segunda-feira, junho 07, 2010

ENTRE A “VERDADE RELIGIOSA” E A “FÉ CIENTÍFICA”

A experiência diária dá-nos a impressão de uma separação muito marcante e profunda entre a sociedade observante da religião e a cultura ocidental moderna. As discrepâncias têm sua origem nos diferentes pontos de vista acerca dos valores universais e questões existenciais, valores que se manifestam em sua aplicação prática na vida cotidiana.

Um caso particular e importante desta discórdia é a polêmica, aparentemente inevitável, entre a ciência e a religião. A ciência e a tecnologia, junto com a liberdade de opinião e de credo, são o símbolo e o orgulho da sociedade ocidental moderna. O desenvolvimento tecnológico, um produto direto do avanço na ciência, transformou por completo nossa forma de viver.

Qualificamos de antiquada ou primitiva toda idéia ou atitude que ignora ou opõe-se à verdade científica.

A religião, para muitos, associa-se à restrição de pensamento.

A investigação e o questionamento, ferramentas fundamentais da ciência, vêem-se limitadas e, às vezes, condenadas pela fé religiosa. O caso de Galileu, que se viu obrigado a abjurar perante a Inquisição, é um exemplo desta austeridade.

Muitos vêem na religião a sublimação dos valores morais e uma fonte de inspiração. Estes, geralmente, distinguem entre os valores universais difundidos pela religião e sua interpretação ou aplicação prática. Isto, não obstante, é uma adoção parcial da religião, posto que a religião, por si só, não se limita às idéias, senão que, também, aos atos derivados delas.

Devemos aclarar que existem muitas diferenças, ideológicas e práticas, entre as numerosas religiões. Não pretendemos, nem desejamos neste artigo tratar das religiões em geral, senão, particularmente da Religião Judaica, a qual, como membros do Povo Judeu, merece nossa máxima atenção.

O JUDAÍSMO E A INVESTIGAÇÃO

É de suma importância mencionar a relação tradicional e recíproca que houve em todos os tempos entre os eruditos judeus e a investigação da natureza. Dezenas de homens judeus ilustram, através dos séculos, o estudo profundo dos fenômenos naturais. Muitos consideraram este estudo como uma “mitzváh”, uma obrigação que tem todo o judeu de compreender, quanto mais a sabedoria do Criador.

Sábios que abarcaram todas as ciências, podemos encontrar em todas as épocas e em todos os lugares da diáspora judaica. Nomearemos, ainda que seja alguns - dos mais destacados.

Já o grande amoraíta (sábio judeu) Shemuel de Babilônia (ano 230) era famoso por seu conhecimento em medicina e astronomia.

O grande sábio Ibn Sina de Buchara (980 - 1037) foi reconhecido, à idade de 20 anos, em todo o mundo, como o maior letrado de sua época. Sua famosa obra “O Cânone da Medicina” serviu como texto de estudo durante 600 anos. Redatou 16 livros de medicina, 11 de astronomia e ciências, 68 de teologia e quatro obras poéticas.

A diáspora judaico-espanhola destacou-se por seu grande número de letrados, em todas as ciências, entre eles, Shelomo Ibn Gavirol (1022 - 1058), conhecido filósofo, astrônomo, cientista e poeta; Maimônides (1135 - 1204), o grande comentarista, filósofo, médico, matemático e astrônomo; Yehudáh Ibn Matca (1245), filósofo e enciclopedista; Yossef Ibn Caspi de Provenza (1300), filósofo e lingüista; Shemuel Ibn Vacar (1340), médico do rei de Castela; Dom Isaac Abarbanel (1437 - 1508), comentarista, filósofo, médico e grande estadista, serviu com tesoureiro de Alfonso V, rei de Portugal e, logo, como conselheiro dos reis católicos Fernando VII de Aragón e Isabel de Castela até a expulsão da Espanha e, por último, como conselheiro dos reis de Nápoles; Tam Ibn Ichya (1470 - 1542), médico de Soliman, O Magnífico da Turquia.

