quarta-feira, outubro 06, 2010

Livre arbítrio, o Coração da Humanidade

Livre arbítrio, o Coração da Humanidade

Conta-se uma história sobre um Contador que, durante 50 anos, entrava em seu escritório, sentava-se à mesa, pegava a chave que estava presa em seu relógio de bolso e abria a gaveta superior do lado direito. Lia então um pedaço de papel, devolvia-o para a gaveta e a trancava. Como podemos imaginar, a primeira coisa que seus colegas de trabalho fizeram depois que descobriram que ele havia falecido foi arrombar a fechadura e olhar o papel. Lá havia duas colunas: "Débitos" à esquerda, "Créditos" à direita.

Creio que o artigo desta edição é, provavelmente, aquele que devem ser colocadas na gaveta de cima e lidas todos os dias.

Livre Arbítrio é o importante fator que nos faz humanos!

Livre Arbítrio significa que temos a capacidade de fazer escolhas morais para aceitarmos as 'dores' de fazer a coisa certa - crescer, fazer deste um mundo melhor - ao invés de procurar apenas o conforto. Somos facilmente confundíveis a menos que tenhamos definições claras e metas objetivas. Uma vez que sabemos que o Livre Arbítrio refere-se a escolhas morais e não a escolher qual a cor das meias que usaremos hoje, então temos um começo.

Para fortalecermos o uso de nosso Livre Arbítrio, é importante focarmos em 5 pontos:

1) Estar atentos. Tomamos decisões o tempo todo. Uma vez que tomemos consciência do fato de que estamos constantemente fazendo escolhas, então podemos começar a monitorá-las. Neste ponto, estaremos usando nosso Livre Arbítrio ativamente, não passivamente. Temos de ter a consciência que estamos constantemente tomando decisões. Não deixemos que nossas decisões apenas 'aconteçam'. Tomemos o controle ! Podemos nos perguntar: "Esta é a decisão que quero tomar ?" Se não for, então a mude.

2) Seja você mesmo. Não aceitemos as idéias assumidas pela sociedade como sendo as nossas a menos que tenhamos pensado e analisado o assunto e concordado com elas. Responsabilizemo-nos por nossas decisões. É espantoso que durante a Guerra Civil americana, todas as pessoas ao norte da linha de guerra fossem contra a escravidão e todos os que estavam ao sul eram a seu favor. O que aconteceu ? Será que todas as pessoas ruins migraram para o sul, como se lá houvesse um imã ? Todos somos produtos de nossa sociedade. Da mesma maneira, não sejamos escravos de uma decisão anterior. Só porque uma vez achamos que não conseguiríamos fazer determinada coisa, isto não significa que a decisão ainda se aplica. Comecemos cada dia novamente.

Constantemente reavaliando em que estágio estamos na vida, de forma a estarmos seguros de que aquilo que escolhemos daquela vez é o que ainda escolheríamos hoje. Certifiquemo-nos que somos nós quem dirigimos nossas decisões, não que nossas decisões nos dirijam.

3) Entender que a batalha é entre os desejos do corpo e as aspirações da alma. Existem vezes que sabemos objetivamente que algo é bom para nós, mas nossos desejos físicos 'entram no meio' e distorcem nossa avaliação. O desejo definitivo do corpo é levar as coisas 'numa boa': escapar dos problemas e existir em meio a um conforto perpétuo, ao invés de fazer o esforço de encarar a vida de frente. O desejo maior da alma é viver plena e vibrantemente, com cada fibra de nossos seres fazendo algo que tenha significado, que seja correto, que seja produtivo.

4) Identifique-se com sua alma. Nossa alma é realmente o que somos !. Portanto, se consigo me identificar com os desejos da alma, isto satisfará as necessidades do verdadeiro 'eu'. Nossa tarefa é treinar nosso corpo e persuadi-lo a refletir sobre a realidade da alma. Usemos a mesma estratégia que o corpo usa conosco! O corpo diz: "Só mais um pedacinho de bolo". Respondamos: "Com certeza! Daqui a 10 minutinhos !" e então adiemos por mais outros 10 minutos. Não falemos: "Estou com fome". Digamos: "Nosso corpo está com fome". Identifiquemo-nos com nossas almas e façamos de nossos corpos um reflexo de nossas almas. Se fizermos isto, teremos uma verdadeira e real paz interior.

