quarta-feira, outubro 06, 2010

A Ciencia da Matemática no Casamento

A Ciencia da Matemática no Casamento

A relação do Matrimonio com nosso casamento espiritual

Casamento: são dois indivíduos reduzidos a um, dois indivíduos distintos e unidos, ou três totalizando um?
Um sábio da Galiléia expôs diante de Rabi Chisda: "Abençoado seja o Misericordioso, que doou um Toráh tríplice (1) a um povo tríplice (2) através de um terceiro filho(3) no terceiro dia (4) do terceiro mês (5)". (Talmud, Shabat 88a)

A Toráh nós ensina que por mais que pareça estranho, é possível classificar o casamento em três categorias: o casamento individual, o casamento a dois e o casamento tridimensional.

No casamento do tipo individual, uma pessoa é totalmente anulada pela outra, à medida em que ele ou ela cedem sua vontade e identidade, a fim de servir à vontade e à identidade do outro. O dois torna-se um, porém esta não é bem uma união e sim uma fusão: um renunciou a si mesmo para aderir ao outro, enquanto que o ego do outro engole a mente, o coração e a essência de seu "parceiro".

No casamento do tipo a dois, cada parceiro preserva sua distinção como um indivíduo. Eles dividem pensamentos, sentimentos e recursos, e exercem profunda influência um sobre o outro; mas cada um atua em seus próprios termos, assimilando o laço matrimonial como parte de sua própria individualidade e experiência. Então, o que temos aqui não é uma união, mas unicamente um relacionamento entre indivíduos.

Finalmente, há o casamento em seu sentido real e fundamental — o casamento-união, tridimensional.

Aqui, a identidade não é anulada pela eliminação do mais fraco ou do parceiro "receptor", nem tampouco cada um se relaciona com o outro por detrás de paredes delimitadoras do eu. Suas duas existências individuais se juntam para criar uma terceira realidade, a realidade que funde e abraça os dois, enquanto preserva suas diferenças como um ingrediente puro da harmonia. Um verdadeiro casamento não abriga um ser individual, anulado, nem dois seres distintos, e sim uma trindade que é a essência da unidade: a própria individualidade de cada um dos cônjuges e o casamento em si, o terceiro elemento, cuja composição será traduzida pela união de dois seres em um todo harmonioso.

Esmagadoramente um...

Nossos profetas e sábios referem-se ao dia em que no Sinai recebemos a Toráh, como o dia de nosso casamento com O Todo-Poderoso. A Toráh, que articula a sabedoria e a vontade de D’us em termos humanamente compreensíveis, é o "terceiro" elemento de nossa relação com D’us, o elemento que transforma nosso relacionamento em um casamento.

Como seres humanos, nós habitamos uma realidade corpórea e finita, que por natureza e definição, impede qualquer contato com qualquer coisa realmente infinita, transcendente e absoluta. No entanto, O Criador estabeleceu canais de consciência e experiência que rompem os limites de nossa existência e nos permitem o relacionamento com Sua verdade transcendental.

Essas passagens à uma realidade maior assumem várias formas, porém podem ser divididas em três categorias gerais, similares aos três tipos de relacionamento descritos acima.

No primeiro nível "unilateral" de relacionamento, há ocasiões em que o Todo-Poderoso escolhe desencadear uma revelação supra-natural, supra-racional, de sua realidade. Por exemplo: testemunhamos um milagre que abala os fundamentos pelos quais entendemos a nós mesmos e ao nosso mundo — uma experiência que não podemos assimilar de nenhuma maneira humanamente sensível, exceto superando nossas limitações com reverência e humildade. Outro exemplo é quando uma pessoa, confrontada com um desafio às suas mais profundas convicções, escolherá sacrificar sua existência em benefício de uma verdade maior.

Em ambos os casos, a parede que confina nossas limitadas existências foi fendida, apesar do resultado não ser a união do mundo humano com o mundo celeste, e sim, a negação e anulação do humano, a exposição de sua insubstancialidade diante do Divino.

Naturalmente dois...

Por outro lado, há pontos de contacto entre o nosso mundo e a Divina realidade que são naturalmente e humanamente viáveis.

Cada nascer do sol, cada pulsar do coração humano e cada esvoaçar das asas de um inseto, é a ação de D’us sobre a nossa realidade. Enquanto que estes atos Divinos não são menos miraculosos do que a divisão do Mar Vermelho, a natureza é a maneira de D’us afetar nosso mundo através de um véu de controle, da rotina que nos possibilita absorver Sua interferência em nossas vidas, via nossos sentidos fisicamente finitos e nossas mentes limitadamente físicas. Um exemplo dos esforços do homem em elevar-se é o seu esforço em obter a compreensão do que está por trás e acima dos meros fatos de sua existência.

Tudo isso forma um tipo de relação a dois, entre céu e terra, nos conectando com uma verdade maior "em nossos próprios termos", sem anular as normas da existência e experiência humanas. Apesar disto tudo, no entanto, não se pode dizer que existe uma união real entre o terrestre e o Divino, mas, tão somente uma conecção entre os dois como distintos e irreconciliáveis setores.

... e matrimonialmente três.

Então, D’us desceu no Monte Sinai e tomou Israel como sua noiva. Ele nos deu a Sua Toráh, introduzindo uma dimensão matrimonial em nosso relacionamento. A Toráh nos une com a Sua verdade transcendental, e, ao mesmo tempo, abraça e envolve a nossa finita e terrestre existência como um componente integral desta união.

A Toráh é a sabedoria e vontade de D’us. Mas, D’us não comunica Sua sabedoria e vontade em um detalhado manifesto e uma codificada lista de instruções. Muito pelo contrário; Ele nos deu uma "Toráh Escrita" relativamente curta (os cinco livros de Moisés) junto com a "Toráh Oral", um conjunto de indicações pelas quais a Toráh Escrita será interpretada, decodificada, extrapolada e aplicada às miríades de possibilidades conjuradas pela experiência humana. Assim, A Toráh escrita encerra dentro de si o imenso oceano de ensinamento, legal, homilético, filosófico e místico, que conhecemos como a Toráh (por exemplo: o Talmud e seus comentários, o código das leis judaicas, os ensinamentos da Cabaláh, etc.); mas, são a mente e a vida humanas que D’us designa como as ferramentas com as quais serão desvendadas as várias nuances de sentidos e instruções.

A Toráh é desse modo o local onde o humano e o Divino se fundem em um. Onde a semente da sabedoria Divina germina na mente humana, ganhando profundidade, amplitude e definição, despertando o coração humano e tornando-se tangível à materialidade da vida humana. Neste casamento nossa humanidade não é apagada pela extensão infinita do Divino, também não permanece distinta dela. Neste casamento nossa finitude e subjetividade humanas tornam-se um instrumento da verdade Divina, unindo-se a ela, a fim de criar a expressão definitiva da Divina imanência em nosso mundo: A Toráh!.