Depois da expulsão da Espanha, os eruditos judeus começam a destacar-se em outros lugares do planeta, como por exemplo, Yehonatan Aibshitz de Polônia (1690 - 1764), filósofo, astrônomo e cientista; O Gaon de Vilna (Lituânia, 1720 - 1797), grande gênio de todas as épocas, experto em todas as ciências; Ichya Avíach de Yêmen (1873 - 1934), astrônomo e médico.

Podemos até encontrar exemplos mais contemporâneos. Tal é o caso do grande rabino Avraham Isaías Karelitz (1878 - 1953), conhecido por “Chazon Ish” - (o título de sua obra), quem, nascido na Lituânia, fixou-se em Israel, na cidade de Benê Berak. O grande rabino Karelitz exerceu o cargo de dirigente e autoridade mundial das congregações judias. Além de possuir erudição rabínica, era experto em astronomia, matemática, medicina e botânica.

ESTADO DE GUERRA

A primeira questão que devemos aclarar é se as doutrinas científicas e religiosas opõe-se por essência. Em outras palavras, a pessoa que aceita a fé religiosa deve, obrigatoriamente renunciar a investigar certas áreas da ciência? Deve o cientista considerar a religião como sua inimiga declarada?

As verdades científicas e religiosas não só não se contradizem, senão que também complementam-se, pois ambas ocupam-se de questões diferentes. A ciência é descritiva. O cientista analisa os fatores que participam em certo fenômeno e busca uma fórmula ou lei que o descreva.

Tomemos, por exemplo, a lei da gravidade. Os cientistas estudaram a caída dos corpos (Galileu) e o movimento dos planetas em suas órbitas (Kepler). Finalmente, Newton formulou a Lei da Gravitação Universal, determinou os fatores participantes (as massas e a distância relativa) e estimou a magnitude da constante universal de gravitação (G). Enrique Cavendish determinou, por meio da medição da magnitude da constante G (1798), e o Instituto Nacional Americano de Standards (ANSI) definiu em 1942 seu valor atual.

A ciência descreve os fenômenos observados, suas causas e suas conseqüências, porém não o objetivo de ditos fenômenos. A ciência pode chegar a conhecer as conseqüências dos fenômenos. É assim que se puderam lançar satélites ao espaço. A ciência não pretende explicar o objetivo da gravidade, assim como se pode explicar no laboratório o objetivo da escrita hieroglífica.

As explicações oferecidas a miúdo pelos mesmos cientistas não são de caráter científico, e sim filosófico. Os argumentos científico-filosóficos são suposições e não se consideram ciência, ou seja, conhecimento.

A religião ensina acerca da relação entre a natureza e o Criador. Cada fenômeno, cada lei, cada coisa e cada indivíduo tem seu objetivo na criação. Se observarmos, por exemplo, um livro, distinguimos sua forma, suas dimensões, o sistema de impressão, o tipo de caracteres, etc.. Tudo isto pertence à análise científica do livro. A idéia transmitida por intermédio do livro, ou seja, seu objetivo, não pertence à ciência. As idéias são o produto ou criação de uma inteligência e, como tais, podem ser compreendidas e analisadas unicamente por outra inteligência semelhante.

As idéias, os valores morais, a arte e o sentido da estética transcendem os limites do mundo material e, por conseguinte, da ciência.

Para concluir este ponto, citaremos alguns cientistas famosos.

O Professor Efraim Katzir em seu livro “No Meio da Revolução Científica”, explica que a ciência não está em posição de qualificar questões morais: “Desde a perspectiva da ciência, os problemas morais mais simples não têm significado”. Há todo um mundo de valores, porém “a verdade científica é técnica e está desprovida de valores”. O indivíduo que aceita só o “científico” perde o sentido de sua própria existência: “se não se conhece a essência da bondade, da misericórdia, da retidão e da decência, ignora-se o significado da vida”.

Também, Albert Einsten escreveu sobre a relação de dependência recíproca entre a religião e a ciência. A religião “é aquela que fixa a meta”, pois é a fonte da aspiração pela verdade e pela compreensão”. A ciência, por sua vez, determina “quê recursos contribuirão para que as metas sejam alcançadas”. A busca da verdade é o valor moral que guia o “verdadeiro cientista” em sua investigação.

