segunda-feira, maio 31, 2010

Construindo trajetos para o amor


O verdadeiro amor requer que aceitemos uma pessoa pelo que ela é, sem projetar nela nossos sonhos e fantasias.

Uma relação de dominância não representa o amor. O Judaísmo ensina que amar é criar um espaço dentro de você e também, dar de si mesmo ao próximo. Somente quando duas pessoas se dedicarem e se ajudarem uma a outra numa relação de respeito mútuo e compreensão, poderão experimentar o poder e milagre de um amor verdadeiro.

Então, como tudo isso se relaciona com o conhecido verso da Torá que declara "...e para teu marido será o teu desejo e ele dominará em ti” (Gênesis 3:16).Não seria esta a fonte e a justificativa para a dominância do homem sobre a mulher? A resposta é, "Não, pelo contrário". A Torá nos diz que se trata de uma maldição, não uma norma e nem um ideal para se seguir. Somos responsáveis por invalidar esta maldição, da mesma maneira que a tecnologia moderna na agricultura a anula "amaldiçoada é o chão para você... os espinhos e cardos lhe trazem ... pelo suor de sua testa deverá comer o pão."

Percebemos como a maldição da dominância é anulada nas relações amorosas de todos os Patriarcas e Matriarcas judeus.

D’us disse a Abraão: "...tudo o que te disser Sara, escuta em sua voz; que de Isaac será chamada a tua descendência” (Gênesis 21:12). A tradição Oral ensina que este verso indica que o senso profético de Sará era mais forte do que o de Abraão. Já o de Rebeca, também. Dificilmente é descrita como subordinada a seu marido, Issac, pois foi ela que, valentemente, persuadiu seu filho Jacob a se passar pelo seu irmão Esaú e vir em frente ao seu pai Isaac, que já estava cego, para conseguir a bênção. Rebeca teve a perspicácia de saber que era seu filho Jacob quem verdadeiramente merecia as bênçãos, e precisou organizar tudo a fim de ajudar Isaac a perceber a triste verdade em relação a seu filho manipulador, Esaú.

Também percebemos que quando Jacob quis sair da casa de seu sogro, precisou obter seriamente, o consentimento de suas esposas Rachel e Leá. Ele não estava disposto a tomar uma decisão sem suas opiniões e consentimento.

Um aluno meu, enquanto procurava por uma pessoa, teve um encontro com um rapaz que fez da maldição da dominância masculina um padrão ideal para seus relacionamentos. No primeiro encontro, perguntou a ela, "Você gosta de cozinhar?"

Ela disse, "Não, eu odeio."

"Bem," ele disse, "você gosta de limpar?"

"Não!"

"E de lavar a roupa?"

"Não mesmo."

Ela percebeu que suas respostas estavam lhe deixando assustado então, disse, "Agora posso lhe fazer uma pergunta?"

"Claro."

"Por acaso isto é uma entrevista de trabalho?"

Estava claro que o sujeito não procurava por uma esposa, e sim uma empregada. As mulheres tendem a cometer o mesmo erro perguntando sobre as condições financeiras do homem e suas chances de progredir.

Então, por quem estamos procurando?

Os primeiros versos da Torá nos dizem que o ser humano foi criado à própria imagem de D’us. E qual era essa imagem? O primeiro ser humano era um homem e uma mulher juntos, uma entidade única que incluía os dois sexos.“E criou D’us o homem à sua imagem, à imagem de D’us o criou; macho e fêmea criou-os" (Gênesis 1:27).

Nesta união do masculino e feminino, nesta singularidade de opostos, o primeiro ser humano refletia a imagem de D’us, uma unicidade que incluía a diversidade e ainda permanecia um só ser.

Este é um conceito muito importante. Uma pessoa sozinha não reflete a imagem de D’us; já uma pessoa em união com a outra, sim. Então, até que uma pessoa abra espaço para incluir uma outra, e permita que esta faça o mesmo, não temos uma unidade que reflita à imagem de D’us.

A Torá relata este fato, pois após a criação do ser humano, D’us disse: “Não é bom para o homem estar sozinho”.

Deus determinou que o ser humano precisava de um "ajudante," mas isto foi um pouco antes da Eva ser criada. Ao invés disso, todos os pássaros e animais foram criados e o ser humano deveria nomeá-los. Concluindo, a Torá diz que ele não encontrou uma “parceira”.

Mas, o que tem a ver a nomeação das criaturas com o fato de encontrar uma parceira?

O Midrash explica que D’us estava brincando de casamenteiro. D’us consertava o primeiro ser humano com todos os animais no jardim. Enquanto Adão ia a seus encontros. Bem, imagine Adão, de pé, na entrada do Hotel do Paraíso, esperando ansiosamente, mas quem entra... "Oh...é um elefante! Umm... isto não vai dar certo D’us”.

