quinta-feira, junho 26, 2008

O Sidur, um espaço para encontrar nossa essência

O SIDUR, ESPELHO DA HISTÓRIA JUDAICA

O Livro de Rezas judeu constituiu sempre o manual de bolso do membro mais simples da família de Israel. Este tem acompanhado o judeu através de todas as suas andanças e reflete os suspiros e as lágrimas, as esperanças e as aspirações, as alegrias e as delícias do povo judeu.
Embora algumas partes sejam muito antigas, o Sidur está sempre atual e perene em sua mensagem e conteúdo. Na verdade, está aberto a um complemento autorizado, sempre que as circunstâncias o solicitarem, tal qual se têm introduzido desde o estabelecimento do Estado de Israel, como, por exemplo, a Oração pela Paz do Estado de Israel, a Recordação pelos Mártires do Holocausto Nazista e dos mortos na Guerra da Independência; assim como orações especificamente israelenses, tais como a Oração antes de entrar na Batalha, a Oração dos Pára-quedistas, a Oração dos Plantadores, a Oração pela Paz Mundial e outras.
A língua hebraica constituiu sempre o meio de expressão de orações, até em épocas em que os devotos falavam outras línguas tais como: Aramaico, Grego, Árabe e Francês. O Hebraico foi sempre asuev iuak, “a Língua Sagrada”, agregando solenidade e sentimento ao Serviço Religioso e dando a expressão da união e da unidade do Povo de Israel. O Hebraico permaneceu como a língua histórica do povo judeu e como símbolo de união entre as gerações do passado e do futuro. Aqueles que excluíram o Hebraico de sua vida religiosa, deram um passo rumo a sua própria destruição e desaparecimento como integrantes do Povo de Israel.
Nosso Livro de Orações é único na literatura devota do mundo. Leva em si a marca de todos os climas e condições pelas quais passou o judeu. É instrutivo em todas as suas versões e inspirador em todas as suas frases.
Em suma, ele é o espelho e a alma do Povo de Israel - Am Israel.


A COMPILAÇÃO DO SIDUR

Deve-se aceitar como uma fiel evidência histórica que, depois do retorno do exílio na Babilônia, no ano 538 A.E.C., Ezráh, o qual os Rabinos consideravam o segundo termo depois de Moshé, junto aos homens da Grande Assembléia, o Sanhedrin daquela época, reuniram-se para compilar as rezas dos ofícios, para os quais utilizaram, em grande parte, material tomado das páginas da Bíblia e do Talmud.
O ofício das rezas assumiu mais ou menos sua forma atual, recém na época dos Gueonim, os quais foram os grandes líderes dos judeus babilônicos e persas nos séculos IX e X.
A primeira coleção de Bênçãos ou Série Ordenada de Orações, o qual constitui um protótipo de nosso Livro de Orações, foi preparado pelo Rav Amram Gaon, cerca de 870 da E.C., ainda que o primeiro Sidur no estrito sentido da palavra que conhecemos hoje, é o de Saadia Gaon (falecido em 942), o qual contém todos os textos como também as regras das Orações.
Embora, desde então, o Livro de Orações tenha passado por várias etapas de aperfeiçoamento com complementações, tais como a canção Lecháh Dodi, que foi incluída no século XVI, se pode afirmar que, com Saadia, o Sidur alcançou uma etapa de desenvolvimento vital.
O Futuro do Judaísmo ou o Judaísmo do Futuro:
A respeito dos valores judeus

