quinta-feira, abril 14, 2011

Pêssach, muito mais que uma reunião familiar

P ê s s a c h

Um idéia para saber que estamos fazendo

Pessach2004

Uma das três festividades de peregrinação (juntamente com Shavuot e Sucot), nas quais foram ordenados os filhos de Israel a subir ao Templo em Jerusalém (Êxodo, 23:14). Esta festividade do Pêssach é celebrada durante sete dias, em Israel, e oito dias na Diáspora, a partir do dia 15 do mês de Nissan. O primeiro dia e o último dia são dias de festa completos (na Diáspora, são dias de festa os dois primeiros dias e os dois últimos), ao passo que os dias que intermedeiam são cognominados como “chol hamoed”, isto é: os dias intermediários dos dias festivos lembrados antes, os quais são os dias laicos, semifestivos, onde a ocupação com coisas seculares e o trabalho em geral, são permitidos.

Como nas outras duas festas peregrinatórias (regalim), há em Pêssach um significado histórico e agrícola. Sob o ponto de vista histórico, a festa lembra o êxodo do Egito, e a libertação dos filhos de Israel da servidão. Sob o ponto de vista agrícola, é a festa da primavera, onde se realça o início da colheita do centeio.

Os diversos nomes dados à festa apontam para a variedade das suas essências:

Um) “Festa das Matsot” (Pães ázimos) (Êxodo 14:15): este nome tem a sua procedência da determinação de se comer pão ázimo e da proibição de se comer alimento fermentado, a fim de lembrar a saída às pressas dos filhos de Israel do Egito, quando a sua massa não teve o tempo de ser fermentada. Sendo a proibição de comer alimentos fermentados é extensa a todos os dias da festividade, a determinação de se comer Matsáh só se refere à primeira noite de Pêssach (noite do Seder), pura e simplesmente.

Dois) “Pêssach”: Este nome tem a sua concernência com o relato bíblico, no qual o anjo da morte que “saltou” sobre as casas dos filhos de Israel, quando matou os primogênitos dos egípcios (Êxodo 12:27). Este termo aponta para o sacrifício do cordeiro (oferta de sacrifício de Pêssach), que foi oferecido às vésperas da festa. Conforme o que está dito na Toráh, ordenou-se a cada família preparar um cordeiro quatro dias antes do êxodo do Egito, e então, às vésperas da saída, deveriam os filhos de Israel sacrificar o cordeiro e fazer o seu sangue jorrar à soleira e à esquadria da porta, como um sinal para o anjo da morte saltar sobre aquelas casas, em seu caminho ao morticínio dos primogênitos egípcios. Após isto, deveriam assar o cordeiro, e comê-lo às pressas naquela noite, juntamente com a Matsáh e as ervar amargas (Maror). Como conseqüência, realizaram os filhos de Israel o Pêssach em sua data exata, no segundo ano de sua saída do Egito, quando já se encontravam no deserto (Números 9:1-5), e após, nos dias do Templo, o Talmud Babilônico (Tratado Pêssachim página 64 e conseguintes), oferece uma exata descrição das leis e costumes referentes ao sacrifício de Pêssach que eram realizados na época do Segundo Templo.

Três) “Época de Nossa Libertação”: Assim é denominada especialmente, na liturgia da festa, pois que Pêssach comemora a libertação dos filhos de Israel da servidão do Egito e o fato de serem um povo livre. Esta festa fortaleceu nos corações judeus, e em todas as gerações, e em todas as Dispersões, a esperança de uma futura redenção.

Quatro) “Festa da Primavera” Que comemora o início da colheita do centeio na terra de Israel Nos tempos em que o Templo ainda existia, eram trazidos. No segundo dia de Pêssach, feixes de cereais, das primícias da colheita, como está escrito na Toráh: “Quando tiverdes entrado na terra que vos dou e fizerdes nela a ceifa, trareis ao sacerdote o primeiro feixe de vossa ceifa” (Levítico 23:10).

O “Seder de Pêssach” vem a ser a cerimônia que é efetuada no lar, à noite do primeiro dia de da festa de Pêssach (na Diáspora: nas duas primeiras noites). A finalidade do “Seder Pêssach” – relembrar e comemorar a redenção de Israel da escravidão do Egito. No “Seder”, estão entrosados o símbolo, a cerimônia, a ação de graças e a alegria.