Para Einstein, a vida “parecia totalmente vazia sem a perseguição de um objetivo”. É este o objetivo metafísico “que é inalcançável na investigação científica”, dizia o grande cientista judeu.

Há quem crê que a ciência pode explicar tudo. O que não se entende hoje, algum dia a ciência explicá-lo-á. Neste sentido, o notável físico Max Planck aclara o erro: “As realidades concebíveis da natureza não podem ser completamente descobertas por qualquer ramo da ciência”. É um processo, por definição, interminável: “Vemos, em todos os avanços científicos modernos, que a solução de um problema só tira o véu ao mistério de outro”. A investigação científica nos proporciona os detalhes dos fenômenos, mas a compreensão destes “é essencialmente metafísica”.

O ENFRENTAMENTO SEM FRENTE

De acordo com o que foi dito anteriormente, não deveria haver discussão alguma entre a ciência e a religião. Apesar disso, há vários desacordos famosos entre a religião e a ciência.

Tentemos resumir as maiores áreas de dissidência: a idade do mundo (geologia); a evolução das espécies (biologia e bioquímica); a origem do universo (cosmogonia); a crítica da Bíblia (lingüística) e a história hebraica (história e arqueologia).

É fácil deduzir que todas as discrepâncias entre a ciência e a religião estão limitadas aos ramos da ciência que estudam o passado. São estudos de uma natureza histórica e, como tais, não pertencem às ciências exatas. A este ponto vale uma aclaração.

Um detetive pode fazer uso das técnicas mais avançadas e dos melhores laboratórios para investigar certo caso. Apesar disto, suas conclusões acerca do desencadeamento dos fatos são produto de um esforço intelectual, da experiência ou, simplesmente, da intuição.

Não há um só exemplo de discórdia entre a religião e a ciência acerca de leis naturais ou de fatos observáveis empiricamente.

Casos como o de Copérnico e Galileu, que foram perseguidos pela Igreja, não existiram, nem existem atualmente na Religião Judaica.

Todas as dissidências mencionadas anteriormente têm outra qualidade em comum: são todas teorias científicas não comprovadas. Neste artigo, teremos que nos limitar a alguns exemplos para justificar o que foi dito anteriormente. Um estudo exaustivo do tema requereria todo um livro.

A IDADE DO MUNDO

Quando se trata da idade do mundo, a idéia comum é que os cientistas determinaram por meio de medições a idade de restos antigos, sejam eles fósseis ou camadas geológicas. Porém, a realidade é muito diferente.

Um bom exemplo é o uso do isótopo radioativo do carbono, o C14, para determinar a idade dos fósseis. O limite superior de medição com este elemento é de 40.000 anos, que equivale a sete vezes a meia vida do elemento (valor físico dos elementos radioativos que determina o tempo necessário para a transmutação da metade de uma massa dada). Contudo, a medição de milhares de achados com C14 não mostram sinal de vida além de 7.000 anos (Whitelaw, Libby e Holmes em várias publicações).

Considerando os erros por extrapolação incluídos nos cálculos, estas cifras estão de acordo com a Fé Judaica, porém não estão com a teoria da evolução. A respeito disto escreve o professor Baro: “Quando a cronometria do C14 apoia as teorias, nós a escrevemos dentro do texto, quando as contradiz, nós a anotamos no rodapé do artigo e, quando é totalmente diferente, nós a omitimos.”

Se as medições diretas não dão os resultados “corretos”, em que se baseia a suposição dos milhões de anos? Pois, neste caso, ao não haver medição direta, usa-se um método de dedução indireto: a idade dos restos fósseis corresponde à idade do estrato geológico no qual foram achados.

Cabe aqui, por suposição, a pergunta: Em que se baseia a cronometria das camadas geológicas? Há muitos dados surpreendentes a respeito dos métodos utilizados pela estratigrafia, dentre os quais o chamado “raciocínio circular”: a idade relativa dos estratos deriva dos restos fósseis achados em dita camada, dos quais conhecemos sua idade pelos estratos onde foram encontrados.

