palavra “dam” significa “sangue”, e de alguma forma, esta insinuação recorda-nos o pacto de sangue do qual falamos anteriormente.
Por outro lado, em Hebraico, “pai” se diz “av” אב e “mãe” se diz “em” אם. O valor numérico de “av” é 3 (álef = 1 א e bet = 2 ב), enquanto que o de “em” equivale 41 (álef = 1 א e mem = 40 ם) e o valor de Adám é de 45 (álef = 1 א, dálet = 4 ד e mem = 40 ם). Se tomarmos os valores de “av” e “em”, eles somam 44, faltando somente 1 para chegar ao valor de Adám. Esta conta nos faz recordar as palavras do Talmud mencionadas anteriormente: “Três sócios há na Criação do homem: D’us, seu pai e sua mãe”, o que pode ser expresso em termos numéricos:
1(D’us) + 3 ( אב - av) + 41(אם - em) = 45 (אדם – adam)
Av = Pai, Em (Mãe), Adam (Ser Humano)
Outra vez aparece um pacto (o matrimônio) que une o material (o homem) com o espiritual (a mulher), e este pacto unificado com D’us dá como resultado uma unidade total: um novo ser humano.
O Berit Miláh, o pacto que junta sempre os lados nas três dimensões – Alma-corpo, D’us - Israel e, finalmente homem-mulher – é o pacto de sangue indissolúvel que seguirá sendo o sinal exclusivo do nosso povo como sempre e para sempre.

O Amor: Sua História

A História do Amor

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Era uma vez uma ilha onde moravam todos os sentimentos: Alegria, Tristeza, Vaidade, Sabedoria, todos os sentimentos,e por fim o Amor.
Um dia foi avisado aos moradores que aquela ilha iria afundar. Todos os sentimentos se apressaram para sair da ilha, pegaram seus barcos e partiram. Mas o Amor ficou, pois queria ficar um pouco mais com a ilha antes que ela afundasse. Quando o Amor estava quase se afogando, ele começou a pedir ajuda.
Naquele momento estava passando a Riqueza em um lindo barco, e o Amor disse :
-Riqueza leve-me com você por favor !!
-Não posso,há muito ouro e prata no meu barco,não há lugar para você!!
Ele pediu ajuda a Vaidade que também vinha passando : Vaidade!!! por favor ajude-me!
Não posso te ajudar Amor, você está todo molhado e poderia estragar meu barco novo.
Então o Amor , pediu ajuda a Tristeza :
-Ah Amor,estou tão triste que prefiro ir sozinha!!
Também passou a Alegria,mas ela estava tão alegre que nem ouviu o amor chamá-la.
Já desesperado o Amor começou a chorar; foi quando ouviu uma voz chamar:
-Venha Amor eu levo você !!!!
Era um velhinho. O Amor ficou tão feliz que se esqueceu de perguntar o nome dele.
Chegando em terra firme, o Amor perguntou à Sabedoria:
Sabedoria, quem era aquele velhinho que me trouxe até aqui?
A Sabedoria respondeu:
Era o Tempo!!
O Tempo!!?? Mas porque só o Tempo me trouxe?
PORQUE SÓ O TEMPO É CAPAZ DE ENTENDER UM GRANDE AMOR!!!

