quarta-feira, julho 14, 2021

Tishá BeAv: Consciência Judaica

 

Tishá BeAv 

                                                                                                                   

Jerusalém na Consciência Judaica

 

O nono dia do mês hebraico de Av é um dos principais dias de jejum do calendário judaico, quando as pessoas lamentam a data da destruição do Primeiro e do Segundo Templo, com a perda subsequente de soberania nacional e o exílio da Terra Santa.

Tishá BeAv é a culminação do período de três semanas de luto, do qual os últimos nove dias são particularmente intensos, com observância de muitos costumes semelhante aos praticados durante o luto de uma pessoa íntima da família. As "Três Semanas", como são conhecidas, começam no décimo sétimo do mês de Tamuz, a data em que foram quebradas as paredes externas da cidade de Jerusalém durante o cerco. Esta também é a data na qual Moisés quebrou as primeiras tábuas da Lei quando desceu do Monte Sinai depois de 40 dias - e encontrou o povo adorando o Bezerro Dourado.

O Dia 9 de Av é a data em que o seguro povoado de Betar caiu, a data da expulsão dos Judeus da Espanha em 1492, o começo das deportações nazistas dos Judeus do Gueto de Varsóvia etc.

O dia é publicamente marcado no Estado de Israel pelo fechamento de restaurantes, lugares de entretenimento etc. desde a véspera do dia anterior, com as lojas de comida abrindo apenas durante as horas matutinas. O dia é interpretado por seu significado religioso e/ou por sua importância na conexão com a nacionalidade e soberania nacional - mesmo no caso de os indivíduos optarem por não jejuar.

A observância tradicional inclui a leitura do Livro de Lamentações, o Kinot [vide abaixo], um jejum de 25 horas, privação de conforto e contato físico. Em Jerusalém, há um fluxo de milhares de pessoas para o Kotel, o muro Ocidental e única reminiscência do Segundo Templo, para comemorar a destruição e rezar pela redenção.

AO LONGO DA HISTÓRIA

Avraham foi enviado para sacrificar seu filho, Isaac, em uma colina na terra de "Moriá", o lugar conhecido hoje como o Monte de Templo. A redenção de Isaac está intrinsecamente relacionada com a santidade do local.

A conexão física do povo Judeu para com Jerusalém vem à frente, obviamente, quando o Rei o David a conquista do Jebuseus, pagou pelo local santo no Monte de Templo e fez da cidade sua capital.

Depois da destruição do Primeiro Templo, a maioria da população judia foi levada em exílio na Babilônia, onde juraram lamentar para Tsión, "Se eu esquecer a ti, ó Jerusalém, que minha mão direita esqueça de sua astúcia. Que minha língua fique presa ao céu da minha boca, se eu não me lembrar de ti, se eu não colocar Jerusalém acima de toda minha alegria".

Na era dos Macabeus, a principal essência da briga por Jerusalém era para estabelecer a natureza judaica da cidade e levar para fora as práticas pagãs de ritual de Templo e o Helenismo da vida pública. Sob outras circunstâncias, não teria havido nenhuma insurreição nacional contra subordinação judia perante os gregos.

A importância de Jerusalém como um símbolo nacional cresceu com períodos subsequentes de dominação estrangeira: durante a Grande Revolta de Bar Kochvá, foram cunhadas moedas em memória de Jerusalém.

É, porém, apenas após a destruição do Segundo Templo que o significado de Jerusalém é transformado no que conhecemos hoje - um foco, ao redor que vida judaica aponta e para o qual são dirigidas as aspirações nacionais e messiânicas do povo Judeu.

Assim, não só encontramos apenas uma conexão espiritual, mas também uma física: todos os interiores de sinagogas espalhadas pelo mundo são construídos voltadas para Jerusalém. Em realidade, as orações diárias e festivas abundam em referências a Jerusalém - em recorrências à cidade e em textos mais prolongados; a liturgia contém cinco bênçãos principais relativas à Jerusalém, enquanto muitos outros rituais comunitários e caseiros também descrevem e celebram a Cidade Santa.

Jerusalém é o tópico principal de poesia hebraica pré-moderna, e o Kinot - a liturgia medieval e a liturgia subsequente do luto de Tishá BeAv - focando no período e novamente em Jerusalém, como lamentam os julgamentos do povo Judeu ao longo de sua história de exílio.

