sábado, setembro 25, 2010

Shemini Atseret e Simchat Toráh

Shemini Atseret e Simchat Toráh

ALEGRIA, ALEGRIA: Shemini Atzeret
Onde é que entra?
Encerramos esta temporada festiva celebrando Shemini Atzeret e Simchat Toráh. Em Israel, as duas se celebram juntas, num só dia; na diáspora, em dois. Na Toráh, Shemini Atzeret é chamado de a festa do oitavo dia (Números 29:35); no Talmud, é uma festividade a parte, desconectada dos dias anteriores de Sucot (Sucá 48 a). O preceito (mitzvá) mais difícil do Judaísmo...

Três vezes a Toráh, ao se referir a Sucot, nos manda ficarmos alegres durante a festa. Isto explica por que se chama Sucot de Zeman Simchateinu = tempo da nossa alegria.
Ainda que Sucot e Shemini Atzeret se festejem juntas, existem diferenças. Enquanto que em Sucot há muitas mitzvót, a única mitzvá de Shemini Atzeret é a de regozijar-se, alegrar-se, ficar feliz! Esta é, na minha opinião, o preceito mais difícil de todo o judaísmo.

A maioria das pessoas e correntes religiosas, discutem desde o motivo de certas mitzvot até como praticar (ou não), quem pode, quem deve, como adaptar aos dias de hoje, etc. Mas aqui não se está discutindo filosofia, teologia ou prática religiosa: temos um sentimento, uma emoção a encarar e que envolve atitude interna!
Como cumprir esta mitzvá???

Universalismo e particularidade

Enquanto que em Sucot a celebração tem lugar fora de casa, isto é, na Sucá, Shemini Atzeret é festejada em casa, e, assim como em Sucot o aspecto universal da festividade está determinado através da oferenda de 70 cordeiros recordando as nações do mundo, Shemini Atzeret só concerne a Israel (oferenda de um só cordeiro). A oferenda de 1 X 70, também nos faz voltar ao tema da unidade na diversidade...

Ecologia

Durante cada um dos dias de Sucot recitam-se preces especiais para que o novo ano traga prosperidade para a terra e saúde aos homens. Hoshana (daí o Hoshaná cristão)= salva-nos: no sétimo dia da festa, Hoshana Rabá, agitam-se, durante a oração da manhã, ramos de salgueiros, árvore que cresce à margem dos rios e que simboliza a água que corre em abundância. São renovados os pedidos a Deus que lave as faltas, que ajude no ano que começou. Quando o templo existia celebrava-se a festa da água (Simchat Beit Ha-Shoevá). Hoje, em Israel, são feitas festas populares e campestres.

Um aspecto particular de Shemini Atzeret é a oração por chuva, porque nesta época o mundo é julgado em relação à água. Nas orações se introduz a frase, que será recitada até Pessach: mashiv há-ruach u morid ha-gueshem (faz com que o vento sopre e a chuva caia). Esta reza dá expressão à natural ansiedade que se sente em Israel durante a estação das chuvas, já que a ausência delas significa fome, sede e enfermidade. Esta oração é feita para o dia final da festividade, para não invocar a chuva justamente quando se necessita de um bom tempo para habitar a Sucá.

Depois de todas estas considerações (ou devaneios) o que você me diz: reflexão e alegria não combinam bem? Afinal, que maior alegria pode haver do que quando encontramos, dentro de nós mesmos a unidade, a integridade? Shalom (hebraico) e Salam (árabe), que todos sabem que significa paz (embora não tenhamos ainda conseguido aprender como fazê-la), significa em sua raiz, inteiro, completo. E se conseguirmos ficar inteiros, podemos encontrar a paz (interior); se conseguíssemos ficar inteiros, unidos na diversidade, não teríamos encontrado a paz? E esta não seria o maior motivo de alegria – o melhor modo de festejarmos zeman simchatênu?

Que é Shemini Atzeret?

