domingo, outubro 30, 2011

Conhecendo as tradições do Povo Judeu

O que é o Kadish?

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O Kadish é um hino de louvor a D’us. Por ser tradicionalmente recitado nos enterros e nos serviços comemorativos dos finados, ele é popularmente considerado como uma oração pelos mortos. Entretanto, o Kadish não faz nenhuma referência à morte ou ao luto. É puramente uma exaltação a D’us e uma súplica por um mundo de paz.

Embora os cabalistas do século XVI atribuíssem um caráter místico ao Kadish, alegando que toda vez que ele era recitado, a alma do falecido se elevava a um nível espiritual mais alto, o valor intrínseco do Kadish se relaciona a pessoa que o recita. Há uma expressão pública de fé em D’us por parte do enlutado, uma aceitação da Sua vontade mesmo em face da dor e da tristeza, uma submissão aos desígnios divinos diante da incapacidade de racionalizar uma tragédia pessoal.

O Kadish tem sido um dos fatores predominantes da continuidade do povo judeu - um elemento essencial daquele cordão umbilical que vem ligando às gerações judaicas uma à outra através dos tempos.

Como Lidar Com o Luto?

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É natural perguntar-se “Por quê?” num momento de angústia. Uma resposta geral, que é realmente óbvia, mas difícil de aceitar num estado de sofrimento emocional, é que não é lógico limitar o Criador em Seus desígnios e ações para que estes se conformem ao entendimento de um ser humano criado.

Para citar uma ilustração simples: não se pode esperar que uma criança pequena entendesse as ideias e ações de um professor erudito, embora este tenha sido criança um dia, e a criança de hoje tenha o potencial de sobrepujar o professor no devido tempo. Quanto mais, então, quando se trata da infinita inteligência do Criador face a face com a inteligência finita e limitada de um ser humano.

A diferença entre um ser humano criado e seu Criador é absoluta. Nossos Sábios declaram que um ser humano deve aceitar tudo que acontece, tanto as boas ocorrências quanto aquelas incompreensíveis, com a mesma atitude positiva que “tudo que D’us faz é para o bem”, embora esteja além do entendimento humano.

Esta não é uma revelação tão grande assim, mas, como diz a Toráh, é difícil para uma pessoa aceitar consolo num momento de luto.

Apesar disso, D’us tornou possível aos seres humanos entender alguns aspectos sobre a vida e o pós-vida. Uma dessas verdades reveladas é que a Neshamáh (alma) é uma parte da Divindade, e é imortal. Quando chega a hora de ela voltar ao Céu, deixa o corpo e continua sua vida eterna no Mundo da Verdade espiritual.

É também uma questão de bom senso que aquilo que provoca a separação da alma e do corpo (seja um acidente fatal, doença, etc.) pode afetar somente os órgãos vitais do corpo físico, mas não, de maneira alguma, a alma espiritual.

Outro ponto, também compreensível, é que durante a vida da alma na terra em parceria com o corpo, a alma está “incapacitada”, em alguns aspectos, pelas exigências do corpo (como comer e beber). Até um tsadik (pessoa justa) cuja vida toda é consagrada a D’us, não pode escapar das restrições da vida num ambiente material e físico.

Consequentemente, quando chega a hora de a alma voltar “para casa”, isto é basicamente uma libertação para ela, que faz a sua subida a um mundo mais elevado, não estando mais restrita por um corpo e ambiente físico. A partir de então, a alma está livre para desfrutar a felicidade espiritual da proximidade com D’us de maneira completa. Este certamente é um pensamento reconfortante.

Alguém poderia perguntar: Se é uma libertação para a alma, porque a Toráh prescreve períodos de luto? Não há uma contradição aqui. A Toráh reconhece os sentimentos naturais de tristeza sentido pela perda de um ente próximo e querido, cuja morte deixa um vazio na família. A presença física e o contato com o ente querido serão sentidos profundamente. Portanto, a Toráh prescreve determinados períodos de luto para dar expressão a esses sentimentos, e para tornar mais fácil recuperar o próprio equilíbrio e ajustamento.

No entanto, entregar-se a estes sentimentos além dos limites estabelecidos pela Toráh – além de ser um desserviço a si mesmo e aos outros, bem como à Neshamáh – significaria que a pessoa está mais preocupada com os próprios sentimentos que com os sentimentos da Neshamáh que ascendeu a novas alturas espirituais de felicidade eterna. Assim, paradoxalmente, o prolongamento excessivo dos sentimentos de tristeza, devido ao grande amor pelo ente querido que partiu, na verdade causa sofrimento ao ente querido, pois a Neshamáh continua a interessar-se pelos parentes que ficaram para trás, vê o que está acontecendo (melhor ainda que antes) e se alegra com eles quando estão felizes, etc.
Embora a alma seja eterna e esteja agora num estado não restringido pelas limitações do corpo, está plenamente cônscia daquilo que acontece na família. Quando vê que é causa de tristeza e luto além dos limites do razoável estabelecidos pela Toráh, obviamente fica aborrecida e isso não contribui para a paz e felicidade da alma.

Mesmo durante a estada da alma nesta vida, o vínculo real entre a pessoa e os membros da família não são físicos, mas espirituais. O que faz a pessoa não é a sua carne, mas seu caráter e qualidades espirituais. Este vínculo permanece e todos aqueles que amaram a pessoa deveriam tentar levar mais gratificação e elevação espiritual à Neshamáh por meio de maior apego à Toráh em geral, e particularmente no âmbito relacionado com a partida da alma. Ou seja, observar aquilo que é prescrito para o período de Shiváh, mas não estendê-lo, e da mesma forma, com o período de Shloshim (trinta dias), mas não, além disso, e então servir a D’us por meio do cumprimento de Suas mitsvot como o serviço deveria ser – com alegria no coração.