Foi Theodor Hertzl quem falou de "state heart" e "people heart": condição de estado e condição de povo. Hertzl acreditava que um estado próprio é o pré-requisito para a sobrevivência e a unidade do povo judeu. Em termos hertzelianos, o estado é um meio para alcançar um fim maior, o estado é um ponto alto, mas o povo judeu é o objetivo máximo. Apesar da grandiosidade da fundação do estado, maior ainda é o desafio de garantir a continuidade do Povo Judeu.
Eu gostaria de transmitir nesta mensagem do inicio do ano, sobre tolerância religiosa ou sobre a compreensão entre os membros de nossa Comunidade, assim como reflexo das outras Comunidades. Não externa a não ser interna. A atual divisão dentro da Comunidade judia mundial constitui, em minha opinião, uma tendência destrutiva. Mais ainda que as atividades anti-semitas ou judeofóbicas. Esta divisão sobre a que eu gostaria de falar, traz consigo o grave perigo de um verdadeiro appartheid entre judeus ortodoxos e judeus liberais. Se nossa geração não consegue transpor a curto prazo as barreiras religiosas e ideológicas entre judeus, prevejo que no próximo século não haverá um povo judeu, a não ser dois.
Não pode haver futuro para um povo sem que haja união interna no presente, sem presente não pode haver futuro. União, claro, não implica unanimidade. Implica logo que exista respeito pelas diferenças que naturalmente existem. O pluralismo é a essência da democracia e é o fundamento sobre o qual se assenta o judaísmo. A união é possível, penso, e digo isso com plena e sincera convicção. Sou consciente das tensões internas, que não são só ideológicas, há princípios em questão, há rivalidades que nem sempre são só ideológicas e ainda assim acredito que a união entre judeus é possível. Em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Buenos Aires, em Montevidéu e inclusive no Jerusalém.
Acredito que é primitivo defender na prática a unidade de nosso povo claramente e com a mesma seriedade com que o fazemos na teoria. Não me cabe como um judeu neo-ortodoxo (a linha ideológica à qual pertenço – sionismo religioso) falar sobre o que nossos irmãos liberais estão fazendo mal ou o que estão fazendo bem. Sobre nada disso posso opinar. Sim sobre o que nós devemos fazer em prol da união do Ishuv (população – Comunidade). Em vez de só denunciar a intransigência de nossos irmãos liberais ou reformistas temos que adotar uma plataforma positiva que tenha em conta o presente e o futuro do Judaísmo. Vou tratar de explicá-lo.
Acredito que se deve pensar ao respeito dos ortodoxos com o devido crédito. A dedicação ortodoxa sobre valores importantes da Continuidade Judaica, a educação (chinuch), constitui um bom exemplo para toda a comunidade judia. Inclusive o secularista declarado Nahum Goldman Z”L (O extinto presidente do Congresso Judeu Mundial), sempre dizia que é mais seguro entregar Chinuch, programas de educação judia nas mãos dos ortodoxos, são eles os que obtêm os melhores resultados. São eles os que conseguem aprofundar mais na identidade judia. São eles também os que levam os meninos para encher as classes. Nossa postura deve manter um bom equilíbrio, é certo que muitas vezes setores da ortodoxia judaica ou establishment ortodoxo (não incluindo os Sionistas Religiosos) usam o poder político e financeiro para reprimir o judaísmo localizado mais a esquerda do espectro judaico como assim também criticando a nossos irmãos judeus que pertencem a uma ortodoxia moderada (The Modern Ortodox).
Porém devemos, com um dialogo e uma posição equilibrada incentivar ao mesmo tempo a relação com nossos irmãos judeus ortodoxos moderados como também reconhecer os esforços do setor mais ortodoxo por manter a continuidade, mas marcando-lhes os erros por sua intolerância no comportamento à respeito daqueles que vivem e são de uma concepção diferente. É necessário que haja um diálogo constante entre judeus liberais e ortodoxos em todos os níveis, não só entre rabinos e dirigentes comunitários senão, principalmente, entre as massas.
Se estamos conseguindo superar através do diálogo, 2000 anos de ódio e desconfiança entre cristãos e judeus (apesar da existência de setores totalmente totalitários em sua cognitiva forma de atuar), certamente somos capazes de superar o ódio e a desconfiança entre judeus e judeus, que é muito mais importante. Vivemos hoje em dia em sociedades abertas e pluralistas, os judeus estão expostos a diversos modos de vida alternativos. Em cada ambiente, quanto mais modalidades de vida judia à comunidade ofereça, maior o número de judeus que escolherá uma entre estas opções, fortalecendo assim ao povo judeu como um todo. Se limitarmos as opções judias, a gente vai terminar por escolher opções não judias. É um princípio elemental de marketing.