Pobre Adão. Estava cercado por todos estes animais, mas não era feliz. E porque não poderia ser feliz com uma atraente girafa ou uma pequena galinha? Pois um animal está subordinado ao homem; não é igual a ele. De fato, Adão tinha a ordem de "... e dominai sobre o peixe do mar e sobre a ave dos céus, e em todo o animal que arrasta sobre a terra”. (Gênesis 1:28). Adão não podia superar a solidão e encontrar um amor verdadeiro com um subordinado, uma pessoa que recebe suas ordens.

A Torá é muito clara ao descrever uma esposa apropriada. D’us disse, "farei uma esposa conveniente, que seja kenegdo", oposta e semelhante a ele. Em outras palavras, D’us criará alguém que, muito positivamente, de forma respeitosa, se manterá firmemente oposta e se dedicará paralelamente a ele.

Um animal pode ser uma grande ajuda para o homem ao fazer seu trabalho, mas não é um ser "significante". Você não ficará satisfeito na procura de um amor a não ser que seja alguém que saiba que é igual a você e cuja diferença você respeita.

Realidades de um parceiro

Isto não quer dizer que alguns homens inseguros prefiram não ser desafiados. Já ouvi homens se aconselharem, dizendo "Tente arrumar uma menina jovem, uma que você poderá moldar”. E claro, um homem poderia achar alguém jovem e vulnerável e fazer com que esta se ajuste a sua ridícula fantasia de uma esposa que o considerará o senhor e mestre. Mas, só conseguirá isto da vida. Pois, sua existência será solitária e sentirá falta de um compromisso que somente uma “esposa kenegdo” proporcionaria, um relacionamento essencial para o crescimento espiritual. É algo muito triste, porque, deste modo, se privará da oportunidade de ser a manifestação viva de D’us expressa pela habilidade de amar, criando um espaço dentro de si mesmo para incluir uma outra pessoa.

Para poder amar, é preciso se retirar do centro das atenções e criar um espaço para o outro em sua vida. O amor só começa quando isto é feito. Em outras palavras, se você for egocêntrico, não está pronto para o amor, não poderá abrir um espaço suficiente para nutrir o parceiro. E o amor verdadeiro não é só criar um espaço dentro de sua vida para uma outra pessoa, mas também lhe dar seu espaço, respeitando e mantendo-o. É ser parte da vida do parceiro, mas ao mesmo tempo, não ser.

Viva a diferença!

Uma vez que conseguimos nos recuar do centro das atenções e criamos um espaço para uma outra pessoa, devemos desenvolver a sensibilidade de perceber como somos unicamente diferentes um do outro. A tendência é a ver o que temos em comum, e acabamos deixando passar as diferenças. Quando as pessoas dizem “o amor é cego”, é isto mesmo que querem dizer.

Mas o verdadeiro amor não é cego. Este consiste em ver as diferenças, a diversidade, o bem e o mal. Em hebraico, o verbo "ver" está diretamente relacionado ao verbo "respeitar". E é isto que significa ver com os olhos do verdadeiro amor. O amor verdadeiro exige que observemos, aceitemos e respeitemos aqueles que amamos pelo que eles são, sem projetar nossos sonhos e fantasias neles.

Isto é algo complicado, pois temos a tendência de querer ajustar a pessoa nas nossas figuras imaginárias de amor verdadeiro. E se esta não se encaixa, tentamos modifica-las para que se ajustem.

Mas se tivermos sucesso em não ver só o que temos em comum com aqueles que amamos, mas o que nos faz diferentes, e se apreciarmos e honrarmos as diferenças poderemos dar o próximo passo e nos dedicar àquela pessoa. E simultaneamente, devemos possibilitar nossos companheiros para fazer o mesmo por nós, o que significa permitir que criem um espaço em suas vidas para nós, permitindo que entendam nossas diferenças, fazendo com que possam se entregar ao parceiro.

domingo, maio 23, 2010

Líderes Bíblicos

 Ensinamentos Contemporâneos

Durante séculos, pessoas de todas as partes do mundo buscavam nos líderes descritos na bíblia, inspiração e guia. Sua perspectiva, suas sábias palavras, sua notável capacidade para fazer frente a situações, eram modelos de conduta e de liderança. É a forma intemporal com que a Bíblia trata a natureza humana, a que nos faz possível aprender o passado distante e aplicar nosso conhecimento a situações modernas.
David Ben Gurion Z"L escreveu: “2500 anos se passaram desde os profetas... mas os valores de verdade e justiça, compaixão, paz e amor ao próximo, seguem em pé...”
LÍDERES BÍBLICOS

Suas diferentes modalidades


Os líderes bíblicos ocuparam o centro da essência baixo diversas circunstâncias. Com tudo, se podem classificar em quatro categorias básicas.

PROFETAS: Personagens singulares, deviam sua liderança a mensagem que tinham que transmitir ao povo. Seu ideal era trocar a vida cotidiana no sentido da justiça e da moral.
Afirma Achad Haam – A profecia é algo assim, como o selo nacional hebreu- O profeta era considerado um instrumento de Deus, seu canal de comunicação, transmitia a mensagem recebida do modo que fizeram uma impressão profunda e duradoura e instigaram o retorno a uma conduta moral.