O último [oitavo] dia do Sucot, realmente não é Sucot a não ser Shemini Atzeret. Durante todos os dias do Sucot se trazem sacrifícios especiais no Templo - representando a todas as nações do mundo. Na culminação do Sucot, diz D’us: “Agora quero que vocês fiquem um dia mas, para que Eu e vocês celebremos somente, em maneira mas íntima.” Por este motivo se chama ‘Shemini Atzeret’ [literalmente O Oitavo da finalização]. Nos tempos do Templo, quão judeus subiam ao Jerusalém para o Sucot, detinham-se’ um dia mas antes de retornar a suas casas e se celebravam Shemini Atzeret no Jerusalém. Em Israel esta festa é o oitavo dia do Sucot e no resto do mundo se celebra por dois dias.

Quando celebramos Simchat Toráh? Por quê?
Durante o Shemini Atzeret celebramos até outra festividade: a culminação e abertura do ciclo anual da Toráh – Os Cinco Livros.

Durante todo o ano, cada semana no Shabat se lê uma [ou dois] porções da Toráh. Nesta maneira terminamos de ler toda a Toráh em um ano. O dia que começa e termina este ciclo é no Shemini Atzeret. Por esta razão este dia se chama também a festa do Simchat Toráh. Para celebrar, durante as rezas de noite e de dia, tiram-se todos os Sifrê Toráh [Rolos da Toráh] e a gente dança alegremente com eles. Ao final de dançar, acaba-se de ler o fim da Toráh e se lê imediatamente o começo. Assim mostramos que não deixamos nossa Toráh sem nossa atenção constante, e imediatamente ao terminar começamos de novo.

É a celebração especial do ‘Povo do Livro’ e o Livro!




domingo, setembro 05, 2010

A PRINCESA

A PRINCESA


Certa vez, viveu um grande rei que tinha apenas uma filha. A princesa era nobre e honrada e quando cresceu, o rei procurou um jovem virtuoso para desposá-la. Muitos príncipes e duques cortejavam-na, mas ela recusou-os um a um. “Este é um glutão” ou “Este gosta por demais de vinho” - dizia ela. O rei, impaciente, jurou que o próximo jovem que passasse pelos portões do palácio se casaria com a princesa.

Aconteceu que o primeiro homem a passar pelos portões do palácio era um mero camponês. Mas o rei, sendo um homem de palavra, casou sua filha com ele. O noivo levou sua esposa até seu povoado, onde se estabeleceram.

Para o camponês, a princesa era apenas uma mulher e a tratava como sempre achou que deveria tratar sua esposa. Ele trabalhou duro; seu rosto formoso ficou marcado e suas mãos se tornaram ásperas pelo trabalho. Os camponeses vizinhos freqüentemente troçavam dela e a insultavam. A coitada da princesa estava muito infeliz. Começou a escrever a seu pai diariamente, queixando-se. O rei ficou com pena de sua querida filha e mandou um recado que iria visitá-la.

A notícia da chegada do rei espalhou-se rapidamente no povoado e começou o rebuliço. Todos acorreram à casa do genro do rei para ajudar na limpeza e decorá-la. A princesa começou a ser tratada com grande respeito. Não tinha mais que fazer trabalhos pesados e sujos. Fizeram-lhe um tratamento de beleza e foi vestida com roupas finas. Todos passaram a ser amistosos e a respeitá-la.

Quando o estafeta do rei chegou trazendo a notícia que o monarca estava a caminho, todos saíram para cumprimentá-lo. “Viva o rei! Viva a princesa!” - gritavam eles, enquanto acompanhavam o rei e sua filha pelo povoado decorado e iluminado.

O rei entrou na casa de seu genro, achando-a limpa e impecavelmente decorada com enfeites e flores. Viu a honra e respeito gozados por sua filha e ficou contente. Estranhou que a filha tivesse escrito tais cartas alarmantes.

O pai e a filha passaram um dia feliz, juntos, e o rei preparou-se para voltar. A princesa abraçou seu pai e começou a chorar: “Ó pai, querido pai, não me deixe aqui, leve-me junto! Por favor, leve-me para casa!”

