quarta-feira, outubro 20, 2010

O Calculo da Vida

O Calculo da Vida



As vezes olho para o relógio com tristeza. Apesar de cumprir sua função fundamental, recorda-me que já se passou mais uma hora de minha vida. Por mais que faca, por mais que tente, aquele momento nunca mais voltara. E, as vezes, surpreendo-me fazendo cálculos.

Imaginem alguém que, Baruch Hashem (graças a D’us), tem a felicidade de viver 80 anos (embora sempre desejemos "ate 120"): 80 X 365 = 29200 dias de vida. Este numero, multiplicado por 24, informa-nos que essa pessoa viveu 700.800 horas. Bastante, não? Mas, como todo ser humano precisa descansar, calculemos 8 horas diárias de sono: 8 X 29.200 = 233.600. Agora, vamos calcular quanto, de fato, esta pessoa viveu: 700.800 – 233.600 = 467.200 horas na quais ela esteve desperta e ativa.

Façamos, dessa vez, todo o processo ao revés. Quantos dias ela pode aproveitar? Agrupemos as horas nos dias: 467.200 horas dividas em grupos de 24 (a duração total de um dia, pois, para o relógio, não faz a mínima diferença se você esta acordado ou não) = aproximadamente 19.466 dias. Quantos anos? 19.466/365 = 53 (numero arredondado). Supondo que você, leitor deste artigo, tenha 25 anos, como eu. Restam-nos, por esses cálculos, 28 anos de vida ativa, 10.220 dias e (multiplicando-se por 16, que são as horas que realmente vivemos) 163.520 horas. Isso, claro, se tivermos a graça de chegar a tão bela idade. Olhe para seu relógio. Os ponteiros continuam se movendo e, a cada volta, mais um instante e subtraído deste total acima. A cada guinada, uma parte de nos vai ficando no passado, para nunca mais voltar.

Estamos na reta final para a mais solenes datas de nosso calendário: as Grandes Festas. Milhões de judeus, ao redor do globo, encontram, neste período, um refugio espiritual para escapar das pressões de nosso cotidiano. Procuramos recarregar nossas baterias, na esperança de podermos enfrentar o que esta por vir com mais forca e determinação. E o momento de fazermos nosso "cheshbon hanefesh" – literalmente, a conta de nossa vida – e calcularmos o que de fato fizemos de construtivo nesta nossa existência física, para, depois, reavaliarmos nossos objetivos. Mas, devemos esperar ate lá para fazer isso? Olhe novamente para seu relógio e responda você mesmo. Os ponteiros continuam se movendo. O Shabat e as festas (chaguim) são templos no tempo, monumentos em nossas agendas. Enquanto existir o mundo, elas surgirão e desaparecerão, para novamente surgir no ano seguinte, num ciclo inquebrantável.

Mas nos, seres humanos, somos "comparados a vasilha de barro que se quebra, a erva que seca, a flor que murcha, a sombra que passa, a nuvem que se dissipa, ao vento que sopra, ao pó que vai pelo ar" – a mensagem mais forte – "ao sonho que desvanece" (liturgia das Grandes Festas). Somos imortais em espirito, mas limitados pelo relógio, que determina o quanto deveremos permanecer aqui na Terra. Nossa luta pela imortalidade deve residir nos corações daqueles a quem fazemos o bem e, para isso, devemos refletir sobre o que temos feito com nossas horas, minutos e segundos. O mês de Cheshvan, o qual não tem nenhuma comemoração,  e o momento ideal para esta reflexão, para que possamos chegar ao mês de Kislev, o mes das luzes, sabendo exatamente quem somos, como vivemos e o que queremos. Faca isso; não perca tempo. Porque só se admira a Luz, quando estamos na escuridão.

Anote em um pedaço de papel todos os momentos felizes de sua vida: o beijos de seus pais, a alegria de seu casamento, a emoção ao segurar seu filho pela primeira vez, etc. Some, multiplique, divida. Faca o balanço geral do quanto você aproveitou seu próprio eu. Não tenha medo de corrigir o que for necessário, pois Chanucáh, a festa das Luzes, são apenas um lembrete de que os ponteiros continuam se movendo...