domingo, outubro 02, 2011

Iom Kipur ou Iom Hakipurim, o Dia do Perdão

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Véspera de Iom Kipur

A preparação para o Iom Kipur começa no dia anterior, que é um tempo com características especiais. O Talmud Babilônico (TratadoYomáh 81b) estabelece que assim como é uma Mitsváh (preceito) jejuar no Iom Kipur, é também uma Mitsváh alimentar-se na véspera. Aparentemente os rabinos quiseram marcar este dia como sendo semi-festivo, refletindo a confiança de que seremos perdoados no Yom Kipur. Deste modo, o serviço de selichót é encurtado e Avinu Malkênu é omitido.

Outro costume é o de fazer Kaparót (expiação)com dinheiro, como forma de resgate de si mesmo. Com múltiplos de 18 - chai - significa vida (ou qualquer outra quantia), pedimos que, por meio da Mitsváh (preceito) que faremos ao doar esta quantia para caridade, nossa sorte seja selada para o bem.

Durante o serviço de Mincháh, que é feito mais cedo, é recitado o Vidui (a confissão dos pecados cometidos). Após a Mincháh come-se a "seudáh Hamafseket", a última refeição antes do jejum. É costume desejar uns aos outros Tsom Kal - um jejum fácil.

Junto com o acendimento das velas, uma vela memorial é acesa para lembrar nossos entes queridos falecidos. Antes de sair para os serviços religiosos, é costume abençoar os filhos, como na noite de Shabat.

Iom Kipur: União Máxima com D’us

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O Dia do Perdão é o ponto fundamental das comemorações do Ano Novo judaico, sendo o único dia no qual temos cinco serviços religiosos. Quando nossos antepassados estavam vagando pelo deserto, o dia 10 de Tishrê foi a data na qual D’us perdoou o pecado do bezerro de ouro, segundo menciona a Toráh. Portanto, este dia ficou marcado para todas as futuras gerações como um dia de expiação e arrependimento. É uma das duas datas mais sagradas do calendário. Isto porque os rabinos nunca chegaram a um consenso sobre quem é mais elevado: Shabat ou Iom Kipur? Portanto, as leis de Shabat, diferentemente de Rosh Hashanáh e qualquer outra festividade, vigoram também em Iom Kipur. Mas, ao mesmo tempo, este dia tem suas próprias leis: durante 25 horas abstemo-nos de comer ou beber, demonstrando concretamente nosso remorso pelas faltas que cometemos e para poder concentrar-nos no espiritual, afastando-nos simbolicamente do excesso material que nos cerca nos outros dias. Mais ainda: o jejum nos torna conscientes do sofrimento de tantos deprivilegiados em todo o mundo, que passam fome o ano inteiro. Todos os homens acima de 13 anos e mulheres acima de 12 devem jejuar e crianças devem abster-se de comer guloseimas neste dia. É importante ressaltar que , sempre que o jejum trouxer riscos à saúde, ele deve ser imediatamente suspenso.

Uma outra proibição é a de usar sapatos feitos de couro. A origem está no versículo bíblico : "No Dia da Expiação...afligirás tua alma"(Levítico 23:27). O desconforto físico, segundo a tradição, é um meio simbólico para a penitência espiritual. Antigamente, somente os calçados feitos a partir do couro eram confortáveis. Outra interpretação é que neste dia, um dia dedicado à vida, não é tolerada a destruição de um ser vivo, nem mesmo um animal. E, finalmente, existe uma explicação social: apenas os ricos podem dar-se ao luxo de comprar artigos de couro. Em Iom Kipur, há uma perfeita nivelação de todos os homens. Diante de D’us não há ricos nem pobres - somos todos iguais.

Este era o único dia ano no qual o Sumo Sacerdote tinha permissão para entrar no Santo dos Santos, a dependência mais sagrada dos Templos. O Talmud relata que nem mesmo os seres celestiais tinham permissão para adentrar naquele recinto. Lá, representando todo o povo judeu, ele pronunciava o Nome de D’us composto de quatro letras, implorando para o Criador perdoasse suas faltas. Até hoje, durante o serviço, relembramos a alegria do povo ao ver o sacerdote retornando e abençoando-o. Justamente por isso, costumamos vestir-nos com trajes brancos, a fim de que nossas vestimentas se assemelhem àquelas utilizadas por ele em Iom Kipur, já que o branco é o sinal da pureza e da inocência e, também, porque neste dia assemelhamo-nos aos anjos.

Este dia, na Toráh, é chamado de Iom Hakipurim, e não Iom Kipur, como tradicionalmente o conhecemos. A tradução mais correta seria a Dia das Expiações. Isto porque a maior prova de santidade e arrependimento é perdoar as faltas de seu companheiro. A mensagem de fraternidade e amor ao semelhante é uma constante neste período tão sagrado. Somente aproximando-nos do calor de outro ser humano é que adquirimos a união máximo com a maior fonte de luz de toda a existência: D’us.

