terça-feira, fevereiro 26, 2013

PÊSSACH: MATSÁ – MAIS DO QUE UM SÍMBOLO

Matsáh

O significado de uma tradição que continua e nos continua

Matsáh

A matsáh é um símbolo de Chag HaPêssach (da Festa de Pêssach), mas além disso, as leis ligadas ao preparo da Matsáh vêm nos ensinar e simbolizar a essência do ser judeu no seu todo e como deve ser nosso comportamento em nossa vida particular e em nossa vida pública, conforme nos explica o rabino Aaron Levin.

Uma das leis curiosas na elaboração da Matsáh é que a água usada para tal deve pernoitar, para somente no amanhecer do dia seguinte ser usada na massa (Talmud Babilônico, Tratado Pêssachim, Folha 42). Da mesma forma, o ser judeu é orientado a não tomar atitudes sem que estas tenham passado antes por uma análise fria e sensata. Em muitas oportunidades poderíamos ter evitado atitudes que não foram bem sucedidas caso tivéssemos adiado a decisão por algum tempo (até o amanhecer).

Por outro lado, nem sempre adiar o problema ou trata-lo com tranqüilidade demasiada é a solução, pois isto poderá acarretar um relaxamento. Portanto, depois de tomada uma decisão, já antecedida pela devida cautela, não mais se justifica o adiamento de sua execução e deverá ser levada a cabo imediatamente para que seja bem sucedida. Esta particularidade também nos é ensinada palas leis da Matsáh. Só fazemos a massa com a água que pernoitou, porém no momento que se deu início à preparação da massa, não devemos em nenhum momento parar sua elaboração até que seja terminada (saia do forno), para que não venha a fermentar.

Nossos sábios aprenderam que da mesma forma que deve haver um cuidado especial para que a Matsáh não fermente e se torne chamêts – “Ein machmitsim et hamatsá”, assim também “Ein machmitsin et hamitsvá” As mitzvót de uma forma geral, não deverão sofrer atraso em sua execução, pois o atraso pode causar o adiantamento indeterminado da Mitsváh ao ponto de não mais ser executada.

Para que a pessoa esteja tranqüila e com segurança com respeito à resolução que tomou, deverá refletir uma segunda vez sobre o assunto e constatar que nenhum envolvimento pessoal ou fator emocional tenha influenciado esta tomada de posição. Este detalhe também aprendemos da elaboração da Matsáh, “A massa da Matsáh não pode ser feita com água quente (Talmud babilônico, Tratado Pêssachim, Folha 42)”. Da mesma forma, a pessoa não deve e não pode ser impulsiva, pois suas atitudes não teriam passado pela análise fria necessária para o sucesso em todos os campos.

Outros dois detalhes importantes aprendemos da Matsáh. Ela não deve ser feita ao sol, assim como o ser humano não deve se expor, mas procurar ao máximo o recato, o pudor e discreção, como consta no profeta (Micha, 6,8): “Te direi o que é correto e o que o Todo Poderoso pede de vós: fazer justiça, ser caridoso e ser discreto com D´us”. A Matsáh também não deve ser feita com formas diferentes. Disto aprendemos que cada um de nós deve comportar-se com simplicidade e naturalidade, sem nenhuma outra forma que não condiga com nossa pessoa.

Vimos, portanto, que o ato de comer a Matsáh, que é uma das 248 mitsvót assê da Toráh, não é somente um ato físico de ingerir a Matsáh, mas junto a ele há muitas idéias profundas relacionadas com o ser humano em si, com sua formação e com seu modo de vida, visando o seu sucesso e seu desenvolvimento no âmbito material, espiritual, familiar e perante a sociedade.