terça-feira, janeiro 18, 2011

A Espiritualidade do Shabat

Shabat: A Consagração do Repouso
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Fundamento de todas as festividades judaicas, o Shabat é o símbolo da santificação do tempo, outorgando sentido à tarefa realizada pelo Criador nos seis dias anteriores. O homem reproduz em sua vida aquilo que o criador do universo realizou: seis dias de Criação e o sétimo dia dedicado ao descanso, à reflexão e à contemplação da obra criada.
O Shabat está em conexão com os seis dias de trabalho e um não existe sem o outro. Em cada Shabat, o homem interrompe a modificação que opera em seu meio (de onde vêm as tarefas proibidas no Shabat), a fim de alcançar a harmonia com a natureza, com os animais, consigo mesmo e com seus semelhantes.
Ao valorizar o Shabat, o homem valoriza a si mesmo. Por isso, o Shabat tornou-se o maior fator de progresso da civilização e de bem-estar da alma humana.
Graças ao Shabat, estabeleceu-se o princípio segundo o qual os homens têm o direito de viver livres da escravidão imposta pela ininterrupta luta do dia-a-dia e de desfrutar, no seu sentir e pensar, a liberdade necessária para poder refletir sobre a sua origem divina.
Não consideramos o Shabat apenas como um mandamento Divino, mas sim como um presente de Deus, que tem elevado a vida do povo judeu. A transformação que ocorre na observância do Shabat desenvolve em nós a sensação e a certeza de que uma alma adicional (“Neshamáh Yeteráh”) nos envolve durante todo o dia sagrado e nos deixa quando este chega ao seu fim. Este é o motivo do carinho e da majestade que o Povo Judeu atribui a sua “Shabat Hamalcáh” (“Rainha Shabat”).
Um sentimento que é expresso de forma maravilhosa quando cantamos o hino “Lecháh Dodí” e, na última estrofe, quando todos os fiéis voltam-se para a entrada da sinagoga recebendo simbolicamente a “Noiva Shabat” e toda sua santidade.
Os cânticos do Shabat recitados no lar, antes e depois das refeições, despertam em nós a convicções plenas de que o povo judeu jamais deixará de observar este dia sagrado, conforme está afirmado no Talmud: “O Shabat nunca desaparecerá de Israel”.
O nosso desenvolvimento histórico-social nos leva a crer que mais do que o povo de Israel tem conservado o Shabat, é o Shabat que conserva o povo de Israel. Na tradição judaica, a observância do Shabat está ligada à redenção do povo de Israel da escravidão do Egito; liberdade esta expressa, não apenas no aspecto físico, mas também no espiritual.
A fé em D’us é enfatizada no cumprimento do preceito estabelecido após a Criação: “Vayishbot baiom Hashevií” (“E o Criador descansou no sétimo dia”). A diferenciação entre o Shabat e os dias úteis da semana está na sua própria definição nominal, pois os outros dias são chamados de “dia primeiro”, “dia segundo” e assim por diante, enquanto somente o Shabat tem nome próprio.
O arranjo da mesa para o jantar merece uma atenção especial da mulher, pois é através dela que a santidade do Shabat entra no lar. Uma toalha branca, os castiçais, duas chalot cobertas por um pano especial, vinho casher para o kidush, sal, etc.
Normalmente, acendemos no mínimo duas velas, porém alguns costumam acendê-las de acordo com o número de membros da família. As duas velas simbolizam as suas expressões de respeito ao Shabat que aparecem nas duas versões dos Dez Mandamentos: “Zachor” (“Lembre”) e “Shamor” (“Guarde”). Antes do acendimento das velas, é costume contribuir para obras beneficentes, recolhendo donativos à “Tsedakáh” (“Caridade”).