5) Perguntar: “O que D’us quer ?”. Usemos nosso poder de escolha para nos fundirmos com a mais significante e poderosa força do universo: o transcendental.

A forma definitiva de vida é a eternidade, ou seja, vida sem qualquer indício de morte. Portanto, unindo-nos e vinculando-nos a D'us estaremos nos unindo e vinculando a mais elevada e pura forma de vida: a eternidade. Este é o uso verdadeiro, real e definitivo de nosso Livre Arbítrio. Isto é o que D'us quis dizer quando escreveu em Sua Toráh: "Escolha a Vida !". Façamos da nossa vontade a vontade Dele. Se o fizermos, seremos um pouco menos do que o próprio D'us: Sócios em transformar este mundo num mundo melhor !

A Toráh é o manual de instruções para vivermos. No seu quinto livro, Devarim – Deuteronômio- (29:15-20), está escrito: "Vejam: Eu coloquei ante vocês a vida e a morte, o bem e o mal, a bênção e a pobreza. Escolham a vida para que possam viver". Por que está escrito "escolham a vida" e não "escolham o bem" ? A resposta é que todo ser humano penso que está fazendo a coisa certa -- especialmente as pessoas ruins ! Elas simplesmente racionalizam seus maus atos como "bons atos" (Isto é o motivo pelo qual inventaram a 'Limpeza Étnica')

A Toráh nos diz que o problema não é que escolhemos o mal. O problema é que escolhemos a morte. A verdadeira arena do Livre Arbítrio humano é a disputa entre a vida e a morte. Este é o motivo pelo qual D'us não disse: "Escolha o bem". Ao invés disto Ele nos disse: "Escolha a vida".

Agora, o que toráh quer dizer ao nos transmitir que o Livre Arbítrio é a escolha entre a vida e a morte ? Quem entre nós está escolhendo a morte ? Para entender o que a toráh quer dizer com "escolhendo a morte", analisemos o suicídio. Por que uma pessoa escolhe o suicídio ? Ela quer evitar o sofrimento. Freqüentemente não apenas um sofrimento físico, mas também a angústia e o esforço de enfrentar os problemas e os desafios. Morte, ou fuga das responsabilidades, é uma escolha que está à disposição de todos nós, a cada segundo do dia. O suicídio é apenas a forma mais extrema e derradeira de fuga. Na vida há muitos outros caminhos que podemos escolher para fugir. Drogas, por exemplo, são outras formas de fuga, umas mortes lentas não tão traumático quanto o suicídio. Matar o tempo é uma fuga ! E uma forma de suicídio, também. Se ligarmos a TV apenas porque estamos entediados, isto não é um suicídio ? Poderíamos usar este tempo para viver e crescer, porém desistimos porque é muito difícil ...

Nós todos, ocasionalmente, escolhemos escapar do esforço envolvido em atingir as metas e ambições que temos para nós mesmos na vida. Todos queremos ser formidáveis, todos queremos mudar o mundo. Só que nem sempre temos vontade de realmente nos empenhar. Aí, então, nos distraímos e escapamos de nós mesmos e do que deveríamos realizar com êxito.

Cada momento que estamos vivos, estamos usando nosso Livre Arbítrio para escolher entre a vida e a morte, realidade ou fuga. É uma escolha constante. Estamos ou escolhendo enfrentar a dor para crescermos ou estamos desistindo. O modo como resolvemos este conflito é onde reside nossa grandeza. Nossa grandeza é encontrada ao usarmos nosso Livre Arbítrio para viver, lutar e realizar - ao invés de fugir. Escolher a vida é escolher abraçar a vida e melhorar a nós mesmos e ao mundo!