SACERDOTES: Serviam como mestres e também funcionários do Templo. Involucrados na vida das pessoas, os aconselhavam e lhes prestavam assistência espiritual e intelectual. Na época bíblica eram os principais transmissores de conhecimento e guardiões de rituais.

JUÍZES: líderes que chegavam a posições de autoridade, frente a situações críticas determinadas. Eram honestos, temerosos de D’us e dignos de emulação, gozavam de profundo respeito de seus contemporâneos. Eram líderes que surgiam e desapareciam de acordo as necessidades em momentos críticos.

REIS: Contrariamente ao conceito de Rei considerados por outros povos como deuses menores, estavam na Bíblia ao igual que seus súbditos, sujeitos as leis da Toráh. Conforme Maimonides, podiam chegar a ser castigados por não cumprirem com os mandamentos que lhes eram específicos.

TRÊS ESTILOS CLÁSSICOS DE LIDERANÇA

As teorias modernas apresentam três estilos básicos de interação de líder com seu grupo:

AUTORITÁRIO: O líder é o único em determinar, conduta, métodos de trabalho, que membros do grupo trabalham juntos.

DEMOCRÁTICO: Da a possibilidade ao grupo que decida seus métodos de trabalho. Refere-se a resultados e processos antes que a indivíduos. Ajuda a alcançar as máximas possibilidades.

LAISSES FAIRE: (sem interferência) É o líder passivo, limitando-se a prover materiais e acessórios somente respondendo a quem pede.

Dá-se nos líderes qualidades que se contrapõem entre si: “Paixão com paciência, entrega com renúncia, autoridade com poder compartido.”

A RESPEITO DE ALGUNS LÍDERES BÍBLICOS

MOISÉS: Como administrador democrático delegou sua autoridade em setenta anciãos (Números 11: 16-30); como estratégia militar, dirigiu as batalhas nas guerras com Amalek (Êxodo 18 : 13-26); como sacerdote atuou na consagração do Tabernáculo (Levitíco 8 : 1-30).
Durante quarenta anos foi o líder dos filhos de Israel guiando-os em sua passagem até a maturidade espiritual e emocional.

ARON: Acompanhou a Moisés com valentia em suas demandas ao Faraó do Egito. Carismático, em sua personalidade cálida, considerada e extrovertida. É o Líder com facetas entre democráticas e autoritárias.

O REI DAVID: Sua história em uma das mais detalhadas e fascinantes do Tanach. Foi reverenciadas por sua bravura, sua fortaleza, sua sabedoria e sua profunda fé em D’us. Seu estilo de liderança é similar ao de Aron.

ESTHER: No livro de Esther se relata sua epopéia de valentia. Seu modelo de liderança é o de laissez-faire (passivo). Junto ao Mardoqueo constitui um exemplo de equipe condutor.

ENSINAMENTOS BÍBLICOS PARA LÍDERES MODERNOS

NEHEMIAS: Introduziu reformas sociais e religiosas destinadas a elevar e unificar a comunidade judaica. É o líder autoritário.

Algumas condições que podemos extrair da análise bíblica:

SABEDORIA: Salomão pediu “Coração entendido para julgar a teu povo e para dizer entre o bom e o mau” (Reis I. 3:5 – 10).
No livro de Provérbios enfatiza: “Com sabedoria se edificará a casa, e pelo entendimento ela é consolidada; e pelo conhecimento são suas câmaras cheias de todas as preciosas e agradáveis riquezas (Provérbios 24: 3-4)”.
Enfatiza-se que, o pensamento judeu requer que a sabedoria conduza a longos e tangíveis particularmente através da ação.

MODÉSTIA: Menciona-se como rasgo positivo (Provérbios 27:2)

PRUDÊNCIA NO JUÍZO (Pirkê Avot 1:1 - Ética dos Pais 1:1): R. Matatia Ben Ieresh diz: Adiante com o cumprimento a todas as pessoas (que encontrares), e se cola de leões e não cabeça de zorros (Avot 4:20).

O PODER DA PALAVRA: O homem se alegra com a resposta de sua boca; e a palavra há seu tempo! Quão boa é! (provérbios 15:23).

Pirke Avot - Ética dos Pais cap 5: Mishnáh 9 enumera:

a) O homem sábio não fala diante de quem é maior do que ele em sabedoria;

b) Não interrompe o discurso ao próximo;

c) Não se apressará em replicar;

d) Pergunta o caso e responde como é devido;

e) Fala do primeiro, primeiro e do último, ao final;

f) Sobre algo que não aprendeu diz “não aprendi” e

g) Reconhece a verdade.