Para piorar mais a situação, a idéia de que os restos fósseis apoiavam a teoria da evolução sofreu uma grande sacudida. Junto às dificuldades de cronometria mencionadas anteriormente, somou-se a dificuldade de não se haver encontrado formas intermediárias (como entre os anfíbios e mamíferos ou entre o macaco e o homem, e o elo perdido). Cálculos estatísticos demonstram que, provavelmente, ditas formas jamais existiram.

No congresso de paleontólogos que ocorreu em Chicago, no ano de 1980, admitiu-se, oficialmente, a dificuldade que oferecem os fósseis à Teoria da Evolução. O Professor Gould, da Universidade de Harvard, chamou isto de “o segredo profissional dos paleontólogos”.

A EVOLUÇÃO

A teoria da evolução, que se nos apresenta tão clara e polida nos livros de estudo e nas enciclopédias, é, com efeito, uma idéia sumamente questionada e problemática nas obras originais dos investigadores.

Apresentaremos aqui uma seleção de citações notáveis para dar-nos uma idéia de quão “científica” é a teoria.

O destacado geneticista August Weisman admite que a seleção natural não é um fenômeno observável empiricamente: “Nunca poderemos determinar, por meio da observação, da investigação, do experimento, o processo da criação de uma nova espécie pela seleção natural na luta pela existência”.

Por sua vez, o evolucionista Michael Denton afirma que a suposição de um caldo orgânico pré-biótico está desprovido de todo apoio geológico: “advém como uma sacudida ao dar-se conta que não há absolutamente uma evidência positiva sequer de sua existência”.

D. E. Hull publicou na prestigiada revista científica Nature um artigo onde explica que a idéia de compostos complexos formados espontaneamente com base em elementos mais simples (idéia fundamental da evolução) está negada pelas leis da termodinâmica, da física atômica e da mecânica quântica. Sua conclusão é muito pessimista: “A conclusão destes argumentos apresenta o mais sério obstáculo, se não fatal, à teoria da geração espontânea”.

H. S. Lipson, falando da aparição espontânea da vida a partir de matéria orgânica abiótica, chega à mesma conclusão: “A geração espontânea de células contradiz a segunda lei da termodinâmica”.

Simpson e Bech explicam o raciocínio que fundamenta as leis da termodinâmica: “Uma aplicação de energia, sem controle, não é suficiente para produzir um sistema ordenado. Para isto, fazem falta um sistema de informação e uma capacidade que saiba como utilizar essa energia”.

Um bolo de aniversário, um objeto infinitamente mais simples que uma célula, não se faz “por acidente”. Deve haver uma consciência que controla e ordena o processo de preparação da torta.

Em uma revista científica da I. B. M. analisa-se a transição da vida aquática à terrestre. Isto “implicou numa transformação extrema e dramática nas características de seus ovos”. Continuando, enumeram-se várias diferenças essenciais entre os ovos terrestres e os aquáticos: a casca, a saliência endurecida para quebrar a casca, o armazenamento de alimento para o embrião e uma bolsa para acumular os resíduos do metabolismo. O autor chega facilmente à conclusão de que houve um processo controlado: “Estas transformações não poderiam ter sido úteis se não tivessem sido coordenadas e sincronizadas”. Porém, eis aqui a contradição: a coordenação implica num objetivo e num plano, “idéia totalmente rechaçada pela evolução” que supõe “mutações acidentais”.

G. Wald, prêmio Nobel em fisiologia no ano de 1967, resume um artigo em Scientific American, onde dá detalhes acerca de numerosas questões sobre a teoria da evolução, com palavras de admiração: “basta contemplar a magnitude desta obra para admitir que a geração espontânea dum organismo vivo é impossível”.

Sua resposta é muito surpreendente - a necessidade (?) obriga-nos a crer que o impossível pode ocorrer!

