quarta-feira, janeiro 19, 2011

O Pacto Eterno

O Berit Miláh – Circunsição
Brit Miláh
Três pactos encontramos entre D’us e Israel: os Tefilin (os Filactérios que nos colocamos diariamente - תפילין), o Shabat (שבת) e o Berit Miláh (ברית מילה).
A palavra “Berit” em Hebraico quer dizer “pacto”, e realmente a mitsváh de Berit Miláh representa o pacto entre D’us e o Povo Judeu. Apesar de haver judeus que estão muito afastados de sua religião, eles têm em seu corpo o sinal do pacto, e a mitsváh do Berit Miláh segue sendo cumprida em todas as comunidades judaicas de todo o mundo.
Um pacto tem sempre por função unificar dois lados – que até esse momento estavam afastados – através de um elemento simbólico que sirva de intermediário ou de conexão. Por exemplo, este elemento pode chegar a ser um testamento, ou o ato de firmar um contrato, ou simplesmente um aperto de mãos. Encontramos muitas histórias, nas quais duas partes, sejam dois amigos ou um casal, antes de separar-se tomam uma faca ou uma rosa para tirar sangue, fazendo o que chamariam um “pacto de sangue”. Todavia, o Berit Miláh, mais que um pacto de sangue ou um pacto indissolúvel, é o pacto eterno entre D’us e Israel.
Como já foi dito, o pacto é sempre o fator que une dois lados, porém, neste caso, temos várias dimensões. Por um lado, este pacto tem como função unir D’us com o Povo Judeu e, por outro lado, busca unir o espiritual com o material dentro da própria pessoa.
O homem é composto de duas partes básicas que devem juntar-se e funcionar em harmonia. A primeira parte é seu corpo material, o corpo humano que, segundo explicaram-nos nossos Sábios de bendita memória, é composto de 248 evarim (membros) e 365 guidim (tendões), formando um total de 613 partes. A segunda parte é a parte espiritual, sua alma, que também está dividida de maneira equivalente ao corpo físico, ou seja, que consiste em 248 partes que elevam e dão energia espiritual aos 248 membros físicos, e 365 partes que dão força ao mesmo número de tendões que tem o corpo físico.
A alma – com suas 613 partes – necessita dispor de certo poder espiritual para transmitir sua energia ao corpo. Ela recebe este poder do cumprimento das mitsvot que D’us nos tem ordenado. As 248 obrigações (preceitos a cumprir ou fazer) outorgam-lhe a força necessária às 248 partes da alma, que ativam, por sua vez, os 248 membros do corpo físico, e as 365 proibições que devemos observar, dão a força espiritual aos 365 membros espirituais, que nutrem o mesmo número de tendões no corpo físico.
Para juntar estas duas partes, ou seja, o espiritual e o material, temos a necessidade de dispor de algum elemento que sirva como ponte: um pacto. O Berit Miláh, por ser feito sobre o próprio corpo, é a única mitsváh que consiste em marcar de alguma maneira o corpo material através de uma ação que tem uma força espiritual, e este pacto serve como nexo entre o material, o espiritual e D’us.
Como já sabemos, em Hebraico, as letras têm distintos valores numéricos. A palavra Beritברית – equivale a 612 (bet = 2 - ב, resh = 200 - ר, yud = 10 - י e tav = 400 - ת). Sendo que o Berit representa a união do Ser Humano (corpo e alma) com D’us, como explicamos, se tomamos o valor numérico do outro integrante do pacto (D’us, que é Um e Único), chegaremos ao número total das partes do corpo humano:
612 (Berit) + 1 (D’us) = 613 (Ser Humano)
Anteriormente mencionamos que este pacto tem várias dimensões, vemos que no “pacto” que chamamos matrimônio, o homem e a mulher – dois mundos totalmente distintos – se juntam chegando à máxima unidade física e sentimental. A Toráh chama esta união de “bassar echad – uma só carne”. Assim como o pacto do Berit Miláh une corpo e alma, também o pacto matrimonial une duas partes: o homem – que representa a força material – com a mulher – que representa a força espiritual.
Diz a Toráh: “Este é o livro das gerações de Adám, no dia em que D’us criou Adám, a semelhança de D’us o criou; masculino e feminino os criou e os abençoou e chamou seus nomes: Adám, no dia em que os criou” (Gênesis 5: 1-2). Vemos, aqui, que D’us chamou-os Adám. Porém, o que é Adam? É um homem? É uma mulher? Ou talvez os dois juntos?
Ensina-nos o Talmud: “Três sócios há na Criação do homem: D’us, seu pai e sua mãe” (Talmud Babilônico, Tratado Nidáh 31a).
Prestemos atenção novamente aos valores numéricos:
Adam = Álef + dam .. דם + א = אדם ; א = 1 ... דם=40+4
O que significa a palavra “dam”? Em Hebraico, a palavra “dam” significa “sangue”, e de alguma forma, esta insinuação recorda-nos o pacto de sangue do qual falamos anteriormente.
Por outro lado, em Hebraico, “pai” se diz “av” אב e “mãe” se diz “em” אם. O valor numérico de “av” é 3 (álef = 1 א e bet = 2 ב), enquanto que o de “em” equivale 41 (álef = 1 א e mem = 40 ם) e o valor de Adám é de 45 (álef = 1 א, dálet = 4 ד e mem = 40 ם). Se tomarmos os valores de “av” e “em”, eles somam 44, faltando somente 1 para chegar ao valor de Adám. Esta conta nos faz recordar as palavras do Talmud mencionadas anteriormente: “Três sócios há na Criação do homem: D’us, seu pai e sua mãe”, o que pode ser expresso em termos numéricos:
1(D’us) + 3 ( אב - av) + 41(אם - em) = 45 (אדם – adam)
Av = Pai, Em (Mãe), Adam (Ser Humano)
Outra vez aparece um pacto (o matrimônio) que une o material (o homem) com o espiritual (a mulher), e este pacto unificado com D’us dá como resultado uma unidade total: um novo ser humano.
O Berit Miláh, o pacto que junta sempre os lados nas três dimensões – Alma-corpo, D’us - Israel e, finalmente homem-mulher – é o pacto de sangue indissolúvel que seguirá sendo o sinal exclusivo do nosso povo como sempre e para sempre.