quarta-feira, abril 06, 2011

Enxergando com o coração. Uma Historia para meditar.

O Garoto e a Rosa

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O estacionamento estava deserto quando me sentei para ler embaixo dos longos ramos de um velho carvalho.

Desiludido da vida, com boas razões para chorar, pois o mundo estava tentando me afundar. E se não fosse razão suficiente para arruinar o dia, um garoto ofegante se chegou, cansado de brincar.

Ele parou na minha frente, cabeça pendente, e disse cheio de alegria: - "Veja o que encontrei".

Na sua mão uma flor, e que visão lamentável, pétalas caídas, pouca água, ou luz. Querendo me ver livre do garoto com sua flor, fingi pálido sorriso e me virei.

Mas ao invés de recuar ele se sentou ao meu lado, levou a flor ao nariz e declarou com estranha surpresa: - "O cheiro é ótimo, e é bonita também... Por isso a peguei; tome, é sua."

A flor à minha frente estava morta ou morrendo, nada de cores vibrantes como laranja, amarelo ou vermelho, mas eu sabia que tinha que pegá-la, ou ele jamais sairia de lá.

Então me estendi para pegá-la e respondi:

- Era o que eu precisava

- Mas, ao invés de colocá-la na minha mão, ele a segurou no ar sem qualquer razão. Nessa hora notei, pela primeira vez, que o garoto era cego, que não podia ver o que tinha nas mãos.

Ouvi minha voz sumir, e lágrimas despontaram ao sol enquanto lhe agradecia por escolher a melhor flor daquele jardim.

- "De nada", ele sorriu.

E então voltou a brincar sem perceber o impacto que teve em meu dia. Sentei-me e pus-me a pensar como ele conseguiu enxergar um homem auto-piedoso sob um velho carvalho.

Como ele sabia do meu sofrimento auto indulgente?

Talvez no seu coração ele tenha sido abençoado com a verdadeira visão. Através dos olhos de uma criança cega, finalmente entendi que o problema não era o mundo, e sim EU.

E por todos os momentos em que eu mesmo fui cego, agradeci por ver a beleza da vida e apreciei cada segundo que é só meu.

E então levei aquela feia flor ao meu nariz e senti a fragrância de uma bela rosa, e sorri enquanto via aquele garoto, com outra flor em suas mãos, prestes a mudar a vida de um insuspeito senhor de idade.