A alma que se foi não pode mais cumprir mitsvot, pois isso é algo que somente pode ser feito em conjunto pela alma e pelo corpo neste mundo material. Mas isso, também, pode ser parcialmente superado quando aqueles que ficaram cumprem mitsvot e boas ações em homenagem, e em benefício, da Neshamáh que se foi.

Shiváh é um período de luto pela alma de um ente querido que retornou ao Mundo da Verdade. Uma alma judaica é descrita na Toráh como “a lamparina de D’us”, pois seu propósito nesta terra é divulgar a luz da Divindade. Sua partida desta terra é um motivo para o luto da maneira prescrita na Toráh. Porém, juntamente com isso, não se deve esquecer que a alma é eterna. Também não deve ser esquecido que até um evento triste vem de D’us, portanto não pode haver dúvida de que há nele um bom propósito.

Porém o objetivo essencial de Shiváh é que “os vivos devem refletir em seu coração” (Kohêlet 7:2). Isso significa que aqueles que ficaram para trás devem examinar seu coração e reavaliar-se. Devem tentar aperfeiçoar-se em áreas da vida diária que são reais e eternas – i.e., Toráh e mitsvot. Na verdade, como a alma que ascendeu ao Céu deixou uma lacuna de boas ações descontinuadas aqui na terra, os parentes e amigos devem fazer uma compensação por meio de esforços adicionais de sua parte.

A Vida Nunca Termina

Por Yitschak Meir Kagan

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clip_image007De uma carta do Rebe escrita a uma viúva de guerra em Israel

“E Iahacov terminou de ordenar aos filhos, e recolheu os pés na cama, e expirou, e foi reunido ao seu povo.” (Bereshit 49:33)

A Toráh não declara “ele morreu”, e os Sábios declararam “Nosso pai Iahacov não morreu… assim como seus filhos estão vivos, também ele está vivo.”

O que forma a base para o amor e a união entre dois amigos queridos, entre marido e mulher ou entre filhos e seus pais? Não o corpo físico, que é carne, osso e entranhas, mas as características do espírito, a verdadeira essência do homem. O que acontece é que o homem se comunica com seu semelhante através do corpo e seus membros. Através dos olhos, ouvidos, mãos, órgãos da fala, etc., o homem dá expressão aos seus pensamentos, sensações e as características de seu espírito e (obviamente) são eles, não as ferramentas corporais de expressão, que constituem sua verdadeira essência e seu ser.

Ocorre que no Mundo da verdade (a vida espiritual que se segue) a alma do falecido tem um grande prazer ao ver os membros da sua família se recuperarem da perda, se recomporem, e fazer todos os esforços para colocar a vida em ordem, e agir como uma inspiração e encorajamento aos outros.

Uma bala, um fragmento de concha ou uma doença podem danificar o corpo, mas não podem ferir ou afetar a alma. Podem causar a morte, mas a morte é apenas uma separação entre corpo e alma. A alma continua a viver (eternamente); continua a ter uma conexão com a família, especialmente com aqueles que foram especialmente queridos e amados. Compartilha seu desgosto, e se alegra com cada evento feliz na família. Ocorre apenas que os membros da família, vivendo neste mundo terreno, não podem ver a reação da alma com seus olhos de carne e sangue, nem pode tocá-la ou senti-la com as mãos – pois a conexão física foi rompida.

A alma daquele que partiu extrai especial satisfação ao ver seus filhos sendo criados no correto espírito de Toráh, livres de qualquer sentimento de desespero ou depressão, D'us não o permita, mas sim (como diz a expressão tradicional)… “criá-los para a Toráh, o casamento e boas ações."

segunda-feira, outubro 17, 2011

A Oração: Nosso veiculo de Comunicação

A assinatura de D’us

Em procura de obter um milagre

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Uma garotinha foi para o quarto e pegou um vidro de geléia que estava escondido no armário e derramou todas as moedas no chão.

Contou uma por uma, com muito cuidado, três vezes. O total precisava estar exatamente correto. Não havia chance para erros.

Colocando as moedas de volta no vidro e tampando-o bem, saiu pela porta dos fundos em direção à farmácia Rexall, cuja placa acima da porta tinha o rosto de um índio.

Esperou com paciência o farmacêutico lhe dirigir a palavra, mas ele estava ocupado demais. A garotinha ficou arrastando os pés para chamar atenção, mas nada. Pigarreou, fazendo o som mais enojante possível, mas não adiantou nada. Por fim tirou uma moeda de 25 centavos do frasco e bateu com ela no vidro do balcão. E funcionou!

- O que você quer? - perguntou o farmacêutico irritado. - Estou conversando com o meu irmão de Chicago que não vejo há anos -, explicou ele sem esperar uma resposta.

- Bem, eu queria falar com o senhor sobre o meu irmão -, respondeu Tess no mesmo tom irritado. - Ele está muito, muito doente mesmo, e eu quero comprar um milagre.

- Desculpe, não entendi. - disse o farmacêutico.

- O nome dele é Andrew. Tem um caroço muito ruim crescendo dentro da cabeça dele e o meu pai diz que ele precisa de um milagre. Então eu queria saber quanto custa um milagre.

- Garotinha, aqui nós não vendemos milagres. Sinto muito, mas não posso ajudá-la. - explicou o farmacêutico num tom mais compreensivo.

- Eu tenho dinheiro. Se não for suficiente vou buscar o resto. O senhor só precisa me dizer quanto custa.

O irmão do farmacêutico, um senhor bem aparentado, abaixou-se um pouco para perguntar à menininha de que tipo de milagre o irmão dela precisava.

- Não sei. Só sei que ele está muito doente e a minha mãe disse que ele precisa de uma operação, mas o meu pai não tem condições de pagar, então eu queria usar o meu dinheiro.