Ainda nesta ética de respeito mútuo, as diferentes correntes dentro do judaísmo, necessitam da singularidade umas das outras para encher suas próprias carências internas; cada grupo necessita ajuda dos outros, da presença dos outros. O movimento liberal precisa aprofundar seu sentido de tradição. Através do contato com uma família ortodoxa, o judeu não ortodoxo pode captar melhor a beleza do Shabat e pode inclusive começar a observar estas tradições em seu próprio lar. A comunidade ortodoxa por sua vez precisa aumentar sua capacidade de responder com sensibilidade às questões universais contemporâneas. É uma das melhores formas de motivar aos judeus ortodoxos no sentido da ação social seria através do conteúdo e contato com judeus liberais comprometidos neste campo. Existem, obviamente, diferenças irreconciliáveis, mas isto não deve nos impedir a todos nós procurar áreas de cooperação, interesse mútuo, e o apoio ao Estado do Israel em primeiro lugar, sem realizar criticas destrutivas que dêm lugar a alimentar culturalmente o ódio.
Trabalho em prol do Chinuch e Tarbut, educação judia, e cultura judia. O diálogo dentro da comunidade, não só diálogo fora da comunidade. Este diálogo vai ter que envolver, inicialmente, a judeus moderados de ambos os lados, com a esperança de que com o passar do tempo um número maior de judeus ortodoxos se torne mais moderado, mais moderado não em seu grau de observância a não ser em sua receptividade aos judeus de outras denominações. Neste ínterim, assim como os moderados da ala ortodoxa são atacadas pelos extremistas por querer dialogar e cooperar, também, os judeus liberais, não podem deixar-se intimidar pelos radicais dentro das próprias fileiras, aqueles que se opõem a qualquer forma de diálogo. A meta prioritária para os judeus no começo de um novo milênio é irmanar-se aos judeus; o ódio gratuito só pode ser superado por Ahavat Chinam, amor infundado, assim expressava o Grã Rabino Abraham Itschac Hacohen Kook Z”L (Grã Rabino de Erets Israel antes da criação do estado de Israel e pai do Sionismo Religioso). Há amigos que podem ser conquistados, alianças que se podem formar, uniões que se podem consolidar, novas opções que se podem encontrar. A não ser que os judeus aprendam a reconhecer uns aos outros, perderão o reconhecimento dos não judeus. Então em vez de procurar o fracasso uns dos outros, acredito que devemos rezar e trabalhar pelo bem-estar e êxito uns dos outros. Para combater o extremismo judeu necessitamos judeus conscientes, equilibrados, moderados, judeus tolerantes e compreensivos. No cenário da vida judia contemporânea, tão carente de moderação política e religiosa é necessária a dose de tradicionalismo e continuidade.
Necessários são os judeus que assumam com orgulho e dignidade sua condição judia e ao mesmo tempo apóiem o diálogo com representantes de outras correntes. São necessários sionistas que se dediquem de corpo e alma ao bem-estar do Estado do Israel e ao mesmo tempo se preocupem com os direitos humanos de outras minorias. No auge da ditadura, na Argentina, Uruguai e aqui no Brasil, na década do 70 os militares enviaram uma mensagem aos líderes dos movimentos juvenis: Cuidem dos radicais, que nós cuidamos dos nossos. Esse é o papel dos judeus na América Latina, acredito. Então, dentro de nossas limitações, cuidar de nossos radicais, tratar de que sua percepção da verdade não passe disso, uma mera percepção e como tal pode ser parcial e desviada, tratar de lhes mostrar que somos todos filhos de um mesmo D’us e portanto somos todos irmãos e lhes mostrar que só alcançaremos nossos objetivos judeus se desarmarmos o espírito e nos empenhamos com determinação no entendimento mútuo. Nosso Primeiro Ministro Ariel Sharon deu mostra de seu equilíbrio, em seus desejos em procura da Paz, apesar de que ainda não encontrou-se um interlocutor.
Meu sonho para o judaísmo latino-americano, para que haja um futuro quantitativo e qualitativo: eu gostaria que houvesse mais harmonia dentro das comunidades judaicas, mais respeito entre rabinos, mais respeito entre dirigentes comunitários, mais compreensão entre judeus ortodoxos e liberais, ashquenazim e sefaradim. E que as divergências se restrinjam às idéias e não se apóiem em vaidades pessoais e jogos de poder. É meu sonho, eu gostaria que houvesse mais conteúdo judeu nos projetos comunitários e menos ostentação. Eu gostaria que se desse aos intelectuais judeus na América Latina o mesmo status que se dá aos empresários judeus. Eu gostaria que os judeus latino-americanos se conscientizassem de que seu destino está intrinsecamente ligado ao destino de Israel e que tal conscientização se reflita em atos concretos de solidariedade. No novo milênio há problemas externos que devem ser superados, mas os primeiros passos são enfrentar e vencer os desafios internos. E que o inicio de ano nos traga motivos para acreditar que tempos melhores virão para nossa Comunidade, para o Estado de Israel, para o Povo Judeu, para a sociedade de Israel. Que assim seja. AMÉN
Pensamento Judaico a respeito da Ecologia