terça-feira, janeiro 18, 2011

A Espiritualidade do Shabat

Shabat: A Consagração do Repouso
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Fundamento de todas as festividades judaicas, o Shabat é o símbolo da santificação do tempo, outorgando sentido à tarefa realizada pelo Criador nos seis dias anteriores. O homem reproduz em sua vida aquilo que o criador do universo realizou: seis dias de Criação e o sétimo dia dedicado ao descanso, à reflexão e à contemplação da obra criada.
O Shabat está em conexão com os seis dias de trabalho e um não existe sem o outro. Em cada Shabat, o homem interrompe a modificação que opera em seu meio (de onde vêm as tarefas proibidas no Shabat), a fim de alcançar a harmonia com a natureza, com os animais, consigo mesmo e com seus semelhantes.
Ao valorizar o Shabat, o homem valoriza a si mesmo. Por isso, o Shabat tornou-se o maior fator de progresso da civilização e de bem-estar da alma humana.
Graças ao Shabat, estabeleceu-se o princípio segundo o qual os homens têm o direito de viver livres da escravidão imposta pela ininterrupta luta do dia-a-dia e de desfrutar, no seu sentir e pensar, a liberdade necessária para poder refletir sobre a sua origem divina.
Não consideramos o Shabat apenas como um mandamento Divino, mas sim como um presente de Deus, que tem elevado a vida do povo judeu. A transformação que ocorre na observância do Shabat desenvolve em nós a sensação e a certeza de que uma alma adicional (“Neshamáh Yeteráh”) nos envolve durante todo o dia sagrado e nos deixa quando este chega ao seu fim. Este é o motivo do carinho e da majestade que o Povo Judeu atribui a sua “Shabat Hamalcáh” (“Rainha Shabat”).
Um sentimento que é expresso de forma maravilhosa quando cantamos o hino “Lecháh Dodí” e, na última estrofe, quando todos os fiéis voltam-se para a entrada da sinagoga recebendo simbolicamente a “Noiva Shabat” e toda sua santidade.
Os cânticos do Shabat recitados no lar, antes e depois das refeições, despertam em nós a convicções plenas de que o povo judeu jamais deixará de observar este dia sagrado, conforme está afirmado no Talmud: “O Shabat nunca desaparecerá de Israel”.
O nosso desenvolvimento histórico-social nos leva a crer que mais do que o povo de Israel tem conservado o Shabat, é o Shabat que conserva o povo de Israel. Na tradição judaica, a observância do Shabat está ligada à redenção do povo de Israel da escravidão do Egito; liberdade esta expressa, não apenas no aspecto físico, mas também no espiritual.
A fé em D’us é enfatizada no cumprimento do preceito estabelecido após a Criação: “Vayishbot baiom Hashevií” (“E o Criador descansou no sétimo dia”). A diferenciação entre o Shabat e os dias úteis da semana está na sua própria definição nominal, pois os outros dias são chamados de “dia primeiro”, “dia segundo” e assim por diante, enquanto somente o Shabat tem nome próprio.
O arranjo da mesa para o jantar merece uma atenção especial da mulher, pois é através dela que a santidade do Shabat entra no lar. Uma toalha branca, os castiçais, duas chalot cobertas por um pano especial, vinho casher para o kidush, sal, etc.
Normalmente, acendemos no mínimo duas velas, porém alguns costumam acendê-las de acordo com o número de membros da família. As duas velas simbolizam as suas expressões de respeito ao Shabat que aparecem nas duas versões dos Dez Mandamentos: “Zachor” (“Lembre”) e “Shamor” (“Guarde”). Antes do acendimento das velas, é costume contribuir para obras beneficentes, recolhendo donativos à “Tsedakáh” (“Caridade”).

domingo, janeiro 16, 2011

O Sionismo: O grande amor que palpita dentro de cada judeu

“Alegre-se o monte de Sião; alegrem-se as filhas de Judá (Iehudáh)  por causa dos teus juízos.” Salmos 48:11

Israel e Marc Chagall

Sião (Sión) ou Tzion, a colina sobre a qual foi erigido o Templo de Jerusalém e que mais tarde se converteria no símbolo da própria Jerusalém. O filósofo austríaco de origem judaica Nathan Birnbaum foi quem aplicou pela primeira vez o termo sionismo a esse movimento, em 1890[1].

· Sionismo

A origem da palavra "Sionismo" é o termo bíblico "Sião", usado geralmente como um sinônimo de "Jerusalém" (Ierushalaim) e da Terra de Israel (Erets Israel). O Sionismo é uma ideologia que expressa o profundo anelo dos judeus de todo o mundo por sua pátria histórica - Sião, a Terra de Israel.