As ações de um líder

Disse Hilel: não te apartes a sociedade... (Pirkê Avot, 2-5)
O mesmo Hilel dizia: ... é ali onde as pessoas tratam de ser pessoas. (Pirkê Avot 2,6)

Quais são as palavras de reconhecimento que nossos líderes receberam ao assumir a responsabilidade pelo bem estar da nação judaica, palavras que podemos adotar como próprias? Chazak, Veematz (forte e persistente)

Moisés recebeu este respaldo de D’us: “Vá, porque eu estarei contigo; e isto te será por sinal de que eu te enviarei. Quando tirares do Egito o povo, servirás a D’us sobre este monte” (Êxodo 3:12). Josué a sua vez, recebeu uma benção pública de Moisés: “Te esforça e te anima; porque tu entrarás com este povo a terra que o Senhor jurou a seus pais que lhe dariam... e o Senhor vai adinte de ti; Ele estará contigo, não te deixará, nem irá te desamparar, não tema nem se intimide” (Deuteronomio 31: 7-8).

São essas palavras – SE ESFORÇE E SEJA VALENTE – as que tem convertido em um poderoso chamado para os modernos líderes judeus.

LIDERANÇA NA MODERNIDADE

Tem coincidência as atuais definições de líderes e os paralelos com as qualidades que a Bíblia nos descreve conforme Peter Drucker:

1. A única definição de um líder é alguém que tem seguidores. Uns indivíduos são pensadores, outros profetas. Ambos papéis são importantes e muito necessários. Mas sem seguidores não pode haver líderes.

2. Um líder eficaz não é alguém a quem se quer ou se admira. É alguém cujos seguidores fazem o que se deve. A popularidade não é liderança. Os resultados são.

3. Os líderes são muito visíveis. Por conseqüência, estabelecem exemplos.

4. A liderança não é privilégio, título ou dinheiro: é responsabilidade.

5. Conforme John W. Work

Líderes são aqueles indivíduos que com suas maneiras inimitáveis, inspiram confiança, acabam com a desesperança, combatem o medo, iniciam ações positivas e produtivas, projetam luz, definem os objetos e descrevem futuros mais brilhantes. Nestas definições se estudiosos modernos do assunto encontramos coincidências que confirmam aos líderes bíblicos como inspiração e guia.

quinta-feira, maio 13, 2010

Shavuot


A Liberdade completa

Uma história é contada sobre um senhor idoso que relatava a seu amigo sobre um excelente restaurante: “A comida é muito boa, os preços são razoáveis e o ambiente é realmente elegante”. Seu amigo lhe pergunta o nome do restaurante e o senhor idoso faz um enorme esforço para tentar lembrá-lo. Então pergunta ao amigo: “Existe uma flor com belas pétalas ... tem um cabo longo cheio de espinhos - como se chama mesmo ?” O amigo responde: “Uma rosa ?”“Sim, é isso !”, diz o senhor idoso enquanto se voltava em direção à cozinha e gritou: “Ei, Rosa! Qual o nome do restaurante onde comemos ontem a noite ?”

Às vezes precisamos de um pequeno lembrete -- mesmo para aquelas coisas que realmente sabemos. E isto nos traz à festividade de Shavuot. É um lembrete anual de que D’us deu a Toráh ao Povo Judeu e que o estudo da Toráh é o sangue de nossas veias !

Shavuot começa na próxima terça-feira à noite, 18 de maio, e tem 2 dias de duração (a propósito, Yizcor é rezado no Quinta-feira, 20 de maio). É o aniversário do recebimento da Toráh pelo Povo Judeu, há 3.311 anos atrás no Monte Sinai.

A liberdade total

Cada festa do calendário judaico tem uma particularidade. Em Pêssach, comemos matsáh; e, em Sucot moramos na Sucáh.Tal vez, a particularidade da festa de Shavuot seja que não tenha justamente nenhuma particularidade; isto é, que a particularidade dela é sua essência mesma: a Toráh, os valores e ensinamentos judaicos, tão milenares, tão atuais que não podemos deixar de pensar em um judaísmo sem Toráh.

Duas diferentes classes de escravidão

Quando a Toráh nos ordenou celebrar a festa de Shavuot na Perashá Emor (Livro Vaikráh -Levítico - cap.23, versic., 3 Livro da Toráh), não especificou em que data de nosso calendário deveríamos celebrá-la.

Simplesmente nos relata que a partir do segundo dia da festa de Pêssach devemos contar sete semanas completas; e, no dia seguinte (o dia cinqüenta da conta), devemos celebrar uma festa e levar ao Mishkán (santuário) uma oferenda de trigo da nova colheita.

Por que a Toráh não fixou uma data determinada no calendário para a festa de Shavuot e sim a relacionou diretamente com a festa de Pêssach?

A festa de Shavuot tem certas características que estão contidas em seus nomes. Assim, como depois do primeiro dia da festa de Sucot vêm seis dias de Chol Hamoed (dias intermediários); e, logo culmina o ciclo no dia oitavo com a festa de Shemini Atseret e Simcháh Toráh (para a diáspora), assim também de alguma forma a festa de Shavuot representa o “oitavo dia de Pêssach”.

Shavuot, também é denominada como “Atseret’ (culminação), pois é a finalização da festa de Pêssach, porque é de fato a culminância de um ciclo que tinha começado em Pêssach”.