A curiosidade bíblica tem no Salmo 104 (Versículos 10 a 24) e um dos exemplos mais formosos do conhecimento do habitat natural dos animais e o ciclo de vida terrestre: “Ordenaste às fontes que alimentassem regatos, que estes corressem pelos vales entre as montanhas. Dão, assim de beber a todos os animais dos campos e satisfazem a sede de todos os silvestres. Perto deles habitam as do céu e, de entre os ramos das árvores, entoam seu canto, Regas as montanhas do alto de Tua morada e se farta a terra do fruto de tuas obras. Fazes crescer relva para o gado e plantas para uso do homem, para que da terra possa extrair seu pão, e também o vinho que alegra seu coração, bem como óleo que lhe faz reluzir o rosto. Fartam-se de seiva as árvores do Eterno, os cedros do Líbano por Ele plantados, onde os pássaros constroem seus ninhos e os ciprestes se abrigam as cegonhas. Os altos montes são refúgio para os cabritos, e as rochas para os coelhos. Para marcar as estações criaste a lua, e ao sol determinaste o tempo de seu ocaso. Estendes o manto da escuridão e faz-se a noite, quando despertam e vagueiam as feras da floresta. Os filhotes do leão rugem por sua presa, e buscam de D’us seu alimento. Quando nasce o sol, eles recolhem a seus covis. Sai o homem para seu trabalho e sua obra até a tarde. Quão imensa é a multiplicidade de Tuas obras!
O conhecimento da criação leva a admiração pelo Criador. Por isso os grandes professores talmúdicos admiravam o natural. Nas academias babilônicas da Sura e Pumbedita (ex-babilônia hoje Irak, século III até VII), Aba Arija e o Rabino Iehudáh ensinavam que o Criador "o bará davar echad lebatalá", fez tudo com algum propósito. Nesse contexto explicaram a existência da lesma, a mosca, o mosquito, a serpente e a aranha, em uma página talmúdica em que deste modo se mencionam costumes de muitos animais: leão, elefante, águia, baleia, cabra, ovelha, camelo, boi, lagosta, galinha, peixes, serpente e porco.
Outros rabinos que estudaram os processos do mundo animal nos sugerem como preservar as gazelas em seu habitat natural, ou ao homem em um estado de saúde (o tratado Taanit do talmud Babilônico menciona uma peste que afetava a porcos, que por ter intestinos parecidos com os humanos podiam produzir contágios letais).
Entre os professores se destaca Shimon Ben Chalafta (Século. II) a quem estavam acostumados a chamar "experimentador de todas as coisas". Ao ler o provérbio bíblico de que o preguiçoso deveria aprender da formiga porque sabiamente prepara no verão seu alimento e recolhe sua comida durante a ceifa, Rabi Shimon Ben Chalafta decidiu certificar-se se atrás da mensagem moral, efetivamente essa previsão tem lugar, ou se tratava de uma mera metáfora do Rei Salomão (Shelomo).
A intimidade com a amada natureza descobre a harmonia que sustenta o universo criado. Na Gênese, cada parte da Criação se rubrica quando "vê D’us que é bom". A partir dai, o ideal da ordem natural povoa nossas fontes. Quando D’us espeta ao Jô – Iov - (39:1) Contemplou você as cervas quando dão a luz?, O Talmud esclarece: "Ao agachar-se para parir as cabras monteses, sobem a uma montanha. Deste modo, a cria pode cair e morrer. Mas D’us tem pronta uma águia para que a recolha em suas asas e a ponha diante da mãe. Se a águia chegasse um segundo antes ou depois, a cabrita morreria".
A percepção de uma natureza harmoniosa chega a sua cúspide na visão messiânica do Isaías: "habitará o lobo com o cordeiro, e o tigre se deitará com o cabrito; o bezerro, o filhote do leão e o porco andarão juntos, e um menino os conduzirá. Encher-se-á a Terra de conhecimento do Senhor".