- Quanto você tem? - perguntou o senhor da cidade grande.

- Um dólar e onze cêntimos -, respondeu a garotinha bem baixinho. - E não tenho mais nada. Mas posso arranjar mais se for preciso.

- Mas que coincidência! - disse o homem sorrindo. - Um dólar e onze cêntimos! O preço exato de um milagre para irmãozinhos!
Pegando o dinheiro com uma das mãos e segurando com a outra a mão da menininha, ele disse: Mostre-me onde você mora, porque quero ver o seu irmão e conhecer os seus pais. Vamos ver se tenho o tipo de milagre que você precisa..

Aquele senhor elegante era o Dr. Carlton Armstrong, um neurocirurgião. A cirurgia foi feita sem ônus para a família, e depois de pouco tempo Andrew teve alta e voltou para casa.

Os pais estavam conversando alegremente sobre todos os acontecimentos que os levaram àquele ponto, quando a mãe disse em voz baixa:

- Aquela operação foi um milagre. Quanto será que custaria?

A garotinha sorriu, pois sabia exatamente o preço: um dólar e onze cêntimos! - Mais a fé de uma criancinha.

Em nossas vidas, nunca sabemos quantos milagres precisaremos.

Um milagre não é o adiamento de uma lei natural, mas a operação de uma lei superior. Sei que você vai passar esta bola pra frente!

Lá vai ela. Jogue de volta para alguém que significa algo para você!

Uma bola é um círculo, sem início, sem fim. Ela nos mantém unidos como nosso Círculo de Amigos. Mas o tesouro interior que você verá é o tesouro da amizade que você me concedeu.

Hoje eu passo a bola da amizade para você.

Passe ela para alguém que seja um amigo seu.

MINHA PROMESSA É PARA VOCÊ.

Quando você estiver triste... Vou secar suas lágrimas.

Quando você estiver com medo... Eu lhe darei conforto.

Quando você estiver preocupado... Vou dar-lhe esperança.

Quando você estiver confuso... Vou ajudá-lo a enxergar.

E quando você está perdido... E não pode ver a luz, Vou ser o seu farol... Brilhando cada vez mais.

Este é o Meu juramento... Prometo até o fim...

Por quê? Você pode perguntar... Porque você é Meu amigo.

Assinado: D’US

Obrigada por suas orações!

domingo, outubro 16, 2011

Uma Historia para Meditar

Uma Historia para Meditar
Joias do Maguid 
JÓIAS DO MAGUID

O Maguid de Jerusalém, Rav Shalom Shvadron ZT"L, foi um dos maiores oradores da nossa geração. Possuidor de um dom singular para transmitir o doce sabor dos caminhos Judaicos, reuniu incontáveis platéias durante dezenas de anos.

Seu vultoso repertório de histórias verídicas é composto por incontestáveis pérolas do patrimônio Judaico, motivo de inspiração e encorajamento. Leia a seguir uma de suas jóias:

UM PEDIDO PARA TODA UMA VIDA

A vida é repleta de decisões. A cada dia, cada um de nós tem que tomar muitas delas. Algumas maiores, outras menores, mas cada decisão que tomamos deve ser a que estamos preparados para viver com ela.

Decisões requerem diferentes graus de pensamento, sabedoria e prudência. Algumas vezes, entretanto, a pessoa precisa tomar uma decisão que pode alterar o curso de sua vida para sempre. Pode não ter nem o luxo de haver tempo para consultar seus amigos ou familiares. Aí, então, a decisão particular que ele toma vem do fundo de seu coração, e revela seu interior e sua definição das prioridades da vida.

Neste incrível incidente relatado pelo Rabino Yisroel Grossman, juiz (dayán) em Jerusalém, sobre seu pai, o Rabino Zalman, aprendemos, através de uma difícil decisão tomada por ele, os valores de um extraordinário Judeu.

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O Rabino Zalman Grossman era um Judeu extremamente piedoso, em Jerusalém, que manifestava uma singular abordagem na observância do Shabat: do pôr-do-sol de Sexta feira à tarde, até o final da Havdalá, sábado à noite, ele não dormia.

Explicava este costume a seus filhos, dizendo: "O Talmud (Shabat 119a) refer e-se ao Shabat como uma bela rainha. Portanto, todo Judeu neste dia deve ser considerado como um rei, que tem a oportunidade de passar seu tempo com a rainha". Contava-lhes, então, uma parábola:

"Havia um rei que dormia muito pouco. O povo de seu reino lhe perguntava por que agia assim, e ele lhes respondia: ‘Quando durmo, sou como qualquer outro. Somente quando estou acordado e consciente de quem realmente sou, é que percebo que sou o Rei’. Portanto", R' Zalman continuava, "por que devo desperdiçar, ao dormir no Shabat, cada precioso momento desta maravilhosa oportunidade que tenho de passar com a Rainha Shabat ?"

R' Zalman passava todo o Shabat estudando mishnayót (textos da tradição oral), recitando os Salmos, cantando zemirót ou rezando com grande fervor. Mesmo sendo pobre, no Shabat. R' Zalman personificava a realeza.

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Em 1912, quando Israel (então chamado Palestina) estava sob domínio turco, a pobreza se espalhava por todo o país. As pessoas estavam literalmente morrendo de fome e havia poucas oportunidades de emprego. R' Zalman não tinha outra opção que não deixar Israel por alguns anos, ir para os EUA e arrumar alguma forma de viver, para poder retornar e sustentar sua família.

Solicitou um emprestimo de dinheiro para a passagem, subiu no navio e começou sua longa jornada pelo Mar Mediterrâneo e através do Oceano Atlântico.