Pêssach é a festa da liberdade na qual lembramos à saída de Egito, em cujo país fomos escravos. A situação de um escravo não é unicamente de dependência material e econômica, ou de degradação social e moral. Existe também a escravidão psicológica, que abrange o estado espiritual e sua capacidade de desenvolvimento mental.

Um homem pode ser independente. Pode estar livre na forma física, e portanto ter uma faculdade social de atuar ou não atuar,e ser ao mesmo tempo, uma pessoa escravizada em forma psico-espiritual.

Qualquer um pode ser escravo de seu instinto, de suas paixões e desejos; qualquer um pode ser incapaz de pensar e discernir por si mesmo entre o bem o mal.

No Egito fomos escravos do Farão e essa escravidão mudou o desenvolvimento moral do povo de Israel. Ao libertar-nos, adquirimos a capacidade de renunciar a todas as sujeições do mundo material, aceitando uma função no mundo, de ser “um povo de sacerdotes e uma nação sagrada” (Êxodo - Shemot 19:6) para cumprir assim a eterna missão do povo de Israel: Ser luz para as nações do mundo - Or la Gola.

A liberdade espiritual, a liberdade interior

Imaginemos qual teria sido o destino do povo de Israel, logo após a saída de Egito, se não tivesse recebido a Toráh, a “Constituição” que rege os destinos educativos e morais do Povo de Israel. Eles teriam a capacidade suficiente de permanecerem unidos, conquistar a terra prometida e estabelecer-se como uma NAÇÃO LIVRE? Hoje em dia, numa situação similar, estariam se assimilando aos outros povos, como lamentavelmente acontece na diáspora.

Ao ocultar a data em que acontece a festa de Shavuot, a Toráh quis nos ensinar que ao sair da escravidão egípcia na festa de Pêssach, o povo de Israel só começou seus primeiros passos para a liberdade total, de corpo e alma. Se não tivesse recebido a Toráh teria sido impossível concluir este processo. A festa de Pêssach somente representa a obtenção de uma liberdade semelhante à de um animal, para obter uma liberdade completa e sólida necessitamos do conteúdo espiritual. Shavuot simboliza que atingimos a tão desejada liberdade mental-emocional-espiritual: a liberdade total.

E por isso que devemos aproveitar os dias prévios à festa de Shavuot, preparando-nos diariamente, para poder receber e aceitar a Toráh, chegando a obter a liberdade completa. E a festa da entrega da Toráh e não do recebimento da mesma, porque ao entregar-nos um valor tão apreciado, indiretamente assumimos a responsabilidade de receber e de cuidar.

Assim, ao iniciar a festa de Shavuot, possamos nos sentir como se estivéssemos diante do Monte Sinai dizendo, tal qual os filhos de Israel há mais de 3300 anos: “Kol asher diber Hashem naasé venishmá”- “Tudo o que D’us nos falou faremos e escutaremos” (Êxodo 25:7).

segunda-feira, maio 10, 2010

Iom Ierushalaim


7 de Junho de 1967 - 28 de Iyar de 5727

Às 10:20 do dia 07 de Junho de 1967, o terceiro dia da Guerra dos Seis Dias, Raphael Amir, dos Serviços de Rádiodifusão de Israel, anunciou: "Neste momento, estamos passando pela Portão dos Leões, num jipe com a liderança do Exército de Israel. Estou agora sob a sombra do portão. Agora estamos novamente sob o sol, na rua. Do lado de dentro da cidade velha." Ao fundo, podiam ser ouvidas vozes e tiros de soldados: "Para o muro, para o muro!".

Dois dias antes disto, a noção de que os israelenses estariam tocando as pedras do Muro das Lamentações (Ocidental) não havia nem sido sonhada. No primeiro dia da guerra, o governo israelense se encontrou no porão do Knesset. Sobre o barulho dos Jordanianos bombardeando Jerusalém, Levi Eshkol, o primeiro-ministro, abriu a reunião, explicando, "eu entendo que você ouviu uma revisão da situação de batalha e assumo que esta noite teremos que discutir a continuação em relação à Jordânia, se eles continuarem seus ataque. Tudo depende de que assuntos nos ocuparão, particularmente o Sinai."

Embora depois, naquela mesma noite, ficasse claro que a campanha do Sinai tinha sido bem sucedida, Jerusalém e outras vizinhanças ao longo da fronteira com a Jordânia ainda estavam sujeitas à matança por parte das bombas jordânianas e seus soldados. Foi decidido que os pára-quedistas de Motta Gur invadiriam Jerusalém Oriental para unirem-se com a unidade israelense no Monte Scopus, que estava sob ataque dos jordanianos.

