terça-feira, maio 10, 2011

Que é um Judeu?

Leon Tolstoy e o judeu

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Leon Tolstoy - Lev Nikolaevitch Tolstoy (9 de setembro de 1828 - 20 de novembro de 1910) descendente de uma família cristã da nobreza russa e um dos maiores escritores e romancistas do mundo, autor de obras como "Guerra e Paz"e "Anna Karenina". Foi um novelista, pacifista e pensador moral, notável por suas idéias de resistência a não violência. Sendo um dos maiores escritores russos, foi muito influente na literatura e política de seu país, ele escreveu a respeito do judeu o seguinte:

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Que é um judeu? Esta pergunta não é, de forma alguma, tão estranha quanto parece. Vejamos que tipo de criatura peculiar é o judeu, molestado e violentado, oprimido e perseguido, esmagado e assassinado, queimado e enforcado, coletiva e individualmente por tantos governantes e povos - e que, apesar de tudo isso, continua vivo. O que é um judeu, aquele que nunca se deixou levar por todos os bens terrenos, que lhe eram oferecidos, constantemente, por seus opressores e perseguidores para que trocasse sua fé e abandonasse sua própria religião judaica?

O judeu é este ser sagrado que trouxe dos Céus a chama perpétua e com esta iluminou o mundo inteiro. Ele é a vertente religiosa, nascente e fonte de onde todos os outros povos tiraram suas crenças e suas religiões.

O judeu é o pioneiro da liberdade. Mesmo outrora, quando o povo se encontrava dividido em apenas duas classes distintas, escravos e senhores, mesmo naquela época longínqua, a Lei de Moisés proibia a prática de se manter uma pessoa em cativeiro por mais de seis anos.

O judeu é o pioneiro da civilização. A ignorância foi condenada na Palestina da antigüidade ainda mais do que o é em nossos dias na Europa civilizada. E ainda, naqueles dias de selvageria e barbárie, em que nem a vida nem a morte de ninguém valia algo, Rabi Akiva não se absteve de se declarar abertamente contrário à pena capital.

O judeu é o emblema da tolerância civil e religiosa. "Ama o estrangeiro e o forasteiro", ordenou-nos Moisés, "porque estrangeiro foste na terra do Egito". E isto foi proclamado naquela época remota e selvagem em que a principal ambição das raças e dos povos consistia em se esmagarem e escravizarem uns aos outros. No que tange à tolerância religiosa, a fé judaica não apenas está muito distante do espírito missionário de converter pessoas de outras denominações. Muito pelo contrário, o Talmud ordena que os rabinos informem e expliquem a todo aquele que, por vontade própria, venha a aceitar a religião judaica, todas as dificuldades contidas nessa aceitação, e que façam ver ao prosélito que os justos entre os povos têm o seu quinhão na imortalidade. De uma tamanha tolerância religiosa, tão elevada e ideal, nem mesmo os moralistas de hoje podem se vangloriar.

O judeu simboliza a eternidade. Aquele a quem não conseguiram destruir nem as torturas nem as matanças de milênios; aquele que nem o fogo, nem a espada da inquisição puderam varrer da face da Terra; aquele que foi o primeiro a transmitir a palavra de D’us; aquele que foi, durante tanto tempo, o guardião da Profecia fazendo-a chegar ao resto do mundo, não poderá ser destruído de nenhuma maneira, porque é eterno como a própria eternidade.

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Fontes de obtenção do texto:

A Sonata de Kreuzer (1891) e O Reino de Deus Está Dentro de Você (1893.