domingo, setembro 30, 2012

Sucot – Tempo de alegria

Sucot – Tempo de alegria

Sucot

Qual é o significado da palavra "alegria"? Acaso somos capazes de defini-la?

Podemos tentar: alegria é estar com nossos filhos ou quem sabe ter o mérito de nossos pais ainda estarem conosco? Estes são nobres sentimentos que fazem com que esta singular palavra tenha um valor inestimável. Mas, ao mesmo tempo, alegria pode ser assistir uma comédia na televisão ou, até mesmo, alegria por simplesmente estar alegre!
Quantos de nós não nos surpreendemos quando, do nada, começamos a cantar, assobiar ou apenas ensaiar um vago sorriso em nossas bocas? Portanto, voltamos à questão inicial: o que é alegria? Temos inúmeras formas de sua expressão, mas continuamos a desconhecer sua real definição.

Quando falamos sobre sentimentos, é praticamente impossível defini-los. Cada pessoa sente, vivencia e externa o íntimo de seu ser diferentemente. O que para um é alegria, para o outro pode ser qualquer outro sentimento, até negativo. Não há como estipular hora, modo ou local para que ela surja. Ela aparece como que num sonho e domina-nos, para novamente, num passe de mágica, desaparecer.

No sábado, como em todos os Shabatot que coincidem com Festas, deixaremos a leitura cíclica da Toráh e ouviremos trechos referentes à ocasião especial. Como trata-se do primeiro dia de Sucot, recuaremos um pouco na História bíblica, a fim de lermos passagens dos capítulos 22 e 23 do Levítico, na Parasháh Emor. Leis sobre sacrifícios, ofertas, Pêssach, a contagem do Ômer, a festa de Shavuot, Rosh Hashanáh e Yom Kipur, tudo muito bem explicado, até que, no final desta longa lista de rituais e  comemorações, nossa Toráh conta-nos sobre Sucot. Seis preceitos são ditados ao povo.

Até aqui, não há nenhuma novidade. Sabemos que o texto bíblico não mede espaço para determinar rígidas regras para a celebração de festividades. No entanto, Sucot salta do texto com um toque todo especial. Ouçam:

"E tomarei para vos, no primeiro dia, o fruto da arvore formosa" – no caso, o Etrog –"palmas de palmeira e ramos de mirto e de salgueiro de ribeiras e" – curiosamente – "vos alegrareis diante do Eterno, vosso D’us, por sete dias." Levítico 23, versículo 40.
Sucot, chamado no Talmud simplesmente por Hechag - A Festa -  e também conhecido como Zeman Simchatênu – a época de nossa alegria. Alegrar-se, em Sucot, não e apenas um sentimento espontâneo; e uma Mitsváh, uma obrigação da Tora. Como pode a Tora, em sua infinita sabedoria, ordenar-nos algo que vem de dentro de nosso ser? E mais: qual a relação desse sentimento humano com quatro espécies vegetais inanimadas?
A chave do mistério esta na simbologia de cada uma delas. O Etrog, sidra, e uma bela fruta, dotada de sabor e fragrância exuberantes. O sabor retrata o conhecimento adquirido ao longo da vida. Tudo que aprendemos tem, para nos, um gostinho especial, que carregamos para sempre conosco no decorrer de nossa existência, assim como o sabor de uma fruta. O aroma, por outro lado, simboliza as boas atitudes que a pessoa exerce no seu relacionamento com Deus e, principalmente, com seu semelhante. O Etrog e, pois, o ser integro. O Lulav, palmeira,  não tem aroma, mas tem sabor. E aquele que sabe muito, mas ouço faz. O hadás, mirto, por outro lado, tem aroma, mas nao sabor. São os inúmeros exemplos e pessoas leigas que, apesar de sua ignorância, insistem em praticar a solidariedade e amizade. Por último, a arava, o salgueiro, que não possui nem um, nem outro. O típico exemplo da pessoa que não se esforça em prol da sociedade. Durante o ano, fazemos questão de apontar os méritos e os defeitos de uma pessoa, usando tais medidas como escala para aproximarmo-nos ou afastarmo-nos delas. No entanto, em Sucot, Zeman Simchatênu, nossa motivação e mais forte e sua mensagem e enfática: somente cumprimos a Mitsváh de segurar o Lulav quando todas as quatro espécies estão juntas. Se faltar penas uma, nossa benção terá sido em vão. Essa e a definição de alegria em Sucot: somos ortodoxos, conservadores ou reformistas; somos observantes ou seculares; somos mais ativos ou menos comprometidos com as causas comunitárias. Não importa! Fomos, somos e sempre seremos participantes nesta imensa diversidade social. Mas é necessário que, apesar das diferenças, saibamos que fazemos parte de um único e milenar povo. Somente assim poderemos recitar a maior das bênçãos: a da paz e tolerância.

Existe alegria maior?

Chag Sameach!!!!!