quarta-feira, julho 05, 2017

Jejuns: Suas implicancias



Jejuns

“Os jejuns converteram-se, para a casa de Yehudá, nos dias de alegria e felicidade”. (Zecharia-Zacarias, 8:19)
Recorda e nunca esqueças
A história do nosso povo, exposta numa primeira fase na Bíblia e mais tarde pelos nossos Sábios e historiadores, mostra-nos que houve sempre um ciclo contínuo de desgracias e curtas épocas de tranquilidade, com tal exatidão que por vezes parece ser uma mera repetição de factos.
Este fenómeno provocou o esforço da lógica humana que por vezes se nega a aceitar o porquê destas perseguições dos progroms, das inquisições do Genocídio e de todos os sinistros acontecimentos que sucederam a um pequeno povo que tem a curiosa particularidade de que quanto mais tenta ser como os outros povos, mais o perseguem e o castigam.
 “E acontecerá, se não escutares a voz de D-us... te virão todas as desgraças...levar-te-á D-us a um povo que conheceste, nem tu, nem os teus pais e servirás outros deuses de madeira e de pedra, e serás assinalado, serás colocado por exemplo e odiado entre os povos. ”
 “E acontecerá se escutares a voz de D-us, teu D-us, para guardar e cumprir todos os preceitos que encomendo hoje, dar-te-á D-us, o teu D-us, supremacia sobre todos os outros povos da Terra e cumprir-se-ão todas estas bênçãos...” (Devarim 28)
Está nas nossas mãos fixar as próximas páginas da nossa história; não existe destino nem causalidade senão a escolha, tal como está escrito: “Coloquei a vida e a morte diante de ti, a benção e a maldição e escolherás a vida. ” (Devarim 30)
Os jejuns foram estabelecidos pelos nossos Sábios pelas desgraças que aconteceram aos nossos antepassados; para despertar os corações e encaminhar os sentimentos para o arrependimento e que sejam estes dias de recordação das nossas más ações e dos atos dos nossos pais causadores dessas desgraças, como foi expresso (Yoná 3:10): “E arrepender-se-ão dos pecados dos seus pais...”.
Portanto, todo o judeu está obrigado, em especial, nestes dias, a comprovar as suas ações e a remediá-las, pois não é o jejum o principal arrependimento, como está escrito: “Viu D-us os seus atos” (Yoná 3:10) e explicaram os nossos Sábios: “Os seus atos e não os seus jejuns”. Daqui aprendemos que o jejum constitui apenas uma preparação para o arrependimento.
Por isso, ao cumprir os jejuns de uma forma cabal e sincera, e temos a esperança do cumprimento da profecia que nos garante que: “Se converterão estes dias de luto e tristeza em dias de alegria” e como está escrito, “A todo aquele que lhe dá pena a destruição do Templo, verá com alegria a sua construção.
O significado do Jejum
Os jejuns constituem um meio de expressar, uma formulação física da intenção de reconstruir a vida sobre valores espirituais autênticos.
O facto automático de deixar de comer e continuar a jornada diária como qualquer outro dia, sem qualquer reflexão ou valorização, não tem nenhum significado, como expressa o Profeta Isaías:
Para quê jejuar, se, Tu nós enxergas? Pois no dia do vosso jejum continuareis vossos negócios e trabalhos.... É aqui que jejuais para brigar e discutir, para fazer a maldade. Não jejuareis, se quereis que a vossa voz seja ouvida no alto.  Não é este jejum que Eu escolhi para libertar-vos da maldade, senão para compartir o teu pão com todo aquele que tem fome e para que tragas os pobres que afastaste da tua casa, e também para que vistas o que está nu.  Então brilhará a tua luz como a manhã e brotará rapidamente o remédio ao teu mal e se apartará a tua injustiça diante de ti e a glória do Eterno será a tua retaguarda.  E te guiará o Eterno continuamente e satisfará a tua alma em tempos de seca...E teus descendentes reedificarão os antigos lugares que foram abandonados. ” (Yeshayahú, 58: 3-12).