Um) “Hagadáh” (Relato do Êxodo do Egito e lido na noite de Pêssach): O nome que é dado ao Livro especial no qual se descreve a ordem do Pêssach e os textos que devem ser ditos durante a sua seqüência. Na leitura da Hagadáh, afirma-se a determinação da Toráh: “Naquele dia, assim falarás a teu filho: ‘Eis o que o Senhor fez por mim, quando saí do Egito.’” (Êxodo 13:8) (A palavra Hagadáh é proveniente exatamente da expressão acima: “e falarás…”, isto é: transmitirás este relato aos teus descendentes – N. do T.)..

Dois) A bandeja especial do Seder: que reúne os seguintes requisitos:

1. “Zroa” (perna do animal ou asa da ave): perna assada que simboliza o cordeiro assado que foi comido pela família no sacrifício de Pêssach, nos tempos em que o Templo existia.

2. “Maror” (raiz amarga): que simboliza o sofrimento dos filhos de Israel, enquanto escravos no Egito.

3. “Charosset” (mistura de frutas secas e vinho): Mistura feita com maçãs, nozes, vinho e canela (com diferenças entre as fontes de origem dos judeus). Segundo a exegese popular, a Charosset (mistura), assemelha-se à forma da argamassa, vindo então a simbolizar a argamassa com que os filhos de Israel preparavam os tijolos, quando escravos no Egito.

4. “Carpas”: Beterraba ou alguma outra verdura, que é molhada em água salgada durante o decorrer do Seder. Segundo o Talmud, a finalidade do Carpas é a de despertar a curiosidade das crianças, a fim de que interroguem: “O que é diferente nesta noite de todas as outras noites”

5. “Água salgada”: Simboliza as lágrimas derramadas pelos filhos de Israel durante o cativeiro no Egito.

Três) As três Matsot – Simbolizam a tríplice divisão do povo de Israel: Cohanim (sacerdotes), Levitas e Israel. É uma determinação prescrita pela Toráh comer Matsot na primeira noite de Pêssach, pois que assim está escrito: “E em todos os lugares onde se encontrarem, comerão pães ázimos” (Êxodo 12)

Quatro) Quatro taças de vinho – A estas é reservado um papel central na noite do Seder, e se as bebe, como símbolo das quatro designações com que é chamada a redenção, na Bíblia: “E vos farei sair”, “E vos libertarei”, “E vos resgatarei”, e “E tomar-vos-ei por meu povo” (Êxodo 6:6-7)

Cinco) A taça do profeta Elias – Houve controvérsia entre os sábios sobre a questão, se é lembrado na Toráh um quinto termo para a Redenção, que obrigaria então à uma quinta taça. Segundo a tradição de nossos sábios, de abençoada memória, estas questões serão resolvidas por intermédio do profeta Elias, quando vier anunciar a vinda do Messias. Por conseguinte, enche-se uma quinta taça, em sua honra.

Após a ceia, abre-se a porta por um breve espaço de tempo, e desejam-se as boas vindas à entrada do profeta Elias, que augura a vinda do Messias e representa a esperança futura, de liberdade e de paz.

A litúrgica de Pêssach inclui apêndices obrigatórios, na festividade, o “Halel”, (ação de graças) e a oração do “Mussaf” (apêndice). A leitura da Toráh é no primeiro dia da festa (No Livro do Êxodo, capítulo 12), que relata a narrativa do êxodo do Egito, e no sétimo dia da festa, lê-se na Toráh o Livro do Êxodo (13-15), os capítulos concernentes à abertura do Mar Vermelho no sétimo dia, após a saída do Egito.

Uma característica litúrgica especial em Pêssach vem a ser a Oração para o orvalho, que é dita antes da oração de “Mussaf”, no primeiro dia da festa, e a partir daquele momento, cessa a prece pedindo chuva.

Nas sinagogas ashkenazim (judeus provenientes de Europa), recita-se, no último dia da festa, a oração de “Izcor” (pelos finados), em memória à elevação das almas dos parentes finados.

Como em outras festas de peregrinação (“Regalim”), também em Pêssach lê-se um dos cinco rolos. Em Pêssach lê-se o rolo do Cântico dos Cânticos (Shir Hashirim), que se liga com Pêssach em sua descrição da estação da primavera.