segunda-feira, outubro 06, 2014

SUCOT: O CONCEITO DO PERDÃO

SUCOT

A FESTA DAS CABANAS

O CONCEITO DO PERDÃO

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De todas as festas do calendário hebraico, há três que têm uma relação entre si. Estas festas são conhecidas como shalosh regalím (as três festas de peregrinação – Pêssach, Shavuot, Sucot). Nestas três festas cumpria-se com a obrigação de peregrinar à cidade de Yerushaláyim (Jerusalém) nas épocas nas quais a Casa Santa (Bet Hamikdash) estava em pé.

Estas festas não só estão relacionadas com sucessos históricos determinados, como também têm a ver com o trabalho da terra. Na festa de Pêssach – que sempre cai na época da Primavera – recordamos a saída da terra do Egito. Na festa de Shavuot – época na qual se colhe o produto do campo – recordamos a entrega da Toráh no Monte Sinai. E, na festa de Sucot, recordamos que D’us fez-nos cabanas no deserto, quando saímos do Egito e protegeu-nos mediante ananê hakavod (as nuvens de honra). Por outro lado, nossa festa tem relação com a finalização da colheita de toda a produção do campo, ou seja, o momento em que se a armazenava.

Nestes dias devemos pensar em toda a benevolência que teve e tem nosso Criador (Borê Olám) para conosco. Quando saímos do Egito, apiedou-Se de nós e protegeu-nos durante quase quarenta anos ao prover-nos cabanas (sucot), que nos protegiam do Sol durante o dia e do frio durante a noite. Entretanto, sua proteção não se limitava ao natural, mas também tinha lugar no rol do sobrenatural através das nuvens de honra ou glória.

Por outro lado, desde o Sucot anterior até este, também temos desfrutado de sua bênção no campo econômico. Temos tido a parnassáh (sustento) necessária para que pudéssemos nos alimentar e obter nossas necessidades vitais. É por isso que devemos ter humildade e sair do lugar mais seguro que temos – nosso lar – para viver durante os dias da festa na Sucáh. Desta maneira expressamos a idéia de que toda a nossa segurança vem do Senhor e não de nosso poder e esforço, ou seja, aprendemos a ser mais sensíveis à nossa concepção humana e liberarmo-nos da vaidade que nos torna cegos.

Quando saímos de um lugar tão protegido de ventos, frio, calor e chuvas e entramos na Sucáh, experimentamos uma sensação de insegurança, sentimo-nos indefesos e desprotegidos, e é nesse preciso momento que devemos recordar de D’us, verdadeira fonte de tranqüilidade e proteção em todos os aspectos de nossa vida.

Por outro lado, pode-se encontrar uma mensagem na mitsváh da Sucáh, observando sua localização no calendário. Faz poucos dias, em Yom Hakipurím (O Dia do Perdão), temos sido julgados e D’us perdoou nossas atitudes erradas porque viu nosso sincero arrependimento. Quando nós deixamos nossas casas e vamos à sucáh para viver durante alguns dias a intempérie, estamos mostrando, de alguma forma, que até este momento “protegemo-nos da segurança de nossas casas” porque estávamos cheios de errores e o temor invadia-nos por medo das suas conseqüências. Porém, agora que já fomos perdoados, saímos de nossas casas sem medo algum.

Esta idéia está situada na Toráh. No livro Bereshit (Gênesis), capítulo 23 e subseqüentes, conta-nos a Toráh acerca do regresso de nosso Patriarca Iahacov à terra de Israel. Iahacov reencontrou-se com seu irmão Essav depois de residir vários anos com seu tio Laban. Ele havia escapado da casa de seus pais e de sua terra, pois seu irmão Essav queria matá-lo por haver tomado suas bênçãos. Depois do reencontro, Essav pediu-lhe que fossem juntos, e Iahacov explicou-lhe que seria impossível, pois tinha meninos pequenos e gado que devia cuidar, pedindo-lhe que se adiantasse. Logo, diz a Toráh, “Voltou-se, naquele dia, Essav a seu caminho, a Seir. Mas Iahacov trasladou-se a Sucot...” (Bereshit – Gênesis, Cap. 33, 16-17)

Este episódio pode-se interpretar da seguinte maneira: Essav simboliza o Yêtser Hará (mau instinto) e nosso Patriarca Iahacov simboliza todo o Povo de Israel. Seir é o nome do lugar aonde foi Essav, e tem um significado etimológico: cabra, e alude à cabra que se enviava em Yom Kipur ao lugar chamado Azazel, no deserto. Mediante este ritual, D’us perdoava as transgressões dos filhos de Israel, como explica a Toráh no livro Vaykrá (Levítico), capítulo 18.

Depois que o instinto negativo (Essav) vê que a cabra foi enviada ao deserto, não denuncia os erros dos filhos de Israel. Ele os abandona e regressa a seu lugar, no deserto. E, quando o Povo de Israel (Iahacov) vê que o instinto negativo (Essav) abandonou-os, saem à sucáh demonstrando assim que já não temem por causa dos erros cometidos. Estão dispostos a viver sem temor e com alegria.