Na primeira sexta-feira a bordo, R' Zalman decidiu se portar da mesma maneira que o fazia em terra: iria cumprir o Shabat da mesma forma que o fazia toda semana. Depois de rezar, cantou Shalom Aleichem, Ribono shel Olam, Éshet Chail, fez o Kidush (santificação do vinho, que se faz todas as sextas ferias) e comeu sua refeição de Shabat. Durante a refeição - que fez sozinho - cantou zemirót (musicas dedicadas a espiritualidade do Shabat) e examinou um dos muitos livros que trouxe consigo. Depois, sentou-se em um canto e começou a estudar Mishnayót(textos da tradição oral – Talmud).

O que não havia percebido é que, mais ou menos do meio de sua refeição, continuando até depois, quando estudava as mishnayót e a porção da semana, um homem estava em pé, de lado, observando-o. Por horas o homem observou, com surpresa, enquanto R' Zalman absorvia a beleza e o esplendor do Shabat. Finalmente, o homem foi dormir, mas R' Zalman permaneceu acordado toda a noite.

Pela manhã, o homem de novo observava a intensidade e a doçura das tefilót de R' Zalman. Assistiu como fazia o Kidush, cantava as zemirót novamente e comia sua refeição, completamente envolto na santidade do Shabat. Por toda a tarde e em Minchá(oração da tarde) e Seudá Shelishit (a terceira refeição de Shabat), o homem continuamente observava R' Zalman. Finalmente, depois da Havdalá (cerimonia da finalização do Shabat), o cavalheiro se dirigiu para onde R' Zalman estava.

Começou a falar com respeito e admiração: "Observei-o por horas durante o Shabat. Nunca em minha vida vi ninguém se envolver tanto com a beleza do Shabat como o senhor o fez. Mal consigo começar a lhe contar o quanto fiquei tocado por seu comportamento. Talvez o senhor não saiba quem eu sou, mas meu nome é Barão Rotschild".

R' Zalman estava verdadeiramente surpreso com as palavras deste homem e mais surpreso ainda, que havia sido observado durante todo o Shabat. Os dois homens iniciaram uma curta conversa sobre suas origens e experiências e, quanto mais o Barão conversava com R' Zalman, mais fascinado ficava com aquele homem. Então, de repente, o Barão fez uma declaração surpreendente: "R' Zalman, gostaria de honrar qualquer pedido que o senhor possa ter. Dar-lhe-ei 15 minutos para pensar e então informe-me o que posso fazer pelo senhor".

R' Zalman não podia acreditar nesta súbita mudança de sorte. Tudo que tinha a fazer agora era pedir ao Barão Rotschild uma substancial quantia de dinheiro e, então, poderia pegar o primeiro barco de volta para Israel, poupando-se da humilhação de recolher dinheiro para si e sua família.

R' Zalman voltou para sua cabina, para refetir sobre o assunto. Mas quanto mais pensava, mais lhe vinha à mente um apuro:

Dois dias antes de partir de Israel, o irmão de R' Zalman, R' Shlomo Levi, veio falar-lhe. R' Shlomo Levi era um dos fundadores de Mishmár HaYardên, um mosháv (povoado) no norte de Israel, perto da Síria. R' Shlomo explicou ao irmão que seu mosháv, bem como outros 2 moshavim - Rosh Piná e Yesód HaMaláh - estavam infestados por malária. Crianças e idosos estavam morrendo diariamente como resultado desta horrível doença, e jovens pais eram confinados em suas camas, não podendo trabalhar para sustentar suas famílias. A situação estava piorando a cada dia que passava. Simplesmente não havia medicamentos para todos. "Quando você for para a América", R' Shlomo lhe implorou, "por favor, não se esqueça destas crianças e dos idosos. Famílias estão sendo dizimadas porque não há dinheiro suficiente para os medicamentos. Cada dólar que você nos mandar ajudará a salvar vidas".

Agora, sentado sozinho em sua cabina, R' Zalman estava num terrível dilema. sua inclinação natural era tentar salvar sua própria família das garras da extrema pobreza e da fome -- mas, o que seria das centenas e centenas de pessoas naquelas comunidades no norte de Israel ? Após alguns minutos agonizantes, tomou sua posição e saiu ao encontro do Barão.

"Já decidiu o que gostaria de ter ?", perguntou o Barão. "Sim, senhor", respondeu R' Zalman. "Tenho um irmão que se relaciona com 3 comunidades no norte de Israel. A área está infestada pela malária, que está causando a morte de muitas crianças e seus pais. Se o senhor conseguir alguma forma de enviar médicos para estas comunidades e tratar os doentes, este seria o maior favor que faria por mim".

O Barão deu sua mão a R' Zalman, cumprimentou-o e disse-lhe que faria o máximo possível. O resto da viagem transcorreu sem novidades. R' Zalman finalmente chegou a Nova York e montou um escritório na parte sul de Manhatan, para poder recolher fundos para a Yeshivá Ohel Moshe, em Jerusalém.

Quatro meses após sua chegada, R' Zalman recebeu uma carta de seu irmão, R' Shlomo Levi. Após os cumprimentos preliminares, lia-se na carta: "Meu querido irmão Zalman, não sei como começar a descrever o que tem acontecido por aqui nas últimas semanas. De repente, do nada, como o maná que caía do céu, médicos e enfermeiras chegaram às nossas cidades, com caminhões repletos de medicamentos e suprimentos. Abriram 3 diferentes farmácias, distribuíram pílulas para os doentes, aplicaram injeções em quem precisava e prescreveram medicamentos. Quase imedatamente as pessoas pararam de morer. Pode-se ver a saúde das pessoas melhorando dia-a-dia. Um período de 24 horas transcorreu sem que houvesse nenhuma morte. Estamos todos muito gratos a Hashém por esta súbita mudança nos acontecimentos. Pela primeira vez, em semanas, as pessoas estão realmente sorrindo e esperançosas".