Como o inevitável ciclo de vida continua e se repete, inseriu-se tradições relacionadas a Jerusalém, para lembrar-nos que aquela alegria plena não está completa sem Jerusalém:

  • Um prato é quebrado na assinatura de um contrato de noivado;
  • Um noivo quebra um copo debaixo da chupá após a cerimônia;
  • Uma pequena seção de parede em toda casa nova é deixada sem gesso ou sem pintura

Por gerações, era impossível para a maioria dos Judeus sonhar em morar em Jerusalém, mas eles participaram apoiando as comunidades que lá residiam, sendo anfitriões de convidados que voltavam de Jerusalém como mais que uma forma de caridade: traziam Jerusalém para todos e todos para Jerusalém - era um modo de vida.

A vida judaica na Diáspora estaria incompleta sem Jerusalém: a esperança de redenção e do retorno do povo a Eretz Israel sempre se centrou em Jerusalém. É um desejo e uma esperança que são sentidos exacerbadamente e expressos em Tishá BeAv.

 

 

Rabino MEd. Ruben Najmanovich

                                                                            Véspera de Rosh Chodesh Menachem Av 5781

quinta-feira, março 18, 2021

PESAJ: Libertad de hablar

PESAJ

פסח

En Pesaj (פסח), tenemos prohibido poseer jamets (חמץ - todo producto hecho en base a los cinco cereales siguiente: trigo, cebada, centeno, avena y espelta; no producido especialmente para Pesaj), o tenerlos en nuestras propiedades. La noche anterior a Pesaj, procedemos a la búsqueda rigurosa del Jamets en nuestras Casas.

El Jamets representa la arrogancia. Pesaj es tiempo de Libertad, libertad espiritual, el conocer la esencia del porque  El Todopoderoso nos sacó de Egipto.

En realidad, lo único que se interpone entre Ud. y D’s .......... es Usted. Para aproximarse al Todopoderoso, lo cual constituye la meta y la esencia de nuestras vidas (y está oportunidad se presenta al Cumplir cada Mitsváh – Precepto y/o Fiesta Religiosa), cada uno precisa remover su propia arrogancia.

Esta es la lección que aprendemos al remover el Jamets de nuestra propiedad.

Libertad significa poseer la capacidad de usar nuestro libre albedrio para crecer y desenvolvernos. Muchas personas piensan que son libres, cuando en verdad son esclavas de las novedades y modismos de la Sociedad.

Esclavitud es tomar una actitud no pensada, siguiendo los deseos e impulsos corporales. Nuestro trabajo en Pesaj es salir de esta esclavitud rumbo a la verdadera libertad.

Una de las libertades a ser trabajadas durante Pesaj es la “Libertad de la Boca” ( o sea del habla). Nuestros Sabios se refieren a la boca como una de las partes más peligrosas del cuerpo. Es el único órgano que puede causar problemas en ambas direcciones – en lo que entra  (comida y bebida) y en lo que sale (en la conversación). Es tan peligrosa, que es el único órgano humano que tiene dos “trabas” : los dientes y los labios.

Algunas personas  son esclavos de sus bocas, tanto en lo que comen como en lo que hablan. En la noche del Seder corregimos estos problemas . Tenemos la mitsváh de relatar la salida del Pueblo Judío de Egipto (para perfeccionar nuestras conversaciones) y la mitsváh de comer Matsá y beber  4 vasos de vino (para ennoblecer lo que comemos y bebemos).

La estructura de la lengua hebrea, por sí sola, señaliza la dirección de la “Libertad de Boca”. La palabra Pesaj puede ser dividida en dos partes  Pe y Saj (פה סח) que significa “boca hablando. Nosotros tenemos la obligación de contar el Exodo de Egipto durante toda la noche. La palabra hebrea PAROH פרעה - (Quien era el que perseguía y esclavizaba a los Judíos en la historia de Pesaj) puede ser dividida en dos partes: Pe y Ráh (פה רע), una “mala boca”. Nuestra aflicción durante la esclavitud en Egipto era caracterizada como PERAJ (trabajo duro),  que puede ser leído en 2 palabras: Pé y Raj (פה ורך), una “boca suelta”, sin responsabilidad con lo que se habla.

Que podamos, en este Pesaj, libertarnos de la “mala Boca” y liberarnos de la  “boca suelta”, donde mucha comida y bebida errada entran  y muchas palabras inapropiadas  se deslizan desde nuestro interior hacia fuera. Meditemos profundamente y en Pesaj encontraremos la Libertad tan ansiada.

 

JAG HAPESAJ CASHER VESAMEAJ!!!!!!

