sexta-feira, março 16, 2012

Perasháh Hashavua

BS”D

Queridos Leitores

Shalom Uberacháh

Devido ao cumulo de correios eletrônicos vindos de Brasil e outras partes do mundo, decidimos colocar todas as semanas o comentário semanal da Toráh, conhecido como Perasháh Hashavua. Esta Pagina, pensamentosdorabino.blogspot.com, esta sendo utilizada por um site inglês e outro em hebraico que automaticamente eles traduzem para esses idiomas mais espanhol.

Porem prontamente este blog será um website, onde colocaremos judaísmo on line.

Sem duvida o apoio de muitos de vocês permitiram que possamos melhorar dia a dia.

Um forte abraço, e um Shabat Shalom Umeborach

 

parasha

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Perasháh Vaiakhel – Pekudê

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O brilho do verdadeiro ouro

Dentre os vários móveis que compunham a fina arquitetura do Templo, o mais intrigante era, sem dúvida, a Arca da Aliança (Aron Habrit). Feito de madeira de acácia, este pequeno armário (cujas medidas eram aproximadamente 1,20m X 1,20m X 1,20m) com seus dois querubins de ouro em sua tampa foi o objeto mais sagrado de nossa tradição. Venerado por sua santidade, foi o centro de nossa atenção até quase a destruição do Primeiro Templo, quando foi escondido pelo rei Josias. O que o tornava tão especial? Era nesta arca que estavam as mais valiosas relíquias judaicas: os cacos das primeiras Tábuas da Lei quebradas por Moisés quando do episódio do bezerro de ouro, as segundas Tábuas, um jarro contendo Man – o milagroso alimento do deserto –, um frasco com o azeite da unção, um rolo da Torá e o cajado de Aarão, através do qual foi comprovada a liderança de Moisés. Com poderes mágicos, a Arca viajava à frente do acampamento, afastando serpentes e escorpiões e protegendo o povo. Era também o símbolo da esperança na vitória em momentos de guerra. Temida, poderia causar a morte de qualquer pessoa que a tocasse sem permissão. Uma vez no Templo, sua morada era um recinto especial chamado Santo Santíssimo (Kodesh Hakodashim), onde somente o Sumo Sacerdote podia entrar e, mesmo assim, apenas no sagrado dia do Iom Kipur. Tal era a reverência que este, ao entrar, tinha uma corda amarrada ao seu corpo; deste modo, caso não fosse hábil o suficiente para conquistar o perdão divino e viesse a falecer em função disso, poderia ser puxado para fora, evitando, assim, mais mortes.

De fato, a Arca instiga nossa imaginação. Como era manipulada? De que forma era utilizada? De certo modo, ficamos um tanto decepcionados com a resposta: uma vez nelas inseridos tais objetos, não mais voltaria a ser aberta. Reclusa, a Arca permaneceria fechada através dos séculos. O importante era sua presença, não sua manipulação. Por isso, voltamo-nos à leitura da Torá desta semana: “E fez Betsalel a Arca, de madeira de acácia (...) e cobriu-a de ouro puro por dentro e por fora” (Êxodo 37:1-2). Todos temos móveis em nossas casas e não precisamos ser carpinteiros para notar que as ricas decorações são deixadas para o lado externo. Internamente, basta um revestimento que viabilize sua finalidade. Afinal, o móvel é para ser usado por dentro, mas contemplado por fora! Por que então o artesão do Templo desperdiçou o caríssimo material revestindo as paredes internas da Arca com ouro?

Certa vez, a esposa de um famoso rabino chassídico sonhou que estava morrendo. De repente, teve a sensação de que fora levada até o céu e estava diante do Trono Celestial.

- Quem é você? disse-lhe uma Voz.

- Sou a mulher do Rebe, respondeu ela.

- Não lhe perguntei com quem era casada e sim quem é você.

- Sou mãe de quatro filhos.

- Não lhe perguntei de quem você é mãe e sim que você é.

- Sou professora.

- Não lhe perguntei qual é sua profissão e sim quem você é.

                E assim por diante. Não importa o que respondesse, parecia não dar uma resposta satisfatória à pergunta.

- Quem é você?

- Sou judia.

- Não perguntei qual é a sua religião e sim quem você é.

- Sou aquela que ia à sinagoga todo Shabat e sempre ajudava os pobres e necessitados.

- Não lhe perguntei o que fazia e sim quem é você.

            Evidentemente foi reprovada no exame, pois foi mandada de volta à terra. Quando acordou, resolveu descobrir quem era. E isso mudou tudo.

Vivemos em um mundo de estereótipos. Compramos roupas de griffe, exercitamo-nos freneticamente em academias e gastamos dinheiros com luxuosos bens pois somos incentivando a exibir nossas posses. Assim como um móvel, deixamos nossa decoração do lado externo para que outros a contemplem. Nossa geração determina que ter seja sinônimo de ser. Porém, com essa conduta, deixamos de valorizar o mais importante. “E cobriu-a de ouro puro por dentro e por fora”. De nada serviria a Arca se fosse apenas um objeto a ser observado como mercadoria numa vitrine (como muitos de nós passamos nossa existência). Era ela, antes de mais nada, um despertador da consciência humana; uma alerta, avisando: “não é pelo ouro que vocês têm por fora que serão valorizados, mas pelo ouro que são por dentro! Todos sabemos o que temos, de quem somos parente, qual nossa profissão e o que fazemos. A pergunta de nossa Perasháh é: sabemos o que somos? Foi esse o temor de Rabi Zussia, quem, algum tempo antes de seu falecimento, disse: “”se me perguntarem porque não fui Moisés – saberei o que responder. Mas se me perguntarem porque não fui Zussia – não terei resposta”.

Busquemos o brilho do verdadeiro ouro dentro de cada um de nós!

Shabat Shalom.