R' Zalman mal podia acreditar no que estava lendo. O Barão tinha realmente atendido seu pedido ! R' Zalman continuou lendo a carta: "Meu querido irmão, você não precisa se preocupar mais conosco, Hashém tomou conta da gente. Preocupe-se com seus próprios problemas e, possa você e os seus serem ajudados da forma que nós o fomos".

R' Zalman leu a carta uma segunda vez, absorvendo cada palavra. Quando acabou, colocou o rosto sobre as mãos e chorou. Ele tinha realizado um ato básico e definitivo de chéssed (bondade), pois ninguém em Mishmár HaYardên ou nos moshavim vizinhos imaginava que era ele o responsável pelas incontáveis vidas que foram salvas.

Anos depois, R' Zalman contaria a suas crianças: "Chorei por outro motivo, também. Chorei porque estava muito agradecido a Hashém por ter me dado forças para superar minha inclinação natural de salvar minha família primeiro. Precisei de bastante coragem para pensar nos outros naquele difícil período de minha vida. Que eu tivesse sido capaz de reunir tanta força e ver os frutos de minha ação, isto foi indescritível. Como tive tanta sorte de ser capaz de beneficiar, de alguma forma, as pessoas de Klál Israel!! ". E as pessoas nos moshavim nunca souberam porquê foram ajudadas !

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* Esta historia encontra-se em um livro chamado Joias do Maguid, editado pela Revista Nascente da Comunidade Mekor Haim de São Paulo.

quarta-feira, outubro 12, 2011

Sucot: Miscelâneas!!

O que é Sucot ?    ?מה זה סכות

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Imediatamente após os Dias Temíveis de Rosh Hashanáh e Iom Kipur, nós nos preparamos para a exuberância de Sucot - a “Estação de Nosso Júbilo”. Após deixar o Egito, durante os quarenta anos vagando pelo deserto, o povo judeu estava sempre rodeado por protetoras “Nuvens da Glória”. Em comemoração e para incrementar a nossa consciência dos todo-abrangentes amor e proteção de D'us, foi-nos ordenado “Em Sucot (cabanas) vivereis sete dias “ (Levitíco, XXIII:42).

Outra Mitsváh especial de Sucót é a de sacudir juntas as “Quatro Espécies” - o Etrog (citro), o Lulav (ramo da tamareira), os Hadassim (mirtos) e as Aravot (salgueiros). Uma explicação, dentre muitas, é que cada uma destas quatro espécies representa um tipo diferente de judeu. O fato de que a Mitsváh exige o conjunto das quatro simboliza nossa unidade como um povo, todos precisamos uns dos outros. E as Quatro Espécies são sacudidas em todas as direções dos pontos cardeais e ainda para cima e para baixo, significando que D'us está em toda parte.

A Observância de Sucot
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A Sucáh

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Durante os sete dias da festividade, todas as refeições devem ser feitas na Sucáh, a não ser que chova. Essa obrigação é só para homens. Mulheres estão isentas de comer numa Sucáh, mas têm permissão para fazê-lo, se assim o desejarem, Ao participar de uma refeição que contenha no mínimo 30g de pão ou bolo, e 86ml de vinho deve ser recitada a bênção Leshêv Bassucáh.

As Quatro Espécies

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Em cada um dos sete dias de Sucot, exceto Shabat, sacudimos as Quatro Espécies no horário diurno. Segure o Lulav (ao qual estão amarrados três Hadassim e duas Aravot) na mão direita, com o dorso do Lulav voltado em sua direção. Diga a bênção apropriada, depois pegue o Etrog na mão esquerda, encoste-o junto às outras três espécies e sacuda-as com as mãos unidas.

Os Dias Intermediários de Sucot ( Chol Hamoêd )

O terceiro até o sétimo dia de Sucot são chamados de Chol Hamoêd - dias intermediários. Não recitamos o Kidush nem acendemos as velas de Iom Tov. Não obstante, apenas o trabalho muito necessário deverá ser feito.

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O sétimo dia de Sucot é chamado hoshanáh rabáh. É costume permanecer acordado e recitar trechos da Toráh e do livro dos Salmos. Pela manhã, circunda-se a Bimáh da sinagoga sete vezes, com o Lulav e o Etrog na mão. Depois recitam-se preces especiais denominadas “Hoshaanot”, enquanto seguramos cinco ramos de salgueiro amarrados juntos. Batemos com os ramos do salgueiro no chão, simbolicamente adoçando o julgamento de D'us. Este costume nos foi transmitido na era profética através dos profetas.

Qual o Significado de Sucót e Como é Celebrada ?

Sucót significa "cabanas". Durante 40 anos vagando pelo deserto, nós vivemos em Sucót. Nós somos ordenados (confira em Vaikráh 22:33-44) neste feriado a fazer da Sucáh nossa residência principal: comer, dormir, estudar Toráh e passar nosso tempo nela. Se for muito incômodo ficar na Sucáh -- por motivo de chuva ou coisas do gênero -- então a pessoa está liberada da obrigação de habitar a Sucáh. Dependendo das condições climáticas, tentamos, no mínimo, comer na Sucáh. Também somos ordenados a agitar os Arbaát HaMinim, as 4 Espécies, que têm muitos significados místicos e profundos. Entre eles: que o Todo-Poderoso controla todo o mundo, os ventos, as forças naturais e tudo o mais; que todos os Judeus estão interligados como um único Povo, sejam eles transgressores ou santos, sábios ou ignorantes.

A mitsváh de habitarmos a Sucáh nos ensina a confiar em D'us. Todos nós temos a tendência a pensar que nossas posses, nosso dinheiro, nossos lares ou nossa inteligência nos protegerão. Na Sucáh estamos expostos à natureza, numa cabana temporária. Viver numa Sucáh coloca a vida em sua verdadeira perspectiva. Nossa história tem provado isto. Nossa fé precisa ser somente em D'us.

