sábado, junho 07, 2008




Eclipse e Judaísmo


Se vocês estão lendo estas linhas, o mundo ainda não acabou e as profecias apocalípticas não se concretizaram. Uma pergunta muito me intriga: notaram a multidão que se mobiliza para acompanhar o eclipse solar, na esperança de contemplar os últimos minutos de nosso planeta? Imaginem agora se estas pessoas, em vez disso, utilizassem esse tempo perdido em prol de um trabalho comunitário; algo em prol de um semelhante. Não precisamos esperar por uma profecia, a colisão de um astro ou qualquer outra coisa para visualizarmos o fim do mundo. Podemos acabá-lo agora mesmo, com as armas da indiferença e passividade. Ou, por outro lado, podemos reconstruí-lo.
Podemos transformar nosso planeta numa fortaleza de amor e esperança, fraternidade e harmonia, forte e resistente ante qualquer adversidade. Estamos entrando no mês de Siván, o mês da entrega da Toráh. Dizem que a entrega da Toráh sucedeu num monte que era o mais baixo de todos porem, com muita vegetação. A tal ponto a palavra Sinai, vem de Snéh ou Senéh, que quer dizer arbusto.
Pensemos em como podemos ser úteis e melhorar o mundo. Fazendo isso, estaremos melhorando-nos mesmos. E, não duvidem: nos podemos! Depende, apenas, de como utilizamos nosso tempo...
Os sábios talmúdicos também eram versados em astronomia, uma vez que, para calcular datas (antigamente não existiam calendários impressos como hoje em dia), precisavam ter um grande conhecimento a respeito dos astros e suas órbitas. Talvez o mais conhecido seja Maimônides (RaMBaM, sec. XII) que, em sua obra Mishnê Toráh (explicação dos mandamentos ou preceitos), traz complicadíssimos cálculos sobre o sol e a lua.
Menos conhecidos, talvez, sejam os cálculos de Rabi Ieoshua ben Chanania (sec. I) que, no Talmud Babilônico (Tratado Horaiot 10a), fala sobre uma estrela que aparece a cada setenta anos. Já ouviram falar sobre o cometa Halley, descoberto em 1682?. Vários estudiosos, sábios conhecedores de ciência e do Talmud, afirmaram tratar-se do mesmo astro.
Com relação ao eclipse, as previsões catastróficas e maus presságios, que foram mencionados nos últimos dias, também podemos encontrar as fontes no Talmud Babilônico (Tratado Sucáh 29a), mas como uma visão mas educadora e não de forma calamitosa que foi apresentada pela mídia, como o seguinte exemplo: "Um eclipse solar e um mau sinal para o mundo". Explica o Talmud, que isto pode ser comparando a Um rei, que ofereceu um banquete para seus súbditos e diante deles colocou uma luminária, lhes irritou sua visão. Ele diz, se eu excluiu essa luminária que esta diante de vocês se assentará à escuridão. Diz Rabí Meir: O banquete, no nosso caso, é o mundo em que vivemos, a diminuição da luz solar faz com que aproveitemos menos nossa festa da vida. Por que isto ocorre? Segundo os sábios da época talmúdica, entre outras razoes, pelo declínio moral e espiritual da sociedade. Coincidência ou não...!?