Existem três momentos destacados dentro da importância do Iom Kipur, estos são:

1- Kol Nidrê

2- Izkor

3- Neiláh

Qual o significado do Kol Nidrê?

Kol Nidrê, o serviço religioso que dá início às comemorações de Yom Kipur, é uma declaração de anulação de votos. É um pedido de perdão pelas promessas pessoais que o indivíduo faz impulsivamente, sem premeditação, e que consequentemente não podem ser cumpridas. É importante observar que tal “anulação” se refere somente às promessas feitas pelo indivíduo a D’us, e não ao seu semelhante.

O Kol Nidrê data provavelmente do século VII, quando os judeus espanhóis eram obrigados a se converterem ao catolicismo, porém continuavam no íntimo leais à sua fé. Na noite de Yom Kipur, eles se reuniam secretamente para pedirem perdão a D’us pelos votos que tinham feito sob coação dos perseguidores.

O canto solene da Kol Nidrê tem um forte impacto emocional sobre todo judeu. Ele nos conscientiza de que, sob as pressões da vida, nossos atos nem sempre são condizentes com nossos princípios. Ao mesmo tempo, ele nos estimula a tentar agir com mais dignidade e integridade.

O que é Izkor?

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Izkor (“Que Ele se lembre”) a um serviço comemorativo dos finados que se realiza na sinagoga quatro vezes por ano: em Yom Kipur, Pêssach, Shavuot e Sucot (mais especificamente, Shemini Atzeret). A cerimônia consiste na recitação de preces pelos mortos, a oração “El Malé Rachamim” (“D’us pleno de misericórdia”) que e entoada pelo Chazan (o cantor litúrgico) e, em algumas sinagogas, a leitura em voz alta da lista de todos os membros da congregação falecidos durante os últimos anos.

Reunindo-nos como coletividade para recordar nossos entes queridos, não só prestamos um tributo aos que partiram, como também reafirmamos o vínculo sagrado e indissolúvel entre os filhos de Israel unidos na alegria e na dor.

Por que se recita o Izkor, a oração comemorativa dos finados, em Yom Kipur?

Primeiro, porque durante as orações de Izkor, prometemos praticar o bem em memória daqueles que partiram. E de acordo com as doutrinas místicas da Cabaláh, cada boa ação que realizamos eleva a alma dos nossos entes queridos a um nível espiritual mais alto em seu repouso eterno.

Segundo, porque lembrando-nos dos finados neste dia tão sagrado, acreditamos que eles também se lembrarão de nós. E, observando-nos de onde estiverem, vendo que estamos rezando e jejuando, ficarão tranqüilos na certeza de que seu legado está sendo perpetuado e que sua vida não foi em vão.

Terceiro, o Dia do Perdão é chamado na linguagem rabínica Yom HaKipurim, literalmente “Dia dos Perdões”. Infere-se daí que devemos pedir perdão a D’us não só pelas nossas próprias transgressões, mas também pelas faltas daqueles que já não se encontram mais entre nós.

Dentro deste mesmo espírito, acendemos velas em memória dos finados na véspera de Yom Kipur.

O que Significa Neiláh?

O oficio que conclui o Iom Kipur é chamado Neiláh. A atmosfera emocional que o envolve é sua particularidade mais destacada. Recitado quando o sol se põe e a noite se aproxima, confere expressão à confiança dos penitentes na infinita clemência de D’us. A expiação é lograda, ao final, pelo penitente, quando este pede para ser selado no Livro da Vida.

O Talmud questiona – se a palavra Neiláh – encerramento – se refere ao fechamento dos Portões Celestiais, ou ao das Portas do Templo, ou à conclusão do oficio divino em sí. Qualquer que seja a resposta, poucas preces igualam-se em beleza à oração de Neiláh, na qual percebemos a magistralidade do gênio religioso e poético de Israel. O homem foi distinguido das outras criaturas viventes da terra; somente ele foi dotado com uma alma, com algo divino, com a fase espiritual da vida.

No final do serviço de Neiláh (o quinto e último serviço de Iom Kipur), dá-se um toque longo de Shofar para encerrar o dia de jejum. O toque prolongado expressa o sentimento de que as pessoas presentes ao serviço se estenderam espiritualmente durante o longo dia de jejum e orações e, agora, estão decididas a alcançar, durante o ano vindouro, novas idéias e uma vida mais repleta de sentido.

Esperando que assim seja, Amén!!!!

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Shanáh Továh, Tikatevú VeTejatemú!!!!

Bênção de acendimento das Velas em Iom HaKipur

Como este ano Iom Hakipurim coincide com Shabat se recita as seguintes Bênçãos.

1 - Baruch atá A*DONAI, Elohênu mêlech haolam, asher kideshánu bemitsvotav vetsivánu Lehadlic nêr shel Shabat veshel Iom Hakipurim.

2 - Baruch atá A*DONAI, Elohênu mêlech haolam, shecheiánu vekiiemánu vehiguiánu lazeman hazé.