domingo, julho 11, 2010

E Falando de Toráh.......

E Falando de Toráh.......


Rabino Shlomo Itzchak (Rashi), que faleceu em 29 de Tamuz de 4865 (13 de Julho 1105)


Rashi, o maior exegeta da Bíblia e do Talmud, um dos maiores codificadores da Halachá e um dos buriladores da língua hebraica, nasceu e morreu em Troyes, no norte da França (1040 – 1105).

Costumava acercar-se dos grandes estudiosos da Torá de sua geração para aprender com eles. Segundo a tradição, viajava pelos países da Diáspora, segundo o costume dos tzadikim (justos) da França e Alemanha daquela época.

Uma lenda conta que Rashi, viajando de um lugar a outro, chegou às terras do Oriente, lá encontrando um frade estudioso, que também vagava pelo mundo. Ele começou a discutir com Rashi sobre crenças e idéias, e ficou muito admirado ao constatar que o sábio judeu tinha respostas inteligentes para todas as suas questões. Um dia, o frade ficou seriamente doente e Rashi, que conhecia também algo de medicina, ficou a seu lado e tratou-o como amigo e como médico, até que ele se recuperou.

Quando o frade ficou inteiramente curado, Rashi foi-se despedir dele para continuar sua viagem; o frade quis recompensá-lo com presentes caros, mas Rashi recusou-se a receber, dizendo:

- Não me deves nada. Embora nossas religiões sejam diferentes, somos todos humanos, e fomos criados à imagem de D’us. Um dos preceitos da nossa Torá é ajudar a qualquer pessoa necessitada. Mas tenho um pedido a fazer-te: se algum judeu precisar de teu auxílio, ajuda-lhe, conforme eu fiz quando tu estavas necessitado.

Quando Rashi retornou à sua terra natal, depois de anos vagando por terras distantes, passou por Praga. Já era então muito conhecido como grande exegeta da Torá e do Talmud. A coletividade judaica de Praga recebeu-o com grandes honrarias. Velhos e jovens foram a seu encontro para homenageá-lo em sua chegada.

O duque de Praga odiava os judeus; ao ter conhecimento de que os judeus prestavam tais homenagens ao forasteiro, ordenou que ele fosse preso e levado à sua presença.

Entre os hóspedes do duque achava-se um bispo muito importante – o mesmo frade que Rashi encontrara nas terras do Oriente. Quando Rashi foi levado à presença do duque, o bispo reconheceu-o, ergueu-se e foi a seu encontro, apertou-lhe a mão e abraçou-o fraternalmente. O ex-frade contou ao duque como Rashi havia tratado dele quando estivera enfermo, e o duque libertou Rashi.

Enquanto isso, ao ver que Rashi fora preso, o populacho havia iniciado um pogrom, invadindo as ruas do bairro judeu e causando danos e destruição. Mas quando o duque libertou Rashi, ordenou que o pogrom fosse cessado imediatamente e castigou os culpados.

Desde então – termina a lenda – o duque tornou-se um amigo do povo judeu e beneficiou os judeus de Praga até o fim de sua vida.