Não foi até aquela noite, às 20:30, que a noção de entrar na Cidade Velha entrou nos planos de batalha. Em uma reunião na Escola de Moças Evelina Rothschild, que serviu como sede da brigada de pára-quedistas Motta Gur, o chefe de regimento dos pára-quedistas, explicou seu plano. Este ia mais adiante que a abertura de uma rota para a Cidade Velha, pois isto incluia a própria Cidade Velha. Com respeito a esta revelação, a sala silenciou, esperando a reação do comandante oficial do Comando Central, Uzi Narkiss. Depois de uma pausa curta Narkiss declarou, "O plano está autorizado. Tome estes objetivos e vejamos como as coisas se desenvolvem. E você, Motta, mantenha-se pensando na Cidade Velha todo o tempo". O cenário estava montado.

As batalhas em Jerusalém Oriental continuaram durante uma noite e um dia. Na quarta-feira pela manhã, 7 de junho, os pára-quedistas invadiram a Cidade Velha pela Portão dos Leões e imediatamente avançaram ao Monte de Templo. Em seu sistema de comunicações, Motta Gur fez o anúncio histórico, "O Monte de Templo está em nossas mãos." Os pára-quedistas juntaram-se no planalto do Monte de Templo, e então começaram a apressar-se para o Muro Ocidental.

Som o som de um shofar, e soldados cantando "Yerushalaim Shel Zahav", Motta Gur descreveu a cena para os ouvintes do rádio por todo o país: "É difícil expressar em palavras o que estamos sentindo. Vimos a Cidade Velha a nossa direita quando estávamos na crista da Augusta Victória. Nós apreciamos a vista e agora estamos roucos de tanto gritar, além da excitação de entrar à frente desta escolta ... continuamos de motocicleta, passomos pelo acampamento jordaniano e éramos os primeiros a chegar ao Monte de Templo, com grande excitação. Moishele que tem sido por muitos anos meu chefe, levou alguns homens e correu para içar a bandeira sobre o Muro Ocidental. Agora a Cidade Velha inteira está em nossas mãos e nós estamos muito contentes!".

Às 2 horas da tarde, o Major General Uzi Narkiss voltou ao Muro com o chefe-de-pessoal, Yitzhak Rabin Geral e o Ministro de Defesa, Moshé Dayan. Em seu diário, Narkiss detalhou a ocasião. "Nós chegamos ao Muro Ocidental. A multidão é agora maior do que esta manhã. Soldados animados clareiam o lugar para o Ministro de Defesa e sua companhia e todo fomos ao Muro. Dayan tira um pedaço de papel de seu bolso e empurra-o em um espaço entre duas pedras. Koby Sharett lhe pergunta o que estava escrito, e Dayan responde, 'Que haja paz em Israel."

Minutos depois, Moshé Dayan leu em voz alta a seguinte declaração: "Nós voltamos ao nosso lugar mais santo, e nunca novamente vamos deixá-lo. Para seus vizinhos árabes, o Estado de Israel estende suas mãos em paz, e assegura a todas as outras religiões que manterá liberdade completa e honrará a todos seus direitos religiosos, mas sempre garantirá a unidade da cidade e para nela viver com os outros, em harmonia."
Apesar de todos os dignatários, oficiais do exército, políticos e rabinos que tinham visitado o Muro, havia uma ausência notável. O Presidente de Israel, Zalman Shazar, não havia ainda visto o Muro. São descritos os arranjos para a visita do Presidente no livro Jerusalém é Uma, de Uzi Narkiss. Quando Narkiss soube que o Presidente quis visitar o Muro, tentou o persuadir de que a situação permanecia ainda muito perigosa. O Presidente persistiu, mostrnado que sua opinião não devia ser discutida: "Jovem rapaz! Preste atenção! O Presidente de Israel tem que ir para o Muro! Eu não estou falando sobre Zalman Shazar. Ele já é um homem velho; o que ele poderia fazer em sua vida, já o fez. Não é importante se ele vive ou morre. Mas o Presidente do Estado de Israel tem que ir para o Muro. Está em suas mãos! Eu lhe peço que considere que arranjos de segurança podem ser constituídos para o Presidente de Israel e então pode ser dada sua estimativa do risco envolvido. Se for muito sério, não irei, 'para que não se alegrem os filhos dos Filisteus'. Mas se o risco não for muito grande, o Presidente irá ao Muro. " O Presidente do Estado de Israel imediatamente partiu para o Muro.

Nas próximos semanas, os Judeus uma vez mais rezaram no Muro Ocidental e entraram livremente na Cidade Velha. No dia 7 de Junho de 1967, as linhas divisórias de Jerusalém foram redesenhadas. Jerusalém estava, mais uma vez, reunificada.
Depois de 2000 anos voltava às mãos daqueles que foram eternamente a fieis a ela, seu amor, que nunca à abandonou, o Povo de Israel. "Porque se eu me esquecer de ti o Jerusalem, minha mão direita perdera sua habilidade."

quarta-feira, maio 05, 2010


O HEBRAICO - UMA VELHA NOVA LÍNGUA
(Um breve resumo)

É aceito entre os estudiosos de lingüística a idéia da criação do alfabeto entre os séculos XVII-XVIII A.E.C (época dos Patriarcas) na região semítica norte (Síria, Palestina e Fenícia). Certo ou não, não há dúvida que a criação do sistema alfabético, onde cada sinal gráfico representa um som, foi uma idéia genial, e representou um grande avanço e uma contribuição significativa para o desenvolvimento da humanidade.