Muitos cálculos de probabilidades demonstraram que a evolução não tem probabilidade prática. Um exemplo dá-nos o famoso cientista Fred Hoyle: “A probabilidade de que se gerassem 2.000 das enzimas conhecidas que atuam na célula a partir de cadeias nucleotídicas acidentais é de 10 - 40.000. Ou seja, para um pequeno “passo” da evolução, a probabilidade é praticamente nula. (Há uma lei do matemático Emil Borel que determina que um fenômeno com probabilidade menor que 10 - 50 não existe).”

O renomado filósofo da ciência, Karl Popper, enumera as exigências fundamentais de uma teoria científica. Uma delas determina que teoria deve permitir sua comprovação ou refutação.

Sua opinião sobre a teoria da evolução é categórica: “O darwinismo não é uma teoria científica, senão metafísica. Posto que a teoria da evolução não pode fazer predições e, portanto, não se pode comprovar se é falsa, não é, por conseguinte, uma teoria científica.”

REFLEXÕES

O leitor perguntar-se-á, com razão, se tudo isto é possível. Tem-se a impressão de estarmos culpando o conjunto de cientistas de uma conspiração geral, de tentar enganar todo o mundo. Que fique bem claro: a ciência e os cientistas merecem seu devido respeito. Aqui estamos presenciando outro tipo de fenômeno social.

Para compreendê-lo, apresentaremos mais duas citações.

Michael Denton explica que a aceitação da evolução como uma verdade científica foi um processo gradual e espontâneo: “gradualmente, os conceitos darwinianos permearam todo o aspecto do pensamento biológico”. O uso constante dos conceitos darwinianos está desligado de sua origem metafísica ou “atualmente, todo o fenômeno biológico é interpretado em termos darwinianos”.

Aldous Huxley, em seu livro “Confissão de um Ateísta Declarado”, vê na aceitação da evolução uma debilidade muito humana: “teve motivos para desejar que o mundo não tivesse sentido; conseqüentemente, supôs que não o tinha e não teve dificuldade alguma em encontrar razões satisfatórias para esta suposição”. A ciência não é a causa da nossa imagem da existência, senão exatamente o oposto; as teorias científicas podem estar feitas à medida de nossos desejos. “A filosofia de falta de sentido foi essencialmente um instrumento de liberação”. São estes os mesmos mecanismos de autodefesa conhecidos pela psicologia, que nos fazem justificar nossas próprias idéias.

Contudo, voltemos ao nosso tema: a religião. A religião ensina-nos que o motivo real para que se rechace a fé em D’us não se deve à “provas” ou “dúvidas”. Estas servem só de pretexto ou manifestação de algo muito mais profundo: a sensação de que a religião e a moral limitam a pessoa.

A RELIGIÃO E O AVANÇO CIENTÍFICO

Em diferentes oportunidades, informamo-nos sobre fortes discórdias que surgem entre grupos religiosos e grupos científicos.

A idéia que captamos é que os religiosos, com suas crenças antiquadas, impedem o avanço científico.

As discrepâncias entre os grupos com culturas e valores diferentes são um fato inevitável. Todo o grupo luta por aquilo que considera estar no nível mais alto em sua escala de valores.

O engano está em tentar apresentar um desacordo entre dois pontos de vista como uma luta pela liberdade da ciência. Tomando como exemplo extremo e abominável, o médico nazista Josef Mengele costumava fazer experiências médicas com prisioneiros judeus. Estas experiências incluíam o estudo de diferentes venenos e tóxicos sobre o corpo humano ou a capacidade de resistência do corpo a operações sem anestesia.

Por mais diabólico que seja este exemplo, não podemos deixar de aprender a grande lição: os valores morais devem limitar, e às vezes deter, o avanço científico.

Não se pode, em nome da ciência, derrubar as barreiras.

A definição do momento da morte ou a preservação de cemitérios são questões puramente morais. A medicina não tem claro ainda o momento da morte, e é por isso que, em diferentes países, em distintos hospitais, atuam de maneira diferente.

Se não desviarem o tema para uma luta contra os “religiosos”, é muito provável que outras pessoas, não identificadas com a religião, defendam os mesmos valores morais.

Quantas são as obras que Tu tens realizado! Todas elas tens feito com sabedoria! (Salmos CIV, 24)