Sucót é chamada de Zemán Simchatênu, a época de nossa alegria. Alegria é diferente de felicidade. Felicidade é estarmos satisfeitos com o que temos.

Alegria é o prazer de anteciparmos um bem futuro. Se confiamos em D'us e acreditamos que tudo o que Ele faz é para o nosso bem, então conheceremos grandes alegrias em nossas vidas !

Sucót é um dos Shalósh Regalim, os 3 Festivais (os outros dois são Pessach e Shavuót), quando a Toráh ordena a todos os que moram em Israel a deixar seus lares e virem a Jerusalém, celebrar a festividade no Templo Sagrado. Nos últimos 2.000 anos, desde a destruição do Templo Sagrado, estivemos incapacitados de cumprir esta mitsváh.

Significado dos Arbaát HaMinim ( as Quatro Espécies)

Uma das mitsvót (mandamentos) especiais de Sucót são os Arbaát HaMinim, as Quatro Espécies (etróg, luláv, hadassím e aravót), bem como agitá-las para os 4 pontos cardeais, para cima e para baixo. Um dos significados destes movimentos é que D’us está em todo lugar. Entretanto, por que justo estas 4 espécies foram designadas para esta mitsváh ?

Nossos rabinos nos ensinam quês estas 4 espécies simbolizam 4 tipos de Judeus: o etróg tem fragrância e gosto, representando aqueles Judeus que estudam Toráh e praticam boas ações. O luláv (ramo de palmeira) tem cheiro mas não tem sabor, representando aqueles Judeus que estudam Toráh mas não fazem bons atos. Os hadassím (ramos de mirto) têm sabor mas não têm cheiro, simbolizando aqueles Judeus que fazem boas ações mas não estudam Toráh. Finalmente, as aravót (ramos de salgueiro) não têm nem sabor nem cheiro,representando os Judeus que não estudam Toráh nem praticam boas ações.

Que fazemos em Sucót ? Unimos estas 4 espécies, ou seja, unimos e reconhecemos cada Judeu como parte integral e importante do Povo Judeu. Se apenas um estiver faltando, a mitsváh estará incompleta. Nosso Povo é um.

Precisamos fazer tudo que pudermos para unir o Povo Judeu e para fortalecer o futuro Judaico!.

SUCOT: A FESTA DAS CABANAS

SUCOT

A FESTA DAS CABANAS

O CONCEITO DO PERDÃO

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De todas as festas do calendário hebraico, há três que têm uma relação entre si. Estas festas são conhecidas como shalosh regalím (as três festas de peregrinação – Pêssach, Shavuot, Sucot). Nestas três festas cumpria-se com a obrigação de peregrinar à cidade de Yerushaláyim (Jerusalém) nas épocas nas quais a Casa Santa (Bet Hamikdash) estava em pé.

Estas festas não só estão relacionadas com sucessos históricos determinados, como também têm a ver com o trabalho da terra. Na festa de Pêssach – que sempre cai na época da Primavera – recordamos a saída da terra do Egito. Na festa de Shavuot – época na qual se colhe o produto do campo – recordamos a entrega da Toráh no Monte Sinai. E, na festa de Sucot, recordamos que D’us fez-nos cabanas no deserto, quando saímos do Egito e protegeu-nos mediante ananê hakavod (as nuvens de honra). Por outro lado, nossa festa tem relação com a finalização da colheita de toda a produção do campo, ou seja, o momento em que se a armazenava.

Nestes dias devemos pensar em toda a benevolência que teve e tem nosso Criador (Borê Olám) para conosco. Quando saímos do Egito, apiedou-Se de nós e protegeu-nos durante quase quarenta anos ao prover-nos cabanas (sucot), que nos protegiam do Sol durante o dia e do frio durante a noite. Entretanto, sua proteção não se limitava ao natural, mas também tinha lugar no rol do sobrenatural através das nuvens de honra ou glória.

Por outro lado, desde o Sucot anterior até este, também temos desfrutado de sua bênção no campo econômico. Temos tido a parnassáh (sustento) necessária para que pudéssemos nos alimentar e obter nossas necessidades vitais. É por isso que devemos ter humildade e sair do lugar mais seguro que temos – nosso lar – para viver durante os dias da festa na Sucáh. Desta maneira expressamos a idéia de que toda a nossa segurança vem do Senhor e não de nosso poder e esforço, ou seja, aprendemos a ser mais sensíveis à nossa concepção humana e liberarmo-nos da vaidade que nos torna cegos.

Quando saímos de um lugar tão protegido de ventos, frio, calor e chuvas e entramos na Sucáh, experimentamos uma sensação de insegurança, sentimo-nos indefesos e desprotegidos, e é nesse preciso momento que devemos recordar de D’us, verdadeira fonte de tranqüilidade e proteção em todos os aspectos de nossa vida.

Por outro lado, pode-se encontrar uma mensagem na mitsváh da Sucáh, observando sua localização no calendário. Faz poucos dias, em Yom Hakipurím (O Dia do Perdão), temos sido julgados e D’us perdoou nossas atitudes erradas porque viu nosso sincero arrependimento. Quando nós deixamos nossas casas e vamos à sucáh para viver durante alguns dias a intempérie, estamos mostrando, de alguma forma, que até este momento “protegemo-nos da segurança de nossas casas” porque estávamos cheios de errores e o temor invadia-nos por medo das suas conseqüências. Porém, agora que já fomos perdoados, saímos de nossas casas sem medo algum.