Se compararmos o sistema alfabético aos sistemas anteriores vigentes na região; o hieroglífico adotado pelos egípcios, onde cada sinal píctórico significava uma palavra, ou o sistema mesopotâmico cuneiforme onde um sinal gráfico representava uma ou várias silabas (sistema ainda adotado pelos chineses), imaginamos a quantidade imensa de caracteres que deveríamos aprender para uma simples frase, é indubitável a vantagem de aprendermos somente 22 a 30 caracteres, e juntando-os formamos as palavras.

A língua hebraica descende das línguas da região semítica norte. Podemos dividi-la em dois estágios:

1) Hebraico Antigo ou Ivrí ( ) falado e escríto desde a época dos patriarcas até o cativeiro na Babilônia (meados do século V A.E.C.), de origem canaanita;

2) A Escrita Quadrada ou Ashuri ( ) adotada após o exílio na Babilônia, derivada do Aramaico, e da qual deriva o hebraico moderno.

Atribui-se a Nehemias a reconstrução do templo (520-516 A.E.C.) durante o império persa, a construção de muralhas em Jerusalém e a organização política e social do povo judeu no retorno a sua terra e a Esdras (o escriba) a organização espiritual e religiosa.

Atribui-se a Esdras a compilação da Torá na escrita quadrada e a sua interpretação, tornando-a o guia espiritual e caminho de vida do povo judeu. David Diringer em sua obra "História do Aleph-Beth" cita o prof. R. H. Pfeifer "A restauração da Torá demonstrou ser mais significativa para todo o curso da história judaica que a reconstrução do templo".

Realmente o templo foi destruído pelos romanos em 70 E.C., porém o povo judeu conservou suas tradições, língua e escrita através da Torá até os dias de hoje.

A vocalização, vogais: O hebraico é uma língua consonantal (usa somente consoantes). Após a destruição do segundo templo e Êxodo dos judeus, os sábios e estudiosos temendo a degeneração da língua criaram o sistema vocálico (vogais). Foi um processo longo e minucioso que estendeu-se dos anos 500 a 1000 E.C. e desenvolveu-se em três sistemas diferentes: o babilônico, o israelense e o tiberiano. Foi adotado o sistema tiberiano o qual adota o uso de pontos na maioria, daí o nome Nekudot (pontos).

A língua e a escrita hebraica após o exílio: Com a destruição do templo em Jerusalém e a dispersão do povo a sinagoga substituiu-o como centro espiritual nas diversas comunidades espalhadas pelo mundo, e a yeshiváh (Centro de Estudos Religiosos) encarregava-se da alfabetização e educação. Graças a este sistema na idade média quando o analfabetismo era corrente nos povos, entre os judeus ele era desconhecido.

Até a idade de ouro: (época da conquista árabe, século VIII - início do século XV E.C). Assim chamada pela liberdade criativa proporcionada a árabes, judeus e cristãos, o hebraico limitou-se mais a assuntos religiosos. Além do uso corrente nas sinagogas, o hebraico serviu como escrita para 3 obras gigantescas: a Mishná, o Talmud ou Guemará e o Zohar.

A Mishná: Desde o tempo de Moisés além da tradição escrita havia também uma tradição oral (Torá BeAl Pé) que era passada através das gerações, e versava sobre o permitido e o proibido pela lei religiosa. Esdras começou a compilá-la e a comentá-la com o retorno dos judeus do exílio da Babilônia, continuando através de vários sábios até o século II. E.C. Quando o Rabi Yehuda HaNassí (O Príncipe) acabou de concluí-lo. A Mishná é uma coleção de decisões, doutrinas e interpretações religiosas baseadas na Bíblia, as quais serviram de base para o Talmud.

O Talmud: A Mishná trata mais de assuntos jurídicos ligados a religião, sendo que o Talmud trata das questões morais, históricas, legendária e teológicas. O Talmud desenvolveu-se em duas escolas: o Talmud Yerushalmi e o Talmud babilônico, sendo o primeiro criado pelo Rabí Yochanan Bar Napah chefe da academia de Tiberiades no ano de 230 E.C. e terminado pelo patriarca Gamiel Ben Judá no ano de 385 E.C. O Talmud Babilônico foi iniciado pelo Rabí Ashí chefe da academia de Sura sob o domínio dos persas e árabes, no ano de 367 EC e continuado por seus discípulos até a primeira metade do século VI.

O Zohar: Livro que deu base à literatura cabalística (Cabala) emana do espírito místico-filosófico de alguns judeus, entre os quais Shimeon Ben Yochai, Moisés de Leon e Eleazar de Worms (século XII-XIII). Na idade média e principalmente com as cruzadas, inicia-se um período de perseguições religiosas pela Igreja Católica, resumindo-se a produção literária a comentários bíblicos, conseqüência da escuridão cultural dos povos que os cercavam. Diversa era a situação nos povos de domínio islâmico, onde havia uma certa liberdade intelectual para os islâmicos, judeus e cristãos.