“Mas minha querida filha” - respondeu o rei - “você parece estar feliz aqui; percebe-se que eles estão lhe tratando com mais respeito e afeição do que a qualquer princesa que conheço!”

“Ó caro pai” - chorou a princesa - “toda esta honra e afeição que eles demonstraram hoje é só para agradar ao senhor. Eles souberam de sua vinda e foi por isso que fizeram tudo isto. Mas assim que partir, começarão a tratar-me como antes, insultando-me e fazendo-me muito infeliz.”

O rei chamou seu genro de lado e perguntou-lhe: “Que maneira é essa de tratar minha filha? Você não sabe que ela é uma princesa?”

Os olhos do marido encheram-se de lágrimas, enquanto respondia: “Sua Majestade, eu sei que ela é uma princesa, mas o que poderia eu fazer? Sou um homem pobre e preciso trabalhar duro para sobreviver. Sou incapaz de proporcionar-lhe o tipo de vida que ela realmente merece. Além disto, vivemos em um povoado, entre pessoas maldosas e invejosas. Eles não apreciam as qualidades de sua filha e aproveitam todas as oportunidades para insultá-la. Mas o senhor é um grande rei. Uma vez que achou conveniente escolher-me como genro, leve-me embora daqui, eleve-me à sua posição, dê-me uma propriedade digna de sua filha e do genro do rei, e então serei capaz de dar a ela o tipo de vida que realmente merece!”

* * * * *
O Rei dos reis, O Santo, bendito Seja, quis dar sua filha, a Toráh, a Adam, o primeiro homem criado pelas suas próprias mãos. Mas a Toráh disse: “Ele é um glutão; ele comeu da Árvore do Conhecimento, contrariando seu mandamento expresso.”

Depois D’us quis dar a Toráh a Nôach e a Toráh disse: “Ele gosta demais de vinho. Não foi ele que plantou um vinhedo e ficou bêbado?”

Finalmente, D’us deu a Toráh aos filhos de Israel, aos quais acabou por tirar da escravidão do Egito.

Durante o ano inteiro, a Toráh é freqüentemente negligenciada e até envergonhada. Dia após dia, a Toráh envia mensagens ao Rei, queixando-se do tratamento que recebe, pois está escrito: “Todos os dias uma voz celeste chama: ‘Ai das criaturas que envergonharem a Toráh!’”

Então chegam os mensageiros do Rei para anunciar a sua chegada - são os dias de Elul, anunciando a vinda de Rosh Hashanáh. Eis que acordamos e começamos a preparação: oramos, estudamos, recitamos Salmos, como nunca antes. Rosh Hashanáh não nos encontra despreparados. Tocamos o Shofar e aclamamos o Rei dos reis.

D’us está entre nós e gozamos de Sua Luz Divina; os corações se enchem de reverência e amor pela proximidade de D’us e Sua Majestade Divina. Chega Yom Kipur e D’us encontra todos os judeus penitenciando-se, puros e santos, como os anjos.

Mas depois de Neilá e após o toque do Shofar que anuncia a partida da Presença Divina, a Toráh começa a gritar: “Pai, pai, não me deixa! Leva-me contigo, porque em breve tomarão de mim toda a glória, esquecerão quem eu sou, recomeçarão a maltratar-me!”

Então D’us diz a Seu povo: “É esta a maneira que tratam minha filha? Vocês não sabem que a Toráh é uma princesa Divina?”

E o povo judeu responde: “Mestre do Universo! Nós conhecemos a grandeza da Toráh, mas que podemos fazer? Vivemos na pobreza, não temos um lar adequado. Habitamos entre as nações do mundo que não querem saber da Toráh. Assim sendo, por favor, leva-nos daqui, conduze-nos de volta à nossa Terra Santa, pois o mundo inteiro é Teu; devolve-nos a ela como herança e seremos capazes de manter a Toráh em glória!”

É por isso que, logo após o toque do Shofar, no fim de Yom Kipur, dizemos:

“No próximo ano em Jerusalém com o Teu justo O Redentor, e Unidos e lá Te serviremos como nos tempos antigos!”