Esta idéia está situada na Toráh. No livro Bereshit (Gênesis), capítulo 23 e subseqüentes, conta-nos a Toráh acerca do regresso de nosso Patriarca Iahacov à terra de Israel. Iahacov reencontrou-se com seu irmão Essav depois de residir vários anos com seu tio Laban. Ele havia escapado da casa de seus pais e de sua terra, pois seu irmão Essav queria matá-lo por haver tomado suas bênçãos. Depois do reencontro, Essav pediu-lhe que fossem juntos, e Iahacov explicou-lhe que seria impossível, pois tinha meninos pequenos e gado que devia cuidar, pedindo-lhe que se adiantasse. Logo, diz a Toráh, “Voltou-se, naquele dia, Essav a seu caminho, a Seir. Mas Iahacov trasladou-se a Sucot...” (Bereshit – Gênesis, Cap. 33, 16-17)

Este episódio pode-se interpretar da seguinte maneira: Essav simboliza o Yêtser Hará (mau instinto) e nosso Patriarca Iahacov simboliza todo o Povo de Israel. Seir é o nome do lugar aonde foi Essav, e tem um significado etimológico: cabra, e alude à cabra que se enviava em Yom Kipur ao lugar chamado Azazel, no deserto. Mediante este ritual, D’us perdoava as transgressões dos filhos de Israel, como explica a Toráh no livro Vaykrá (Levítico), capítulo 18.

Depois que o instinto negativo (Essav) vê que a cabra foi enviada ao deserto, não denuncia os erros dos filhos de Israel. Ele os abandona e regressa a seu lugar, no deserto. E, quando o Povo de Israel (Iahacov) vê que o instinto negativo (Essav) abandonou-os, saem à sucáh demonstrando assim que já não temem por causa dos erros cometidos. Estão dispostos a viver sem temor e com alegria.

domingo, outubro 02, 2011

Iom Kipur ou Iom Hakipurim, o Dia do Perdão

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Véspera de Iom Kipur

A preparação para o Iom Kipur começa no dia anterior, que é um tempo com características especiais. O Talmud Babilônico (TratadoYomáh 81b) estabelece que assim como é uma Mitsváh (preceito) jejuar no Iom Kipur, é também uma Mitsváh alimentar-se na véspera. Aparentemente os rabinos quiseram marcar este dia como sendo semi-festivo, refletindo a confiança de que seremos perdoados no Yom Kipur. Deste modo, o serviço de selichót é encurtado e Avinu Malkênu é omitido.

Outro costume é o de fazer Kaparót (expiação)com dinheiro, como forma de resgate de si mesmo. Com múltiplos de 18 - chai - significa vida (ou qualquer outra quantia), pedimos que, por meio da Mitsváh (preceito) que faremos ao doar esta quantia para caridade, nossa sorte seja selada para o bem.

Durante o serviço de Mincháh, que é feito mais cedo, é recitado o Vidui (a confissão dos pecados cometidos). Após a Mincháh come-se a "seudáh Hamafseket", a última refeição antes do jejum. É costume desejar uns aos outros Tsom Kal - um jejum fácil.

Junto com o acendimento das velas, uma vela memorial é acesa para lembrar nossos entes queridos falecidos. Antes de sair para os serviços religiosos, é costume abençoar os filhos, como na noite de Shabat.

Iom Kipur: União Máxima com D’us

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O Dia do Perdão é o ponto fundamental das comemorações do Ano Novo judaico, sendo o único dia no qual temos cinco serviços religiosos. Quando nossos antepassados estavam vagando pelo deserto, o dia 10 de Tishrê foi a data na qual D’us perdoou o pecado do bezerro de ouro, segundo menciona a Toráh. Portanto, este dia ficou marcado para todas as futuras gerações como um dia de expiação e arrependimento. É uma das duas datas mais sagradas do calendário. Isto porque os rabinos nunca chegaram a um consenso sobre quem é mais elevado: Shabat ou Iom Kipur? Portanto, as leis de Shabat, diferentemente de Rosh Hashanáh e qualquer outra festividade, vigoram também em Iom Kipur. Mas, ao mesmo tempo, este dia tem suas próprias leis: durante 25 horas abstemo-nos de comer ou beber, demonstrando concretamente nosso remorso pelas faltas que cometemos e para poder concentrar-nos no espiritual, afastando-nos simbolicamente do excesso material que nos cerca nos outros dias. Mais ainda: o jejum nos torna conscientes do sofrimento de tantos deprivilegiados em todo o mundo, que passam fome o ano inteiro. Todos os homens acima de 13 anos e mulheres acima de 12 devem jejuar e crianças devem abster-se de comer guloseimas neste dia. É importante ressaltar que , sempre que o jejum trouxer riscos à saúde, ele deve ser imediatamente suspenso.

Uma outra proibição é a de usar sapatos feitos de couro. A origem está no versículo bíblico : "No Dia da Expiação...afligirás tua alma"(Levítico 23:27). O desconforto físico, segundo a tradição, é um meio simbólico para a penitência espiritual. Antigamente, somente os calçados feitos a partir do couro eram confortáveis. Outra interpretação é que neste dia, um dia dedicado à vida, não é tolerada a destruição de um ser vivo, nem mesmo um animal. E, finalmente, existe uma explicação social: apenas os ricos podem dar-se ao luxo de comprar artigos de couro. Em Iom Kipur, há uma perfeita nivelação de todos os homens. Diante de D’us não há ricos nem pobres - somos todos iguais.

Este era o único dia ano no qual o Sumo Sacerdote tinha permissão para entrar no Santo dos Santos, a dependência mais sagrada dos Templos. O Talmud relata que nem mesmo os seres celestiais tinham permissão para adentrar naquele recinto. Lá, representando todo o povo judeu, ele pronunciava o Nome de D’us composto de quatro letras, implorando para o Criador perdoasse suas faltas. Até hoje, durante o serviço, relembramos a alegria do povo ao ver o sacerdote retornando e abençoando-o. Justamente por isso, costumamos vestir-nos com trajes brancos, a fim de que nossas vestimentas se assemelhem àquelas utilizadas por ele em Iom Kipur, já que o branco é o sinal da pureza e da inocência e, também, porque neste dia assemelhamo-nos aos anjos.