Tem início, então, o período chamado Idade de Ouro quando na Palestina, norte da África e principalmente na Espanha judeus dão a sua contribuição em todos os ramos do conhecimento humano.

Com a retomada da Península Ibérica pelo católicos os judeus são expulsos da Espanha e Portugal. Espanha perde um gênio da grandeza de Maimonides, médico, rabino e filósofo. Inicia-se a migração dos judeus para as Américas, Itália, leste europeu, Palestina e norte da África. O movimento renascentista na Itália, e a relativa liberdade de expressão tornou-a um importante pólo cultural à época.

É desenvolvido desde o século II pelos judeus de origem alemã um dialeto que mistura o alemão com termos hebraicos: o Iídiche, o qual difundiu-se entre judeus do leste europeu (ashkenazitas). Paralelamente desenvolveu-se entre o judeus da Península Ibérica (sefaraditas) um dialeto hispano-hebraico: o Ladino. Ambos eram escritos com caracteres do hebraico cursivo.

Desde o século XII foi traduzida a bíblia na língua Iidish.

Eliezer Ben Yehuda (1858-1922) e o Moderno Hebraico: Os "Pogroms" do final do século XIX na Rússia fizeram com que parte dos judeus emigrasse para a Palestina. Ben Yehuda de origem russa e estudante de medicina em Paris ali chegou em outubro de 1881. Já existiam pequenos núcleos judaicos na Palestina cada qual falando o idioma de seus lugares de origem. O hebraico então era considerado "Língua Sagrada" usada nas sinagogas e para estudos religiosos. Ben Yehuda que em sua mocidade já escrevia em periódicos judaicos russos em hebraico, pregava a solução da perseguição ao judeus na volta a sua terra e a adoção do hebraico como língua nacional do povo judeu. Assim quando chegou à Palestina teimou em falar hebraico no dia-a-dia. Seu filho Ehud foi a primeira criança a falar hebraico diariamente. Na Palestina, grande foi a oposição dos que consideravam o hebraico "Língua Sagrada" a ser usada somente nas orações e estudos bíblicos. Porém o seu lema "Um povo, uma língua" foi adotado por um grupo de intelectuais e, juntos formaram o Comitê para a Língua Hebraica em 1890. Ben Yehuda propôs-se a uma tarefa gigantesca: a criação do primeiro dicionário hebraico moderno obra de 17 volumes, mãos e mentes de um só homem.

Ben Yehuda e o comitê L.H. criaram também novos vocábulos e novas palavras, baseados na Torá, Mishná e Talmud, no aramaico antigo e no árabe mais recente. O C.L.H. criou as bases para a fundação da Academia de Língua Hebraica em 1953.

O governo de Israel e o hebraico: Com o término da 2ª guerra mundial e o estabelecimento do Estado de Israel, tem início uma imigração em massa para o novo Estado, tanto judeus saídos dos campos de concentração da Europa como os judeus provindos dos países árabes, expulsos como represália após a guerra da libertação de 1948. Viu-se o governo de Israel frente a uma tarefa gigantesca de absorção, quando mais de 50% de sua população não falavam a língua do país. Foi então criado o sistema de ULPAN (Escola de Hebraico para Adultos) sendo o primeiro ULPAN criado em Jerusalém em setembro de 1949, com o nome de ULPAN ETZION. Mais tarde os Ulpanim espalharam-se por todo país, e exerceram um papel fundamental na alfabetização de adultos no estado de Israel.

O governo de Israel, o hebraico e a diáspora: paralelamente a esse esforço, o governo de Israel não descuidou da interligação com o povo judeu na Diáspora. Nas principais cidades do mundo, onde exista uma quantidade razoável de judeus e onde a liberdade religiosa é exercida, existem sinagogas e escolas para o ensino da língua hebraica, as quais contam com a orientação pedagógica de enviados do governo de Israel e adotam o sistema Israelense de ensino. Isto tem demonstrado ser de máxima valia, estreitando os laços indissolúveis entre os judeus na diáspora e o judaísmo em Israel. É interessante ressaltar o interesse despertado entre os não judeus pelo aprendizado da língua hebraica, conseqüência talvez da liberdade religiosa e de pensamento nesta segunda metade do século XX em alguns paises, ou pela abertura de cursos de hebraico para qualquer um que queira aprendê-lo, o fato é que tem havido procura e interesse, seja por pessoas que descobriram uma ascendência judaica, estudantes de línguas antigas, membros de diversos ramos religiosos, estudantes da Bíblia e de história antiga, simpatizantes de Israel e de seu povo, estagiários ou simplesmente curiosos. O fato é que efetuou-se o milagre do renascimento desta língua milenar, e hoje ela é uma língua viva e atuante, falada e escrita como tantas outras línguas de nosso planeta.