 Rabino MEd. Rubén Najmanovich

 

quinta-feira, março 04, 2021

O SEGREDO DOS SONHOS

 Cabaláh:


O SEGREDO DOS SONHOS

 Não é muito difícil afirmar que cada pessoa sonha, ou que alguma vez sonhou. Ao despertar de um sonho agradável ou de um pesadelo, é natural que surjam uma série de interrogantes e o impulso lógico é buscar respostas no campo secular, sem pensar que a Toráh, que contempla cada aspecto da vida, desde o mais significativo ao mais mundano, nos proporciona um acúmulo de informação que serve de guia e tem a virtude de ser verídica. É surpreendente a quantidade de referências que existem, além da Toráh, no Talmud, no Midrash, na Hagadáh, as obras filosóficas, nos códigos de leis judaicas e especialmente nos escritos místicos da Cabaláh e da Chassidut.

Os sonhos têm uma vida tão longa quanto a do ser humano. Alguns dos sonhos relatados na Bíblia têm caráter profético. O Talmud afirma que os sonhos contêm importantes predições e Maimônides assevera que muitos profetas viram suas profecias em sonho.

O primeiro sonho profecia, o teve o Patriarca Avraham, quando fez o Pacto com D’us e Este lhe assegurou que seria pai de um povo números. Neste momento ele ficou adormecido e, em sonhos, ouviu a voz de D’us, o Qual predisse o futuro de sua descendência, seus sofrimentos no desterro e sua recompensa. O segundo sonho profético o teve o Patriarca Iahacov, quando fugia do seu irmão Essav e viu a escada que chegava até o céu, pela qual ascendiam e descendiam anjos. D’us lhe falou de cima da mesma, prometeu-lhe proteção e fecundidade e assegurou-lhe que esta terra pertencia à sua descendência. O terceiro sonho profético é o de Iossef, o dos feixes no campo, o sol, a lua e onze estrelas que se inclinam diante dele. Logo se relata a explicação que Iossef deu aos sonhos do copeiro e do padeiro do Faraó, bem como a interpretação dos sonhos do próprio faraó, que se cumpriram com os sete anos de abundância e os sete anos de seca e fome.

As fontes bíblicas e Rabínicas distinguem entre os sonhos proféticos e os chamados sonhos normais, que podem expressar aspectos pessoais cuja importância depende não só da compreensão de quem os sonhou, mas da perspectiva objetiva que outro lhe possa acrescentar. Os sonhos podem conter uma mensagem ou ser a expressão da configuração dos pensamentos que a pessoa armazenou.

O ponto crítico é que os Sábios do Talmud consideram que as pessoas não sonham para satisfazer um desejo - seja este de ordem sexual, como o postula Freud, de poder, segundo Gustav Adler, ou de uma inspiração cósmica e transcendental, como o afirma Carl Jung. Muito mais que isso, eles vêm os sonhos como expressão de toda uma ampla gama de idéias que vai desde acontecimentos quotidianos, não assimilados, até o mais profundo simbolismo; desde desejos irracionais à racionalidade; da moralidade à sabedoria inconsciente - uma função muito importante do processo mental que, eles supõem, pode ser potencial para inspiração divina.

Outra característica comum dos sonhos é a linguagem simbólica, aquela na qual as experiências, sentimentos e pensamentos são expressos como se fossem vivências sensoriais ou eventos do mundo real.

É uma linguagem com uma lógica diferente à que temos quando estamos despertos, está governada por intensidade e associação em vez de por tempo e espaço; é universal, e a raça humana a desenvolveu em forma constante.

O Talmud fala da necessidade de interpretar os sonhos; um sonho mau pode transformar-se em um bom, o que se chama "melhorar o sonho", pois ao se interpretar para o bem, o bom se cumprirá, sendo certo também o contrário. Os reis de outrora contavam entre seus assessores com pessoas com a habilidade na interpretação dos sonhos; houve sábios judeus que se dedicaram a esta disciplina e no Talmud se fala de 24 especialistas neste assunto que residiam em Jerusalém e eram generosamente retribuídos por seu ofício.

          Sonho e exílio

O tempo do exílio do povo de Israel, a Galut, foi comparada com um sonho, pois está escrito nos Salmos 126:1: "Quando D’us fizer retornar os exilados de Sion, será como se houvéssemos sonhado". Como se viu, num sonho podem coexistir os opostos, os paradoxos, as contradições, como o ladrão que pede a D’us ajuda para obter êxito na sua faina; ou como o homem que enquanto está rezando se sente próximo de D’us mas que logo da prioridade às necessidades do corpo e aos prazeres mundanos.