Nesse ideal teleológico, o homem reconhece a inter-relação entre os distintos tipos de vida, e, portanto, será consciente de que toda mudança que exerça artificialmente em um sistema natural, pode prejudicar esse sistema.
Em contraste, a tecnologia procedeu com uma soberba que transcende ideologias, e se desenvolveu sem ter em conta a capacidade limitada do capital biológico representado pelo ecossistema. O homem considerou os recursos naturais e a vida animal como uma herança de que pode dispor a seu desejo. Mas a repreensão bíblica é dupla: por um lado "encham a Terra e dominem" e, simultaneamente, "cuidar o jardim".
Para proteger nossa Terra devem proteger-se seus recursos. Quando há quatro milênios o patriarca Abraham se separa de seu sobrinho Lot, justifica-o com "que a terra não é suficiente" para que a habitassem juntos. Com efeito, apascentar excessivo gado, especialmente ovino, pode esterilizar uma área fértil de pastoreio. Por isso Abraham e seus rebanhos tomam a direção oposta do Lot, para as serras do Hebrón, aonde o patriarca escolhe morar no Elonê Mamré (as Planícies de Mamré) e não sobre chãos cultivados.
Fiel à tradição judaica de amparo da natureza, o Estado do Israel criou em 1964 a Direção Nacional de Reservas Naturais. Quase trezentas reservas já foram demarcadas, cobrindo uma extensão de cento e sessenta mil hectares. As espécies protegidas nelas incluem vegetais como o carvalho e a palmeira, e animais como o leopardo, a gazela, íbex (cabra montês) e o abutre. Quanto aos animais, as fontes bíblicas são muito específicas em seu amparo. A comida inicial que Adão tinha ao seu dispor era de frutos e vegetais comestíveis. O Talmud, em uma clara apologia do vegetarianismo, interpreta que existia uma proibição de comer carne, que finalmente se permitiu na época do Noé, e só como transação.
O coração da mensagem ecologista é o amparo do bem comum, começando pelo planeta que compartilhamos, a casa que devemos manter: "cuidar o jardim". A terra é a matriz do homem: "dela provimos e a ela encaminhamos" (a voz "homem" em hebreu, "Adam" é da raiz "terra", "adamá"). Arón David Gordon levou essa idéia ao judaísmo contemporâneo, quando sustentou que o essencial do sionismo moderno consiste em fazer retornar ao povo judeu ao contato com a terra, à sociedade criadora que surge de lavrar o chão que nos deu.
A Bíblia provê leis ideais para o descanso da terra, como a "shemitá" ou ano sabático. Maimônides dedica muitas páginas de seu "Guia dos Perplexos" à questão (3:31) e explica que a finalidade do ano de aro não se reduz a "a comiseração e liberalidade para os homens" mas também a "que a terra se torne mais fértil, fortalecendo-se pelo descanso".
Outro conceito vital de nossas fontes é o do Baal Tashjit, o veto talmúdico contra a dilapidação, que deriva da proibição bíblica de destruir árvores: "Quando sitiar uma cidade ao combater contra ela para conquistá-la, não destrua suas árvores com sua tocha, porque deles te alimentas. Não terá que achar, porque a árvore do campo é como um homem. Só da árvore de que saiba que não é alimentício poderá cortar a fim de construir a fortaleza contra a cidade que te declara a guerra".
Um relato talmúdico do Rabino Eleazar compara a criação do mundo com a de um rei que criou um palácio em um depósito de lixo. Nossa missão é em efeito converter nossa casa em um lugar agradável e prazenteiro. Esse seria o melhor louvor ao Criador, posto que já o diz o salmista: "Iehalelú Hashamaim vehamaim...", Elogiá-lo-ão os céus e as águas. Limpos uns, cristalinas as outras.
As Verdadeiras Pedras