"Para o judeu, a palavra Sião tem um significado muito profundo que toca e envolve a sua alma e os seus sentimentos. É, talvez, difícil descrever este sentimento que se traduz no amor já definitivamente incorporado durante séculos ao patrimônio religioso, cultural e afetivo e está enraizado no seu próprio ser".

· Sionismo bíblico

A aspiração pelo retorno à sua pátria foi sentida pela primeira vez pelos judeus exilados na Babilônia há cerca de 2500 anos atrás - uma esperança que subseqüentemente se concretizou. "Junto aos rios da Babilônia nos assentamos e choramos, lembrando-nos de Sião" Salmo 137:1. Desta forma, pode-se dizer que o Sionismo político, que se consolidou no século XIX, não inventou nem o conceito nem a prática do retorno. Ao contrário, ele adaptou uma idéia muito antiga e um movimento constantemente ativo às necessidades e ao espírito de seu tempo.

"Levantar-te-ás e terás piedade de Sião; é tempo de te compadeceres dela, já é vinda a sua hora; porque os teus servos amam até as pedras de Sião, e se condoem do seu pó. Todas as nações temerão o Nome do Senhor, e todos os reis da terra a sua glória" (Salmo 102:13-15).

Sião ou Tzion, em hebraico, significa local ensolarado, ou exposto ao sol; monte ensolarado. O Monte Sião é uma elevação em Jerusalém com 765 metros acima do nível do mar. Fica na parte sudoeste da Cidade antiga. Ao leste está o vale central e, ao sul, o vale de Hinon. Este monte foi conquistado pelo exército israelense em 18 de maio de 1948, na guerra de "libertação" ou "Independência" do Estado de Israel.
A palavra Sião é usada na Bíblia com quatro significados. Concentrar-nos-emos na palavra no que ela significa para o povo judeu. Os quatro sentidos são:

1) - Sião, com referência a um monte (Salmo 78:68).

2) - Sião, representando a cidade de Jerusalém (II Samuel 5:7; Salmo 48:1,2; 60:14).

3) - Sião, referindo-se ao povo judeu, seus anseios e aspirações quando no exílio, pela libertação nacional e soberania (Salmo 137:1-6; Jeremias 30:17; 50:4-5).

4) - Sião, como expressão daquela realidade espiritual eterna que D’us tem buscado desde o princípio. Este é o significado mais importante (Salmo 50:1,2; Isaias 35:10). O Sionismo nos fala sobre o grande amor que palpita dentro do peito de cada judeu por sua pátria - Sião - e também da necessidade que há em seu coração em retornar à sua terra e a sua gente! Sião é o anseio principal do povo de Israel na diáspora (dispersão)!

· O Sionismo histórico

O conceito fundamental do pensamento Sionista se expressa na Declaração de Independência de Israel (14 de Maio de 1948), que declara:

“A Terra de Israel foi a terra natal do Povo Judeu. Aqui se formou sua identidade espiritual, religiosa e política. Foi aqui que, pela primeira vez, os judeus se constituíram em Estado, criaram valores culturais de significação nacional e universal e deram ao mundo o eterno Livro dos Livros”.

“Depois de forçado a exilar-se de sua terra, o Povo Judeu lhe permaneceu fiel em todos os países de sua dispersão, nunca deixando de orar por ela, na esperança de a ela regressar e restabelecer sua liberdade política."

Um dos conceitos básicos do Sionismo é o de ser a Terra de Israel o local de nascimento histórico do Povo Judeu, e a convicção de que a vida judaica em qualquer outro lugar é uma vida no exílio. Moisés Hess expressa essa idéia em seu livro Roma e Jerusalém (1844):

"Dois períodos forjaram o desenvolvimento da civilização judaica: o primeiro, após a libertação do Egito, e o segundo, o retorno da Babilônia. O terceiro ocorrerá com a redenção do terceiro exílio."