Este dia, na Toráh, é chamado de Iom Hakipurim, e não Iom Kipur, como tradicionalmente o conhecemos. A tradução mais correta seria a Dia das Expiações. Isto porque a maior prova de santidade e arrependimento é perdoar as faltas de seu companheiro. A mensagem de fraternidade e amor ao semelhante é uma constante neste período tão sagrado. Somente aproximando-nos do calor de outro ser humano é que adquirimos a união máximo com a maior fonte de luz de toda a existência: D’us.

Existem três momentos destacados dentro da importância do Iom Kipur, estos são:

1- Kol Nidrê

2- Izkor

3- Neiláh

Qual o significado do Kol Nidrê?

Kol Nidrê, o serviço religioso que dá início às comemorações de Yom Kipur, é uma declaração de anulação de votos. É um pedido de perdão pelas promessas pessoais que o indivíduo faz impulsivamente, sem premeditação, e que consequentemente não podem ser cumpridas. É importante observar que tal “anulação” se refere somente às promessas feitas pelo indivíduo a D’us, e não ao seu semelhante.

O Kol Nidrê data provavelmente do século VII, quando os judeus espanhóis eram obrigados a se converterem ao catolicismo, porém continuavam no íntimo leais à sua fé. Na noite de Yom Kipur, eles se reuniam secretamente para pedirem perdão a D’us pelos votos que tinham feito sob coação dos perseguidores.

O canto solene da Kol Nidrê tem um forte impacto emocional sobre todo judeu. Ele nos conscientiza de que, sob as pressões da vida, nossos atos nem sempre são condizentes com nossos princípios. Ao mesmo tempo, ele nos estimula a tentar agir com mais dignidade e integridade.

O que é Izkor?

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Izkor (“Que Ele se lembre”) a um serviço comemorativo dos finados que se realiza na sinagoga quatro vezes por ano: em Yom Kipur, Pêssach, Shavuot e Sucot (mais especificamente, Shemini Atzeret). A cerimônia consiste na recitação de preces pelos mortos, a oração “El Malé Rachamim” (“D’us pleno de misericórdia”) que e entoada pelo Chazan (o cantor litúrgico) e, em algumas sinagogas, a leitura em voz alta da lista de todos os membros da congregação falecidos durante os últimos anos.

Reunindo-nos como coletividade para recordar nossos entes queridos, não só prestamos um tributo aos que partiram, como também reafirmamos o vínculo sagrado e indissolúvel entre os filhos de Israel unidos na alegria e na dor.

Por que se recita o Izkor, a oração comemorativa dos finados, em Yom Kipur?

Primeiro, porque durante as orações de Izkor, prometemos praticar o bem em memória daqueles que partiram. E de acordo com as doutrinas místicas da Cabaláh, cada boa ação que realizamos eleva a alma dos nossos entes queridos a um nível espiritual mais alto em seu repouso eterno.

Segundo, porque lembrando-nos dos finados neste dia tão sagrado, acreditamos que eles também se lembrarão de nós. E, observando-nos de onde estiverem, vendo que estamos rezando e jejuando, ficarão tranqüilos na certeza de que seu legado está sendo perpetuado e que sua vida não foi em vão.

Terceiro, o Dia do Perdão é chamado na linguagem rabínica Yom HaKipurim, literalmente “Dia dos Perdões”. Infere-se daí que devemos pedir perdão a D’us não só pelas nossas próprias transgressões, mas também pelas faltas daqueles que já não se encontram mais entre nós.

Dentro deste mesmo espírito, acendemos velas em memória dos finados na véspera de Yom Kipur.

O que Significa Neiláh?

O oficio que conclui o Iom Kipur é chamado Neiláh. A atmosfera emocional que o envolve é sua particularidade mais destacada. Recitado quando o sol se põe e a noite se aproxima, confere expressão à confiança dos penitentes na infinita clemência de D’us. A expiação é lograda, ao final, pelo penitente, quando este pede para ser selado no Livro da Vida.

O Talmud questiona – se a palavra Neiláh – encerramento – se refere ao fechamento dos Portões Celestiais, ou ao das Portas do Templo, ou à conclusão do oficio divino em sí. Qualquer que seja a resposta, poucas preces igualam-se em beleza à oração de Neiláh, na qual percebemos a magistralidade do gênio religioso e poético de Israel. O homem foi distinguido das outras criaturas viventes da terra; somente ele foi dotado com uma alma, com algo divino, com a fase espiritual da vida.

No final do serviço de Neiláh (o quinto e último serviço de Iom Kipur), dá-se um toque longo de Shofar para encerrar o dia de jejum. O toque prolongado expressa o sentimento de que as pessoas presentes ao serviço se estenderam espiritualmente durante o longo dia de jejum e orações e, agora, estão decididas a alcançar, durante o ano vindouro, novas idéias e uma vida mais repleta de sentido.

Esperando que assim seja, Amén!!!!

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Shanáh Továh, Tikatevú VeTejatemú!!!!

Bênção de acendimento das Velas em Iom HaKipur

Como este ano Iom Hakipurim coincide com Shabat se recita as seguintes Bênçãos.

1 - Baruch atá A*DONAI, Elohênu mêlech haolam, asher kideshánu bemitsvotav vetsivánu Lehadlic nêr shel Shabat veshel Iom Hakipurim.

2 - Baruch atá A*DONAI, Elohênu mêlech haolam, shecheiánu vekiiemánu vehiguiánu lazeman hazé.