Recentemente ouvi uma história que me deu uma tremenda percepção sobre a vida, que eu precisava compartilhar com vocês.

Um professor de ciências de um colégio queria demonstrar um conceito a seus alunos. Ele pegou um vaso de boca larga e colocou algumas pedras dentro. Então perguntou à classe: “Está cheio?” Unanimemente responderam: “Sim!”

O professor então pegou um balde de pedregulhos e virou dentro do vaso. Os pequenos pedregulhos se alojaram nos espaços entre as rochas grandes. Então perguntou aos alunos: “E agora, está cheio ?” Desta vez alguns estavam excitantes, mas a maioria respondeu: ‘Sim!”

O professor então levantou uma lata de areia e começou a derramar a areia dentro do vaso. A areia preencheu os espaços entre os pedregulhos. Pela terceira vez o professor perguntou: “Está cheio?” Agora a maioria dos alunos estava mais precavida, mas novamente muitos responderam: ‘Sim!”

O professor, então, mandou trazer um jarro cheio de água e jogou-a dentro do vaso. A água saturou a areia. Neste ponto, o professou perguntou para a classe: “Qual o objetivo desta demonstração?”

Um jovem e brilhante aluno levantou a mão e respondeu: «Não importa o quanto a “agenda” da vida de alguém esteja cheia, ele sempre conseguirá "espremer" dentro mais coisas!»

“Não”, respondeu o professor. “O ponto é o seguinte: a menos que você coloque as pedras grandes em primeiro lugar dentro do vaso, nunca mais as conseguirá colocar lá dentro”. As pedras grandes são as coisas importantes de sua vida: sua família, seus amigos, seu crescimento pessoal. Se você preencher sua vida com coisas pequenas, como demonstrei com os pedregulhos, a areia e a água, nunca terá tempo para as coisas importantes.

Dedicar-se a estabelecer as metas que devem ser os paradigmas de nosso futuro na Comunidade, é parte das pedras grandes. As discussões, as invejas, os comentários vãos formam o caráter dos medíocres, e maior herança que se pode deixar para nossos futuros, são aquilo que foi o referencial que marco ao povo de Israel como Or Hagolá, a Luz na diáspora, conhecimento, vivencia, alegria e humos, decisão de superar os desafios, e não que eles nos manejem.

Então, quais são as “Grandes Pedras” de sua vida? Passar algum tempo com seus filhos, seus pais ou seu esposo/esposa? Ir a um seminário ou a aulas para adquirir as informações e perspectivas que precisa para ter sucesso? Usar seu tempo para estabelecer metas, planejamentos ou avaliar seu progresso? Construir uma Comunidade, onde o crescimento esteja baseado no conhecimento?

Quando estiver incomodado com a falta de tempo para fazer suas coisas, lembre-se da história sobre as Grandes Pedras e o Vaso!