Durante os séculos de duração da Diáspora, os judeus mantiveram um relacionamento forte e singular com sua pátria histórica, manifestando sua saudade de Sião através do ritual e da literatura. Quando ora, o judeu se volta para o Oriente, na direção da Terra de Israel. Na oração matutina, ele diz "Trazei-nos em paz dos quatro cantos do mundo e dirigi-nos à nossa terra". Durante as orações há algumas frases que se repetem várias vezes: "Abençoado sede Vós, Senhor, construtor de Jerusalém"; "Abençoado sede Vós, Senhor, que retornais Vossa presença a Sião". A oração de graças após as refeições inclui uma benção que termina com uma prece pela reconstrução de "Jerusalém, a Cidade Santa, em breve, em nossos dias". Na cerimônia de casamento, o noivo se compromete a "elevar Jerusalém ao ápice de nossa alegria". Na circuncisão recita-se o salmo "Se eu te esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita". Em Pêssach, todo judeu declara: "No próximo ano em Jerusalém". O anseio do Povo Judeu por retornar à sua terra se expressou também em prosa e em verso, em hebraico e nas outras línguas faladas pelos judeus no correr dos séculos, idish na Europa Oriental e ladino na Espanha.

· Quando se fala em Sião:

O judeu se reporta instantaneamente à cidade de Jerusalém. Ele se transporta ao monte da santidade, isto é, do templo, ao santuário do Eterno na Terra Santa, na Terra de Israel. Ele relembra entre os seus antepassados, o pai do seu povo, o patriarca Abrão e o sacrifício do seu filho Itzchak. Ele, na elevação de Moriá, revive as glórias da presença divina no "Shechinah" no Templo do Senhor; brota no seu coração o desejo ardente de visitar tão significativo lugar, por se encontrar gravado de mil maneiras na sua mente e nos seus sentimentos a frase milenar tantas vezes repetida nas suas preces: "no próximo ano em Jerusalém!"

Falar de Sião é ir fundo no coração do judeu, relembrando a terra prometida, Canaã, conquistada e perdida tantas vezes e agora novamente em seu poder pela infinita misericórdia do Todo-Poderoso.

Afloram, nos pensamentos do povo, os lindos Salmos que David cantou, exaltou "a cidade de David", sua Jerusalém.

Sião, com o passar dos tempos, veio a se tornar um símbolo, uma esperança de retorno do povo judeu da Diáspora, para a sua terra e sua pátria. A Terra de Israel sem Jerusalém é como um lar sem filhos; um jardim sem flores, um sino que não retine porque não tem badalo. É um corpo sem coração.

Sião, como sinônimo de Jerusalém, tantas vezes perdida para seus inimigos, e outras vezes destruída e queimada e novamente reconstruída como uma "fênix" que sobreviveu e renasceu das cinzas pelo poder e misericórdia divina, tem um estranho poder de atração sobre o coração judeu, como a pequena limalha é atraída por um potente imã. O nome Sião está indissoluvelmente associado também à vinda do Messias, do Seu grande amor pela cidade a ponto de chorar por ela e seus habitantes.

Sião foi o palco e o principal centro de luta entre a luz e o poder das trevas. Muitos conquistadores por ela lutaram, mas milhares e milhares de israelitas abnegados, durante os séculos pelejaram e deram suas vidas para manterem-na em seu poder. Sião e Jerusalém são dois nomes imortalizados e eternizados. Por sua vez, entre os cristãos, desde longa data, as palavras Sião e Jerusalém são lembradas, cantadas, exaltadas, em hinos de louvor e adoração a D’us, por diferentes denominações. “Como cidade eterna, lar dos salvos, prometida por D’us e a seus fiéis seguidores, ela é ansiada e desejada como o alvo a ser alcançado, Jerusalém reconstruída".


[1]"Sionismo."