Este é o objetivo do jejum: levar a pessoa à conduta ética, elevada, de acordo com a Torá, já que foi criado à imagem e semelhança de D-us.
Se o jejum não produz uma mudança interior nos valores e na conduta do homem e não o leva a refletir sobre o seu comportamento então o jejum não tem qualquer significado, uma vez que este é um meio de reflexão para o retorno a D-us e aos seus valores espirituais e éticos.  O jejum não é um fim em si mesmo senão um meio.
O jejum cumpre com os três propósitos diferentes:
Arrependimento e expiação: para tomar da nossa função neste mundo e expiar as nossas transgressões e na relação com D-us, tal como o jejum de Yom Kipur.
Súplica: o profeta Yoel, depois da devastação que o gafanhoto fez na Terra de Israel, pede ao povo: “Proclamai jejum, convocai assembleia, congregai os anciãos e todos os moradores da terra na casa do Senhor e rezem a D-us”. (Yoel 1:14).
Duelos: os nossos Sábios estabeleceram os dias de jejum por causa das desgraças que aconteceram na própria vida ou na vida do nosso povo, com a finalidade de aprender com o passado e não voltar a cometer os mesmos erros.
A vida contemporânea tem um ritmo enlouquecedor; não há tempo para a reflexão.
O jejum permite-nos fazer um balanço, como que sair de si e voltar a si, para voltar às nossas origens e perguntarmos: “Quem sou? E, Como poderia ser?
Mas se o homem necessita coragem para perguntar-se a si mesmo ainda mais coragem necessita para responder autenticamente e sem evasivas, para voltar, corrigir o rumo traçado e dar uma nova forma aos conteúdos da vida e pô-los de acordo com os valores espirituais do Criador.
Quando tem a coragem de fazer o acima estabelecido, então assume a própria imagem e semelhança de D-us e recupera de toda e qualquer alienação e falsidade.
O grande RaMbaM (Maimónides), expressou: “Nas épocas de perseguições e opressões, rezem e implorem e saibam que as nossas más ações produzem estes maus sucessos.  Mas se consideram-se causalidade, aumentarão as desgraças”. (Hilchot Taanit Cap.1).
O jejum não se deve entender como um “sacrifício” graças ao qual se conquistará o céu se depois dos atos exteriores não há uma mudança sincera da alma a praticar o bem.
Leis dos Jejuns
3 de Tishrê, 10 de Tevet, 17 de Tamuz, 13 de Adar.
Tanto os homens como as mulheres estão obrigados a jejuar nestes dias.  Os meninos a partir dos onze anos e as meninas a partir dos dez, devem começar a acostumar-se a jejuar se isso não lhe causa dana à sua saúde; antes dessa idade não devem jejuar uma vez que isso pode travar o seu crescimento. Os meninos aos treze anos de idade e as meninas aos doze, já são considerados maiores e devem jejuar, exceto em casos de doença.
As mulheres grávidas e as que amamentam, se o jejum não as afeta, podem jejuar.
Durante estes jejuns está proibido comer ou beber desde o amanhecer até à saída das estrelas.
Se o jejum coincide com Shabat, adianta-se o jejum para o domingo, exceto o jejum de Ester que se adianta para a seguinte quinta-feira. (Shulchan Aruch, Cap. 503).
Os Jejuns
Os nossos Sábios fixaram quatro jejuns de acordo com as desgraças: o dia 10 de Tevet, 17 de Tamuz, 9 de Av e o dia 3 de Tishrê. O jejum de Ester (Purim) do dia 13 de Adar, foi fixado de acordo com os três dias de jejum que Ester estabeleceu para suplicar a D-us pela anulação do decreto de Hamán. Assim o relata a Meguilat Ester, no mesmo dia em que o Povo de Israel devia ser aniquilado pelos seus inimigos, no dia 13 de Adar do ano 3405, os judeus conseguiram a sua salvação vencendo o adversário e é por isso que o dia 13 de Adar foi declarado como Taanit Ester (Jejum de Ester), porque a rainha Ester pediu ao povo que jejuasse para que o Todo-poderoso anulasse a perversa sentença de Hamán.

El Mundo y sus colores

https://soundcloud.com/ruben-najmanovich/el-mundo-y-sus-colores