quarta-feira, março 14, 2018

Pêssach 5778: Primeiras 4 Leis Fundamentais





Pêssach

Os nossos sábios estabeleceram que se deve iniciar o estudo das leis de Pêssach trinta dias antes da festa, para que a pessoa chegue preparada para o chag (festa), ou seja, bem informada sobre as inúmeras regras vigentes nesses dias.
 
A proibição de chamêtz (fermentados das cinco espécies – trigo, cevada, aveia, centeio e espelta) em Pêssach aparece quatro vezes na Toráh, resultando em quatro modalidades:

        Não comer ou ter proveito do chamêtz em Pêssach.
        Que não haja chamêtz na propriedade de um judeu em Pêssach.
        Que um judeu não veja chamêtz em sua propriedade em Pêssach.
        Anular todo chamêtz e levedura da propriedade do judeu antes de Pêssach.


Proibição do Chamêtz

Desde o meio-dia de 14 de Nissan até o final de Pêssach é proibido comer e ter proveito de chamêtz. Nossos sábios acrescentam duas horas antes do meio-dia a esta proibição. A partir do momento em que a festa de Pêssach propriamente dita se inicia, aplicam-se as proibições de não se ver e não se encontrar ("bal ieraê uval imatzê) chamêtz. Essas proibições continuam até o final do chag (festa) e obviamente expiram ao seu fim.
 
Já que é uma grave proibição da Toráh, os sábios proibiram comer ou ter qualquer outro proveito do chamêtz de um judeu que não foi vendido da maneira halachicamente correta antes do chag (como traremos em breve) e permaneceu em sua propriedade durante o Pêssach.
 
A Toráh, no Chumash Shemot (Livro Êxodo), nos ordena eliminar o chamêtz de nossas propriedades como preparação para Pêssach até a metade do dia 14 de Nissan. Não é somente proibido comer, mas também não se deve possuir ou deixar o chamêtz em sua propriedade. A partir daquele momento, todo aquele que não eliminou e/ou anulou o chamêtz está descumprindo esta Mitzvá Ativa (Mitzvat Assê). A partir do início de Pêssach, transgride também a proibição de "Bal Yeraê” (“não será visto chamêtz").

Anulação do Chamêtz

Da linguagem utilizada pela Toráh aprendemos que a proibição de encontrar chamêtz na propriedade de um judeu se refere somente ao chamêtz deste. O chamêtz que pertence a um não judeu ou chamêtz abandonado ou descartado (sem donos) pode estar em sua propriedade. Portanto, aquele que tem funcionários ou empregados não judeus que vivem em sua casa, o funcionário pode manter o seu chamêtz no próprio quarto. Assim também judeus que em seu escritório trabalham não judeus podem circular sem problemas neste ambiente durante o chag, pois o chamêtz não é propriedade de um judeu.
 
Os sábios instituíram a obrigação de anular o chamêtz de duas maneiras. A primeira é a anulação oral. A segunda consiste em remover de casa e eliminá-lo. A razão pela qual não é suficiente apenas um tipo de anulação é a seguinte: talvez a pessoa não anule o chamêtz de todo coração, ou, se anular de todo coração, pode ser que deixe em casa e venha acidentalmente a comer durante o Pêssach. Portanto, como medida de precaução e rigor, os sábios fixaram os dois tipos de anulação.

Verificação do Chamêtz


Para erradicar o chamêtz de casa deve-se cumprir a mitzvá de "verificação do chamêtz". Este mandamento se cumpre imediatamente após Arvit (Oração Noturna) do décimo quarto dia de Nissan (véspera de Pêssach). A obrigação recai primordialmente sobre o pai da casa e, se ele não puder, deverá nomear sua esposa ou um de seus filhos maiores de 13 anos (bar mitzvá) como responsáveis pela verificação, a ser feita logo no início da noite. Para que a pessoa não se esqueça de realizá-la, os sábios proibiram começar alguma atividade ou fazer uma refeição meia hora antes do horário da verificação. É proibido até mesmo começar a estudar Torá meia hora antes da verificação, pois há o receio de a pessoa continue estudando e acabe por esquecer de cumprir a obrigação.
 
Antes de iniciar a verificação do chamêtz, faz-se a benção "Baruch Ata A-donai E-lohenu Mêlech Haolam Asher Kideshanu Bemitzvotav Vetzivanu Al Biur Chamêtz" (Bendito és Tu, ó Senhor, Rei do Universo, que nos santificou com Seus mandamentos e nos ordenou a eliminar o chamêtz). A eliminação do chamêtz ocorre, porém, somente no dia seguinte, mas uma vez que o processo começa com a verificação, fazemos a bênção neste momento. Quem se esqueceu de recitar a bênção antes e lembrou no meio da verificação, se ainda não a terminou pode recitar a bênção no momento em que lembrar. Deve-se ter o cuidado de não falar assuntos não relacionados à verificação desde o momento em que proferiu a bênção até terminar a verificação. Se a pessoa tratar de assuntos não relacionados à verificação, deverá recitar a benção novamente.

Quem vai passar Pêssach fora de casa, viajando antes da noite da verificação do chamêtz, deverá verificar a casa na noite anterior à viagem, mas sem fazer a benção, pois esta é feita apenas na verificação que é realizada na noite de 14 de Nissan. Portanto, a pessoa que tenha mais uma casa (por exemplo, em outra cidade), deve verificar o chamêtz antes de Pêssach nas duas casas. Caso não seja possível verificar as duas na noite de 14 de Nissan, deve verificar uma delas nos dias anteriores a 14 de Nissan (sem recitar a bênção) e a casa na qual estará na noite de Pêssach deverá verificar na noite de 14 de Nissan fazendo a bênção.
 
Todo lugar em que a pessoa está acostumada a entrar com chamêtz, ou objetos que costumam conter ou guardar chamêtz, devem ser verificados. Portanto, deve-se verificar bolsas/mochilas onde por vezes colocamos comida, o bolso das roupas das crianças e, é claro, também os carros.
 
A verificação se faz com a luz de uma vela. Quem teme que a vela possa causar um incêndio ao verificar determinados lugares, pode verificar estes locais com uma lanterna. O costume é espalhar pela casa dez pedaços de chamêtz. Há quem explique que isto é para garantir que quem faz a procura encontrará chamêtz e assim sua bênção não terá sido em vão. Deve-se anotar e lembrar bem dos locais onde foram colocados os pedaços de chamêtz, para que não ocorra uma falha e um dos pedaços fique na casa durante o chag, D'us nos livre.