Em termos macrocósmicos, o mundo se considera dormindo, incapaz de reconhecer a Divindade que o permeia; só percebe o tangível, a realidade física, e considera a espiritual um mito, já que esta não está revelada. Este estado de sonho, para o mundo em geral e para os judeus em particular, só persistirá até a chegada de Mashiach. Neste momento, o mundo se aperfeiçoará e a Divindade ficará a descoberto. A revelação Divina, como a luz da manhã, despertará os dormidos filhos de Israel. Assim como a luz do dia segue à escuridão da noite, do mesmo modo a luz revelada virá depois da escuridão do exílio; será o fim das contradições, o final do sonho; a mudança total de um momento a outro, o despertar do mundo para uma nova era.

O ponto de vista místico
  
Considera-se que quando a pessoa dorme, sua alma se libera das limitações e vínculos que o corpo lhe impõe na vida diária. A alma tem cinco níveis: Nefesh, que é o impulso vital; Ruach, que nos permite funcionar; Neshamáh, Chaiáh e Iechidáh. Na medida que o nível é mais espiritual, menor é a restrição da alma. As pessoas que têm todos os níveis ativos durante o dia são os Profetas, através dos quais fala D’us; aqueles que têm os quatro níveis ativos, podem ter visões proféticas; com os três, sonhos, intuições e premonições.

A alma pode ser comparada a um periscópio que vê tudo o que os olhos não podem ver, e a pessoa dormida libera a alma do que o consciente não aceita. O Zohar diz que quando a pessoa dorme, a alma se eleva e retorna à sua fonte; lá se refresca e logo retorna para começar de novo cada dia com vigor e energia. É realmente o corpo que deve descansar; a alma não vai dormir, faz o que lhe corresponde no seu âmbito. Se a pessoa leva uma vida de santidade, uma vida honesta e clara durante o dia, a alma sobe rapidamente e isto se reflete nos sonhos positivos, agradáveis, significativos, quando se tem uma atitude negativa ou de pessimismo, geralmente os sonhos têm a mesma natureza; a alma fica então estancada num lugar entre a alma e o corpo e produz-se o que se conhece com o nome de "pesadelo".

Quando estamos acordados, somos seres racionais, ativos, realistas; ao dormir, passamos a um tipo de existência totalmente diferente; podemos conceber coisas que nunca ocorreram, na realidade coisas sem antecedentes. Algumas vezes somos os heróis, outras os vilões, em belos cenários ou em cenas de terror. Mas a maioria dos sonhos compartem a característica de não se limitarem às leis da lógica que governam nosso pensamento consciente. Descuidam-se as categorias de tempo e espaço: pessoas falecidas podem estar de repente vivas, acontecimentos que vemos como parte do presente podem ter ocorrido há muitos anos. Também não se presta maior atenção ao espaço. Podemos nos trasladar de um lugar a outro com rapidez, estar em dois lugares ao mesmo tempo, fundir duas pessoas numa ou converter uma pessoa em outra. Nos sonhos somos criadores de um mundo onde o tempo e o espaço que limitam todas as atividades de nosso corpo, não têm nenhuma importância em absoluto e, contudo, têm a característica de serem reais, tão vivos que nos fazem questionar a realidade, com a desvantagem de que são rapidamente esquecidos ao acordar.

A interpretação dos sonhos não pode ser feita em forma homogênea. Embora os símbolos comuns e universais precisam ser considerados, é necessário se basear nos fatores pessoais, pois símbolos iguais podem significar coisas distintas para pessoas diferentes.

Exemplos de elementos simbólicos nos sonhos.

Talmud: Tratado de Berachot

Rins ou cabeça: se refere à pessoa que sonha

Ombros: à esposa

Braços: a amigos e familiares

Extremidades: aos filhos

Burro: pode se esperar salvação

Uvas brancas na temporada ou fora da mesma: são um bom sinal

Trigo: paz

Figueira: preservar o aprendido

Romã ou azeitonas: prosperidade nos negócios

Galo: se espera um menino

Ovos: petição suspensa; se quebra, se cumpre (O mesmo acontece com nozes, pepinos e coisas de vidro que podem quebrar).

Serpente: a vida está assegurada

Morte: longa vida

Todos os animais são bom sinal menos o macaco e o elefante;

Todas as frutas menos as tâmaras não maduras;

Todas as cores, menos o azul.