domingo, fevereiro 10, 2013

A história do mês de Adar

Rabino Itzhak Elchanan Spector – o Rabino de Kovna – que faleceu no dia 21 de Adar de 5656 (1896)

adar

Um homem rico, de uma das famílias importantes de Kovna, perdeu todos os seus bens e ficou na extrema pobreza. Por não querer que todos soubessem de sua triste situação, não revelou nada a ninguém; mas um ativista comunitário soube do sucedido e foi contar ao rabino da cidade, Rabi Itzhak Elchanan Spector. Os dois resolveram ir pedir uma contribuição aos homens ricos da cidade, para ajudar a um pobre de família importante,sem revelar,porém,sobre quem se tratava.

Tendo assim resolvido, saíram os dois e visitaram os ricos da cidade, e receberam várias contribuições.

Um dos ricos que foram visitar recebeu-os muito bem, e perguntou:

- É lógico que, se o honrado rabino dá-se ao trabalho de vir pedir-me um donativo, eu terei muito gosto em contribuir com 25 moedas de ouro; estou, porém, muito curioso em saber quem é este homem pobre de família importante para quem o sr. rabino vem em pessoa pedir uma ajuda.

O ativista comunitário que acompanhava o rabino Spector disse-lhe que, em sua opinião, era conveniente revelar o nome do pobre, a fim de receber um donativo tão grande. O rabino, contudo, recusou-se; e com isso aumentou mais ainda a curiosidade do dono da casa, que disse:

- Rabino, eu conheço todos os negociantes desta cidade; há alguns que se fingem de pobres para não terem de pagar suas dívidas; assim, se eu puder saber quem é esse homem que realmente empobreceu, poderei ter certeza de que ele diz a verdade. Por isso, para conhecer sua identidade, estou disposto a dobrar minha contribuição, dando-lhe 50 moedas de ouro …

Rabi Itzhak Elchanan não mudou de opinião, mesmo contra a vontade do ativista comunitário, e não se dispôs a revelar o nome do necessitado. A curiosidade do rico ficou mais espicaçada ainda, e disse ao Rabi:

- Rabi, eu estou pronto a dar 100 moedas de ouro, contanto que o senhor me revele para quem estou dando esta tsedaká; caso contrário, não darei nenhum tostão!

Mas o Rabi Itzhak Elchanan manteve-se firme em sua recusa.

O dono da casa, então, pediu licença ao ativista que acompanhava o rabino e convidou este a entrar em seu escritório, para explicar-lhe particularmente porque estava tão interessado em saber a identidade do pobre. Lá ele contou ao rabino que sua situação econômica ia de mal a pior, seus negócios estavam falindo, e que por várias vezes pensara em ir procurar o rabino e pedir-lhe um conselho sobre como melhorar sua situação. Mas seu receio era que o rabino, para ajudá-lo, revelaria sua verdadeira situação aos outros, e aí ele seria considerado falido. Até agora, não era de domínio público que ele se encontrava em dificuldades, mas se os outros soubessem, viriam todos cobrar-lhe as dívidas, que ele não poderia pagar, restando-lhe então apenas fugir da cidade envergonhado. “Porém agora”, disse, “que eu sei que o Sr. Rabino é discreto e não revela de jeito nenhum a identidade do necessitado, eu também lhe peço que procure uma maneira de ajudar-me sem que ninguém saiba …”